"Achávamos que o efeito protetor do consumo moderado de álcool era determinado por suas propriedades antiinflamatórias, mas descobrimos outros mecanismos associados que precisamos pesquisar", disse hoje a médica Cinzia Maraldi, do Departamento de Pesquisa Geriátrica da UFA, através de um comunicado.
Para a realização do estudo, foram selecionadas 2.487 homens e mulheres com idades entre 70 e 79 anos que não apresentassem histórico de patologias cardiovasculares. Os pesquisadores agruparam as medições dos níveis da molécula IL-6 no sangue e da proteína conhecida como C reativa, assim como os níveis de ingestão de álcool.
Durante cinco anos e meio, os pesquisadores fizeram exames regulares nas pessoas submetidas ao estudo e, neste período, 397 participantes morreram e outros 383 sofreram problemas de coração. De acordo com o trabalho, o grupo de pessoas que consumiu uma quantidade moderada de álcool (de um a sete copos por semana) mostrou uma probabilidade 26% menor de morrer e quase 30% menor de sofrer um ataque no coração ou alguma doença cardíaca, em comparação com o grupo que nunca havia ingerido álcool ou que o fez muito esporadicamente.
"Uma redução de 30% pode ter grande impacto na saúde pública, já que as doenças cardiovasculares são responsáveis pela maior parte das hospitalizações e mortes nos EUA e na Europa", afirmou Maraldi. Segundo os analistas, o efeito protetor mais expressivo foi observado nos homens, especificamente nos que apresentaram altos níveis da molécula IL-6 no sangue, o que é um forte indício de potenciais doenças de coração.
"Isto pode sugerir - apontou Maraldi - que os efeitos benéficos da ingestão de álcool podem depender de um histórico de risco cardiovascular". Para Maraldi, o consumo de álcool deveria "basear-se em cálculos e considerações sobre cada paciente, para avaliar riscos e benefícios", já que sua ingestão pode "aumentar a incidência de doenças crônicas, como as de fígado".
De fato, os pesquisadores asseguram que os efeitos benéficos do consumo de álcool desaparecem no caso dos que bebem freqüentemente, ingerindo oito ou mais copos por semana. Eric Rimm, professor do Departamento de Epidemiologia e Nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard, afirmou que se trata de um estudo "único", pelo grande número de participantes com "idade acima dos 70 anos".
Os resultados do trabalho mostram "os efeitos saudáveis para o coração trazidos pelo consumo moderado do álcool nas pessoas com idades entre 70 e 80 anos", afirmou Rimm.
30/04/2012, 21:49