DA ÁRVORE AO
LABIRINTO
1 – Da árvore ao labirinto
“Definir
uma asubstância significa estabelecer, entre seus atributos, aqueles que
despontam como essenciais e, em particular, aqueles que são causa do fato de que a substância seja tal como é, em
outros termos, sua forma substancial”
(p. 14).
“[…]
uma definição diz o que esta coisa é, ao passo que uma demonstração prova que
alguma coisa é […]” (p. 15).
Aritóteles:
quatro predicáveis (gênero, próprio, definição e acidente). Porfírio:
cinco predicáveis (gênero, espécie, diferença, próprio e acidente). (p. 15).
Diferenças
divisíveis e constitutivas, essenciais e acidentais (p. 18).
“[…]
a árvore se torna uma estrutura sensível aos contextos, não um dicionário
absoluto” (p. 23). Sentido e significado, o aparato técnico da língua e da
linguagem.
“[…]
uma árvore com hierarquia fixa e com um número de determinações finitas serve
apenas para classificar” (p. 24).
Classificar
é diferente de significar.
“[…]
as diferenças são acidentes, e os
acidentes são infinitos ou pelo menos indefinidos quanto ao número” (p. 26). Semelhança
com a noção de evento situado, contexto.
“Inferimos
a presença de diferenças essenciais por meio de um processo semiótico, a partir
dos acidentes conhecíveis” (p. 27).
Conhecimento
de mundo e linguístico: semântica. Linguagem e pensamento.
“[…]
o saber jamais é completo […]”. (p. 45).
“[…]
alcançar não significa mais encontrar
algo que já se conhecia […], mas realmente descobrir alguma coisa ou a relação entre duas ou mais
coisas […]” (p. 45).
A
abrangência do cognoscível diante dos limites retóricos do discurso e da
experiência humana a cada circunstância vivienciada.
“[…]
o conhecimento dos nossos conhecimentos […] se articula como uma carta
geográfica sem confins, em que infinitos percursos são possíveis” (p. 57).
“A
enciclopédia é o único meio com que podemos dar conta não só do funcionamento
de qualquer sistema semiótico, mas
também da vida de uma cultura como sistema de sistemas semióticos
interconectados.
[…]
A
encilopédia é dominada pelo princípio peirciano da interpretação e, portanto, da semiose
ilimitada” (p. 59).
“[…]
uma representação enciclopédica nunca é global, mas sempre local, sendo ativada em função de determoinados contextos e
circunstâncias” (p. 60).
“[…]
modelo topológico de rede polidimensional” (p. 60).
Três
tipos de labirinto: o modelo clássico (Cnosso), o de Irrweg e o em Rede.
Novos
formatos de modelos enciclopédicos:
(1)
– Matrizes de ausência/presença
(2)
– Modelos de seleção contextual
(3)
– Modelos por casos (Agentes, Objetos, Instrumentos, Escopos).
(4)
– Representações que consideram propriedades (extensão ou referência)
(5)
– Representações das propriedades de um termo (p. 65).
“Mas
é com Quillian (1968) que surge a noção de rede
semântica, a qual se estrutura como um labirinto de nós interconexos” (p.
65). A noção de rede semântica se aproxima da teoria bakhtiniana no que diz
respeito aos elos da cadeia da comunicação discursiva reforçados e expandidos
por cada resposta enunciada concretamente.
“Na
prática científica e no modo como cotidianamente se busca conferir significado
aos enunciados, a enciclopédia não é solicitada globalmente por cada enunciado,
mas é o contexto que seleciona as zonas locais de competência que devemos
ativar” (p. 66).
“Na
vida da semiose nos damos conta de que também somos recalcitrantes ao cancelar
algumas propriedades ‘factuais’ que nos parecem mais salientes e
características que outras” (p. 67).
“[…]
o tema das redes semânticas tem dado origem a uma teoria das ontologias. Malgrado o uso impróprio de
um conceito como ‘ontologia’, que tem um valor filosófico bem diverso, é deste
modo que se fala da organização categorial de uma porção de universo que pode
assumir a forma de qualquer tipo de árvore classificatória ou de rede
semântica” (p. 69).
“Nesse
sentido, por mais tosca e ingênua que seja, uma ontologia é a representação
local de uma porção de conhecimento enciclopédico relevante para os fins de um
determinado universo de discurso” (p. 70).
“[…]
essa primeira teorização [de Aristóteles] da metáfora não a considera como mero
ornamento do discurso, mas lhe atribui uma função cognitiva” (p. 71).
“[…]
metáfora como dispositivo cognitivo […]” (p. 73).
“Parece
que foi apenas só na cultura contemporânea que nos demos conta de que
frequentemente as metáforas, para serem compreendidas, demandam que se
identifique uma nova organização categorial” (p. 73).
“[…]
o cmapo categorial se reorganiza não mais em torno de considerações morais ou
legais, mas de operações econômicas” (p. 74).
“Não
é a árvore subjacente que faculta a definição, é a definição que impõe uma
árvore subjacente, muitas vezes ad hoc”
(p. 75).
“[…]
um uso criativo e inédito da linguagem obriga a inventar uma nova ontologia” (p. 75).
“[…]
arquétipo de uma série associativa” (p. 76).
Conexões
culturalizadas (p. 78).
“A
linguagrem, levando a êxitos criativos o processo enciclopédico de semiose
ilimitada, constitui uma nova rede polidimensional de conexões possíveis” (p.
78). O jogo infinito das significações sem começo ou fim.
“[…]
uma Enciclopédia Maximal não é alcançável em sua totalidade porque representa
tudo aquilo que já foi dito e pensado […] por meio de uma sequência de
interpretantes materialmente identificáveis […] infinitamente mais rica do que
aquela que a que se tem acesso pela internet” (p. 79).
“[…]
artifício semiótico […] homologia vetorial […]” (p. 86).
“A
mnemotécnica de Rosselli é uma semiótica porque aquilo que constitui algo como
expressão e como conteúdo é a função sígnica, não a natureza da coisa” (p.
87-88).
“[…]
natureza semiótica das mnemotécnicas […]” (p. 89).
Nota de rodapé: “[…] toda
asserção mais que pressupõe, põe,
torna presente no universo do discurso, por força semiótica, as entidades que
nomeia, ainda que seja como entidade de um mundo possível” (p. 89).
Nota
de rodapé: “Não se esquece por cancelamento, mas por sobreposição; não
produzindo ausência, mas multiplicando as presenças” (p. 90).
“A
cultura, pois, não faz senão selecionar os dados da própria memória. […] a
cultura é um contínuo processo de reescritura e seleção de informações” (p.
94).
“[…]
latência é representada […] como repositórios
de um saber sempre atualizável, mesmo que ninguém o esteja atualizando
ou que tenha deixado de ser atualizado há séculos” (p. 95).
Enciclopédia
Maximal, Enciclopédia Especializada e Enciclopédia Mediana (p. 96).
“[…]
esforço de individual o contexto apropriado […]” (p. 96).
“As
noções são desbastadas, narcotizadas e eliminadas para que se retenham apenas
aquelas consideradas pertinentes” (p. 96) “Um texto (além de ser um instrumento
para inventar ou recordar) é um instrumento
para esquecer, ou pelo menos para tornar algo latente” (p. 97).
“Uma
semiótica no sentido hjelmsleviano é um sistema que, além de um léxico, também
compreende regras de combinação sintática, permitindo o desenvolvimento de
discursos, ou seja, de textos” (p. 97).
“Interpretar
a expressão em contexto significa ampliar certos interpretantes e narcotizar
outros […] ainda que pela duração da interpretação em ato” (p. 97).
“[…]
vacinação contra a Vertigem do Labirinto” (p. 101).
Recuperação
do que está latente (p. 101).
2 – Metáfora como conhecimento
3 – Da metáfora à Analogia Entis
“Nem
todas as coisas são signos, mas certamente todos os signos são coisas e ao lado
dos signos produzidos pelo homem para significar intecionalmente há também
coisas, eventos e personagens que podem ser assumidos como signos ou (como é o
caso da história sacra) podem ser dispostos sobrenaturalmente como signos a fim
de que sejam lidos como signos” (p. 134).
Regras
retóricas, sentido literal, sentido parabólico (p. 143).
“Dante
[…] lista os quatro níveis canônicos: literal, alegórico, moral e anagógico”
(p. 144).
Aristóteles:
acidental, verdadeiro, potência e substância (p. 157).
A
distinção entre metáfora e alegoria
O
problema do nome e da coisa
Homonímia
(ou eequivocidade), sinonímia (ou univocidade) e paronímia (157-158).
Denominação
por causa ou sinalidade
Analogia
entis, antropomorfização e princípio tomista.
Analogia
por atribuição e analogia porporcionalidade.
Sema
e semema (p. 160).
Análise
componencial (forma, causa, matéria, fim ou função).
“A
propriedade comum, supreendentemente posta em relevo, se torna gênero comum”
(p. 161).
4 – Sobre o latido do cão
Gramaticalidade
e significância da voz articulada, algo diverso do som (p. 170).
“Para
construir ou sugerir a possibilidade de uma ontologia inesperadamente adequada
não é preciso supor que o universo deva sempre ser visto segundo um único
modelo de organização por gêneros e espécies prefixados” (p. 166).
“[…]
(a experiência dos olhos e dos ouvidos não produz sensações na ausência das
faculdades racionais)” (p. 175).
A
discussão entre o caráter sensitivo, o racional e o livre-arbítrio (p. 183).
Polivocidade
do signo e circunstância (p. 186).
“[…]
identidade terminológica […]”, “[…]
semióticas subjacentes […]” e “[…]
instrumentos taxiconômicos […]’ (p. 188).
Signo:
relações de inerência (p. 189).
Palavras:
“ relação de equivalência e de mútua substituibilidade” (p. 189).
Signa
– estóicos; Voces – aristotélicos (p. p. 189).
“
Abelardo é bastante claro: uma coisa é significativa por causa da vontade que a
produz como tal, não pelo fato de que produz significados” (p. 193).
Significado
convencional (p. 194).
A
relação entre “palavra-conceito e letras alfabéticas-palavras” é
simbólico-convencional e a relação “entre conceito e coisa” é icônica” (p.
195).
Classificação
estóica (significativae naturaliter) e aristotélica (nomina ad placitum) (p.
198).
“[…]
uma relação de tipo iconônica entre a estrutura fonológica do signans e a estrutura ontológica do signatum” (p. 204).
“[…]
a classificação dos signos produzidos por uma intenção da alma […]” (p. 209).
Sobre
os sons produzidos pelos animais, ouve um período de reflexões filosóficas e um
período de investigação científica acerca da questão referente à zoocomunicação
(p. 210-212).
5 – A falsificação na Idade Média
“Para
o catolicismo, “são apócrifos os escritos que não são considerados canônicos,
ao passo que são ditos deterocanônicos
os livros aceitos pela versão grega dos setenta. Já para os protestantes, são
apócrifos os deterocnônicos, e pseudoepígrafos aqueles que os católicos chamam
de apócrifos” (p. 215).
“Devemos
antes de tudo considerar aquele fenômeno semiótico definido como replicabilidade. O exemplo mais acabado
de replicabilidade é o duplo, uma ocorrência física que possui todas as
propriedades de uma outra ocorrência física […] na medida em que ambas realizam
todos os traços pertinentes prescritos por um tipo abstrato (p. 215).
“Em
teoria, o problema dos duplos é ontológico, mas na realidade é pragmático” (p.
216).
Eco
(2013) critica os “linguístas contemporâneos que constroem teorias dos
universais linguísticos exclusivamente a partir da língua inglesa” (p. 222).
“[…]
problema da identificação como processo pragmático” (p. 225).
“[…]
ideologia da autenticidade” (p. 226).
“A
pseudoidetificção é um sucedâneo da mentira histórica” (p. 229).
“[…]
autenticidade é originariedade histórica e originariedade autoral […]” (p.
230).
“[…]os
medievais falsificavam com o obetivo de ratificar a confiança em algo (um
autor, uma instituição, uma corrente de pensamento, uma verdade teológica) e de
sustentar uma ordem, ao passo que os contemporâneos falsificam com o objetivo
de criar desconfiança e desordem” (p. 238).
6 – Apontamentos sobre Beato
“Não
sabemos como os medievais, com sua concepção ingênua da autenticidade, teriam
julgado esta nossa concepção desenvolta e cínica da falsificação não ingênua. O
que é certo é que nenhuma época tem o direito de moralizar sobre as outras” (p.
238).
“[…]
código denso de bifurcações semânticas […]” (p. 247).
O
emprego de mnemotécnicas visuais na idade média eram amplo e “pensar por
imagens era o modo favorito – e para vastas massas de analfabetos, inclusive
ricos e poderosos, que pousavam os olhos no manuscrito com iluminuras ou em
qualquer outra representação figurativa, era o modo exclusivo, o único que lher
permitia entender e memorizar o texto sacro” (p. 249).
“[…]
podemos dizer que a paixão medieval pela imagerie apocalíptica também nasce de
influências mnemotécnicas” (p. 249).
“A
cultura medieval enco tra dificuldades em traduzir em imagens os textos
bíblicos porque ela nasce da cultura grega, que é emintentemente visual” (p.
255).
“É
que a fortuna de um texto é também explicada por algo que está fora do texto”
(p. 268).
“No
fundo, ainda hoje, nas telas fazem sucesso histórias de cataclismos e de
desastres que não difundem esperança alguma, mas alimentam (ou sublimam,
hipnotiando-nos) nossos temores e terrores” (p. 271).
7 – Dante entre modistas e cabalistas
“Se
o De vulgari eloquentia […] é um
tratado sobre as línguas e sobre os atos de fala, o Gênesis oferecia a Dante muitos exemplos de ‘atos de fala’
originários, mas seria necessário entendermo-nos primeiramente o que significa
falar. Certamente, cada signo – como já queria Agostinho – é alguma coisa de
sensível que serve para suscitar na mente algo diverso de si, mas esta
definição (que poderia até se referir ao nó no lenço que eu faço para me
lembrar de alguma coisa) ainda não implica uma relação comunicativa expressa entre
dois sujeitos” (p. 273).
Caráter
convencional da relação significante/significado (p. 274-276).
“[…]
o homem é animal mutável nos costumes, nos hábitos e na linguagem, tanto no
curso do tempo quanto nas extensões do espaço” (ECO, 2013, p. 277).
“Dante
tem a o coneito claro de que, ao passo que a faculdade da linguagem é
permanente e imutável para todos os membros da espécie, as línguas naturais são
capazes de crescer e enriquecer ao longo do tempo, quer independentemente da
vontade de cada falante, quer por criatividade individual […]” ( ECO, 2013, p.
278-279).
A
língua, “o lugar dos atos discursivos” (ECO, 2013, p. 279) e a “faculdade da
fala” (p. 280).
“A
forma locutionis dada por Deus poderia ser entendida como uma espécie de
mecanismo inato que a nós, contemporâneos, recorda exatamente aqueles
princípios universais de que trata a gramática gerativa chomskyana” (p. 282).
“Dante
persegue o sonho de uma restauração da forma
locutionis edênica, natural e universal” (p. 283).
A
idéia “de uma forma locutionis,
matriz gerativa afim ao Intelecto Ativo” (p. 290).
A
discussão em torno da língua natural, da protolíngua e da “matriz universal das
línguas” (p. 290).
8 – Uso e interpretação dos textos medievais
Limites
da criatividade, originalidade e imitação. Sensibilidade e inteligibilidade (p.
295-300).
"[...] possibilidade intelectual do conhecimento do ser [...]" (p.
301).
"Se a teoria escolástica da arte era uma teoria da produção, a teoria
maritainiana se torna uma teoria do conhecimento [...]" (p. 302).
Na tradição escolástica, a poesia não é uma categoria estética [...] e
tampouco, como ars, é uma forma de conhecimento: é simplesmente hábito
operativo, habilidade prática" (p. 302). "[...] ao passo que a arte é
uma operação prática regulada pelas leis da inteligência, a poesia se torna a
emoção intencional, o fato interior originário que anima as regras da arte a
partir de dentro" (p. 303).
"[...] o momento poético é momento intuitivo que põe em jogo não só a
inteligência, mas também a emoção e a sensibilidade" (p. 303). "Na
concepção medieval, ao contrário, as regras preexistentem ao ato produtivo e à
sua concepção mental" (p. 308).
Operação lógica (descoberta) e imaginativa (criação) (p. 308). "Um sistema
se submete à interpretação dos contemporâneos e dos pósteros, e como pretende
enunciar verdades sobre o mundo, espera que no rastro de suas propostas o
conhecimento do mundo se desenvolva ulteriormente" (p. 310).
"[...] doutrina tomista do intelecto [...] (p. 310).
“[…]
contemplação do concreto no ato discursivo do juízo, característica da
gnosiologia tomista e importante para compreender o tipo de estética que dela
deriva […]” (p. 313).
“[…]
existência concreta […] realidade singular […] existência substancial do eu
[…]” (p. 313).
“[…]
intelecto agente […]” (p. 315).
“[…]
típica noção tomista […] a noção de Belo como propriedade transcendental do ser
[…]” (p. 316).
“[…]
intuição interior […] intuição estética. {…] intuição intelectual […]” (p.
317).
[…]
transcendentalidade do belo e […] sua
relação com um sujeito cognoscente” (p. 326).
“[…]
o ato subjetivo de fruição que se torna constitutivo da experiência estética”
(p. 329).
“É
indiscutível que, para Tomás, o belo comparado ao bem acrescenta uma relação
com a consciência contemplativa. Aqui, porém, De Bruyne se vê embaraçado diante
do fato de que, na experiência estética, se verifiquem um momento cognoscitivo (aprehensio, visio) e aquilo que lhe parece um momento emotivo – ou, como se
diria hoje, passional (placet, delectat) […]” (p. 329).
Sensação,
percepção, consciência, intelectualidade (p.330).
“[…]
fazer história do pensamento é fazer dizer aos autores do passado aquilo que
eles disseram, e não o que nós diríamos […]” (p. 332).
9 – Para uma história da denotação
“A
denotação (e sua contrapartida, a conotação) é, a depender das circunstâncias,
considerada como uma propriedade ou uma função (I) de termos singulares […],
(II) de proposições declarativas […], (III) de frases nominais e descrições
definidas […]. Em cada um desses casos se deve decidir se a denotação tem a ver
com o significado, com o referente ou com o ato de referimento” (p. 333).
Na
linguística estrutural, a ‘denotação’ está associada ao significado” (p. 333).
O
problema do significar e do designar.(p. 334).
“[…]
se remontarmos à distinção de Frege (1892), a denotação se aproxima mais do Sinn do que da Bedeutung, está mais próxima do sentido do que do referimento e, em
termos carnapianos, teria mais a ver com a intenção do que com a extensão” (p.
334).
Peirce
usava “denotação em sentido extensional” (p. 335).
O
problema das asserções verdadeiras e das asserções falsas (p. 338).
O
problema dos signos e das coisas (p. 339).
O
problema das palavras significarem conceitos e/ou fazerem referência às coisas
(p. 340).
O
problema da palavra entre a mediação das coisas e sua conceituação (p. 341).
Significado
enciclopédico e seleção dicionarial (p. 342).
“[…]
significar, designar, denotar, nomear, e apelar […]” (p. 342).
“[…]
sentido extensional forte […]” (p. 345).
“[…]
operação mental que leva à compreensão de uma sequência temporal” (p. 345).
“Autores
como Boécio, Abelardo ou Tomás de Aquino, ligados mais ao problema da
significação do que ao da nomeação, estavam em primeira instância interessados
nos aspectos psicolõgicos (hoje diríamos cognitivos)
da linguagem. Ocorre todavia que alguns estudiosos contemporâneos, interessados
na redescoberta das primeiras elaborações” (p. 346).
O
caráter abstrato da significação (p. 347).
“[…]
qualidade sensíveis do signo […]” (p. 349).
O
problema do sentido extensional do ato de significar (p. 349).
Convencional
difere de arbitrário (p. 350).
“[…]
referente da fala […]” (p. 351).
Triângulo
semiótico de Bacon (Conceito, signo e Coisa (p. 352).
“[…]
teoria extensionalista de Ockham […]” (p. 354).
O
limite do conhecível e a relação entre proposição e denotação (p. 355-358).
“A
tradição cognitivista, ao contrário, não seguiu essa direção, utilizando o
termo ‘denotação’ em relação ao significado. Não obstante, depois de Mill,
encontramos o termo denotação cada
vez mais empregado para indicar a extensão” (p. 359).
“[…]
atitudes proposionais – um tema intensional por excelência” (p. 359).
A
distinção entre nomes concretos e abstratos (p. 361).
“[…]
o paradoxo de toda semântica extensional interessada na relação entre um
enunciado e as suas condições de verdade. Todas as semânticas extensionais, a partir
de Bacon chegando chegando até Tarski, mais que considerarem a relação entre palavras
e significado se dedicaram à relação entre palavras e algo que é o caso. E uma
semântica extensional concebida de tal modo não discute o problema de como se
possa saber que p é o caso” (p. 363).
“Mas
uma semântica extensional rigorosa não se interessa não se interessa por esse
gênero de questão epistemológica, já que estuda exclusivamente a relação formal
entre as proposições e aquilo que se admite ser o caso” (p. 364).
Ao
contrário, uma semântica intensional está sempre ligada à descrição de
nossas estruturas cognitivas:
provavelmente não é capaz de asseverar se a neve é ou não é verdadeiramente
branca, mas tenta imaginar e refletir sobre a organização mental e sobre as
estruturas enciclopédicas que nos permitem admitir que a neve seja branca.
A
história das vicissitudes da denotação (bem como o fato de que seu status ainda
permaneça ambíguo) é, pois, o sintoma da dialética sem fim entre uma abordagem
cogntiva e uma aboradagem vero-condicional” (p. 364).
10 – Sobre Lullo, Pico e o Lullismo
Permtação
(ocorre mutação de ordens como anagramas), arranjo (a ordem tem valor
diferencial) e combinação (há inversões não relevantes da ordem) (p. 366).
“Para
a cabal extática a linguagem é um universo em si mesmo, e a estrutura da
linguagem representa a estrutura do real. Portanto, diversamente do que ocorre
na tradição filosófica ocidental e na filosofia árabe e judaica, na Cabala a
linguagem não representa o mundo tal como uma expressão significante representa
uma realidade extralinguística. Se Deus criou o mundo por meio da emissão de
sons ou de letras alfabéticas, estes elementos semióticos não são
representações de algo que lhes preexista, mas são as formas nas quais se modelam
os elementos de que o mundo é constituído” (p. 378).
“Forma
linguística que produz o mundo e série de símbolos que podem ser combinados ao
infinito, sem que nenhuma regra limitativa possa intervir: aí estão os dois
pontos em que a tradição cabalista substancialmente se diferencia da arte
lulliana” (p. 378).
Escalas
e hierarquias (p. 383).
“[…]
a Árvore da Ciência, que tem como raízes as nove dignidades e as nove relações,
subdividindo-se depois em dezesseis ramos, e a cada um desses corresponde uma
árvore em si” (p. 383).
O
sensivel e o inteligível, os efeitos e as causas (p. 384).
“A
árvore de Lullo não é apenas lógica, mas também natural” (p. 385).
“Uma
árvore de Porfírio é uma estrutura formal, e formalmente ela define a relação
entre gêneros e espécies […]” (p. 385).
“Há
[…] a consciência da infinita perfectibilidade do conhecimento, de modo que o
homem, novo adão, tem a possibilidade no curso dos séculos de nomear tudo
aquilo que seu projenitor nã tivera tempo de batizar. Assim a combinatória
aspira a concorrer com aquela capacidade de conhecimento do individual que
pertence somente a Deus (e de Leibniz decretará a impossibilidade)” (p. 399).
“[…]
Leibniz, que inaugura a moderna lógica formal” (p. 399).
11 – A Linguagem Da Terra Austral
A
ideia da possibilidade de existência de “universais semânticos” (p. 401).
O
trabalho de quem se esforçou para trabalhar as questões de língua e que não
visavam somente “converter os infiéis nem a reconquistar aquela comunhão
mística com Deus e com as coisas que distinguia a língua perfeita de Adão, mas
a favorecer as trocas comerciais, a penetração e a difusão da ciência. De fato,
não será por acaso que a maior parte dessas tentativas nasça em torno à
fundação da Royal Society de Londres, e que muitos dos resultados –
falimentares – desses gloto-utopistas depois confluam no desenvolvimento das
modernas taxonomias científicas” (p.403).
“A
linguagem química tem, pois, as características da universalidade e da
adequação entre termo e natureza da coisa. Para usar um termo discutível, mas
por razões simplicidade, falaremos de um fenômeno de ‘iconismo’ entre expressão
e conteúdo” (p. 404).
A
isomorfia entre conteúdo e expressão. Arbitrariedade da relaçã entre o nome e a
noção. (p. 409).
A
ambiguidade e a precisão da língua (410-411).
“A
Língua Austral (assim como os modelos que ela caricatura) renuncia de propósito
ao mecanismo basilar de toda língua natural, isto é, à dupla articulação” (p.
411).
“A
crítica da Encyclopédie punha um fim ao sonho da gramática das ideias, ainda
que outras tentativas tenham sido experimentadas, inclusive até os dias atuais,
quando ainda se estuda a possibilidade de um assim chamado mentalês, uma língua inscrita nas próprias circunvoluções do nosso
cérebro, capaz de fornecer a estrutura profunda de toda expressão em qualquer
língua natural” (p. 415).
Organização
e hirarquia dos sistemas linguísticos e a arbitrariedade e a conjecturabilidade
das classificações (p. 414-415).
12 – Um retorno a Isidoro: as etimologias de Joseph de Maistre
“No
âmbito da busca secular por uma língua perfeita um capítulo exemplar diz
respeito à redescoberta de uma série de línguas matrizes ou de uma Língua Mãe
primordial. O primeiro candidato a Língua mãe foi por muitos séculos o
hebraico. Depois aparecerão em cena outros candidatos (como, por exemplo, o
chinês), e finalmente a busca se despirá de seu fervor utópico e de sua tensão
mística para dar vida à linguística científica e à hipótese do indo-europeu.
Mas
por muito tempo a ideia de uma língua primeva teve não só um valor histórico
(reencontrar a língua falada por toda a humanidade antes da confusão babélica),
mas também semântico. Com efeito, nessa língua primordial se deveria desenhar
uma relação ‘natural’ entre palavras e coisas. A língua primeva também tinha
valor revelador, porque, ao falá-la, se reconhecia a natureza da realidade
nomeada” (p. 419).
“[…]
Toda época teve seus proprios poetas, capazes de nomear as coisas de modo
insólito e perspicaz” (p. 424).
“[…]
noção, que nascera no século XVIII, ou seja, a do ‘gênio’ das línguas” (p.
425).
“[…]
o etimologismo dos monogenistas do século XVII consistia em mostrar como as
palavras de cada língua teriam evoluído a partir de uma mesma raiz hebraica (a única, aliás,
que teria uma pretensa relação ‘icônica’ ou motivada com a coisa significada)”
(p. 426).
“[…]
as línguas vivem de empréstimos, transformam, adaptam e, todavia, cada palavra
sua é natural e motivada” (p. 431).
Caráter
orgânico, mutável e adaptável da língua (p. 432 – 435).
“O
Pensamento da Tradição serve apenas para confirmar uma evidência mística da
qual se está convencido antes mesmo de argumentar” (p. 435).
13 – Sobre o silência de Kant
A
linguagem pela ótica da semiótica kantiana (p. 437).
“Em
Kant o problema semiótico tem direito de cidadania quando se considera – tanto
para ele como para Aristóteles – a origem puramente verbal de seu aparato
categorial (baseado em última análise na estrutura das respectivas línguas)”
(p. 438).
“Nossa
mente não trabalha, exceto por aquilo que faz
o intelecto agente, o qual (onde quer que ele trabalhe) o faz num piscar de
olhos” (p. 439).
“Para
Locke, aquilo que temos temos são as sensações, que nos propõem ideias simples,
primárias ou secundárias, mas ainda desconexas […]” (p. 439).
“[…]
Kant acreditava na evidência dos fenômenos, acreditava que nossas intuições
sensíveis viessem de alguma parte, preocupava-se com articular uma confuntação
do idealismo” (p. 440).
A
preocupação de Kant recaía “não nas condições de conhecimento (e, portanto, de
nomeação) dos objetos, mas na possibilidade de fundar a verdade de nossas
proposições em torno a objetos” (p. 440).
O
viés empirico dos conceitos e a possibilidade de inexauribilidade do “objeto de
síntese” (p. 443).
“Os
axiomas da intuição nos dizem que todas as intuições são quantidades extensivas
e, por meio do esquema do número, se aplica a categoria da singularidade a A e
a B” (p. 443).
A
questão das “funções lógicas” (p. 444) e do “dado da experiência” (p. 445).
“Os
conceitos do intelecto puro não só necessitam da intuição sensível, mas também
dos conceitos de objetos aos quais se aplicar” (p. 445).
“As
categorias são conceitos altamente abstratos, como unidade, realidade,
causalidade, possibilidade ou necessidade” (p. 445).
Comparação,,
reflexão e abstração: atividades lógico-intelectuais (p. 445).
“A
intuição sensível deve ser trabalhada pelo intelecto e iluminada por
determinações gerais ou genéricas” (p. 446).
Então
o que será para Kant um juízo perceptivo (Wahrnehmungsurteil)
e como ele se distingue de um juízo de um juízo de experiência (Erfahrungsurteil)? Os juízos perceptivos
são atividade lógica inferior […] que cria o mundo subjetivo da consciência
pessoal, […] podem inclusive ser equivocados e em todo caso são contingentes
[…]. Os juízos da experiência estabelecem, por sua vez, uma conexão necessária
[…]” (p. 447).
“[…]
atos locuionários diversos. […] linguagem holofrástica infantil” (p. 449).
“[…]
a plenitude da percepção já é de fato um juízo perceptivo […]” (p. 449).
“[…]
o conceito de esquema […]” (p. 453).
“O
diagrama tem algo que pode ser intuído em termos espaciais, mas ao mesmo tempo
é substancialmente baseado num decurso temporal (o fluxo) […]’ (p. 453).
“[…]
pensar não é apenas aplicar conceitos puros que derivam de uma verbalização
precedente, mas também empreender representações diagramáticas” (p. 454).
“[…]
coincidência de significado linguístico
e significado perceptivo […]” (p.
457).
“Com
esse esquematismo tardio o intelecto não constrói a simples determinação de um
objeto possível, mas faz o objeto, o constrói,
e nessa atividade (de per se problemática) procede por tentativas.” (p. 466).
“Se
o esquema dos conceitos empíricos é um construto que tenta tornar pensáveis os
objetos da natureza, e se dos conceitos empíricos nunca se pode dar uma síntese
completa, porque na experiência se podem descobrir sempre novas notas do conceito […] então os
próprios esquemas não poderão ser senão revisáveis, falíveis, destinados a
transformar-se no tempo. Se os conceitos puros do intelecto podiam constituir
uma espécie de repertório intemporal, os conceitos empíricos não podem senão se
tornar ‘históricos’ ou, se se quiser, culturais” (p. 466).
“A
garantia de que nossas hipóteses sejam ‘corretas’ (ou pelo menos aceitáveis
como tais até prova contrária) não será mais buscada no a priori do intelecto puro (ainda que dele se salvem as formas
lógicas mais abstratas), mas no consenso, histórico, progressivo, também ele
temporal, da Comunidade. Diante do risco de falibilidade, até o transcendental,
até o transcendental se historicisa, se torna um acúmulo de interpretações
aceitas, e aceitas após um processo de discussão, seleção, repúdio” (p. 467).
“[…]
não é a autoridade da prova em si o que nos convence ou nos impede de
falsificá-la: é sobretudo a dificuldade de pôr em questão uma prova sem abalar
todo o sistema, o paradigma que o sustenta” (p. 468).
14 – Semiose natural e palavra em Os Noivos
“[…]
permanecendo ignoto o mistério de um texto original […], não resta senão
confrontar as versões entre si, pôr em contradição com a outra, e extrair desta
os esclarecimentos de aquela carece” (p. 471).
“[…]
a menos que a acribia filológica seja exercitada exaustivamente, as relações
verbais são enganosas por natureza” (p. 471).
“[…]
diferença clássica entre semiose natural, morivada, não intencional, e semiose
convencional ou arbitrária” (p. 473).
“Os humildes desconfiam da linguagem verbal
porque esta impõe uma sintaxe lógica que a semiose natural abole, visto que não
procede por sequências lineares, mas ‘quadros’, por fulminantes iconologemas.
Enquanto as tramas das sequências linguísticas podem adensar-se ao infinito, e
nessa selva os simples se perdem, a semiose natural permite, ou parece
permitir, um mais fácil acesso à verdade das coisas, de que é espontâneo
veículo: um gesto autêntico, institivo, pode denunciar a falsidade intencional
de um gesto precedente” (p. 474).
“[…] os nomes próprios, por sua natureza
indicial, assumem um estatuto específico, que os torna afins aos sintomas, aos
signos visuais” (p. 475).
“[…]
um processo de teratologia semiósica, uma experiência de falsificação de
significantes e de substituição de significados” (p. 482).
“[…]
dizibilidade dos signos naturais […]” (p. 484).
“[…]
dizibilidade dos signos visuais e dos sintomas naturais” (p. 484).
“Um
significante único para um significado único. Tal é a obscessão, a loucura
pública” (p. 485).
“Essa
capacidade que a linguagem verbal tem de evocar aquilo que verbal não é tem um
nome em retórica: hipotipose” (p. 486).
“[…]
palavras […] que assumiram função de ação” (p. 486).
15 – A soleira e o infinito. Peirce e o iconismo primário
“[…]
iconismo primário […] processos perceptivos […] sucessivo processo inferencial”
(p. 486).
“[…]
um dos princípios fundamentais da semiótica peirciana, o anti-intuicionismo […]
etapa do processo semiósico que Peirce chamava de Firstness, e é inegável que
Peirce identificava a Firstness com o Ícone (assim como identificava a
Secondness com Índice e a Thirdness com o Símbolo), e é isso que explica por
que usei um termo como ‘iconismo primário’, malgrado há muito tempo tenha
tentado mostrar que ‘iconismo’ é um termo guarda-chuva que abrange fenômenos
muito diferentes entre si” (p. 488).
“[…]
creio que seja necessário esclarecer uma distinção entre ‘istas’ e ‘ólogos’”
(p. 489).
“O
que distingue um um ista de um ólogo? O ólogo, muitas vezes fazendo uma autêntica ecdótica, deve dizer-nos
se o pensador tal realmente disse a tal coisa” (p. 489).
“Já
um tomista é alguém que pretende pensar ad
mentem divi Thomae, como se Tomás falasse hoje. Portanto, um tomista
poderia desenvolver as premissas de São Tomás para delinear linhas de conduta
ética acerca dos debates atuais sobre aborto, células estaminais etc” (p. 489).
Inferencialidade do conhecimento
(p. 492).
"[...]
imediatez da intuição, anterior a qualquer atividade inferencial (o Ground não
é mais um predicado, mas uma sensação, e a indicialidade se torna um tipo de
experiência [...])" (p. 490).
"[...]
o ícone é uma likeness não no sentido de que se assemelha a alguma coisa outra,
mas porque é o fenômeno que funda todo juízo possível de semelhança, sem poder
ser fundado por ele. E isso explica a escolha do termo, talvez desviante, de
"iconismo primário" (p. 491).
“Categorias
fenomenológicas: Firstness, Secondness e Thirdness.” (p. 493).
Plausibilidade
inferencial (p. 495).
“[…]
limites objetivos à nossa possibilidade de organizar o conteúdo da experiência”
(p. 498).
“[…]
o fenômeno semiótico desenvolvido concluído numa representação e num ato de
cognição” (p. 502).
Processo
triádico de cognição (p. 501).
Processos
inferenciais, fractalização infinita,
visão molar e visão molecular (p. 504).
Intuição
empírica (p. 505).
O
ser em potência e o ser em ato (p. 505).
Ponto
de vista da percepção humana (p. 507).
“[…]
o sentido da percepção” (p. 509).
16 – As definições na estética de Croce
Perceber,
figurar e significar (p. 513).
“Portanto
a primeira forma do espírito, aquela na qual se devem implantar a luz do
conceito e a ação ética e a econômica, é a da grande arte” (p.
514).
“Gênio
e gosto são, portanto, substancialmente idênticos. […] pluralidade de
interpretações […]” (p. 515).
“[…]
toda definição universal também aparecerá como resposta a uma pergunta
concreta, historicamente situada, a partir de ‘uma obscuridade que busca a
luz’, a tal ponto que ‘a natureza da pergunta colore de si a resposta’” (p.
517).
“[…]
intuição-expressão […] manifestação técnico-material
“[…]
aquilo que o bom senso reconhece como tudo, para a filosofia se torna nada, com
o pequeno inconveniente de que todo o residual se faz impalpável” (p. 521).
“A
literatura não é forma espiritual, é parte da civilização e da boa educação, é
reino da prosa e da conversa civilizada” (p. 525).
17 – Cinco sentidos de “semântica”, de Breal a hoje
“Portanto
a semântica é ciência dos significados, mas para Breál, apenas na medida em que
eles têm um desenvolvimento histórico. (p. 527).
“[…]
a noção de semântica nasce historicamente referida àquela entidade impoderável
que é o significado, mas apenas em medida acessória assume o encargo do
significado das palavras, ou seja, dos termos isolados. Por isso, não era
preciso de uma ciência, mas de uma prática empírica, a lexicografia entendida
em seu sentido mais artesanal, isto é, a prática de compilação de dicionários.
Entretanto não se deve esquecer que toda lexicografia não é senão a descrição
de uma langue e, pois, de uma
entidade abstrata, e não daquela prática de parole
por meio da qual o falante ‘significa’ alguma coisa” (p. 528).
Abelardo:
semântica para significar, denotar, nomear (p. 528).
Semântica:
desambiguação e “semântica estrutural
como teoria do conteúdo, que estava presente no sistema binário da divisão dos
predicáveis tais como se apresentam na Arbor
Porphyriana” (p. 529).
1.
Semântica como o estudo do significado
dos termos fora de qualquer contexto (por exemplo, a teoria carnapiana dos
postulados de significado […]) (p. 529).
2.
Semântica como o estudo dos sistemas de
conteúdo, ou semântica estrutural (Hjelmslev […]) (p. 529).
3.
Semântica como o estudo da relação entre
termo (ou enunciado) e referente, ou como o estudo da referência ([…],
Kripke) (p. 529).
4.
Semântica como o estudo das condições de
verdade dos enunciados (p.529).
5.
Semântica como o estudo do sentido
específico que termos ou enunciados assumem no contexto ou no conjunto textual
([…] circunstâncias enunciativas particulares, de modo que podemos citar antes
de tudo o segundo Wittgenstein, mas também a teoria das diversas isotopias discursivas
etc) (p. 529).
Compartilhamento
de crenças, princípio de caridade e “sistema concorde de assunções” (531).
Considerar
“verdadeiro não aquilo que me é certificado pela experiência do mundo externo,
mas o que me é garantido como tal pelo sistema holístico de nossas assunções
aceitas” (p. 531).
A
relação entre o código e as regularidades de uso (p. 535).
“[…]
princípios […] não de uma semântica dos termos nem dos enunciados, mas dos
textos” (p. 536).
“O
primeiro trabalho do lexicógrafo é justamente estabelecer por que a mesma
expressão pode ter, em contextos diversos, significados diversos. Em vez de
cultivar o mito da sinonímia, o bom lexicógrafo o contesta” (p. 537).
“[…]
bases comuns” de usos legítimos de uma palavra e “convenções lexicográficas”
(p. 538).
“Quando
Quine diz que os lexicógrafos não tem o monopólio do problema dos significados,
parece dirigir-se a a autores de dicionariozinhos para turistas, e não a
lexicógrafos como estudiosos de semântica estrutural” (p. 538)
“Creio
que uma semântica vero-funcional nada tenha a ver com o problema da referência.
O problema da referência tem a ver com nossa capacidade de designar objetos ou
estados do mundo, de nos entendermos quanto a esse ato de designação […] […] e
de dizermos se o objeto ou o estado do mundo a que fizemos referência existe ou
se articula da maneira como nos referimos a ele” (p. 539).
“Examinemos
o critério tarskiano de verdade. Ele diz respeito ao modo como definir as
condições de verdade de uma proposição, mas não ao modo de estabelecer se a
proposição é verdadeira quando é usada para atos de referência” (p. 539).
“[…] a semântica diz respeito à relação entre
um signo e seus designata, […]: o
designado de um signo é algo que o signo pode
denotar – mas estabelecer se realmente há objetos desse tipo vai além das
tarefas da semiótica” (p. 542).
“[…]
não há semântica que não se deva fundir com uma pragmática” (p. 543).
ECO,
Humberto. Da árvore ao labirinto:
estudos históricos sobre o signo e a interpretação. Trad. Maurício Santana
Dias. Rio de Janeiro. Record. 2013.
18 – O pensamento fraco versus os limites da
interpretação
“[…]
da perspectiva de uma semântica em forma de enciclopédia – dominada pelo
princípio peirciano da interpretação e, portanto, da semiose ilimitada –, todo pensamento que a linguagem exprime jamais
jamais pretende espelhar de modo definitivo o objeto dinâmico (ou a coisa em si), mas sabe que põe em jogo objetos imediatos (puro conteúdo) por
sua vez interpretáveis por outras expressões que remetem a outros objetos
imediatos num processo semiótico que se autossustenta” (p. 546).
“[…]
uma representação enciclopédica jamais é global, mas sempre local, é alimentada
em determinados contextos e circunstâncias, constitui uma perspectiva ilimitada
sobre a atividade semiótica […] fornece regras
de razoabilidade, isto é, regras para contratar a cada passo as condições
as condições que nos permitem usar a linguagem […]” (p. 547).
“[…]
se os fatos são sempre conhecidos e comunicáveis por meio de interpretações,
eles de algum modo se origem como parâmetro de nossas interpretações” (p. 549).
A
metáfora do pôquer e da trinca de ases (p. 560-561).
Interpretação
e uso impostos pelo objeto ou pela subjetividade.
“E,
como as corridas melhoram as raças, um pensamento da conjetura, se não for
forte, tampouco será fraco, porque será bem
temperado” (p. 566).
ECO,
Humberto. Da árvore ao labirinto:
estudos históricos sobre o signo e a interpretação. Trad. Maurício Santana
Dias. Rio de Janeiro. Record. 2013.
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