sábado, 21 de julho de 2018

FERREIRA, Dina. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem. 1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.)


XIMENES, Expedito E.; NUNES, Ticiane. R Realidade Linguística na Linguística Aplicada indisciplinar: nova concepção (p. 21-30). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“O termo ‘realidade linguística’ foi introduzido por J. Trier em 1931, mas foi Eugênio Coseriu, em Princípios de Semãntica Estrutural, de 1977, quem amplamente divulgou o conceito, que utilizou para sistematizar a Teoria dos Campos Lexicais, já lançada por K, Hayse e G. Ipsen […] e para demonstrar que a existência dos campos está condicionada à linguagem em uso, pois é por meio do uso que conseguimos delimitar a atuação dos vocábulos” (p. 21).

 

“É impossível ignorar as necessidades sociais de desenvolvimento de estudos sobre a linguagem com a apreciação do contexto contemporâneo como um campo plurissignificativo e permeado por atores sociais que buscam compreender sua realidade de linguagem” (p. 22).

 

A realidade linguística é “a língua em uso, ou seja, a língua empregada pelos falantes que dela se utilizam para se comunicar ou interagir, e não como a idealização de um sistema abstrato e distanciado da realidade dos usuários” (p. 24).

 

“[…] realidade linguística é um termo que, apesar de ser pouco explorado pela LA Indsciplinar, está presente na ideologia defendida pelos teóricos que arquiteta(ra)m essa recente corrente da LA [Linguística Aplicada], em que, sem a linguagem em seu uso cotidiano, não poderíamos investigá-la, tendo em vista que as abstrações e as generalizações não são suficientes para reproduzir a comunicação dos usuários de uma língua” (p. 26).

 

“[…] os estudos linguísticos modernos no âmbito da LA Indisciplinar seguem a tendência de observar a realidade como inspiração e motivação para suas pesquisas acadêmicas. Esse movimento de observação coloca em evidência a necessidade de se estudar a linguagem em sociedade e a relevância dos falantes como atores que a reinventam […]” (p. 28).

 

“[…] é na realidade linguística que os usos da linguagem se fazem, sejam eles tradições discursivas consagradas ou novos usos recèm-criados – o que justificaria a pertinência do termo realidade linguística” (p. 29).

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FERREIRA, D. M. Agência na linguagem: do diferente ao semelhante (p. 31-52). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“[…] só posso sentir/praticzr a ação da inclusão se retornar à exclusão” (p. 33).

 

“[…] para que um signo seja legível necessita que seja repetível, repetido – iterável –, pois tem em si força de ruptura com o seu contexto” (p. 33).

 

“[…] se as nomenclaturas carregam sentidos e sentidos não se saturam, podemos afirmar que os sentidos classificatórios de nomenclaturas são da ordem  de escolhas que podem adquirir o status hegemônico pela sedimentação de uso que os usuários o qualificam” (p. 33).

 

“[…] mesmo que ator não seja o mesmo que agente (ator está ligado à função e agente, à ação), esse ator não deixa de ser um sujeito agente de ação concreta” (p. 35).

 

“[…] agente, ator e sujeito seriam modalidades, ou seja, formas identitárias, que compõem a identidade social dos indivíduos” (p. 35).

 

“[…] talvez o protagonista seja um agente, um indivíduo que lidera a mudança, não deixando nem de ser um ator social, enm um agente, que emerge do coletivo, que representa um coletivo e que tem uma posição particular, mas que é construída no sistema social” (p. 38).

 

“[…] discurso como prática social e sua natureza performativa, ou seja, […] falar é agir […]” (p. 38).

 

“[…] o discurso é a base da estrutura social, pois ele não apenas representa suas convenções, mas também constitui e molda tais convenções, fazendo com que o mundo e as relações sociais adquiram significados” (p. 38).

 

“E abordando a linguagem em sua natureza performativa, damos ao sujeito a responsabildiade de seus atos de fala, que com sua força ilocucionária projeta efeitos de sentido (força perlocucional) […], no processo interativo e comunicativo que nada mais é que uma relação social que se estabelece entre sujeitos em um espaço e tempo cultural e político” (p. 38).

 

“[…] o sujeito asssujeitado seria um sujeito locutor incapaz da criação de um discurso novo, reproduzindo apenas discursos anteriores consolidados, logo não poderia ser um agente; o sujeito discursivo, ligado à práxis social, pode remodelar e protestar, e mesmo que esteja vinculado às representações das estruturas sociais não deixa de ser um sujeito em práxis social; e o sujeito da ação, de uso da linguagem enquanto performativa, é capaz de agenciar seu próprio discurso, mesmo quando lhe é exigida a autoridade sociocultural de caráter instituicional” (p. 41).

 

O sujeito “agente é um ator cuja ação pode ter efeitos sociais. Este mesmo sujeito combatente pode se tornar um protagonista tanto pela sua posição criativa quanto pela sua performatividade inserida na linguagem” (p. 41).

 

Na “vertente de agência como resistência, há também atos agentivos que envolvem cumplicidade, acomodação e reafirmação do status quo. (p. 43).

 

“É pela agência contra a opressão, combatente, que nos surge o protagonista” (p. 43).

 

“Nas agências contra a opressão e para as mudanças sociais, tanto o sujeito particular quanto o sujeito social se encontram emparelhados, da mesma forma que um líder carismático […]” (p. 43).

 

“[…] o sujeito individual chega a sujeito social, do sujeito social chega a ator – o sujeito que assume uma função social a qual deve e quer desempenhá-la – e por tal função age, cuja agência permite que adquira a propriedade de agente. Ao assinalar que sua agência tem um propósito, torna-se protagonista de uma ação social que visa à transformação e à mudança” (p. 48).

 

A “ação de um sujeito, cuja agência (agente) o direciona a uma função social (ator social), cujo papel assumido, tendo um propósito, possibilita alcançar o seu próprio (protagonista)” (p. 49).

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SILVA, Jony K. de C. Por uma Pragmática menor: tensões entre linguagem, corpo e política (p. 53-68). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“[…] a linguagem é uma questão de política, antes de ser linguística […]” (p. 53).

 

“[…] uma pragmática menor é uma pragmática enquanto política da língua, que leva em conta o estar-fora em relação à lingua; fazendo, então, com que haja variação contínua da língua e criação de forma de vida” (p. 53).

 

“Uma política descolonial que vai de encontro à subjetivação, às identidades de gênero, satisfazendo-se de uma pragmática menor como política da língua” (p. 54).

 

“[…] há uma relação de imanência entre uma palavra ou qualquer enunciado, com atos de fala, com pressupostos implícitos na palavra de ordem” (p. 54).

 

“[…] o sentido é o expresso da proposição, o acontecimento, o puro devir; e é incorpóreo, por não se confundir com a preposição nem com o objeto ou estado de coisas que estaria no mundo designado por esta, ou com a representação ou com os conceitos perpetuados pela proposição” (p. 55).

 

“O sentido é o atributo da coisa ou do estado de coisas, como um verbo” (p. 55).

 

“Afirmar que o sentido é o expresso, ou que está no uso, é uma posição pragmática a toda uma dimensão logicista ou semântica da linguagem” (p. 55).

 

“[…] palavras de ordem […] expressam atos de fala incorpóreos, a partir da relação com uma palavra ou com qualquer enunciado. Esses atos são atribuídos a corpos, como variáveis de agenciamentos coletivos de enunciação que, relacionados de determinado modo, reúnem-se em um regime de signos, conformando uma máquina semiótica. Os corpos, por sua vez, formam um regime de corpos, ou um agenciamento maquínico. Um agenciamento, então, constitui-se dessa inseparabilidade entre linguagem e corpo; e por um lado, ele é coletivo de enunciação e, por outro, maquínico de desejo. Não há um agenciamento coletivo de enunciação se ele não for, também, um agenciamento maquínico” (p. 55).

 

“[…] pensar as outras dimensões da linguagem a partir da pragmática; e […] uma agenda política para a linguagem a partir da pragmática” (p. 55).

 

“A concepção deleuziana do sentido advém de uma filosofia da linguagem estóica, e não da lógica aristotélica (como boa parte da origem da filosofia analítica e da filosofia da linguagem)” (p. 56).

 

“Não há ato mais performativo do que outro” (p. 56).

 

“Todo agenciamento se faz de linguagem e de corpo que, quando voltada sua face para um plano de composição, potencializa criação de ambos. Contudo a linguagem não se encontra numa relação de correspondência e representação para com o corpo, nem vice-versa; entre ambos, existe apenas uma relação distribuitiva, por uma pressuposição recíproca” (p. 56).

 

“Se a linguagem é devir, todo devir é perspectivismo. De um ponto de vista epistemológico, não se compartilha de uma concepção relativista e, muito menos, de uma concepção essencialista acerca da relação entre linguagem e mundo. O perspectivismo é criação de mundo, mas um mundo que somente é, (ou melhor, devém) mundo a partir de uma perspectiva […]” (p. 57).

 

“No uso, o sentido faz parte de uma forma de vida, de um jogo de linguagem, que se constitui social, político, histórico e cultural – sua gramática. Considerando isso, o organismo provém, enquanto estrato para com o corpo, uma máquina abstrata que opera por segmentações, regimes, hierarquias e binaridades” (p. 60).

 

Aparelhos de captura ou de Estado são os agenciamentos que operam segmentações ao corpo, impondo um organismo” (p. 60).

 

“Em termos de gramática, entedemos que a máquina de guerra é uma gramática de revide contra o Estado e seus aparelhos” (p. 60).

 

“[…] a depender do agenciamento, um signo varia de sentido […]” (p. 61).

 

Silva (2017) defende a distinção entre os signos da máquina de guerra que confrontam os signos do aparelho de estado (p. 61-62). O autor opera com os conceitos de cartografia, modelos hilemórficos e hecceidades (p. 62-63).

 

“[…] devir-mulher […] uma postura descolonial acerca da subjetivação […]” (p. 64).

 

“Diferentemente do anormal, o anômalo não pressupões um padrão, um normal em contraposição; ele é composto apenas de devires, afetos funcionando como uma borda e ocupando uma posição ou um conjunto de posições em relação a uma multiplicidade” (p. 65).

 

“Um agenciamento se compõe de dois eixos, um horizontal e um vertical: no primeiro, constitui-se de expressão e conteúdo, ou seja, um agenciamento coletivo de enunciação e maquínico de desejo; no segundo, faz-se de lados territoriais e de pontas de desterritorialização (p. 66).

 

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ALENCAR, C. N. de; LUCENA, Maria de F. M. Entextualizações em menos que nada: textos que viajam na obra de Slavoj Zizek (p. 69-78). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

O texto deve ser visto “como signo da prática discursiva, eivada de intertextualidade e interdiscursividade [e] índice de formas de vida, que indexicalizam políticas do contemporâneo” (p. 70).

 

“[…] como os repertórios de convenções macrossociais marcam indexicalmente os textos que produzimos” (p. 74).

 

“O legi-signo é o signo convencionalmente aceito, o padrão, signo de lei [e] o sin-signo [é] uma ocorrência. Pelo sin-signo, o legi-signo se torna um novo signo a cada ocorrência” (p. 75).

 

“[…] quais contextos macrossiciais marcam indexicalmente os textos produzidos […]” (p. 75).

 

“[…] o capital torna-se capital especulativo e amplia novas formas de acumulação para cobrir os gastos com tecnologias, cada vez mais sofisticadas, e para lidar com a flutuação cambial do capital financeiro, atingindo não apenas a classe operária, mas também grupos culturais vulneráveis, como indígenas, ribeirinhos, quilombolas, camponeses, favelados. Tais grupos, subsumidos pela dominação neoliberal, que pretende submeter a todos à lei do valor, passam a resistir coletivamente, configurando os chamados ‘novos movimentos sociais’” (p. 75).

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CAMINHA, T. Corpo tecnorgânico na cibercultura: efeitos sobre sexo e gênero (p. 81-100). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“A aplicação dos conhecimentos e princípios tecnológicos a outros sistemas de atividade humana tem revolucionado os modos pelos quais interagimos com o Outro e estendemos nossos limites para além do corpo dito ‘natural’, mas não por isso o transformamos em ‘anormal’” (p. 81).

 

“O ‘Eu-máquina’ , incosciente dos efeitos dos elementos exteriores que moldam sua própria corporificação, também se transforma em um agente ativo de recriação do sexo e ressignificação do gênero” (p. 81).

 

“[…] o simbolismo social que aponta para a inevitabilidade de um gênero que não fuja à anatomia (idealizada como uma forma da natureza) e de um exemplo de afetividade […]” (p. 81).

 

“[…] o trabalho material da sociedade também dá vazão a uma nova percepão de sexualidade que se opõe ao binário normal/heterossexual e à dicotomia normal/anormal” (p. 82).

 

“A própria realidade do sujeito, por exemplo, não pode ser sintetizada à materialidade das coisas, visto que ele está submerso em um mar de ondas eletromagnéticas, sobrecarregadas de informação, e situadas em um novo lugar de sociabilidade – o ciberespaço” (p. 82).

 

As relações vivenciais entre Alter, Ego e Outro “podem assumir valores contínuos, senão instáveis” (p. 83).

 

A partir de uma realidade cibercultural é possível concluir que “a realidade ‘pós-humana’ só é percebida como tal por meio das formas de vida que ela torna possíveis e que a tornam possível” (p. 83).

 

“[…] aptidão (ou adequação) diz sobre situar o corpo no campo da ação, práticas sociais, e não estudá-lo a partir de condições biológicas e trans-históricas […]” (p. 83).

 

“Desde a Revolução Industrial (século XIX), nota-se uma sincronia entre os meios de produção e os modelos de estética […] o capitalismo é um sistema econômico que investe no corpo como um projeto de produtividade”. […]. A aparência física baseada em imposições modelares passou a servir de justificativa, até mesmo, para a divisão de classes […]” (p. 84).

 

“[…] a tendência dos discursos institucionais é transformar proposições ideológicas em senso comum sob a rubrica de ‘conhecimento’ […]” (p. 84).

 

“[…] o corpo é a versão situada do humano na história social” (p. 87).

 

“[…] o grande debate em torno da sexualidade diz respeito a pôr em questionamento os essencialismos que tratam sexo, gênero e identidade como uma unidade. […]. A idéia de sujeito […] como um tipo de ação afirmativa, ou seja, um lugar de onde se fala” (p. 88).

 

“[…] o corpo é também uma tela de inscrição do momento histórico e de suas contingências sociais” (p. 89).

 

“[…] no caso do/a transexual, o que é inteligível é transformado em algo ininteligível para apoiar a carga histórica de práticas discriminatórias. Recordemos que o homossexualismo saiu da classificação de transtorno mental em 1873” (p. 89).

 

“[…] uma parcela significativa de homens e mulheres classificados como tais têm uma porção genética indeterminada, mesmo que suas constituições físicas e funções reprodutivas sejam inquestionáveis. Em consequência, a presença do cromossomo X em homens e Y em mulheres, ainda que inativo, põem em xeque qualquer binarismo sexo/gênero” (p. 89).

 

“Uma subjetividade livre é imprevisibilidade (incondicionamento) e adaptabilidade (indeterminação) com liberdade de escolha: subverter ou se adaptar à norma” (p. 90).

 

“[…] a nova provocação de sexualidade aos ‘pós-humanos’ é a superação dos significados políticos das categorias de sexo/gênero tradicionais, dos processos identitários anteriores […]” (p. 91).

 

“[…] superfície (re-apresentação física) e interioridade (psique) são duas faces da mesma moeda […]” (p. 91).

 

“E se o corpo é uma significação limitante, ele ele também pode ser ressignificado pela transgressão das formas que o ‘normalizam’ e o constrangem” (p. 92).

 

“Uma cultura tradicional costuma ser fechada a questões de gênero aquém do masculino e do feminino […]” (p. 93).

 

“[…] toda cultura gira em torno dos sistemas de representação simbólica, do poder das palavras e das imagens […]” (p. 93).

 

“[…] entre o normal e o anormal, a diferença está sempre nos valores culturais atribuídos à alienação social, política e pessoal” (p. 98).

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BARROS, M. A. X. Feminino no funk midiático (p. 101-116) In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“[…] gênero não pode ser visto como dicotômico ao sexo, pois ambos são categorias discursivas e não naturais” (p. 101).

 

“[…] a nomeação, a catgegorização e a designação são prerrogativas do discurso-linguagem. […] como o discurso está inserido na história, o sentido de gênero abarca questões socioculturais” (p. 102).

 

“[…] a controvérsia conceitual entre gênero e sexo situa-se politicamente, sobre os papéis sociais do homem e da mulher assumidos no percurso de sua história e na dialiética do poder” (p. 102).

 

“A categoria de gênero constitui-se dos usos que fazemos da linguagem” (p. 103).

 

Ritualização e práxis dos atos de corpo (p. 105).

 

“A produção de um ato de fala depende, portanto, de sua relação com o ato corporal, amos constituindo um ato performativo (p. 106).

 

“[…] o gênero é constituído socialmente por papeis desempenhados por atores sociais e pela repetição ritualizada de seus atos, cujas ações e repetições estilizadas são o próprio gênero em construção, processo que não se esgota em um fazer-dizer, mas que se complementa nas formas do fazer do corpo” (p. 107).

 

Barros (2017, p. 107) resume duas concepções derridianas: “(I) a iterabilidade, pela qual o signo é sempre um outro na mesmidade; e (II) a citacionalidade, um signo é recontextualizado, deslocado, mas produz sentido” (p. 107).

 

“[…] o poder da agência se dá na ressignificação da performatividade, contribuindo para a contestação dos papéis tradicionais de gênero. […]. As possibilidades de agência levam a reconfigurações do próprio fazer do gênero, permitindo novas possibilidades de papéis sociais na inscrição do gênero” (p. 108).

 

“Chamamos de ‘funk midiático’ o funk de mídia, aquele que tem apelo midiático e circula nas redes. Não se trata de uma categoria específica do funk, mas de sua capacidade de difusão no espaço virtual e imediato em rede” (p. 108).

 

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ASSUNÇÃO, Fábio N. Habitus linguístico na rede social: diálogo multimodal – série Stranger things (p. 117-132). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

Gramática do Design Visual (GDV), de Kress e van Lewen e ShowMe de Jon Callow (p. 117).

 

“[…] relação estabelecida entre icônico e verbal” (p. 118).

 

“[…] os homens não são submissos em relação às estruturas sociais, mas condicionados por ela […]” (p. 119).

 

“Se há estrutura em movimento (estruturante), pode,se compreender a linguagem como ação, interação e fenômeno social, demonstrando as relações entre língua, ação verbal e comunidade discursiva da qual os indivíduos usuários fazem parte. Isso pressupõe uma perspectiva processual, na qual a linguagem é construída em práticas do dia a dia” (p. 120).

 

“[…] as práticas de linguagem estruturam relações e são por elas estruturadas, ou seja, ao mesmo tempo em que inscrevem, também incorporam histórias sociais que permitem que os usos da linguagem sejam constantemente atualizados nas interações dos indivíduos e acionados quando a ocasião determina” (p. 120).

 

“[…] Callow remete a um modelo de letramento australiano desenvolvido na década de 1980, que apresenta uma visão holística e integrada, composta por três dimensões interligadas, denominadas operacional, cultural e crítica” (p. 121).

 

 

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SOUSA, Jamille M. Signo ideológico no discurso publicitário (p. 133-144). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

Sousa (2017) explica que Platão analisou o signo por seus três constituintes (nomes, ideias e coisas) e que o signo natural e convencional é uma representação imperfeita das coisas. São Tomás trata o signo pelo viés da Lógica e o compreende como instrumento comunicativo e cognitivo. Guiraud enfoca o caráter de estímulo do signo. Saussure focaliza a dicotomia significante e significado do signo.

 

“[…] não é possível considerar o discurso como algo fechado e concluso” (p. 136).

“Longe de ser uma abordagem fechada e um campo delimitado de análise do discurso, a ADD surgiu sem a historicidade que fora conferida a outras abordagens de análise do discurso, como a Análise o Discurso de orientação francesa (AD) e a Análise do Discurso Crítica (ADC) […]” (p. 135).

 

“[…] natureza social da língua” (p. 135).

 

“Da articulação entre linguagem e sociedade/história, vem à tona, então, a noção de dialogismo, que é entendido como princípio constitutivo da linguagem e fruto da relação entre locutor e interlocutor” (p. 135).

 

O Círculo bakhtiniano questionou “a tradição de análise da ideologia como subjetiva e interiorizada – uma ideia de lugar fixo na cabeça do homem – [e] a de análise idealista e psicologizada – uma ideia pronta, já dada, desenvolvida na consciência individual do homem” (p. 136).

 

Para o trabalho do Círculo de Bakhtin, é preciso “concebermos a filosofia da linguagem como uma filosofia do signo ideológico”, conforme Sousa (2017, p. 138).

 

“[…] tudo que significa é ideológico, é um signo; e sem os signos não existe a ideologia. O signo nada mais é que um fenômeno ou objeto existente na realidade com uma função ideológica. Assim, para que um signo exista, é necessário que exista também um fenômeno ou um objeto físico, que receba uma função social e passe a significar além de sua própria particularidade material” (p. 138).

 

Os signos “são constituídos no processo de interação verbal e não podem ser vistos apenas como uma parte da realidade, uma vez que possuem uma realização histórica, concreta, social; eles refletem e refratam outra realidade bem como estão sujeitos a critérios de avaliação ideológica. Os signos são criados nas relações interindividuais sendo carregados de valores conferidos por diferentes interlocutores” [...] (p. 138).

 

“[…] a interação semiótica faz-se relevante, quando proveniente das interações entre os suijeitos sociais tanto para a construção dos signos quanto para os efeitos de sentido nesses signos, que são (re)carregados a partir da interação verbal” (p. 139).

 

A partir de Sousa (2017), depreende-se que o signo se relaciona com o contexto e com a interação que os sujeitos praticam.

 

“Um objeto por si só não passa de um objeto neutro. Mas, num determinado grupo social, incorporado de significado, passa a ser um elemento ideológico, que reflete e refrata uma realidade social” (p. 142).

 

“O meio social envolve por completo o indivíduo, seja esse indivíduo locutor seja interlocutor de um enunciado. Compreendemos a ideologia como um sistema sempre atual de representação da sociedade e do mundo construído a partir das referências constituídas nas interações e nas trocas simbólicas desenvolvidas pelos grupos sociais organizados. Assim, à medida que os signos vão tomando novos sentidos e sendo atualizados, nós, sujeitos interagentes, vamos nos movimentando junto com eles, conferindo ‘nossos’ sentidos, por meio dos sentidos do outro, mediante enunciados que nos cercam e que construímos. Nós os ressignificamos” (p. 143).

 

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BARBOSA, Soraia A. Embate de vozes em entrevista política do Jornal Nacional: (des-)ligitimação do discurso de outrem (p. 147-160). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“[…] o estruturalismo saussureano concebe os interlocutores como indivíduos não marcados social, ideológica ou historicamente, em contrapartida à noção de interlocutores para a ADD [Análise Dialógica do Discurso], os quais produzem enunciados concretos, em uma interação viva, concreta, mantendo entre si uma relação dialógica, povoada de outras vozes que se harmonizam ao próprio discurso dos enunciadores em um dado contexto interacional […]” (p. 149).

 

“É a alternância dos falantes o fator determinante da dimensão do enunciado. Neste há a presença de ecos e lembranças provenientes de outros enunciados, havendo, pois uma relação de refutação, confirmação. Completude, enfim, há um diálogo entre esses enunciados. Enquanto as unidades da língua não apresentam um acabamento que propicie uma resposta, o enunciado já permite um acabamento daquela devido à sua natureza replicante. Enquanto as unidades da língua se caracterizam pela neutralidade, os enunciados são carregados de juízos de valor, de emoções, entre outros fatores, e são definidos sempre por sua natureza dialógica. Todo enunciado é sempre heterogêneo, ou seja, em seu interior há a relação de duas posições, as quais se constroem mutuamente” (p. 152).

 

A partir da interpretação bakhtiniana de Barbosa (2017), depreende-se que as polêmicas são a materialização da bivocalidade como o ataque do eu em em função do outro, situação que alimenta o dialogismo constitutivo da linguagem.

 

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PEREIRA, Dulce V. Estilização da identidade feminina em ‘relatos de vida’ (p. 161-174). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“[…] todo um sistema de significação, ou melhor, uma ‘gramática cultural’ de gêneros foi constituída e esteve alinhada a uma lógica masculina, patriarcal, heterossexista” (p. 161).

 

“[…] identidade e diferença são ambas criaturas da linguagem, ou seja, consistem no resultado de atos de criação linguística. […] a linguagem é indeterminada e instável, pois o ‘signo’ linguístico depende de um processo de diferenciação e, assim sendo, […] ‘a presença da coisa’ ou do ‘conceito’ no signo é algo que nunca é concretizado de modo absoluto, dado o constante adiamento de tal presença ou conceito”, segundo a teoria derridiana analisada por Pereira (2017, p. 163).

 

“[…] o termo ‘etnografia’ deixou de ser ancorado num contexto colonialista, de uma concepção ‘exótica’ em favor de uma concepção que estenda a etnografia a todos os lugares, a todas as circunstâncias” (p. 168).

 

“[…] sentidos linguístico-discursivos históricos […]” (p. 173).

 

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GONÇALVES, João B. C.; AMARAL Marcos R. dos S. Estética e perspectiva étnico-cognitiva poema ‘DNA’ de Arnaldo Antunes (p. 175-196). In FERREIRA, D. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“[…] uma obra poética-artística deve ser contemplada não como um artefato linguístico, apenas de acordo com sua organização composicional e conteudística, mas deve-se superar esse nível, para integrá-lo à unidade da cultura, como uma totalidade impregnada tanto de valores do mundo da vida quanto de mundo da cultura e da arte” (p. 175).

 

“[…] o momento […] o emotivo-volitivo e o posicionamento axiológico constitutivo  da vida prática” (p. 176).

 

“[…] a criação literária não é um fato psicológico nem objetivo que possa ser racionalizado simplificadamente; absolutamente, ela mantém uma relação axiológica, em processo e ininterrupta, com a unidade da cultura” (p. 178).”

 

“[…] a unidade da cultura dos diversos fenômenos culturais em interação é, sempre, o homem e seus sistemas de valores […]” (p. 178).

 

“[…] o caráter ético da epistemologia bakhtiniana evidencia-se, sobremaneira, na medida em que recusa a partilhar do método objetivo-abstrato, posicionando-se, assim, em favor do estudo da ação concreta do sujeito situado historicamente, em razão de buscar entender a atividade humana como integral, valendo-se de momentos  peculiares e gerais. Nesse sentido, a epistemologia bakhtiniana humaniza na ciência novamente o homem, o que tem consequências políticas transformadoras das relações sociais no sentido de se estabelecer lógicas fundantes de práticas abertas à contradição e à pluralidade – a inconclusiblidade constitutiva das relações  humanas, por conta da constante consideração da situacionalidade histórica” (p. 179).

 

“Efetivamente, a criação humana emerge das relações limítrofes entre esferas ideológicas heterogêneas e orienta-se para a unidade da cultura em práticas sociais concretas […]” (p. 181).

 

A partir de Gonçalves e Amaral (2017), é possível distinguir o ato cognitivo (conhecimento), o estético (arte) eo  ético (moral), bem como fato (objetivo-psicológico) e sentido (social e cultural).

 

Em nota de rodapé, Gonçalves e Amaral (2017, p. 183) explicam “que o ato estético funda-se na  não coincidência de consciências na interação, o ético, pela coincidência e o cognitivo, pela inexistência de consciências alheias. […] quando um objeto passa a remeter para algo fora de si, situado e axiologizado numa prática social, é que emerge o signo. […] o problema da reificação no discurso decorre da exclusão/apagamento da presença concreta do sujeito, em seu posicionamento ontológico. Assim, a questão dos limites entre os atos estéticos, éticos e cognitivos está impregnada da questão ideológica, como forma de humanização do homem. Logo, negar o diálogo constitutivo entre estes é negar o caráter transformador de cada um deles, tornando cada ato como estático, não inconcluso, a-histórico, não humano” (p. 183).

 

“O resultado da atividade autoral é o acabamento estético (dialógico) como estabelecimento dos limites artísticos, […] nenhum espaço é isolado ou isolável – é sempre fronteira. Sabe-se que o problema da forma orienta-se segundo a relação entre conteúdo e material” (p. 185).

 

“Portanto, a forma artística é uma vivência autoral tanto da composição quanto da arquitetônica da obra […]” (p. 186).

 

O “ato responsável [é] o compromisso inalienável do ser perante o mundo […]” (p. 191).

 

“[…] estrutura genérica que se forma a partir da união de composições específicas de outros gêneros discursivos, no caso, a união verbo-visual de elementos […]” (p. 191).

 

“[…] aquilo que no homem é mais humano, que é sua vivência emotivo-volitiva, entendendo que o ato cognitivo é um momento dessa vivência” (p. 194).

 

“[…] um momento da experiência prática responsável eticamente pelo mundo” (p. 195).

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PINHEIRO, Maria V. B L.; PINHEIRO, Gustavo C. Para a escrita científica: crítica a orientações hegemônicas. In FERREIRA, Dina. M. (Org.). Estudos críticos da linguagem.  1ª ed. Curitiba - Paraná. Appris editora. 2017. (214 p.).

 

“[…] os grupos que interagem verbalmente podem ser reconhecidos como uma comunidade específica com seus estilos, que se identificam por uma retórica também específica […]” (p. 198).

 

“[…] cada área disciplinar se compõe de um grupo que interage por meio de convenções, objetos e metodologias específicas, constituindo, assim, uma cultura disciplinar particular que se manifesta e é também construída pelos próprios discursos que ali circulam” (p. 199).

 

“[…] culturas disciplinares diferem entre si no que diz respeito a questões como objetivos a serem alcançados, nomenclaturas utilizadas, convenções de escrita, formas tipificadas de argumentar, entre outros aspectos” (p. 201).

 

“A compreensão de que usos que fazemos da linguagem (textos orais, escritos e multissemióticos) são forma de agir no mundo social tem sido amplamente debatida nos estudos linguísticos teóricos e aplicados dos últimos anos. O alinhamento da pragmática à retórica está no fato de que o texto é entendido não só como um reflexo de ‘atos sociais’ desenvolvidos em ‘situações retóricas recorrentes’ […] mas também por ser tratado em seus contextos de uso […]” (p. 200).

 

“[…] os conceitos de atos de fala e de fatos sociais são centrais para o estudo de gêneros textual-discursivo, porquanto enfatizam o caráter linguístico-retórico dos processos de construção da(s)  realidade(s), ou fatos sociais que são efeitos criados por textos concretos” segundo Pinheiro e Pinheiro (2017, p. 201) a partir de reflexões bazermanianas” (p. 201).

 

“Enquanto a lógica está preocupada com a verdade, independentemente de quaisquer considerações sobre valores morais, a retórica, com o que é discutível em uma sociedade, envolvendo crenças e juízos de valor” (p. 202).

 

 

 

 

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