SECRETARIA
DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ
10ª
COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
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EGÍDIA CAVALCANTE CHAGAS
SEMANA
DA CULTURA NEGRA
TEMA:
Decolonialidades
e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça
O
candomblé possui cerca de 16 Orixás, desde que considerados também
os chamados Ibeji, conhecidos como os Orixás infantis. Cada um deles
atua em sua própria simbologia, possuindo caraterísticas próprias,
representações e ocupações; á eles também são atribuídos dias
específicos da semana para os cultos nos terreiros. […] até os
dias atuais não foi possível enumerar todos os deuses e
representações desta crença, podendo ser estipulado um número até
mesmo superior a 400 entidades [...].
Exu
- O
primeiro dos Orixás do Candomblé tem a segunda feira como seu
dia de celebração e, apesar de ser visto por muitos de fora do
candomblé como uma entidade maléfica, ele na verdade é um
mensageiro do Orixás, executando o que lhe é comandado,
independente das consequências.
Obaluaiê
- Outro
Orixá celebrado durante as segundas-feiras com a saudação
“Atotô!”, ele é a divindade da medicina, possui sincretismo às
figuras de São Roque e São Lázaro e está sempre olhando pelos
doentes.
Ogum
- Destinado
à terça feira, esse é o orixá guerreiro representado por São
Jorge em sincretismo com a Igreja Católica. Com a saudação
“Ogunhê!” junto ao ato de curvar-se, ele simboliza a luta pela
vida e a força física e espiritual.
Representado
por São Bartolomeu no catolicismo, Oxumarê é o Orixá da riqueza e
fortuna, sendo também conhecido como o ciclo da vida. Celebrado
durante as terças-feiras, a saudação de sua chegada é
“Arroboboi!”.
Iroko
é uma entidade pouco presente e tem sua manifestação restrita,
sendo ela muito ligada a outro Orixá, Xangô. Representa o tempo e é
ligado no catolicismo a São Pedro Nolasco, sendo celebrado na
terça-feira sob a saudação “Iroko y Só! Eeró!”.
Iansã
- Representa a força natural feminina dos ventos e das tempestades,
comemorando seu dia às quartas-feiras. Seu sincretismo na igreja
católica é a figura de Santa Bárbara e tem como saudação o grito
de guerra “Epahey Oyá”.
Xangô
- Esse orixá é uma figura muito popular mesmo entre os leigos do
candomblé, representado na igreja católica pelo santo São
Jerônimo, sob a personificação da justiça. Comemorado na
quarta-feira, sua celebração tem um como grito de saudação “Kao
Kabiesilê!”.
Obá
- Essa é a representação de outra forma do poder dos ventos,
através da senhora dos redemoinhos, sendo sua santa católica a
famosa Joana d’Arc. Também celebrada em uma quarta-feira, a
saudação de Obá é “Xiré Yá!”.
Oxóssi
- Representado por São Sebastião na Igreja Católica, tem seu dia
na quinta-feira e sua saudação é “Okê aro!”. Oxóssi é o
grande senhor das matas, protetor dos animais e seres que lá
habitam, atuando também como o Orixá da caça.
Logum
Edé - Filho de Oxum e Oxóssi, este é o famoso Orixá caçador e,
justamente por isso, seu representante na igreja católica é o
poderoso Santo Expedito. Sua saudação é dita “Olorikim!” e tem
sua comemoração feita na quinta-feira.
Ossaim
- Representado por São Benedito na igreja católica, ele divide a
quinta-feira com as celebrações de Oxóssi e Logun Edé, sendo
muito respeitado como o Orixá das plantas e saudado com “Ewê ô!”.
https://www.wemystic.com.br/artigos/orixas-do-candomble-conheca-os-16-principais-deuses-africanos/
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Decolonialidades
e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça
Oxalá
- O maior e mais conhecido de todos os orixás do Candomblé, tem seu
nome usado em diversas expressões populares. Sua saudação é o
“Êpa Babá!” e representa sua fama na igreja católica através
do Senhor do Bonfim. Devido a sua grande importância, Oxalá tem o
dia de sexta-feira reservado somente para si.
Oxum
- Outro grande e conhecido Orixá, Oxum é o representante do amor,
da maternidade e da fertilidade. Essa característica materna faz com
que a divindade seja representada pela grande mão da igreja
católica, Nossa Senhora Aparecida. Seu dia é o sábado e é saudada
com o dizer “Ora yê yê ô!”.
Iemanjá
- A figura popular da grande deusa e senhora dos mares, Iemanjá é a
mãe de todos e o espelho do mundo. Seu dia é celebrado aos sábados,
junto a Oxum e através da Nossa Senhora da Conceição (ou também
pela Virgem Maria, variando de acordo com a região de celebração).
Sua saudação é “Odô iyá!”.
Nanã
- Um dos mais antigos Orixás do Candomblé e representada por
Sant’Ana, Nanã é a deusa associada aos idosos, à maternidade e
aos castigos como forma de educar, tendo seu dia celebrado às
terças-feiras. Sua saudação se pronuncia “Salubá!”
Ibeji
(Cerês) - Aos domingos também pode ser celebrado o dia de Ibeji
que, na verdade, são orixás crianças representados por São Cosme
e São Damião. Dizem que são amigos de todas as crianças e,
normalmente suas celebrações estão acossadas a presença de muitos
doces brinquedos. São saudados por “Omi beijada! Beijiróó!”.
https://www.wemystic.com.br/artigos/orixas-do-candomble-conheca-os-16-principais-deuses-africanos/
……………………………………………………………………..
O
Candomblé é uma religião africana que chegou ao Brasil junto com
os negros que vieram em condição de escravos. A crença segue as
leis da natureza e suas divindades são os orixás, vistos como
ancestrais divinos que cuidam e equilibram nossas energias.
Diferente
da Umbanda, onde a comunicação dos orixás com a terra ocorre por
meio da incorporação, no Candomblé ela é feita por meio da
leitura de búzios.
A
Umbanda é uma religião brasileira que surgiu em 1908 e foi revalada
por Zélio Fernandino de Moraes, natural de São Gonçalo (RJ) e
mescla elementos do catolicismo, cultos africanos e do kardecismo. A
religião acredita nos orixás como espíritos ancestrais, que se
comunicam com a terra por meio da incorporação de médiuns.
Os
trabalhos e assistências ocorrem enquanto os espíritos estão
incorporados. Durante a incorporação, alguns orixás/espíritos
fazem uso do tabaco e bebida por parte dos médiuns. Outros, porém,
como os espíritos das crianças, preferem doces e brinquedos..
Apesar
de o termo ser usado erroneamente por muitas pessoas, macumba é o
nome de uma árvore e de um instrumento musical de percussão
utilizado em religiões afrobrasileiras. Deste modo, macumbeiro é o
indivíduo que toca tal instrumento.
No
Brasil, a palavra "macumba" designa de forma popular e
equivocada toda oferenda aos orixás. O termo correto para isto, no
Candomblé, seria o "ebó" ou "padê". Já na
Umbanda seria "despacho".
https://www.diferenca.com/candomble-e-umbanda/
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Decolonialidades
e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça
No
Brasil, a história de seus conflitos e problemas envolveu bem mais
do que a formação de classes sociais distintas por sua condição
material. Nas origens da sociedade colonial, o nosso país ficou
marcado pela questão do racismo e, especificamente, pela exclusão
dos negros. [...].
Em
nossa cultura poderíamos enumerar o vasto número de piadas e termos
que mostram como a distinção racial é algo corrente em nosso
cotidiano. Quando alguém autodefine que sua pele é negra, muitos se
sentem deslocados. Parece ter sido dito algum tipo de termo
extremista. Talvez chegamos a pensar que alguém só é negro quando
tem pele “muito escura”. Com certeza, esse tipo de estranhamento
e pensamento não é misteriosamente inexplicável. [...]
É
bem verdade que o conceito de raça em si é inconsistente, já que
do ponto de vista científico nenhum indivíduo da mesma espécie
possui características biológicas (ou psicológicas) singulares.
Porém, o saber racional nem sempre controla nossos valores e
práticas culturais. A fenotipia do indivíduo acaba formando uma
série de distinções que surgem no movimento de experiências
históricas que se configuraram ao longo dos anos. [...]
Dessa
maneira, é no passado onde podemos levantar as questões sobre como
o brasileiro lida com a questão racial. A escravidão africana
instituída em solo brasileiro, mesmo sendo justificada por preceitos
de ordem religiosa, perpetuou uma ideia corrente onde as tarefas
braçais e subalternas são de responsabilidade dos negros. [...]
No
entanto, também devemos levar em consideração que o nosso racismo
veio acompanhado de seu contraditório: a miscigenação. Colocada
por uns como uma estratégia de ocupação, a miscigenação
questiona se realmente somos ou não pertencentes a uma cultura
racista. Para outros, o mestiço definitivamente comprova que o
enlace sexual entre os diferentes atesta que nosso país não é
racista. Surge então o mito da chamada democracia racial.
Sistematizado
na obra “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, o
conceito de democracia racial coloca a escravidão para fora da
simples ótica da dominação. A condição do escravo, nessa obra, é
historicamente articulada com relatos e dados onde os escravos vivem
situações diferentes do trabalho compulsório nas casas e lavouras.
De fato, muitos escravos viveram situações em que desfrutavam de
certo conforto material ou ocupavam posições de confiança e
prestígio na hierarquia da sociedade colonial. [...]
Porém, a miscigenação não exclui os preconceitos. Nossa última constituição coloca a discriminação racial como um crime inafiançável. Entre nossas discussões proferimos, ao mesmo tempo, horror ao racismo e admitimos publicamente que o Brasil é um país racista. Tal contradição indica que nosso racismo é velado e, nem por isso, pulsante. Queremos ter um discurso sobre o negro, mas não vemos a urgência de algum tipo de mobilização a favor da resolução desse problema.
Porém, a miscigenação não exclui os preconceitos. Nossa última constituição coloca a discriminação racial como um crime inafiançável. Entre nossas discussões proferimos, ao mesmo tempo, horror ao racismo e admitimos publicamente que o Brasil é um país racista. Tal contradição indica que nosso racismo é velado e, nem por isso, pulsante. Queremos ter um discurso sobre o negro, mas não vemos a urgência de algum tipo de mobilização a favor da resolução desse problema.
Ultimamente,
os sistemas de cotas e a criação de um ministério voltado para
essa única questão demonstram o tamanho do nosso problema. Ainda
aceitamos distinguir o negro do moreno, em uma aquarela de tons onde
o último ocupa uma situação melhor que a do primeiro. Desta
maneira, criamos a estranha situação onde “todos os outros podem
ser racistas, menos eu... é claro!”. […].
Rainer
Sousa – Mestre em história
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Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência
negra e mestiça
Um
homem nunca chora
Acreditava
naquela história / do homem que nunca chora.
Eu
julgava-me um homem.
Na
adolescência / meus filmes de aventuras / punham-me muito longe de
ser cobarde / na arrogante criancice do herói de ferro.
Agora
tremo. / E agora choro.
Como
um homem treme. / Como chora um homem!
Pena
Zangado
/ acreditas no insulto / e chamas-me negro.
Mas
não me chames negro.
Assim
não te odeio. / Porque se me chamas negro / encolho os meus
elásticos ombros / e com pena de ti sorrio.
Nem
desconfia
Todo
o poeta quando preso / é um refugiado livre no universo
de cada coração / na rua.
de cada coração / na rua.
O
chefe da polícia / de defesa da segurança do estado / sabe como se
prende um suspeito / mas quanto ao resto / não sabe nada.
E
nem desconfia.
Guerra
Aos
que ficam / resta o recurso / de se vestirem de luto / Ah, cidades! /
Favos de pedra / macios amortecedores de bombas.
Grito
Negro
Eu
sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu
sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu
sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu
sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu
sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
José
João Craveirinha (Lourenço
Marques, 28 de Maio de 1922 — Maputo, 6 de Fevereiro de 2003) é
considerado o poeta maior de Moçambique. Em 1991, tornou-se o
primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais
importante prémio literário da língua portuguesa.
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Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência
negra e mestiça
Por
Wesley Lima
Da Página do MST
Da Página do MST
O grito de liberdade ecoa permanentemente. As palavras de indignação e resistência persistem. Mas o racismo, um dos instrumentos estruturais do capitalismo continua matando, marginalizando, invisibilizando e demonizando a cultura, os corpos e a religião do povo negro.
Segundo
o Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, mulheres, jovens e negros de baixa
escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no país.
A população negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos
indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios. O
documento revela que a cada 100 pessoas assassinadas, em 2017, 71
eram negras. Em sua grande maioria mulheres e jovens. Só em 2015,
cerca de 385 mulheres foram assassinadas por dia.
As
regiões de Roraima, Goiás e Mato Grosso lideram a lista de estados
com maiores taxas de homicídios. No mesmo período, no Maranhão
houve um aumento de 124% na taxa de feminicídios e, mais uma
vez, as mulheres negras são as principais vítimas. É importante
destacar que, segundo o Atlas, em inúmeros casos notificados, as
mulheres são vítimas de outras violências de gênero, como a
patrimonial, psicológica, física, sexual, além do homicídio.
Nesse
mesmo contexto, a juventude segue sendo vítima. Mais de 318 mil
jovens foram assassinados no Brasil entre 2005 e 2015. Apenas em 2015
foram 31.264 homicídios de pessoas com idade entre 15 e 29 anos. No
geral, cerca de 92% dos homicídios acometem essa parcela da
população.
Em
Alagoas e Sergipe a taxa de violência com homens jovens atingiu,
respectivamente, 233 e 230,4 mortes por 100 mil homens jovens em
2015. De acordo com o Atlas, os negros possuem 23,5% de chances de
serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças.
Regina
Lúcia, militante do Movimento Negro Unificado (MNU), afirma que esse
processo genocida da população negra é histórico. “O projeto
genocida da população negra está em vigor desde o dia 14 de maio
de 1888 […] É um projeto da elite branca sobre a população
negra. E ele está entranhado na saúde, na educação, na cultura,
na moradia, no acesso a terra. Não podemos esquecer do genocídio da
bala, perpetrado pela polícia, pelos grupos de extermínio, pelo
narcotráfico e etc”, explica.
http://www.mst.org.br/2018/05/18/brasil-um-pais-marcado-pelo-genocidio-da-sua-populacao-negra-pobre-e-periferica.html
O
Brasil está diante de uma matança generalizada da sua população
jovem, notadamente os rapazes negros, que são as principais vítimas
da violência letal. Em 2016, segundo apontam os dados do Atlas da
Violência 2018, houve um aumento de 7,4% em relação a 2015 no
número de jovens mortos de forma violenta. Já no período de dez
anos, entre 2006 e 2016, o aumento registrado foi de 23,3%. O número
de mortes violentas é também um retrato da desigualdade racial no
país, onde 71,5% das pessoas assassinadas são negras ou pardas, com
baixa escolaridade e não possuem o ensino fundamental concluído.
http://juventudescontraviolencia.org.br/plataformapolitica/quem-somos/eixos-programaticos/enfrentamento-ao-genocidio-da-juventude-negra/
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O
que se assiste é um aumento assustador das mortes violentas no país.
Das 61.283 mortes violentas ocorridas em 2016 no Brasil, a maioria
das vítimas são homens (92%), negros (74,5%) e jovens (53% entre 15
e 29 anos). As mortes violentas no país subiram 10,2% entre 2005 e
2015. Mas, entre pessoas de 15 a 29 anos, a alta foi de 17,2%.
A
violência letal intencional no Brasil cresce contra negros (pretos e
pardos) e regride contra não negros (brancos, amarelos e indígenas),
a taxa de homicídios de indivíduos não negros diminuiu 6,8%. No
mesmo período, a taxa entre a população negra saltou 23,1% e foi a
maior registrada desde 2006. Esse quadro é ainda mais aterrador para
a juventude negra: 77% dos jovens assassinados no Brasil são negros.
A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. São 63
mortes por dia, que totalizam 23 mil vidas negras perdidas pela
violência letal por ano.
Os
homicídios são reflexo da sobreposição de vulnerabilidades às
quais esta população negra está sujeita e o quanto a violência
atravessa esses corpos de maneira generalizada. Apesar de alguns
avanços conquistados, como a Lei Maria da Penha, o número de
homicídios de mulheres negras – que inclui as pretas e pardas –
segue aumentando com destaque para os feminicídios. Segundo o Atlas
da Violência (2018) as mulheres negras, pobres e que têm entre 18 e
30 anos são a maioria das vítimas de crimes contra a mulher. Em 10
anos o assassinato de mulheres negras aumentou 15,4%, enquanto a taxa
de homicídio de mulheres não negras diminuiu 8%; a taxa de
homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não
negras.
Esse
cenário é tão alarmante que ativistas e especialistas têm
denominado o fenômeno de genocídio
da juventude negra. O
extermínio generalizado ou genocídio dos jovens negros é reflexo
do racismo estrutural e institucional, que coloca em xeque ideais de
solidariedade e igualdade, e impacta o tipo de sociedade que estamos
construindo para as próximas gerações.
Ainda
que muitas pessoas acreditem que o racismo – prática
discriminatória que visa colocar grupos e/ou indivíduos em posições
de desigualdade, em virtude de aspectos físicos, como a cor da pele
– se manifeste individualmente, operando apenas nas relações
interpessoais, a história demonstra que essa não é uma questão
restrita ao âmbito individual. Historicamente o povo negro vivência
condições de vida muito inferiores aos de pessoas brancas. Mesmo
quando comparadas/os à parcela da população branca e pobre, em
geral, es/as/os negres/as/os e pobres se encontram em situação
muito pior. Isso pode ser facilmente ilustrado por indicadores
sociais, como os que apontam que 76% da população mais pobre é
negra; 79,4% de pessoas analfabetas são negras; 62% das crianças
que estão fora da escola são negras; em média a renda de negros é
40% menor que a de brancos ( IPEA 2012).
http://juventudescontraviolencia.org.br/plataformapolitica/quem-somos/eixos-programaticos/enfrentamento-ao-genocidio-da-juventude-negra/
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O
problema da desigualdade social no Brasil não diz respeito apenas a
questões socioeconômicas, mas passam fundamentalmente por dimensões
socioculturais e étnico-raciais. Para enfrentar esse problema –
que tem como consequência o extermínio de uma parcela da população
(a de negras/os) – é preciso assumir que somos uma sociedade
racista e, ainda, que o racismo é praticado pelo próprio Estado. As
alarmantes taxas de mortalidade da juventude negra são resultado de
uma série de outras violências sofridas por esse segmento,
provocadas principalmente pelo Estado, que não é capaz de oferecer
acesso igualitário, entre negras/os e brancas/os, às políticas
sociais e aos serviços públicos. Estratégias e políticas de
segurança e proteção da cidadania, por exemplo, incidem de forma
diferenciada nas populações branca e negra. Toda essa omissão
contribui, ainda, para a naturalização e a banalização dessas
violações, por parte de variados setores da sociedade, resultando
na culpabilização das vítimas.
………………………………………………………….
Presidente
Negro do Brasil Por Rogério de Moura.
Nilo
Peçanha chegou à presidência do Brasil menos de 20 anos após a
libertação dos escravos em 1889. A proeza de Nilo Procópio Peçanha
é bem maior que seu colega Luiz Ignácio Lula da Silva, eleito em
2002 e porque não dizer do presidente americano Barak Obama. Embora
muitas vezes fosse retratado como branco era mulato, sendo,
inclusive, “embranquiçado” nas fotos.
Nilo
nasceu no dia 02 de outubro de 1867, na Fazenda do Desterro, no
limite com o Espírito Santo, município de Campos dos Goytacazes,
Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha e Joaquina
Anália de Sá Freire Peçanha. Nilo Peçanha ou o “Menino da
Padaria”, como era conhecido (devido ao seu pai ter um comércio de
padaria), viveu seu início de vida num sítio em Morro do Coco, onde
cresceu ouvindo histórias da negra Delfina, que falava do sofrimento
dos escravos.
Foi
eleito em sucessivos pleitos e em 1903 foi eleito para deputado
federal, quando assumiu uma cadeira no Senado. Em 1903, renunciou à
sua vaga na Câmara Alta para assumir a Presidência do Estado do Rio
de Janeiro, que exerceu até 1906. Neste ano, foi eleito
Vice-Presidente de Afonso Pena.
Em
1909, devido à morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha tornou-se
Presidente da República. Nilo estava com 42 anos ao assumir a
Presidência da República.
Em
seu governo recriou o Ministério da Agricultura, órgão que
aglutinou os grupos regionais dissidentes. Introduziu importantes
alterações no funcionamento do Estado, o que representou uma obra
de grande alcance. Criou Lei permitindo, pela primeira vez, o
trabalho feminino nas repartições públicas. Criou o Imposto
Territorial, criou o Ensino Técnico-profissional (com as Escolas de
Aprendizes de Artífices), o Serviço de Inspeção Agrícola, a
Diretoria da Indústria Animal, a Diretoria de Meteorologia e o
Serviço de Proteção ao Índio.
Faleceu
em 1924, no Rio de Janeiro, afastado da vida política e foi
sepultado no Cemitério de São João Batista.
https://racismoambiental.net.br/2017/03/04/nilo-pecanha-o-primeiro-negro-presidente-do-brasil-1867-1924/
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negra e mestiça.
A
escravidão não havia a conceituação que temos hoje de estupro ou
de violações, para o escravizador, os escravizados eram bens móveis
sub-humanos, não possuíam direitos e eram considerados coisas,
propriedades.
Há
diversos relatos na historiografia de casamentos entre escravizados e
também de separação de famílias, dependia dos interesses
econômicos dos senhores. Possuir escravizados dóceis com laços
familiares era interessante como chantagem emocional e controle para
fugas e rebeliões. Encontrei comunidades oriundas de senzalas no
estado da Bahia, formada exclusivamente por famílias há diversas
gerações, quando fiz o primeiro mapeamento sistemático de
quilombos baianos e publiquei o livro: Bahia: Terra de Quilombos em
1996.
Alguns
fatores podem ser pontuados para a prática da reprodução, sendo
bom ressaltar que uma mulher escravizada tinha o valor de dois homens
escravizados, porque ela além de exercer os trabalhos nas
plantações, minas, serviços de ganho nas cidades, o serviço
doméstico, prostituição forçada por senhoras de boas famílias e
freiras católicas, gerava mão de obra gratuita e lucro para o
escravizador.
Muitos
senhores alugavam os escravizados reprodutores e a quantia paga pelo
locatário proporcionava um bom lucro:
-
Escravizadas que após parirem tinha as suas tetas alugadas.
-
Crianças comercializadas, os meninos sendo filhos de reprodutores
representava uma boa linhagem.
-
Futuros trabalhadores nas casas grandes e fazendas (crias da casa).
Alguns
fatores contribuíram para a indústria da reprodução de
escravizados:
º
Receios de rebelião de escravizados recém-chegados da África;
º
Impacto econômico causado por leis que restringiram ou eliminaram a
importação de escravizados;
º
A necessidade de mão de obra barata para acompanhar o crescimento da
agricultura e
º
Uma espécie de eugenia que escravizados bem dotados de saúde
gerariam crianças saudáveis.
https://cnncba.blogspot.com/2014/06/escravidao-e-reproducao-mulher-preta-e.html
………………………………………………………………….
Nega
do cabelo duro / Que não gosta de pentear / Quando passa na baixa do
tubo / O negão começa a gritar / Pega ela aí
Pega ela aí / Pra que ? / Pra passar batom / De que cor? / De violeta
Na boca e na bochecha - Pedro Henrique e Fernando
Pega ela aí / Pra que ? / Pra passar batom / De que cor? / De violeta
Na boca e na bochecha - Pedro Henrique e Fernando
O
nosso som não tem idade, não tem raça
E
nem ver cor
Mas
a sociedade pra gente não dá valor
Só
querem nos criticar pensam que somos animais
Se
existia o lado ruim hoje não existe mais
Porque
o funkeiro de hoje em dia caiu na real
Essa
história de porrada isso e coisa banal
Agora
pare e pense, se ligue na responsa
Se
ontem foi a tempestade hoje vira abonança
É
som de preto / De favelado
Mas
quando toca ninguém fica parado.(2x)
DJ
Marlboro
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negra e mestiça
Para
reverter esse quadro de marginalização no alvorecer da República,
os libertos, ex-escravos e seus descendentes instituíram os
movimentos de mobilização racial negra no Brasil, criando
inicialmente dezenas de grupos (grêmios, clubes ou associações) em
alguns estados da nação. Em São Paulo, a agremiação negra
mais antiga desse período foi o Clube 28 de Setembro, constituído
em 1897.
Simultaneamente,
apareceu o que se denomina imprensa
negra:
jornais publicados por negros e elaborados para tratar de suas
questões. A imprensa
negra conseguia
reunir um grupo representativo de pessoas para empreender a batalha
contra o “preconceito de cor”. Esses jornais enfocavam as mais
diversas mazelas que afetavam a população negra no âmbito do
trabalho, da habitação, da educação e da saúde, tornando-se uma
tribuna privilegiada para se pensar em soluções concretas para o
problema do racismo na sociedade brasileira.
Na
década de 1930, o movimento negro experimentou enorme avanço com a
fundação, em 1931, em São Paulo, da Frente Negra Brasileira (FNB).
Na primeira metade do século XX, a FNB foi a mais importante
entidade negra do país conseguindo converter o Movimento Negro
Brasileiro em movimento de massa. Em 1936, a FNB transformou-se em
partido político e pretendia participar das próximas eleições, a
fim de capitalizar o voto da “população de cor”, mas veio o
golpe do Estado Novo em 1937 e os partidos políticos foram
suspensos.
A
reorganização efetiva do movimento negro se deu no final da década
de 1970, no turbilhão dos movimentos de contestação\ à ditadura
iniciada em 1964. Em 1978 dá-se a fundação do Movimento Negro
Unificado (MNU) inspirado na luta a favor dos direitos civis dos
negros estadunidenses (Martin Luther King, Malcon X).
Com
a reabertura política o movimento negro assumiu uma postura mais
enfática e contundente. O 13 de Maio, dia de comemoração festiva
da abolição da escravatura, transformou-se em Dia Nacional de
Denúncia Contra o Racismo. A data de celebração do MNU passou a
ser o 20 de Novembro (presumível dia da morte de Zumbi dos
Palmares), a qual foi eleita como Dia Nacional de Consciência Negra.
Para incentivar o negro a assumir sua condição racial, o MNU
resolveu não só despojar o termo “negro” de sua conotação
pejorativa, mas o adotou oficialmente para designar todos os
descendentes de africanos escravizados no país. Assim, ele deixou de
ser considerado ofensivo e passou a ser usado com orgulho pelos
ativistas, o que não acontecia tempos atrás. O termo “homem de
cor”, por sua vez, foi praticamente proscrito. Outra característica
do movimento negro nos últimos anos é que ele “africanizou-se”,
buscando a promoção de uma identidade étnica específica do negro,
com a incorporação do padrão de beleza, da indumentária e da
culinária africana.
SECRETARIA
DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ
10ª
COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
ESCOLA
EGÍDIA CAVALCANTE CHAGAS
SEMANA
DA CULTURA NEGRA
TEMA:
Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência
negra e mestiça
Há
anos as mulheres negras têm sido excluídas dos editoriais e
passarelas de moda e beleza, e consequentemente é muito difícil
encontrarmos inspirações que de fato traduzam o que procuramos e
que não nos tirem nossa identidade.
Para
piorar a visão da mulher negra dentro do mundo fashion, em
consequência do domínio de estilistas brancos nas passarelas e no
comando das marcas, e é claro, o fato de tudo ser vendido dentro dos
padrões eurocêntricos cultivados pela sociedade como o que é
bonito e aceitável, a nossa cor e nosso cabelo são cada vez mais
excluídos. Modelos brancas representam as mulheres brancas, em
tutoriais de cabelo e maquiagem, mas pouco há para as negras, e
quando há, com pouco destaque.
Um
exemplo de como a pele negra é naturalmente menosprezada aconteceu
esta semana, a Revista americana Cosmopolitan,
decidiu listar tendências aceitáveis e não aceitáveis em 2015,
chamando as primeiras de “Hello, gorgeous” (que seria “Olá,
maravilhosa”) e “To die” (que seria uma tendência “para
morrer”). “Coincidentemente”,
todas as tendências listadas no lado negativo da lista, eram usadas
por mulheres negras.
Mesmo
no Brasil, onde se clama tolerância e diversidade, as modelos mais
famosas internacionalmente são brancas. Claro que tivemos bons
exemplos de representatividade nas passarelas, Naomi
Campbell,
Alek
Wek
e Tyra
Banks
são incrivelmente bem sucedidas e referências desde os anos 90,
quando começaram a trabalhar. E no Brasil, as gêmeas brasileiras
Suzane e Suzana Massena têm conquistado cada vez mais espaço nas
passarelas. Ao contrário das mais velhas, elas não alisaram ou
rasparam o cabelo para desfilar.
Mas
ainda não dá para ter uma visão positiva, considerando o tanto a
caminhar e barreiras de preconceito a se quebrar, desde os ateliês e
desfiles, até as revistas e marcas de roupas que falham na pesquisa
sobre referências africanas e vendem se apropriando de cultura. A
maioria sem usar mulheres negras para estampar os editoriais, sejam
eles temáticos, sejam eles “mistos”.
Ainda
bem não nos deixamos ser reduzidas em meio a cultura. Para as
mulheres negras, se a moda não as representa, elas representam a
todas as outras com a moda delas.
Depois
de descobrir, aceitar e me identificar com minhas raízes, comecei a
procurar outras referências, e percebi que não eram só minhas. São
mulheres jovens, mas comprometidas com sua identidade, corpo e
mensagens que querem passar, para inúmeros seguidores que também se
inspiram nelas. Elas têm usado a moda como seu espaço de trabalho,
passando por cima de regras sobre cabelo ou “cores que combinam com
seu tom de pele”, e sem pedir licença.
Para
elas não precisa ter corpo, cor, nem cabelo de modelo para ter seu
lugar no mercado da moda, elas desfilam, inspiram e também comandam!
E é claro que tanto poder assim merece uma lista de inspiração:
http://ovelhamag.com/a-mulher-negra-e-seu-espaco-na-moda/