FONÉTICA E
FONOLOGIA
Línguas naturais
se desenvolvem pelo esforço de uma comunidade sem intervenção externa.
Fonética aborda
o aspecto físico da produção e da recepção dos sons da fala.
Fonologia aborda
a organização sistemática de elementos e características de uma língua.
“A Fonética Articulatória é definida como o estudo dos sons da
fala na perspectiva de suas aracterísticas fisiológicas e articulatórias.” (p.
17).
A fala é o resultado de uma voz articulada.
Região supraglótica (cavidades faríngia, oral e nasal, laringe,
pregas vocais e língua) região subglótica (traqueia, pulmões e diafragma).
“Acima da glote,
localizam-se as cavidades faríngea, oral e nasal. A cavidade faríngea é
constituída da faringe, que é dividida em três porções: nasofaringe,
orofaringe, laringofaringe. Essa cavidade pode ter seu tamanho modificado a
partir do levantamento ou abaixamento da laringe. A cavidade oral é composta
pela boca, na qual estão localizados a língua, o palato duro e mole
(ou véu palatino), a úvula, os alvéolos, os dentes e
os lábios. Na cavidade nasal, encontram-se as narinas.”
(p. 18).
“Os órgãos
articuladores envolvidos na produção da fala dividem-se em ativos e passivos.”
(p. 18).
“Os sons do PB e
de grande parte das línguas naturais são produzidos com fluxo de ar
egressivo, ou seja, nós emitimos os sons do português quando o ar se
dirige para fora dos pulmões.” (p. 19).
Quando o ar faz
as pregas vocais vibrarem, há sons sonoros.
Do contrário, há surdos.
Quando o véu do
palato está erguido são produzidos sons orais.
Do contrário, ocorrem os sons nasais.
“Para a
prosódia, três parâmetros acústicos são considerados: a intensidade, a curva de
f0 (pitch) e a duração. Na entoação, um importante parâmetro de análise
é a curva de f0 (contorno de pitch).” (p. 22)
Força, frequência e sustentação marcam a prosódia.
“A
prosódia é parte da fonologia que estuda os traços fônicos que se acrescentam
aos sons da fala e que devem ser descritos com referência a um domínio maior do
que um simples segmento.” (p. 23).
Sons vocálicos são vozeados (sonoros), orais ou nasais e
produzidos sem obstrução à corrente de ar.
Sons consonantais podem ser surdos ou sonoros, orais ou nasais e
dependem de níveis de obstrução à corrente de ar.
Língua e lábios articulam sons vocálicos.
“[...] propriedades
articulatórias secundárias, como: duração, desvozeamento, nasalização e
tensão.” (p. 41).
Encontros
vocálicos numa mesma sílaba: (ditongo e tritongo) possuem uma vogal e uma
semivogal periférica.
Há ditongos
crescentes e decrescentes (inseparáveis).
“Os ditongos
crescentes que são formados pela semivogal [w] são
inseparáveis” (p. 43).
“Monotongação
é o processo pelo qual o ditongo passa a ser produzido como uma única
vogal. Nesse caso, há um apagamento da semivogal.” (p. 43).
A tonicidade, a
posição, a altura e o arredondamento classificam as vogais.
A “maneira
como o ar passa pelas cavidades supraglóticas é definida como modo de
articulação. Para a caracterização de consoantes, deve-se levar em conta
também a posição dos articuladores passivos e ativos quando
produzem tais segmentos. A relação entre esses articuladores é definida como o lugar
ou ponto de articulação.”
(p. 48).
As consoantes podem ser surdas ou sonoras.
Quanto ao ponto de articulação: Labiodental, Dental,
Alveolar, Alveopalatal, Palatal, Velar, Uvular,
Glotal.
Quanto ao modo de articulação: Oclusiva/plosiva, Nasal,
Fricativa, Africada, Tepe (ou tap), Vibrante (simples ou múltipla), Retroflexa,
Aproximante, Lateral.
As consoantes podem ser classificadas ainda de acordo com “podemos ainda
classificar as consoantes por propriedades articulatórias secundárias, tais
como: labialização, palatização, velarização e dentalização.” (p. 60).
“A transcrição
fonética é feita entre estes colchetes:
Existem duas maneiras de se fazer transcrições fonéticas: a restrita e
a ampla.”
“Além
do AFI, outros alfabetos fonéticos também estão disponíveis. Um deles é o
Speech Assessment Methods Phonetic Alphabet (SAMPA), em português: Alfabeto
Fonético dos Métodos de Avaliação da Fala.”
(p. 62).
“Somente no
século XX desenvolve-se uma disciplina que, diferentemente da Fonética, passa a
se interessar pela função linguística dos sons da fala.” (p. 67).
“Modelo pode ser
definido como uma representação teórica de um evento físico, através de uma
linguagem. A linguagem por excelência para definição de modelos é a matemática.
E é por um tipo de linguagem simbólica que são apresentados os diversos
modelos.” (p. 68).
“As correntes
estruturalistas, para as quais o componente sonoro
prevalecia sobre
os demais (morfológico ou sintático), têm por base as contribuições de Saussure
(1916). Pode-se resumir o estruturalismo de Saussure nas dicotomias (1) língua
(langue) e fala (parole) e (2) forma e substância.” (p. 68).
“O termo
Fonologia incorpora as contribuições de linguistas europeus e é empregado por
modelos pós-estruturalistas. Fonologia é um termo bastante abrangente, uma vez
que abarca estudos diacrônicos e sincrônicos, sistemas gerais e específicos.
Essa denominação foi usada por um grupo de cientistas baseados em Praga,
conhecidos como pertencentes ao Círculo Linguístico de Praga (a partir
principalmente de 1926). Dentre eles, destacam-se N. Trubezkoy, R. Jakobson, A.
Martinet e E. Benveniste.” (p. 69).
“Ao mesmo tempo
em que o Círculo Linguístico de Praga (na
Europa)
desenvolvia seus estudos, nos Estados Unidos, se desenvolvia uma teoria
paralela cujos principais estudiosos eram E. Sapir e L. Bloomfield. A Fonêmica,
designação reservada para os trabalhos de estruturalistas norte-americanos, não
tinha inicialmente interesse de mostrar autonomia em relação aos europeus.”
“No
modelo estruturalista, parte-se sempre do particular para o geral, do fato para
o sistema, ou ainda, da realidade fonética para a interpretação fonológica.” (p. 70)
“A fonologia
gerativa representa uma superação das ideias estruturalistas, que nortearam a
consideração de fonemas como entidades indivisíveis. Seu nome mais relevante é
N. Chomsky, que apresenta uma nova dicotomia entre o conhecimento que uma
pessoa tem das regras de sua língua (competência) e o uso efetivo dessa
língua (desempenho). A linguística se ocuparia, então, da competência
dos falantes e não de seu desempenho, [...].” (p. 70).
“A noção de que
fonemas constituem-se em um feixe de traços distintivos que opõem os morfemas e
as palavras entre si é também abarcada pela Fonologia Gerativa, que tenta especificar
os traços, chamados de fonéticos, a partir da representação das capacidades
fonéticas do ser humano, sem levar em conta nenhuma língua em especial.” (p.
70).
“As línguas
naturais formam-se da união de significados e significantes. Significante
é a imagem acústica do som que ainda constitui-se em uma abstração. Significado
tem a ver com a ideia que essa imagem acústica transporta.” (p. 72).
Morfemas são as
“menores unidades sonoras que possuem significado, ou melhor dizendo, em seus morfemas.”
(p. 72).
Morfemas são as menores unidades significativas.
Fonemas são as menores unidades sonoras marcada por traços, “um conjunto de traços
articulatórios e acústicos distintivos.” (p. 76).
Alofones são variantes fonológicas de um mesmo fonema realizado
de formas diversas.
“A
representação de fonemas é feita entre barras simples, como /a/, a das variantes
(alofones) é mostrada entre colchetes [s].” (p. 74).
A “transcrição
fonêmica ou fonológica “expressa a representação subjacente na qual não
consideramos a variação proveniente das diversas pronúncias regionais, nem
informações redundantes.” (p. 74).
O vozeamento e o modo e o ponto de articulação marcam um som.
A depender do ambiente, existem pares mínimos (diferenciados em
um aspecto) e pares análogos (muito assemelhados entre si, mas fonologicamente
opostos).
Há realizações que dependem do ambiente como o // carioca.
Alofones são variações que podem ocorrer de modo livre ou de
modo posicional. No último caso dependem de um contexto fonológico de ocorrência
que determina a presença de um e não de outro. Isso gera uma distribuição complementar.
Neutralização fonêmica é uma perca de distinção entre um ou mais
fonemas como (no caso de Luís e Luiz) e não entre variantes fonéticas como entre
/gatu/ e /gato/.
O arquifonema é uma representação da realização de fonemas que
sofrem neutralização.
Na alofonia não ocorrem pares mínimos.
Propriedades comuns formam classes naturais.
Fones são transcritos entre colchetes ([ ]). E fonemas são transcritos entre barras (/ /)
“A
posição periférica pré-vocálica, correspondente à parte anterior ao núcleo, é
chamada de ataque ou onset silábico e pode não ser
preenchida por nenhum segmento. A posição periférica pós-vocálica, que
corresponde à parte posterior ao núcleo, é chamada de coda silábica, e também pode não
estar preenchida.” (p. 95).
A “sequência
de consoantes que pertencem à mesma sílaba é chamada de encontro consonantal
tautossilábico.” (p. 96).
Empréstimos linguísticos a partir de línguas estrangeiras geram
ocorrências fonológicas (ainda) restritas no português brasileiro.
A quantidade de consoantes determina se o onset é simples ou complexo e se a coda é simples ou complexa.
O português
brasileiro possui “sílabas chamadas de simples (constituídas apenas pelo
núcleo silábico), complexas (cujo núcleo é seguido ou precedido por
consoantes), abertas ou livres (quando não apresentam coda silábica) e fechadas
ou travadas (quando possuem coda silábica).” (p. 101).
Há controvérsias
sobre o status fonológico de elementos tradicionalmente classificados como
semivogais.
“Clítico é uma
palavra que depende fonologicamente de outra, comportando-se como se fosse uma
de suas sílabas.” (p. 104).
O nível fônico
da língua muda com o passar do tempo e com as mudanças tecnológicas, sociais e
culturais.
Os processos
fonológicos são marcados por fenômenos diacrônicos e sincrônicos.
“A Fonologia
Gerativa propõe-se, então, a formalizar as oposições e distribuições presentes
nos sistemas sonoros através dos processos fonológicos. Essa formalização é
realizada através de regras fonológicas.” (p. 108).
Processos fonológicos:
Assimilação.
Estruturação
silábica (eliminação e permuta são exemplos).
Enfraquecimento
e reforço (a síncope e a ditongação são exemplos).
Neutralização.
Regras fonológicas
Enfraquecimento
Assimilação (Palatalização
e labialização)
Assimilação de
vozeamento (inserção ou epêntese, harmonia vocálica e sandi)
SEARA, Izabel Christine; NUNES, Vanessa Gonzaga &
LAZZAROTTO-VOLCÃO Cristiane. Fonética e
fonologia do português brasileiro. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011. 119
p. 2º período.