Referenciação
(Luana Castro)
A
referenciação diz respeito ao modo como o texto está organizado para comunicar
de maneira ordenado uma informação.
Existe
a referenciação catafórica (progressiva) e a anafórica (regressiva)
Anáforas:
As crianças
brincavam depois da aula, era sexta-feira e todas
estavam reunidas no parquinho. Corriam, desciam escorregadores, subiam no
trepa-trepa, giravam no roda-roda e, a despeito da chuva que se anunciava, elas continuavam se divertindo.
As palavras todas e elas
retomam algo que já foi citado anteriormente, nesse caso, a palavra crianças.
Isso também acontecerá no trecho abaixo:
Tudo que elas
queriam fazer era isto: brincar até que a luz do dia, mesmo que nublado,
permitisse. Os pequenos estavam muito
ocupados em se divertir e não perceberam o que estava por vir: uma chuva
torrencial. Pegos de surpresa, (eles)
abandonaram o lugar de tanta diversão e (eles)
foram correndo para suas casas, a fim de se protegerem.
As palavras elas, pequenos e eles (aqui
elipsados, mas partes constituintes da análise) também fazem uma referência
anafórica ao objeto crianças.
Catáforas:
Tudo que elas queriam fazer era isto: brincar até que a luz do dia, mesmo que
nublado, permitisse.
Os pequenos estavam muito ocupados em
se divertir e não perceberam o que
estava por vir: uma chuva torrencial.
Observe que os termos isto e o
que são elementos que fazem referência a um termo subsequente,
respectivamente brincar até que a luz do dia, mesmo que nublado, permitisse e
uma chuva torrencial.
Disponível
em http://www.brasilescola.com/redacao/referenciacao.htm. Acesso em 08-07-2015,
15:08 h.
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A referenciação
textual numa abordagem cognitiva
Claudia
de Souza Teixeira IFRJ – Campus
Nilópolis
“Através
da referência, o discurso constrói os ‘objetos’ a que faz remissão, ou seja, os
referentes não são ‘coisas’ do mundo real, mas representações cognitivas partilhadas
pelos interlocutores.” (p. 129).
Modelos
que materializam experiências no plano discursivo.
“As
pistas linguísticas do texto desencadeariam processos de inferência conceptual,
pragmática e figurativa, que gerariam as representações evocáveis.” (p. 130).
O
discurso e seus significados dependem da colaboração entre os interlocutores e
da troca partilhada de experiências particulares.
“A
produção e a compreensão textuais envolvem a construção de domínios cognitivos
hierarquicamente organizados e interligados.” (p. 132).
A
referência ocorre entre elementos em nível textual e nível contextual.
O
trabalho de referenciação discursiva obedece a influências de ordem social,
discursiva, cultural e econômica.
A
referenciação pode ocorrer de forma:
a)
anáfora direta. Ex: Romário combateu a
CBF. O presidente da entidade não concordou
com as palavras do ex-artilheiro.
b)
catáfora. Ex: Após a enfermidade, o
felino permaneceu menos dócil.
c)
anáfora indireta. Ex: A residência alugada é bastante avantajada. O quintal
possui 10 metros quadrado.
“Grosso
modo, a progressão referencial diz respeito à introdução, identificação, preservação,
continuidade e retomada de referentes textuais” (p. 134).
Com
base em Koch:
a)
estratégia da descrição definida
(uso de expressões nominais definidas):
Rotulação: “Ex: Ignácio
propôs à Vanessa que ela comprasse a fazenda e que os dois fossem sócios. A fazendeira
aceitou a proposta do ex-empregado.“
Avaliação: “Ex: Durante o
julgamento, o advogado pediu ao júri que considerasse o fato de Carlos não ter
agido premeditadamente. Mas o apelo
(emocional) não livrou o rapaz da cadeia.”
b)
Estratégia de Nominalização
c)
Estratégia de Associação
d)
Estratégia de uso de expressões nominais indefinidas (
e)
Estratégia de “denominação reportada”
A
anáfora indireta é a mais recorrente forma de referência, especialmente nas
modalidades orais.
“As
formas referenciais desempenham funções cognitivas de extrema relevância para o
processamento textual, pois, como formas de remissão a elementos anteriormente
apresentados no texto, sugeridos pelo contexto ou inferidos, elas possibilitam
a sua (re)ativação na memória do interlocutor, ou seja, a alocação ou focalização
na memória ativa (ou operacional) deste.
Em outros termos, elas são capazes de gerar espaços mentais que conduzem
a atividades cognitivas, exigindo mais do que apenas uma busca de
correspondência entre elementos do discurso.” (p. 137).
“A
construção da significação é, pois, um complexo processo que interliga os
níveis cognitivo, discursivo e gramatical.” (p. 138).
“O
conhecimento linguístico é parte da cognição geral; portanto, não é possível estudar
a linguagem sem considerar os aspectos cognitivos envolvidos na interação linguística. Para dar conta dos diferentes processos que
envolvem a produção e compreensão de textos, é necessária a ativação, através
das entidades linguísticas, de vários conhecimentos internalizados, construídos
socialmente, associando-se os níveis cognitivo, pragmático, discursivo e
gramatical.” (p. 139).
e-scrita Revista do Curso de Letras da UNIABEU Nilópolis, v. I, Número2, Mai. -Ago. 2010.
Disponível
em http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&ved=0CDEQFjAD&url=http%3A%2F%2Fwww.uniabeu.edu.br%2Fpublica%2Findex.php%2FRE%2Farticle%2Fdownload%2F28%2Fpdf_18&ei=-06dVdCjKJC0yQS3u4bYBg&usg=AFQjCNEqPWSidq1PRBvFJ-XKA9GXC3kS7Q.
Acesso em 08-07-2015, às 15:25h
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