segunda-feira, 13 de junho de 2022
Escola Egídia no mês de Junho de 2022
Egídianews
Carta do leitor!
A festa de vaquejada
A festa de vaquejada é um patrimônio da cultura popular e uma oportunidade nossa de vivenciarmos uma viagem no espaço-tempo para a ressignificação da cidade de Morada Nova desde o período em que o povoamento ainda era um simples arraial e, posteriormente, uma vila alentada pela mistura de suor do trabalhador com o esterco do gado e a urina do cavalo.
Nosso desejo de festejar a prática da cavalgada vivenciada na mata ou no curral, de prestigiar a cavalgada municipal, de escolher a garota vaqueira e de viver a rusticidade do mundo vaqueiro só aumentou desde o retorno das atividades presenciais por causa do avanço da vacinação retardada pela tentativa do governo brasileiro em disseminar a criminosa intenção de produzir e vender a cloroquina como receituário contra a pandemia de COVID-19.
Nós, povo da terra do vaqueiro, somos agraciados por uma história secular marcada pelo trote dos animais e pelo aboio do vaqueiro. Quando discutimos o mundo da vaquejada, todos tem a oportunidade de viajar no lombo do cavalo tal como os antigos vaqueiros tangerinos que conduziam as boiadas pelas estradas e capoeiras do sertão do Vale do Jaguaribe. Nessa viagem vamos ferrando em nosso ser a identidade de uma gente que se assemelha, mas se distingue do vaqueiro bubalino do norte do Brasil, do cowboy dos EUA, do peão sulista e de sua contraparte dos pampas gaúchos.
Nos últimos anos, nossa sociedade local vem experimentando uma reformulação dos sentidos do que a vaquejada e o vaqueiro representam para o povo em geral. Para nós, o mundo do curral e da antiga “Pega de boi no mato” vem pautando a cultura em geral e a economia local. Ao mesmo tempo, podemos confirmar que o tema está em franco processo de expansão para as rodas de conversa que estão animando as práticas pedagógicas das escolas de Morada Nova.
Com sensibilidade e consciência, seja um apoiador ou adversário da manifestação cultural e econômica da vaquejada, em Morada Nova, uma das maiores cidades do Vale do Jaguaribe no estado do Ceará, é impossível negar o fato de que cada um de nós tem ao menos um pingo seminal de ascendência vaqueira por ascendência ou colateralidade.
Com as leis federais, estaduais e municipais em vigor sobre a realização da vaquejada (evento cultural, ofício e esporte) e sobre os animais envolvidos (saúde e manejo), não há motivo plausível para alguém se envergonhar da origem vaqueira e rural de uma população que está fazendo história na cidade também alcunhada de “Terra do Divino Espírito Santo”.
Portanto, seja pela índole cultural e histórica, seja pela pegada de rabo de boi ou pelo leite tirado no curral para a produção de queijo, coalhada e manteiga, seja pelo churrasco ou pela moda vaqueira, é muito gostoso dançar o forró de vaquejada e celebrar nosso dia do vaqueiro em 11 de junho. Igualmente, é muito forte (re)encontrar a família e os amigos em torno do cavalo e do boi, contemplar a velha lagoa da Salina e gritar apaixonada e racionalmente: Sou herdeiro da vaquejada!
Valeu, boi!
Morada Nova, Ceará, 13 de junho de 2022
Benedito Francisco Alves
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