quarta-feira, 24 de junho de 2015

Linguística saussureana a partir do Curso de Linguística Geral POR CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure


Linguística saussureana a partir do Curso de Linguística Geral

Dicotomias: Língua/fala, sincronia/diacronia, significante/significado e sintagma/paradigma.

 

Semiologia (termo de Saussure) ou Semiótica (termo de Pierce) = teoria geral dos sinais

Para Saussure, o signo linguístico é uma entidade psíquica formada pela união de dois planos: significante (expressão sensível, imagem acústica) e significado (ideias).

Jakobson e a Escola de Praga separam Fonema (imagem acústica estudada pela Fonologia) e Fone (som material).

A relação entre significante e significado é arbitrária (não é natural), por isso imotivada, e social (não depende da vontade individual de um falante).

O conceito de arbitrariedade afeta a coerência morfossemântica dos verbos depoentes latinos (passivos no significante e ativos no significado).

Segundo Saussure, há uma arbitrariedade absoluta (exemplo: os números 10 e 9 em relação ao significado que apresentam) e uma arbitrariedade relativa (exemplo: o número 19 da união entre 10 e 9) que indica a relação entre as partes para constituir um todo de significado.

O conceito de linearidade lastreia as relações sintagmáticas e se baseia na sucessão entre as unidades do plano da expressão (fonemas, sílabas, palavras).

Na teoria saussureana, a língua é composta por um 1º plano (o do conteúdo morfossintático) e por um 2º plano (o da expressão fonológica).

Para Saussure, linguagem é faculdade natural e língua é habilidade social adquirida, Langue (língua/virtualidade) é social e Parole (fala/realidade) é individual.

Para a teoria linguística marcada pelas ideias saussureanas, a língua é um acervo linguístico socialmente institucionalizado que materializa uma realidade sígnica a partir de seu caráter sistemático e funcional de valor.

O linguista romeno Eugenio Coseriu, acrescentou à dicotomia saussuriana a noção de Norma.

A Norma é um primeiro estágio de abstração coletiva, situado entre a língua e a fala, que consagra elementos utilizados por uma coletividade e não por outra dentro de um mesmo sistema. Pode evoluir para o estágio da Língua.

Norma diatópicas (variantes ou normas regionais).

Norma diastrática (variantes culturais ou registros): marcam estratos de prestígio socioeconômico.

Norma diafásica (tipos de modalidade expressiva: familiar, estilística, de faixa etária, etc.).

Sincronia (simultaneidade) e diacronia (sucessividade).

Diacronia interna (estrutural) ou externa dos elementos da língua.

A arbitrariedade da relação significante/significado justifica a prioridade (e não exclusividade) atribuída pela opção metodológica da teoria saussureana aos estudos da sincronia da língua utilizada pelos falantes.

Diferente da diacronia (evolução), a sincronia (funcionamento) é base para os estudos estruturalistas da linguagem.

Sintagma é a relação de coordenação entre elementos sígnicos que se sucedem linearmente na cadeia da língua em seus planos fônicos, mórficos e sintáticos.

A língua é regida pela interação entre uma relação sintagmática (in praesentia) e uma relação paradigmática (in absentia).

No discurso, as relações paradigmáticas são opositivas e as relações sintagmáticas são contrastivas.

As relações paradigmáticas envolvem escolhas virtuais, isto é, oposições distintivas entre unidades distintivas da língua (ou isso ou aquilo) com as quais os indivíduos organizam a lógica de ordenação combinatória das relações sintagmáticas de dependência entre antecessores e sucessores de um elemento do discurso.

Para Carvalho (s/d, s/p) “a metonímia, mais comum na prosa, por basear-se numa relação de contigüidade de sentido, atua no eixo sintagmático.”

CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure. 12ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. Trad de A. Chelini , José P. Paes e I. Blikstein. São Paulo: Cultrix; USP, 1969.


 

 

 

 

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