quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Terço Mariano - ensinando a meditar


Diocese de São Miguel Arcanjo – Limoeiro do Norte, Ce

Paróquia do Divino Espírito Santo – Morada Nova, Ce

Padre Mota e Padre Gledson

 

TERÇO MARIANO

Fazer o Sinal da Cruz.

Fazer o “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

 

Invocação ao Espírito Santo

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo de vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.

Oremos: Ó Deus que iluminais os corações dos vossos fiéis com as luzes do Espírito Santo, concedei-nos que no mesmo Espírito saibamos o que é reto, e gozemos sempre de suas consolações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 

Ato penitencial

Confesso a deus todo poderoso, e a vós irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras, atos e omissões. Por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa, e peço à virgem Maria, aos anjos e todos os santos, e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis por mim, a Deus, Nosso Senhor.

Deus todo poderoso, tenha compaixão de nós, perdoai nossos pecados e nos conduza a vida eterna. Amém.

 

Senhor, piedade! Senhor, piedade! Senhor, piedade, piedade de nós!

Cristo, piedade! Cristo piedade! Cristo, piedade, piedade de nós!
Senhor, piedade! Senhor, piedade! Senhor, piedade, piedade de nós!

Oferecimento do terço

Divino Jesus, nós Vos oferecemos este terço que vamos rezar, meditando nos mistérios da Vossa Redenção. Concedei-nos, por intercessão da Virgem Maria, Mãe de Deus e Nossa Mãe, as virtudes que nos são necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganharmos as indulgências desta santa devoção.

Credo

Ceio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos; creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

Pai-Nosso

Pai-Nosso que estais nos céus, santificado seja vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.Glória ao PaiGlória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Jaculatória

Óh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno. Levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem da Vossa Misericódia, abençoar o Santo Padre o Papa, os bispos e sacerdotes, santificai a nossa família, convertei os pecadores e dai-nos a paz.

Agradecimento do Terço

(reza-se ao terminar a quinta dezena do terço)

Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossas mãos liberais. Dignai-vos agora e para sempre tomar-nos debaixo de vosso poderoso amparo e para mais vos proclamar, nós vos saudamos com uma Salve Rainha…

 

Salve Rainha

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Consagração

Ó, Minha Senhora e também minha mãe. Eu me ofereço, inteiramente todo a vós. E em prova da minha devoção, eu hoje vos dou meu coração.

Consagro a vós meus olhos, meus ouvidos, minha boca. Tudo o que sou, desejo que a vós pertença. Incomparável mãe, guardai-me e defendei-me, como filho e propriedade vossa, Amém. (bis)

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MISTÉRIOS DO TERÇO

 MISTÉRIO GOZOSOS: SOBRE A INFÂNCIA DE JESUS (segunda e sábado)

 

1. Mistério: Anunciação do anjo São Gabriel a Maria (Lc 1, 26-38)

2. Mistério: Visita de Maria à sua prima Santa Isabel (Lc 1,39-56)

3. Mistério: Nascimento de Jesus em Belém (Lc 2,1-21)

4. Mistério: Apresentação do Menino Jesus no templo (Lc 2,22-40)

5. Mistério: Perca e encontro de Jesus no templo entre os doutores da lei (Lc 2,41-52)

 

MISTÉRIOS DOLOROSOS: SOBRE A PAIXÃO DE JESUS (terça e sexta-feira)

 

1. Mistério: Agonia de Jesus no horto das Oliveiras (Mt 26,36-56)

2. Mistério: Flagelação de Jesus atado à coluna (Mt 27,11-26)

3. Mistério: Coroação de espinhos de Jesus (Mt 27,27-31)

4. Mistério: Subida dolorosa do Calvário (Jo 19,17-24)

5. Mistério: Crucificação e morte de Jesus (Jo 19,25-37)

 

MISTÉRIOS GLORIOSOS: SOBRE A RESSURREIÇÃO DE JESUS E E A SSUNÇÃO DE SUA MÃE, MARIA

(quarta-feira, e domingo)

 

1. Mistério: Ressurreição de Jesus Cristo (Jo 20, 1-18)

2. Mistério: A ascensão Gloriosa de Jesus ao Céu (Lc 24, 50-53) 

3. Mistério: Descida do Espírito Santo sobre Maria e os apóstolos (Atos 2,1-13)

4. Mistério: Assunção Gloriosa de Maria ao céu (Sl 44,11-18)

5. Mistério: Coroação de Nossa Senhora no Céu (Apo 12, 1-4)

 

MISTÉRIOS LUMINOSOS: SOBRE A VIDA PÚBLICA DE JESUS  E SOBRE O ANÚNCIO DO EVANGELHO

(quinta-feira)

 

1. Mistério: Batismo do Senhor no Jordão (Cor 5, 21 - Mt 3, 17)

2. Mistério: O primeiro milagre nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-12)

3. Mistério: A proclamação do Reino (Mc 1, 15)

4. Mistério: A Transfiguração de Jesus (Lc 9, 35)

5. Mistério: Instituição da Eucaristia (Jo 13, 1)

 

O terço é uma obra mariana para evangelização do mundo segundo a vontade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

 

Terço dos homens da igreja Matriz – recitação toda segunda-feira as partir das 19:00 horas.

 

Terço da família na igreja matriz – recitação toda última segunda-feira de cada mês a partir das 19:00 horas.

 

Caminhada da Mãe Rainha todo dia 18 de cada mês a partir das 16:30 hs da Matriz para a Ermida da Mãe Rainha no DNOCS.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Letramentos: textos fichados


Em síntese, e para encerrar este tópico, conclui-se que a invenção do letramento, entre nós, se deu por caminhos diferentes daqueles que explicam a invenção do termo em outros países, como a França e os Estados Unidos. [...] no Brasil a discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito de alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação sempre proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois processos, com prevalência do conceito de letramento, [...]” (p. 08).

 

Para Soares (2003, p. 09), a “excessiva especificidade” do processo de alfabetização diz respeito “a autonomização das relações entre o sistema fonológico e o sistema gráfico em relação às demais aprendizagens e comportamentos na área da leitura e da escrita, ou seja, a exclusividade atribuída a apenas uma das facetas da aprendizagem da língua escrita.

 

“[...] o tradicional não se esgota no passado, é fruto de um processo permanente que não termina nunca: estamos construindo hoje o “tradicional” de amanhã, quando outros “novos” surgirão” (p. 10) [detalhes acrescidos no original].

 

“[...] a percepção que se começa a ter, de que, se as crianças estão sendo, de certa forma, letradas na escola, não estão sendo alfabetizadas, parece estar conduzindo à solução de um retorno à alfabetização como processo autônomo, independente do letramento e anterior a ele” (p. 11) [detalhes acrescidos no original].

 

Para Soares (2004, p. 12) em determinadas correntes teóricas, “o sistema grafofônico (as relações fonema–grafema) não é objeto de ensino direto e explícito, pois sua aprendizagem decorreria de forma natural da interação com a língua escrita. É essa concepção e esse princípio que fundamentam a whole language, nos Estados Unidos, e o chamado construtivismo, no Brasil” [detalhes acrescidos no original].

 

Acreditar que um processo de ensino-aprendizagem possa ocorrer primeira e/ou primordialmente de forma “incidental, implícita e assistemática” (SOARES, 2004, 14) traz complicações políticas que, se não passarem por um crivo reflexivo, podem derivar em práticas de desleixo, em inconsistências e/ou em dificuldades.

 

De acordo com Soares (2004, p. 16), embora designem processos interdependentes, indissociáveis e simultâneos, são processos de natureza fundamentalmente diferente, envolvendo conhecimentos, habilidades e competências específicos, que implicam formas de aprendizagem diferenciadas e, consequentemente [sic], procedimentos diferenciados de ensino.

 

SOARES, Magda B. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. 2004. p. 05-17.

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Além do letramento escolar, Terra (2013, p. 32) informa que existem “outros tantos tipos de ‘letramentos’ (familiar, religioso, profissional etc.) que surgem e se desenvolvem na socie- dade, portanto, à margem da escola, não precisando por isso ser depreciados [...]”.

 

Scribner & Cole (apud Terra, 2013, p. 33) classificam letramentos como “um conjunto de práticas socialmente organizadas que fazem uso de sistemas simbólicos e tecnológicos para produzi-las e disseminá-las.”

 

“Na linha de raciocínio de Marcuschi, teríamos, portanto, dois domínios linguísticos (fala e escrita) em que se encontraria localizado o conjunto de variações de gêneros textuais, de modo que haveria gêneros de textos mais propriamente orais (prototípicos), como por exemplo, a conversa cotidiana, assim como gêneros de textos mais próprios da escrita (também prototí- picos), tal como uma tese de doutorado. Entre os polos do contínuo (fala e escrita) estaria distribuído um espectro de gêneros, obedecendo a uma gradação, que, por sua vez, tomaria como base de organização o meio de distribuição (sonoro ou gráfico) e a concepção discursiva (oral ou escrita) de acordo com uma maior ou menor aproximação de uma ou de outra modalidade (gêneros de fala e gêneros de escrita)” (p. 39).

 

“[...] com o desenvolvimento desenfreado de novas mídias e tecnologias, os textos se transformam em entidades multimodais, em que diversas modalidades de linguagem (fala, escrita, imagens – estáticas e em movimento – grafismos, gestos e movimentos corporais) se integram e dialogam entre si, construindo mutuamente os sentidos do texto e reconfigurando, consequentemente, as relações entre linguagem oral e escrita [...]” (p. 41).

 

“Para esse autor [Vygotsky], os processos psicológicos básicos (abstração, genera- lização, inferência) são universais e comuns para toda a humanidade, no entanto, a organização funcional desses processos (processos psicológicos superiores, na terminologia vygotskiana) sofre variações em consonância com a natureza do sistema de signos disponível em diferentes épocas his- tóricas e dos modos como sociedades específicas fazem usos desses recursos mediacionais.” (p. 42).

 

“Essencialmente, o modelo ideológico [de letramento], partindo de diferentes premissas que norteiam o modelo autônomo de letramento, defende que: (i) o letramento é uma prática social e não simplesmente uma habilidade técnica e neutra; (ii) os modos como os indivíduos abordam a escrita têm raízes em suas próprias concepções de aprendizagem, identidade e existência pessoal; (iii) todas as práticas de letramento(s) são aspectos não apenas da cultura mas também das estruturas de poder numa sociedade” (p. 45).

 

Heath (apud TERRA, 2013, p. 46) define evento de letramento como “qualquer situação em que um portador qualquer de escrita é parte integrante da natureza das interações entre os participantes e de seus processos de interpretação”.

 

“[...] para compreender o letramento, é importante examinar eventos particulares em que a leitura e a escrita são usadas” (p. 47).

 

Barton (apud TERRA, 2013, p. 48) define práticas de letramento como “modos culturais gerais de usar a leitura e a escrita que as pessoas produzem num evento de letramento”.

 

“Ainda que sujeito a diferentes interpretações, em sentido amplo, o termo escolarização serve para designar uma prática formal e institucional de ensino que, visando a uma educação integral do indivíduo, é realizada de maneira contínua, de certo modo linear, cuja meta envolve alcançar um produto final que é passível de ser avaliado/certificado (atesta ou nega a eficiência do processo de escolarização) e reconhecido oficialmente. O mes- mo não acontece com o letramento. Assumindo-se tal fenômeno como um conjunto de práticas sociais – que implicam o desenvolvimento de capacidades de uso de diversas práticas da escrita (em suas variadas formas) na socie- dade - claro parece estar que o processo de sua constituição jamais chega a atingir o status de um ‘produto final’, haja vista o caráter de multiplicidade e de transformações constantes que configuram os usos sociais da escrita, na contemporaneidade” (p. 50).

 

“Letrado é, portanto, o indivíduo que exerce efetivamente as práticas sociais relacionadas à escrita, ou seja, participa de forma competente de ‘eventos de letramento’ nas di- versas esferas sociais da atividade humana e não apenas aquele que faz um uso formal da escrita” (p. 50).

 

A escolarização enquanto uma prática sociocultural, não determina mas contribui para atividades de letramento.

 

“Implícito parece estar, então, que o grande desafio que se impõe ao ‘letramento escolar’ hoje é a formação de um aluno que esteja preparado para o enfrentamento da utilização de novas e incipientes práticas sociais da escrita impostas pelas complexas tecnologias das sociedades contemporâneas que demandam letramentos múltiplos (e multimodais)” (p. 52).

 

“[...] o letramento é um fenômeno situado e irremediavelmente inseparável das práticas sociais que lhe dão origem, cujos modos de funcionamento moldam as formas pelas quais os sujeitos que nelas se engajam constroem relações de identidade e de poder” (p. 53).

 

TERRA, Márcia Regina. Letramento & letramentos: uma perspectiva sócio- cultural dos usos da escrita. D.E.L.T.A., 29:1, 2013 (29-58).

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Gregório de Matos Guerra - o "Boca do Inferno"


Festival do Guaraná 2015 - Morada Nova, Ceará


Fichamentos sobre letramento e Bakthin


Numa perspectiva bakhtiniana, “[...] observar a dialogicidade no processo de interação [...] possibilita a revisão de orientações de práticas adotadas [...]” (p. 115).
 
“Diante da importância do letramento para a vida dos sujeitos contemporâneos, esse conceito foi sendo repensado, uma vez que apenas a tecnologia da decodificação não lhes assegurava se tornarem efetivamente atuantes, ou seja, a agirem com criticidade e reflexão nas práticas sociais das quais poderiam participar” (p. 116).
 
“[...] o uso da língua se concretiza na interação verbal, que é mediada pela produção de efeitos de sentido entre os sujeitos envolvidos em determinado contexto [...] (p. 118, 119).
 
“A ideia de letramento plural, já mencionada neste artigo, refere-se às mais diversas especificações do letramento, considerando tanto o contexto sócio-histórico e as demandas sociais que emanam dessas relações, como a dialogicidade e a compreensão que nelas estão imbricadas” (p. 119).
 
Ethos é “a imagem revelada pelos sujeitos durante o processo interativo” (p. 122).
 
“Observamos que, no letramento para a formação reflexiva e responsiva, ou no letramento da dialogicidade, há uma tendência a sensibilizar o sujeito em relação ao seu contexto, num movimento da consideração das vozes da sociedade que se exteriorizam e são apreendidas como material ideológico e, consequentemente, revelam a característica bivocal das situações” (p. 124).
 
LIMA, Antônio C. S. de; SANTOS, Lúcia de F. & MAIOR, Rita de C. S. Refletindo sobre letramento e responsividade na formação docente. Bakhtiniana, São Paulo, 9 (2): 111-130, Ago./Dez. 2014.
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Sobre a multiplicidade de empregos em que o termo letramento vem sendo aplicado, Geraldi (2014, p. 27) assevera que “a prática social de emprego de uma expressão recobre-a como uma aura de significação, e esta pode ser extremamente difusa e nem por isso a linguagem deixa de funcionar face às indeterminações relativas das significações. O reconhecimento destas (na forma de um leque amplo) ajuda na compreensão dos temas dos enunciados concretos [...]”.
 
“Quanto mais complexa a sociedade, mais se diversifica sua multiforme atividade e mais complexo é o conjunto de tipos relativamente estáveis de enunciados, ou gêneros de discurso, em circulação” (p. 28)
 
“Se a cada início num campo denominarmos o processo de “letramento”, haverá tantos letramentos quantas forem as infinitas possibilidades de especialização das atividades humanas. E teríamos diferentes letramentos, como o emprego atual das adjetivações vai implicando: letramentos digital, jurídico, filosófico...” (p. 29).
 
“[...] os gêneros discursivos mantêm relações, chamadas intergenéricas: nenhum campo de atividade humana existe sem relações com seu exterior e por isso mesmo há trocas comunicativas, há diálogos em maior ou menor profundidade” (p. 29).
 
“Não cabem à escola de ensino básico todos os diferentes letramentos, no sentido que estamos atribuindo a “diferente” neste item. Cabe reconhecer a multiplicidade e escolher alguns gêneros – e, portanto, algumas esferas de comunicação – como fundamentais.” (p. 31).
 
“Uma escola jamais poderá pôr como seus objetivos “respostas adequadas”, mas sim respostas críticas e, para chegar ao nível da crítica, é preciso definir-se como lugar de ensino-aprendizagem não da totalidade dos campos das atividades humanas [...]” (p. 33-34).
 
GERALDI, João W.  A produção dos diferentes letramentos. Bakhtiniana, São Paulo, 9 (2): 25-34, Ago./Dez. 2014

sábado, 3 de outubro de 2015

Fichamentos: COUTO, Gabriela, A. Aprendizagem social e formação humana no trabalho cooperativo de catadore(as) de São Paulo. Dissertação.



“Uma das alternativas à questão da reestruturação produtiva, geradora de desemprego e subproletarização, pode estar presente nos empreendimentos solidários. [...] é inegável que esta modalidade de produção venha garantindo a sobrevivência e empoderando aqueles a quem a lógica capitalista vem excluindo constantemente” (p. 28).

“[...] a economia solidária pode ser considerada como um dos processos sociais pelos quais se pode construir e desenvolver valores, por meio do trabalho coletivo e da horizontalização das relações de trabalho, por exemplo” (p. 29).

“O trabalho no empreendimento solidário apresenta-se aos trabalhadores como possibilidade de autogestão” (p. 30)

“Ao consumir algo, podemos optar por mercadorias produzidas por empresas solidárias, ou, quando não for possível, por aquelas que respeitem o trabalhador e o meio ambiente, que sejam produzidas localmente etc” (p. 31).

“[...] os analfabetos foram o último grupo de excluídos a conquistar o direito ao voto no Brasil” (p. 33).

O analfabetismo causa “sentimentos de frustração e incompletude por todas as consequências que traz para quem vive em sociedades escolarizadas [...]” (p. 34).

A “articulação entre o educativo, o político e a vida prática compreendida por Paulo Freire como práxis, promove reflexão e ação nos indivíduos, gerando conscientização e transformação social” (p. 37).

“A literatura aponta que estes trabalhadores estão integrados à cadeia produtiva e ao mercado de trabalho, ainda que da forma mais perversa, por executarem um trabalho informal, desqualificado e pouco reconhecido. Os catadores de materiais recicláveis são, portanto, uma parte fundamental da indústria da reciclagem no país, setor econômico que cresce a cada ano” (p. 44).

“[...] estes trabalhadores [os catadores] entram em contato com o mundo por meio do ‘lixo do mundo’. [...] Ter contato com o lixo é ter também contato com produtos culturais” (p. 45).
 

 
“Os dados mostram o quanto nosso país precisa avançar política e culturalmente para gerenciar seus resíduos de forma menos danosa ao meio ambiente e à saúde pública e para a geração de emprego e renda por meio da reciclagem, de forma includente e organizada” (p. 47).

“[...] ações do governo federal têm dado suporte à implantação da coleta seletiva com inclusão de catadores, tais como: 1) decreto 5940, de 2006, que determina a coleta seletiva solidária nos Órgãos Federais; 2) Lei 11.445, de 2007, conhecida como a Lei do Saneamento Básico; 3) Lei 12.305, de 2010, a chamada Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada após 20 anos de discussão no governo” (p. 49).

“Para que aconteça a inclusão dos catadores de maneira efetiva, é importante que eles estejam organizados, empoderados e formalizados” (p. 51).

“A organização dos catadores como movimento social é recente. Data de meados do ano de 1999 o seu surgimento, com o 1º Encontro Nacional de Catadores de Papel. No entanto, apenas em 2001 é fundado oficialmente o MNCR [Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis], com a assinatura da Carta de Brasília” (p. 51).

“Atualmente, a pauta de luta dos catadores organizados é pela plena implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos com inclusão das cooperativas, pelo pagamento por serviços ambientais prestados por eles à sociedade, pela não implantação de incineradores de lixo nas cidades brasileiras e pela inclusão dos catadores como beneficiários da previdência social” (p. 52)

“A esteira sempre remete à produtividade impondo um ritmo externo ao trabalhador enquanto a triagem em mesas é ‘menos produtiva’, porém, mais socializadora” (p. 72-73).





“Reciclagem é o trabalho de transformar algo em matéria-prima para a fabricação de novos produtos” (p. 83).


“É necessário que haja, portanto, uma construção crítica e, sobretudo, coletiva sobre as relações de poder dentro da cooperativa, nas relações que a constituem, para que o fato de estarem na coordenação faça sentido tanto para os coordenadores eleitos quanto para quem eles estão representando” (p. 88).


 
“A necessidade de formação não se encerra na demanda por conhecimentos técnicos para o trabalho. É uma questão de consciência, de ampliação de horizontes, de visão de mundo e de posicionamento político” (p. 96).

“Essa consciência, não só ambiental como também profissional, vem crescendo à medida que os catadores têm se fortalecido como movimento social organizado, ampliando os ambientes de aprendizagem, e assim, as possibilidades de troca entre os pares e entre eles e a sociedade” (p. 111).




“[...] há muito conhecimento técnico e estratégico envolvido na atividade de coletiva” (p. 115).  

“A adesão e a participação efetiva de todos os cooperados na gestão cooperativa são muito difíceis exatamente pela inexperiência dialógica em suas histórias de vida [...]” conforme Couto (2012, p. 119).

“É muito difícil para os empreendimentos de catadores manterem-se nos eixos da economia solidária por dois motivos principais. O primeiro diz respeito ao histórico das pessoas que ali estão, alijados de oportunidades sociais mais amplas, tendo muitos de seus direitos sociais violados durante a vida, sendo, portanto, fruto de um longo processo de exclusão social. [...]. ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
A outra questão é estrutural: toda a cadeia da reciclagem é capitalista. [...]. E, por fim, o poder público, que também opera sob a lógica capitalista, pouco ou nenhum apoio oferece às cooperativas, que sofrem de problemas graves de formalização, estrutura e logística [...]” (p. 122-123)

“[...] é mais comum que estejamos adaptados à heterogestão ou à alienação do trabalho, e a mudança de paradigma é o grande desafio que se coloca a todos os envolvidos na construção de um empreendimento solidário” (p. 124).

“Sua [da Política Nacional de Resíduo Sólido] maior dificuldade de aplicação é com relação à logística reversa, processo de destinação correta dos resíduos pós-consumo por parte das empresas fabricantes, comerciantes ou importadoras. A LR é de interesse direto dos catadores, que podem se beneficiar dela se conseguirem estabelecer parcerias com o setor produtivo” (p. 127).

“O potencial político, formativo, ambiental e, até mesmo, estético embutido no trabalho organizado de catadores gera uma nova discussão em torno das práticas educativas desses sujeitos” (p. 132).

“Eles [os catadores] não estão alienados das informações que circulam na sociedade, pelo contrário, fazem uso de seu refugo para dela participarem” (p. 133).

Diversas atividades realizadas pelos catadores “não precisam de leitura e escrita, embora tais habilidades sejam essenciais no processo de capacitação técnica e política e de organização da cooperativa” (p. 135). Mesmo os catadores não alfabetizados se valem de suas interações com os que lhes rodeiam e empregam “capacidades como a oralidade, a memória, a observação” para atuarem na sociedade letrada (idem, ibidem).

“[...] no processo de trabalho da reciclagem, as habilidades letradas são necessárias ao coletivo, mas não necessariamente a cada indivíduo singular, podendo a cooperativa evoluir a partir de uma divisão de trabalho. [...] é, sim, preciso ampliar o domínio da lecto-escritura entre todos os cooperados, o que proporcionaria uma melhor oferta de oportunidades iguais para todos e uma gestão democrática do empreendimento solidário” (p. 135).

“O empoderamento é, portanto, percebido por formação humana, social, política, técnica e ambiental” (p. 137).

COUTO, Gabriela, A. Aprendizagem social e formação humana no trabalho cooperativo de catadore(as) de São Paulo. Dissertação. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Orientadora. Maria Clara de Pierro. São Paulo. 2012. 150 p.
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5192: Trabalhadores da coleta e seleção de material reciclável
Títulos
5192-05 - Catador de material reciclável
Catador de ferro-velho, Catador de papel e papelão, Catador de sucata, Catador de vasilhame, Enfardador de sucata (cooperativa)
5192-10 - Selecionador de material reciclável
Separador de material reciclável, Separador de sucata, Triador de material reciclável, Triador de sucata.
5192-15 - Operador de prensa de material reciclável
Enfardador de material de sucata (cooperativa), Prenseiro, Prensista
Descrição Sumária
Os trabalhadores da coleta e seleção de material reciclável são responsáveis por coletar material reciclável e reaproveitável, vender material coletado,selecionar material coletado,preparar o material para expedição, realizar manutenção do ambiente e equipmentos de trabalho, divulgar o trabalho de reciclagem, administrar o trabalho e trabalhar com segurança.

 


“A adesão e a participação efetiva de todos os cooperados na gestão cooperativa são muito difíceis exatamente pela inexperiência dialógica em suas histórias de vida [...]” conforme Couto (2012, p. 119).