sábado, 3 de outubro de 2015

Fichamentos: COUTO, Gabriela, A. Aprendizagem social e formação humana no trabalho cooperativo de catadore(as) de São Paulo. Dissertação.



“Uma das alternativas à questão da reestruturação produtiva, geradora de desemprego e subproletarização, pode estar presente nos empreendimentos solidários. [...] é inegável que esta modalidade de produção venha garantindo a sobrevivência e empoderando aqueles a quem a lógica capitalista vem excluindo constantemente” (p. 28).

“[...] a economia solidária pode ser considerada como um dos processos sociais pelos quais se pode construir e desenvolver valores, por meio do trabalho coletivo e da horizontalização das relações de trabalho, por exemplo” (p. 29).

“O trabalho no empreendimento solidário apresenta-se aos trabalhadores como possibilidade de autogestão” (p. 30)

“Ao consumir algo, podemos optar por mercadorias produzidas por empresas solidárias, ou, quando não for possível, por aquelas que respeitem o trabalhador e o meio ambiente, que sejam produzidas localmente etc” (p. 31).

“[...] os analfabetos foram o último grupo de excluídos a conquistar o direito ao voto no Brasil” (p. 33).

O analfabetismo causa “sentimentos de frustração e incompletude por todas as consequências que traz para quem vive em sociedades escolarizadas [...]” (p. 34).

A “articulação entre o educativo, o político e a vida prática compreendida por Paulo Freire como práxis, promove reflexão e ação nos indivíduos, gerando conscientização e transformação social” (p. 37).

“A literatura aponta que estes trabalhadores estão integrados à cadeia produtiva e ao mercado de trabalho, ainda que da forma mais perversa, por executarem um trabalho informal, desqualificado e pouco reconhecido. Os catadores de materiais recicláveis são, portanto, uma parte fundamental da indústria da reciclagem no país, setor econômico que cresce a cada ano” (p. 44).

“[...] estes trabalhadores [os catadores] entram em contato com o mundo por meio do ‘lixo do mundo’. [...] Ter contato com o lixo é ter também contato com produtos culturais” (p. 45).
 

 
“Os dados mostram o quanto nosso país precisa avançar política e culturalmente para gerenciar seus resíduos de forma menos danosa ao meio ambiente e à saúde pública e para a geração de emprego e renda por meio da reciclagem, de forma includente e organizada” (p. 47).

“[...] ações do governo federal têm dado suporte à implantação da coleta seletiva com inclusão de catadores, tais como: 1) decreto 5940, de 2006, que determina a coleta seletiva solidária nos Órgãos Federais; 2) Lei 11.445, de 2007, conhecida como a Lei do Saneamento Básico; 3) Lei 12.305, de 2010, a chamada Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada após 20 anos de discussão no governo” (p. 49).

“Para que aconteça a inclusão dos catadores de maneira efetiva, é importante que eles estejam organizados, empoderados e formalizados” (p. 51).

“A organização dos catadores como movimento social é recente. Data de meados do ano de 1999 o seu surgimento, com o 1º Encontro Nacional de Catadores de Papel. No entanto, apenas em 2001 é fundado oficialmente o MNCR [Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis], com a assinatura da Carta de Brasília” (p. 51).

“Atualmente, a pauta de luta dos catadores organizados é pela plena implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos com inclusão das cooperativas, pelo pagamento por serviços ambientais prestados por eles à sociedade, pela não implantação de incineradores de lixo nas cidades brasileiras e pela inclusão dos catadores como beneficiários da previdência social” (p. 52)

“A esteira sempre remete à produtividade impondo um ritmo externo ao trabalhador enquanto a triagem em mesas é ‘menos produtiva’, porém, mais socializadora” (p. 72-73).





“Reciclagem é o trabalho de transformar algo em matéria-prima para a fabricação de novos produtos” (p. 83).


“É necessário que haja, portanto, uma construção crítica e, sobretudo, coletiva sobre as relações de poder dentro da cooperativa, nas relações que a constituem, para que o fato de estarem na coordenação faça sentido tanto para os coordenadores eleitos quanto para quem eles estão representando” (p. 88).


 
“A necessidade de formação não se encerra na demanda por conhecimentos técnicos para o trabalho. É uma questão de consciência, de ampliação de horizontes, de visão de mundo e de posicionamento político” (p. 96).

“Essa consciência, não só ambiental como também profissional, vem crescendo à medida que os catadores têm se fortalecido como movimento social organizado, ampliando os ambientes de aprendizagem, e assim, as possibilidades de troca entre os pares e entre eles e a sociedade” (p. 111).




“[...] há muito conhecimento técnico e estratégico envolvido na atividade de coletiva” (p. 115).  

“A adesão e a participação efetiva de todos os cooperados na gestão cooperativa são muito difíceis exatamente pela inexperiência dialógica em suas histórias de vida [...]” conforme Couto (2012, p. 119).

“É muito difícil para os empreendimentos de catadores manterem-se nos eixos da economia solidária por dois motivos principais. O primeiro diz respeito ao histórico das pessoas que ali estão, alijados de oportunidades sociais mais amplas, tendo muitos de seus direitos sociais violados durante a vida, sendo, portanto, fruto de um longo processo de exclusão social. [...]. ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
A outra questão é estrutural: toda a cadeia da reciclagem é capitalista. [...]. E, por fim, o poder público, que também opera sob a lógica capitalista, pouco ou nenhum apoio oferece às cooperativas, que sofrem de problemas graves de formalização, estrutura e logística [...]” (p. 122-123)

“[...] é mais comum que estejamos adaptados à heterogestão ou à alienação do trabalho, e a mudança de paradigma é o grande desafio que se coloca a todos os envolvidos na construção de um empreendimento solidário” (p. 124).

“Sua [da Política Nacional de Resíduo Sólido] maior dificuldade de aplicação é com relação à logística reversa, processo de destinação correta dos resíduos pós-consumo por parte das empresas fabricantes, comerciantes ou importadoras. A LR é de interesse direto dos catadores, que podem se beneficiar dela se conseguirem estabelecer parcerias com o setor produtivo” (p. 127).

“O potencial político, formativo, ambiental e, até mesmo, estético embutido no trabalho organizado de catadores gera uma nova discussão em torno das práticas educativas desses sujeitos” (p. 132).

“Eles [os catadores] não estão alienados das informações que circulam na sociedade, pelo contrário, fazem uso de seu refugo para dela participarem” (p. 133).

Diversas atividades realizadas pelos catadores “não precisam de leitura e escrita, embora tais habilidades sejam essenciais no processo de capacitação técnica e política e de organização da cooperativa” (p. 135). Mesmo os catadores não alfabetizados se valem de suas interações com os que lhes rodeiam e empregam “capacidades como a oralidade, a memória, a observação” para atuarem na sociedade letrada (idem, ibidem).

“[...] no processo de trabalho da reciclagem, as habilidades letradas são necessárias ao coletivo, mas não necessariamente a cada indivíduo singular, podendo a cooperativa evoluir a partir de uma divisão de trabalho. [...] é, sim, preciso ampliar o domínio da lecto-escritura entre todos os cooperados, o que proporcionaria uma melhor oferta de oportunidades iguais para todos e uma gestão democrática do empreendimento solidário” (p. 135).

“O empoderamento é, portanto, percebido por formação humana, social, política, técnica e ambiental” (p. 137).

COUTO, Gabriela, A. Aprendizagem social e formação humana no trabalho cooperativo de catadore(as) de São Paulo. Dissertação. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Orientadora. Maria Clara de Pierro. São Paulo. 2012. 150 p.
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5192: Trabalhadores da coleta e seleção de material reciclável
Títulos
5192-05 - Catador de material reciclável
Catador de ferro-velho, Catador de papel e papelão, Catador de sucata, Catador de vasilhame, Enfardador de sucata (cooperativa)
5192-10 - Selecionador de material reciclável
Separador de material reciclável, Separador de sucata, Triador de material reciclável, Triador de sucata.
5192-15 - Operador de prensa de material reciclável
Enfardador de material de sucata (cooperativa), Prenseiro, Prensista
Descrição Sumária
Os trabalhadores da coleta e seleção de material reciclável são responsáveis por coletar material reciclável e reaproveitável, vender material coletado,selecionar material coletado,preparar o material para expedição, realizar manutenção do ambiente e equipmentos de trabalho, divulgar o trabalho de reciclagem, administrar o trabalho e trabalhar com segurança.

 


“A adesão e a participação efetiva de todos os cooperados na gestão cooperativa são muito difíceis exatamente pela inexperiência dialógica em suas histórias de vida [...]” conforme Couto (2012, p. 119).


 

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