“Uma das
alternativas à questão da reestruturação produtiva, geradora de desemprego e
subproletarização, pode estar presente nos empreendimentos solidários. [...] é
inegável que esta modalidade de produção venha garantindo a sobrevivência e
empoderando aqueles a quem a lógica capitalista vem excluindo constantemente”
(p. 28).
“[...] a
economia solidária pode ser considerada como um dos processos sociais pelos
quais se pode construir e desenvolver valores, por meio do trabalho coletivo e
da horizontalização das relações de trabalho, por exemplo” (p. 29).
“O trabalho no
empreendimento solidário apresenta-se aos trabalhadores como possibilidade de
autogestão” (p. 30)
“Ao consumir
algo, podemos optar por mercadorias produzidas por empresas solidárias, ou,
quando não for possível, por aquelas que respeitem o trabalhador e o meio
ambiente, que sejam produzidas localmente etc” (p. 31).
“[...] os
analfabetos foram o último grupo de excluídos a conquistar o direito ao voto no
Brasil” (p. 33).
O analfabetismo
causa “sentimentos de frustração e incompletude por todas as consequências que
traz para quem vive em sociedades escolarizadas [...]” (p. 34).
A “articulação
entre o educativo, o político e a vida prática compreendida por Paulo Freire
como práxis, promove reflexão e ação nos indivíduos, gerando conscientização e
transformação social” (p. 37).
“A literatura
aponta que estes trabalhadores estão integrados à cadeia produtiva e ao mercado
de trabalho, ainda que da forma mais perversa, por executarem um trabalho
informal, desqualificado e pouco reconhecido. Os catadores de materiais
recicláveis são, portanto, uma parte fundamental da indústria da reciclagem no
país, setor econômico que cresce a cada ano” (p. 44).
“[...] estes
trabalhadores [os catadores] entram em contato com o mundo por meio do ‘lixo do
mundo’. [...] Ter contato com o lixo é ter também contato com produtos
culturais” (p. 45).
“Os dados
mostram o quanto nosso país precisa avançar política e culturalmente para
gerenciar seus resíduos de forma menos danosa ao meio ambiente e à saúde
pública e para a geração de emprego e renda por meio da reciclagem, de forma
includente e organizada” (p. 47).
“[...] ações do
governo federal têm dado suporte à implantação da coleta seletiva com inclusão
de catadores, tais como: 1) decreto 5940, de 2006, que determina a coleta
seletiva solidária nos Órgãos Federais; 2) Lei 11.445, de 2007, conhecida como
a Lei do Saneamento Básico; 3) Lei 12.305, de 2010, a chamada Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada após 20 anos de discussão no governo”
(p. 49).
“Para que
aconteça a inclusão dos catadores de maneira efetiva, é importante que eles
estejam organizados, empoderados e formalizados” (p. 51).
“A organização
dos catadores como movimento social é recente. Data de meados do ano de 1999 o
seu surgimento, com o 1º Encontro Nacional de Catadores de Papel. No entanto,
apenas em 2001 é fundado oficialmente o MNCR [Movimento Nacional dos Catadores
de Materiais Recicláveis], com a assinatura da Carta de Brasília” (p. 51).
“Atualmente, a
pauta de luta dos catadores organizados é pela plena implementação da Política
Nacional de Resíduos Sólidos com inclusão das cooperativas, pelo pagamento por
serviços ambientais prestados por eles à sociedade, pela não implantação de
incineradores de lixo nas cidades brasileiras e pela inclusão dos catadores
como beneficiários da previdência social” (p. 52)
“A esteira
sempre remete à produtividade impondo um ritmo externo ao trabalhador enquanto
a triagem em mesas é ‘menos produtiva’, porém, mais socializadora” (p. 72-73).
“Reciclagem é o
trabalho de transformar algo em matéria-prima para a fabricação de novos
produtos” (p. 83).
“É necessário
que haja, portanto, uma construção crítica e, sobretudo, coletiva sobre as
relações de poder dentro da cooperativa, nas relações que a constituem, para
que o fato de estarem na coordenação faça sentido tanto para os coordenadores
eleitos quanto para quem eles estão representando” (p. 88).
“A necessidade
de formação não se encerra na demanda por conhecimentos técnicos para o
trabalho. É uma questão de consciência, de ampliação de horizontes, de visão de
mundo e de posicionamento político” (p. 96).
“Essa consciência,
não só ambiental como também profissional, vem crescendo à medida que os
catadores têm se fortalecido como movimento social organizado, ampliando os
ambientes de aprendizagem, e assim, as possibilidades de troca entre os pares e
entre eles e a sociedade” (p. 111).
“[...]
há muito conhecimento técnico e estratégico envolvido na atividade de coletiva”
(p. 115).
“A adesão e a
participação efetiva de todos os cooperados na gestão cooperativa são muito
difíceis exatamente pela inexperiência dialógica em suas histórias de vida
[...]” conforme Couto (2012, p. 119).
“É muito difícil
para os empreendimentos de catadores manterem-se nos eixos da economia
solidária por dois motivos principais. O primeiro diz respeito ao histórico das
pessoas que ali estão, alijados de oportunidades sociais mais amplas, tendo
muitos de seus direitos sociais violados durante a vida, sendo, portanto, fruto
de um longo processo de exclusão social. [...].
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
A outra questão
é estrutural: toda a cadeia da reciclagem é capitalista. [...]. E, por fim, o
poder público, que também opera sob a lógica capitalista, pouco ou nenhum apoio
oferece às cooperativas, que sofrem de problemas graves de formalização,
estrutura e logística [...]” (p. 122-123)
“[...] é mais
comum que estejamos adaptados à heterogestão ou à alienação do trabalho, e a
mudança de paradigma é o grande desafio que se coloca a todos os envolvidos na
construção de um empreendimento solidário” (p. 124).
“Sua [da
Política Nacional de Resíduo Sólido] maior dificuldade de aplicação é com
relação à logística reversa, processo de destinação correta dos resíduos
pós-consumo por parte das empresas fabricantes, comerciantes ou importadoras. A
LR é de interesse direto dos catadores, que podem se beneficiar dela se
conseguirem estabelecer parcerias com o setor produtivo” (p. 127).
“O potencial
político, formativo, ambiental e, até mesmo, estético embutido no trabalho
organizado de catadores gera uma nova discussão em torno das práticas
educativas desses sujeitos” (p. 132).
“Eles [os
catadores] não estão alienados das informações que circulam na sociedade, pelo
contrário, fazem uso de seu refugo para dela participarem” (p. 133).
Diversas
atividades realizadas pelos catadores “não precisam de leitura e escrita,
embora tais habilidades sejam essenciais no processo de capacitação técnica e
política e de organização da cooperativa” (p. 135). Mesmo os catadores não alfabetizados
se valem de suas interações com os que lhes rodeiam e empregam “capacidades
como a oralidade, a memória, a observação” para atuarem na sociedade letrada
(idem, ibidem).
“[...] no
processo de trabalho da reciclagem, as habilidades letradas são necessárias ao coletivo, mas não necessariamente a cada
indivíduo singular, podendo a cooperativa evoluir a partir de uma divisão de
trabalho. [...] é, sim, preciso ampliar o domínio da lecto-escritura entre
todos os cooperados, o que proporcionaria uma melhor oferta de oportunidades
iguais para todos e uma gestão democrática do empreendimento solidário” (p.
135).
“O empoderamento
é, portanto, percebido por formação humana, social, política, técnica e
ambiental” (p. 137).
COUTO, Gabriela,
A. Aprendizagem social e formação humana
no trabalho cooperativo de catadore(as) de São Paulo. Dissertação.
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Orientadora. Maria Clara de
Pierro. São Paulo. 2012. 150 p.
.........................................
5192: Trabalhadores da coleta e seleção
de material reciclável
Títulos
5192-05 - Catador de material reciclável
Catador
de ferro-velho, Catador de papel e papelão, Catador de sucata, Catador de
vasilhame, Enfardador de sucata (cooperativa)
5192-10 - Selecionador de material
reciclável
Separador
de material reciclável, Separador de sucata, Triador de material reciclável,
Triador de sucata.
5192-15 - Operador de prensa de material
reciclável
Enfardador
de material de sucata (cooperativa), Prenseiro, Prensista
Descrição Sumária
Os
trabalhadores da coleta e seleção de material reciclável são responsáveis por
coletar material reciclável e reaproveitável, vender material
coletado,selecionar material coletado,preparar o material para expedição,
realizar manutenção do ambiente e equipmentos de trabalho, divulgar o trabalho
de reciclagem, administrar o trabalho e trabalhar com segurança.
“A adesão e a
participação efetiva de todos os cooperados na gestão cooperativa são muito
difíceis exatamente pela inexperiência dialógica em suas histórias de vida
[...]” conforme Couto (2012, p. 119).
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