Numa perspectiva
bakhtiniana, “[...] observar a dialogicidade no processo de interação [...]
possibilita a revisão de orientações de práticas adotadas [...]” (p. 115).
“Diante da importância do
letramento para a vida dos sujeitos contemporâneos, esse conceito foi sendo
repensado, uma vez que apenas a tecnologia da decodificação não lhes assegurava
se tornarem efetivamente atuantes, ou seja, a agirem com criticidade e reflexão
nas práticas sociais das quais poderiam participar” (p. 116).
“[...] o uso da língua se
concretiza na interação verbal, que é mediada pela produção de efeitos de
sentido entre os sujeitos envolvidos em determinado contexto [...] (p. 118,
119).
“A ideia de letramento plural, já
mencionada neste artigo, refere-se às mais diversas especificações do
letramento, considerando tanto o contexto sócio-histórico e as demandas sociais
que emanam dessas relações, como a dialogicidade e a compreensão que nelas
estão imbricadas” (p. 119).
Ethos
é “a imagem revelada pelos sujeitos durante o processo interativo” (p. 122).
“Observamos que, no letramento para
a formação reflexiva e responsiva, ou no letramento da dialogicidade, há uma
tendência a sensibilizar o sujeito em relação ao seu contexto, num movimento da
consideração das vozes da sociedade que se exteriorizam e são apreendidas como
material ideológico e, consequentemente, revelam a característica bivocal das
situações” (p. 124).
LIMA, Antônio C. S. de; SANTOS, Lúcia de F. & MAIOR, Rita de C. S.
Refletindo sobre letramento e responsividade na formação docente.
Bakhtiniana, São Paulo, 9 (2):
111-130, Ago./Dez. 2014.
.......................................
Sobre a
multiplicidade de empregos em que o termo letramento vem sendo aplicado,
Geraldi (2014, p. 27) assevera que “a prática social de emprego de uma
expressão recobre-a como uma aura de significação, e esta pode ser extremamente
difusa e nem por isso a linguagem deixa de funcionar face às indeterminações
relativas das significações. O reconhecimento destas (na forma de um leque
amplo) ajuda na compreensão dos temas dos enunciados concretos [...]”.
“Quanto mais
complexa a sociedade, mais se diversifica sua multiforme atividade e mais
complexo é o conjunto de tipos relativamente estáveis de enunciados, ou gêneros
de discurso, em circulação” (p. 28)
“Se
a cada início num campo denominarmos o processo de “letramento”, haverá tantos
letramentos quantas forem as infinitas possibilidades de especialização das
atividades humanas. E teríamos diferentes letramentos, como o emprego atual das
adjetivações vai implicando: letramentos digital, jurídico, filosófico...” (p.
29).
“[...] os
gêneros discursivos mantêm relações, chamadas intergenéricas: nenhum campo de
atividade humana existe sem relações com seu exterior e por isso mesmo há
trocas comunicativas, há diálogos em maior ou menor profundidade” (p. 29).
“Não cabem à
escola de ensino básico todos os diferentes letramentos, no sentido que estamos
atribuindo a “diferente” neste item. Cabe reconhecer a multiplicidade e
escolher alguns gêneros – e, portanto, algumas esferas de comunicação – como
fundamentais.” (p. 31).
“Uma escola jamais poderá pôr como seus objetivos “respostas
adequadas”, mas sim respostas críticas e, para chegar ao nível da crítica, é
preciso definir-se como lugar de ensino-aprendizagem não da totalidade dos
campos das atividades humanas [...]” (p. 33-34).
GERALDI, João W. A produção
dos diferentes letramentos. Bakhtiniana, São Paulo, 9
(2): 25-34, Ago./Dez. 2014
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