quarta-feira, 6 de maio de 2020

O Barroco literário brasileiro - questões de fixação


No Brasil, o barroco ganhou impulso entre 1720 e 1750, momento em que várias academias literárias foram fundadas por todo o país.
A obra Prosopopeia, de Bento Teixeira, marca o início do barroco no Brasil.


O centro de riqueza da época era Minas Gerais, e foi lá que a produção artística, ligada à igreja, concentrou-se. O arquiteto, entalhador e escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi o grande representante dessa tendência nas artes plásticas, o estilo rococó predominava em suas esculturas de materiais típicos nacionais, como a madeira e pedra-sabão.

Os escritores que mais se destacaram foram:


Na poesia:
Gregório de Matos
Bento Teixeira
Botelho de Oliveira
Frei Itaparica

Na prosa:
Pe. Antônio Vieira
Sebastião da Rocha Pita
Nuno Marques Pereira.

…………………………………….
01 - (Fatec – SP) No colégio dos padres, Gregório de Matos escreveu:
“Quando desembarcaste da fragata, meu dom Braço de Prata, cuidei, que a esta cidade
tonta, e fátua*, mandava a Inquisição alguma estátua, vendo tão espremida salvajola*
visão de palha sobre um mariola*”.
Sorriu, e entregou o escrito a Gonçalo Ravasco.
Gonçalo leu-o, gracejou, entregou-o ao vereador.
O papel passou de mão em mão.
“A difamação é o teu deus”, disseram, sorrindo.
(Ana Miranda, Boca do Inferno)
(*fátua: tola;*salvajola: variante de “selvagem”; *mariola: velhaco)
O trecho ilustra:
a) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na vida nos prostíbulos da cidade da Bahia e que deu origem à alcunha do poeta, “Boca do Inferno”.
b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para a temática filosófica, em linguagem marcada pelos recursos da estética barroca.
c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada à descrição fiel da sociedade da época, utilizando recursos expressivos característicos do barroco português.
d) a poesia erótica de Gregório de Matos, caracterizada pela crítica aos comportamentos e às autoridades baianas da época colonial.
e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que representa, no conjunto de sua obra, uma fuga aos moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da época, costumes e personalidades.
………………………………….
02 - A expansão pastoril propiciou o surgimento de um novo tipo de colono, o fazendeiro de gado. Em média, cada fazenda possuía três léguas de comprimento por uma de largura, sem cercas e separadas por uma légua de terras que permaneciam sem donos. No entanto, a facilidade na obtenção de terras, muitas vezes recebidas como sesmarias, determinou a concentração de imensas propriedades nas mãos de um só dono. Conforme registro do padre jesuíta Antonil, "o sertão da Bahia quase todo pertence a duas das principais famílias da mesma cidade, que são a da Torre (os d'Ávila) e a do defunto mestre do campo Antônio Guedes de Brito". Os d'Ávila, os senhores da Casa da Torre, chegaram a ter dúzias de fazendas na margem esquerda do São Francisco, enquanto os herdeiros de Guedes de Brito ocupavam a margem oposta, até o Rio das Velhas.
A esturutura fundiária do Brasil foi baseada em desigualdades e exploração dos recursos e áreas disponíveis. Isso está na origem dos grandes:

A) Latifúndios
B) Minifúndios
C) Reforma agrária igualitárias
D) Conflitos agrários nas periferias urbanas
E) Fortalecimento do feudalismo tribal
…………………………

Garcia d'Ávila, patriarca da família, chegou à colônia com o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa, de quem recebeu sesmaria, iniciando sua criação com 200 cabeças de gado. À medida que o rebanho crescia, recebia mais terras para pastagens. Os d'Ávila tornaram-se grandes proprietários de terra e ficaram conhecidos como os senhores da Casa da Torre, por habitarem uma construção imponente em forma de castelo, cujas ruínas ainda demonstram a sua grandiosidade.

03 – Na frase “Os d'Ávila tornaram-se grandes proprietários de terra e ficaram conhecidos […]”, o termo destacada expressa uma ideia de:

A) Causalidade
B) Adição
C) Contradição
D) Temporalidade
E) Idade
……………………………………………..
04 - Montar uma fazenda não exigia grandes investimentos. As instalações eram simples. Bastava uma pequena casa coberta de palha, currais e algumas cabeças de gado. A mão de obra era reduzida. Era formada pelo vaqueiro e seus auxiliares, "os fábricas". O proprietário, em geral, morava longe, às vezes em seu engenho no litoral, e mantinha pouco contato com sua propriedade. O vaqueiro dirigia a fazenda, recebendo um percentual das crias ao final de cinco anos.

Na frase “O vaqueiro dirigia a fazenda, recebendo um percentual das crias ao final de cinco ano”, o pretérito imperfeito do indicativo indica:

A) Uma ação plenamente concluída
B) Preconceito para com o vaqueiro do século XVII.
C) Um evento que costumava acontecer no passado relatado.
D) Insatisfação do proprietário em relação ao empregado
E) A confirmação de que “O agro(negócio) é pop” – bordão da rede Globo – desde o séc. XVII.
……………………………………………
05. (UNIV. CAXIAS DO SUL) Escolha a alternativa que completa de forma correta a frase abaixo: 

A linguagem ______, o paradoxo, ________ e o registro das impressões sensoriais são recursos linguísticos presentes na poesia ________. 

a) simples; a antítese; parnasiana.
b) rebuscada; a antítese; barroca.
c) objetiva; a metáfora; simbolista.
d) subjetiva; o verso livre; romântica.
e) detalhada; o subjetivismo; simbolista.
………………………
06- O trecho a seguir é exemplo barroco de:
O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos)

a) Heliocentrismo
b) Antropocentrismo
c) Parnasianismo
d) Cultismo
e) Cubismo
……………………….
7- O trecho a seguir está escrito em prosa barroca e caracteriza:

Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho
e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem
espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹
luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira)
¹mister: necessidade de, precisão.
a) Ostracismo
b) Pedantismo
c) Parnasianismo
d) Conceptismo
e) Aforismo
………………………
Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia? (Gregório de Matos)

8. A figura de linguagem mais característica do trecho barroco em destaque é:

a) Metáfora
b) Antítese
c) Hipérbole
d) Prosopopéia
e) Paradoxo
………………………

Vista por fora é pouco apetecida
Porque aos olhos por feia é parecida;
Porém, dentro habitada
É muito bela, muito desejada,
É como a concha tosca e deslustrosa,
Que dentro cria a pérola formosa. (Manuel Botelho)

9. A figura de linguagem mais característica do trecho barroco em destaque é:

a) Metáfora
b) Antítese
c) Hipérbole
d) Prosopopéia
e) Paradoxo
………………………

É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida. (Gregório de Matos)

10. A figura de linguagem mais característica do trecho barroco em destaque é:

a) Metáfora
b) Antítese
c) Hipérbole
d) Prosopopéia
e) Paradoxo
………………………

No diamante agradou-me o forte, no cedro o incorruptível, na águia o sublime, no Leão o generoso, no Sol o excesso de Luz. (Padre Antônio Vieira)

11. A figura de linguagem mais característica do trecho barroco em destaque é:

a) Metáfora
b) Antítese
c) Hipérbole
d) Prosopopéia
e) Paradoxo
…………………………..
Ardor em firme Coração nascido;
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido. (Gregório de Matos)

12. A figura de linguagem mais característica do trecho barroco em destaque é:

a) Metáfora
b) Antítese
c) Hipérbole
d) Prosopopéia
e) Paradoxo

………………………….

O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. Inicialmente, no final do século XVI, tratava-se de um movimento apenas destinado à catequização.
A partir do século XVII, o Barroco passa a se expandir para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas. Assim, a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da moral a uma população que vivia desregradamente.
[…]
Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira.

Prosopopeia – Bento Teixeira
         
I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.

13 – O poema destaca:

a) O poder romano no Brasil da capitania de Lisboa
b) A figura de um rei troiano da capitania de Mato Grosso do Sul.
c) A construção de um reino escuro da selva amazonense
d) Um muro firme do sertão brasileiro da cidade de São Paulo.
e) O naufrágio do donatário Jorge Albuquerque Coelho da capitania de Pernambuco. 
………………….
Prosopopeia – Bento Teixeira

II
As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Ele fará meu Verso tão sincero,
Quanto fora sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
Quem deu o mais a míseros terrenos.

14 - “As Délficas” e os “míseros terrenos” são um exemplo barroco da:

a) situação de dualidade entre o terreno e o espiritual
b) luta por uma salvação extraterrestre
c) condição amorosa dos seres humanos
d) opção pelas frases religiosas dos jesuítas
e) importância do politeísmo para a colonização brasileira.
……………………………………………

Necessidades Forçosas da Natureza Humana - Gregório de Matos (o Boca do Inferno)

Descarto-me da tronga, que me chupa,
Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.

Busco uma freira, que me desemtupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.

Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
E na hora de ver repleta a tripa,
Darei por quem mo vase toda Europa?

Amigo, quem se alimpa da carepa,
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Ou faz da mão sua cachopa.


(1) Descarto-me da tronga, que me chupa,
(2) Busco uma freira, que me desemtupa /A via, que o desuso às vezes tapa,
(3) Topo-a, topando-a todo o bolo rapa, / Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.
(4) E na hora de ver repleta a tripa,
(5) Amigo, quem se alimpa da carepa,
(6) Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
(7) Ou faz da mão sua cachopa.

(  ) Almeja uma mulher pura para saciar seu desejo sexual acumulado
(  ) Aquele que consegue praticar o ato sexual
(  ) Encerra o encontro sexual com a prostituta que realiza sexo oral
(  ) Exige esforço de uma mulher (jovem, bela e/ou forte)
(  ) Masturba-se
(  ) Quem encontra uma mulher pura, alcança uma sorte plena
(  ) Sentir o pênis enrijecido

15 - A sequência correta de associação é:
a) 1, 3, 5, 2, 4, 6, 7
b) 2, 5, 1, 6, 7, 3, 4
c) 1, 2, 6, 7, 5, 4, 3
d) 5, 4, 3, 1, 2, 7, 6
e) 7, 4, 6, 1, 3, 2, 5


……………..…………………….
Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em 1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil e entrou para a Companhia de Jesus.
Por defender posições favoráveis aos índios e aos judeus, foi condenado à prisão pela Inquisição, onde ficou por dois anos.
[…]
Escreveu cerca de duzentos sermões em estilo conceptista, isto é, que privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias e conceitos. Estão formalmente divididos em três partes:
Intróito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto.
Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com base na argumentação.
Peroração: parte final, conclusão.

Leia o trecho do Sermão da Sexagésima (1655) de Padre Antônio Vieira:
Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...)

16 – No trecho “[…] devemos entender a falta?” o sujeito é:

a) a falta
b) devemos
c) entender
d) desinencial
e) composto

Gabarito
1- E
2- A
3- B
4- C
5- B
6- D
7- D
8- A
9- B
10- C
11- D
12- E
13- E
14- A
15- B
16- D

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