O Arcadismo se inicia no início do ano de 1700 e por isso recebe o nome também de Setecentismo, ou ainda neoclassicismo. Esta última denominação surgiu do fato dos autores do período imitarem, não de uma forma pura, mas alguns aspectos da antigüidade greco-romana ou o chamado Classicismo, e também os escritores do Renascimento, os quais vieram logo após a idade clássica. O classicismo compreende a época literária do Renascimento, no qual o homem tem a visão antropocêntrica do mundo, ou seja, o homem como centro de todas as coisas. Os renascentistas prezavam as obras clássicas, já que tinham a convicção de que a arte tinha alcançado sua perfeição. Assim como os renascentistas, os escritores árcades pretendiam retomar o estilo clássico, contudo com uma nova maneira, denominada de Neoclássica, de observar as considerações artísticas abordadas naquele período, como a razão e a ciência, conceitos oriundos do Iluminismo.
O Iluminismo é determinado pela revolução intelectual ocasionada por volta dos séculos XVII e XVIII, o qual trazia como lema: liberdade, igualdade e fraternidade, o que influenciou os pensamentos artísticos da época na Europa, e principalmente a Revolução Francesa, a independência das colônias inglesas da América Anglo-Saxônica e no Brasil, a Inconfidência Mineira.
O novo modo de analisar a cientificidade e a racionalidade da época árcade fugia das convenções artísticas da época, já que os escritores retomam as características clássicas, como: bucolismo (busca de uma vida simples, pastoril), exaltação da natureza (refúgio poético, em oposição à vida urbana), pacificidade amorosa (relacionamentos tranqüilos), a mitologia pagã, clareza na escrita com utilização de períodos curtos e versos sem rima. Os poetas árcades são freqüentemente citados como fingidores poéticos, pois escrevem sobre temas que não correspondem com a realidade do período histórico, visto anteriormente.
Um dos principais escritores árcades foi o poeta latino Horácio, que viveu entre 68 a.C. e 8 a.C., e foi influenciador do pensamento do “carpe diem”, viver agora, desfrutar do presente, adotado pelo Arcadismo e permanente até os dias de hoje.
Os principais autores do Arcadismo brasileiro são: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Santa Rita Durão.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola
09/01/2011, 15:08
........................................................
O Arcadismo no Brasil
No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas.
Entre os principais poetas do arcadismo brasileiro, podemos destacar Cláudio Manoel da Costa (autor de Obras Poéticas), Tomás Antônio Gonzaga (autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu), Basílio da Gama (autor de O Uraguai) , Frei Santa Rita Durão (autor do poema Caramuru) e Silva Alvarenga (autor de Glaura).
As principais características das obras do arcadismo brasileiro são: valorização da vida no campo, crítica a vida nos centros urbanos (fugere urbem = fuga da cidade), uso de apelidos, objetividade, idealização da mulher amada, abordagem de temas épicos, linguagem simples, pastoralismo e fingimento poético.
http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/arcadismo.htm
09/01/2011, 15:10
........................................................................
Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens tropicais, como em Caramuru, valorização da história colonial, o início do nacionalismo e da luta pela independência e a colocação da colônia como centro das atenções.
[editar] Autores
- Frei Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema épico Caramuru
- Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) Obras Poeticas e Villa Rica
- Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O Uraguai
- Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas
- Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744-1793)
- Silva Alvarenga (1749-1814), autor de Glaura
09/01/2011, 15:12
..............................................................................................
1768-1808
As formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e decadentes. O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma.
Conhecida como Arcadismo, uma influência que inspirava-se na lendária região da Grécia antiga, já chegava à Itália .
No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias Arcadismos, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.
Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes. A primeira obra do arcadismo foi feita em 1768, denominada Obras Poéticas, de Cláudio M. da Costa.
Características do Arcadismo
A ausência de subjetividade, o racionalismo, o soneto (forma poética), simplicidade, pseudônimos e bucolismo (natureza) e o neoclassicismo são umas das características do Arcadismo, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco. Entre outros:
Fugere urbem
Os árcades buscavam uma vida simples, bucólica, longe do burburinho citadino.
Inutilia truncar
A frase em latim resume grande parte da estética árcade. Ela significa que "as inutilidades devem ser banidas" e vai ao encontro do desprezo pelo exagero e pelo rebuscamento, característicos do Barroco.
Carpe diem
Aproveitar o dia, viver o momento presente com grande intensidade, foi uma atitude inteiramente assumida por esses poetas.
Poetas da Inconfidência Mineira
Não existiu, no Brasil, uma Arcádia, como em Portugal. Um vigoroso grupo intelectual (o grupo mineiro) destacou-se na arte Arcadismo e na prática política, participando ativamente da Inconfidência Mineira.
Esse grupo, constituído por Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Manuel Inácio da Silva Alvarenga e outros intelectuais, foi desfeito de forma violenta, com a prisão, desterro ou morte de alguns poetas, à época da repressão política em torno do episódio da Inconfidência.
Com os olhos voltados para a terra natal, esses poetas árcades iniciaram o período de transformação da literatura brasileira, que se vai efetivar, realmente, no século XIX, com os românticos. Tomás Antônio Gonzaga escreveu Marília de Dirceu, uma poesia lírica, e Cartas Chilenas, poesia satírica. Cláudio Manoel da Costa inspirou-se em Camões para escrever Obras Poéticas. Silva Alvarenga fez obras em forma clássica. Outros poetas como Basílio da Gama (O Uraguai) e Frei Santa Rita Durão (Caramuru) aparecem neste cenário.
EXEMPLO DE
Obras Poéticas, de Cláudio M. da Costa.
Soneto
Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh quem cuidara.
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza.
Amor, que vence os Tigres, por empresa
Tomou logo render-me, ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pode fugir ao cego engano:
Vós, que ostentais a condição mais dura.
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.
Tomás Antônio Gonzaga
Marília de Dirceu, Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha,
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Mas tendo tantos dotes da ventura,
Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
Depois que teu afeto me segura,
Que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte, e prado;
Porém, gentil Pastora, o teu agrado
Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Leve-me a sementeira muito embora
O rio sobre os campos levantado:
Acabe, acabe a peste matadora,
Sem deixar uma rês, o nédio gado.
Já destes bens, Marília, não preciso:
Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;
Para viver feliz, Marília, basta
Que os olhos movas, e me dês um riso.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço;
Ali descansarei a quente sesta,
Dormindo um leve sono em teu regaço:
Enquanto a luta jogam os Pastores,
E emparelhados correm nas campinas,
Toucarei teus cabelos de boninas,
Nos troncos gravarei os teus louvores.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Depois de nos ferir a mão da morte,
Ou seja neste monte, ou noutra serra,
Nossos corpos terão, terão a sorte
De consumir os dois a mesma terra.
Na campa, rodeada de ciprestes,
Lerão estas palavras os Pastores:
"Quem quiser ser feliz nos seus amores,
Siga os exemplos, que nos deram estes."
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Basílio da Gama
O Uruguai (fragmentos)
"O rei é vosso pai: quer-vos felizes.
Sois livres, como eu sou; e sereis livres.
Não sendo aqui, em qualquer outra parte.
Mas deveis entregar-nos estas terras.
Ao bem público cede o bem privado.
O sossego da Europa assim pede.
Assim o manda o rei. Vós sois rebeldes,
Se não obedeceis; mas os rebeldes
Eu sei que não sois vós - são os "bons" padres,
Que vos dizem a todos que sois livres,
E se servem de vós como de escravos,
E armados de orações vos põem no campo."
Os trechos abaixo pertencem a Cacambo, chefe guarani:
"...Se o rei da Espanha
Ao teu rei quer dar terras com mão larga
Que lhe dê Buenos Aires e Corrientes.
E outras, que tem por estes vastos climas;
Porém não pode dar-lhe os nossos povos (...)"
"Gentes de Europa, nunca vos trouxera
O mar e o vento a nós. Ah! não debalde
Estendeu entre nós a natureza
Todo esse plano espaço imenso de águas."
O trecho abaixo refere-se à expressão doce de Lindóia, já morta:
"Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado e triste.
Que os corações mais duros enternece,
Tanto era bela no seu rosto a morte!"
Santa Rita Durão
Caramuru (fragmentos)
"Só tu tutelar anjo, que o acompanhas,
Sabes quanta virtude ali se arrisca
Essas fúrias da paixão, que acende, estranhas
Essa de insano amor doce faísca
ânsia no coração sentiu tamanhas
Que houvera de perder-se naqu’hora
Se não fora cristão, se herói fora."
"Paraguaçu gentil (tal nome teve),
Bem diversa de gente tão nojosa,
De cor tão alva como a branca neve,
E donde não é neve, era de rosa;
O nariz natural, boca mui breve
Olhos de bela luz, testa espaçosa."
Fonte: Escola Vesper
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/arcadismo/arcadismo.php
09/01/2011, 15:19
.................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário