"Uma das ideias mais absurdas transmitidas pela filosofia do século XVIII é a de que, nos ínicios da sociedade, a mulher teria sido escrava do homem. Entre todos os selvagens e em todas as tribos que se encontram nas fases inferior, média e até em parte na superior da barbárie, a mulher não só é livre, mas também muito considerada" (p. 69-70).
"A monogamia foi um grande progresso histórico, mas, ao mesmo tempo, inaugura, juntamente com a escravidão e as riquezas privadas, aquele período que dura até nossos dias, no qual cada progresso é simultaneamente um relativo retrocesso e no qual o bem-estar e o desenvolvimento de uns se realizam às custas da dor e da repressão de outros. Ela é a forma celular da sociedade civilizada, na qual já podemos estudar a natureza das oposições e das contradições que atingem seu pleno desenvolvimento nessa sociedade" (p. 89).
"O adultério, proibido e punido rigorosamente, mas irreprimível, tornou-se uma instituição social inevitável, junto da monogamia e do heterismo" (p. 91).
"A família individual moderna está baseada na escravidão doméstica, transparente ou dissimulada, da mulher e a sociedade moderna é uma massa cujas moléculas são compostas exclusivamente por famílias individuais. Hoje em dia é o homem que, na maioria dos casos, tem de ser o suporte, o sustento da família, pelo menos nas classes possuidoras, e isso lhe dá uma posição de dominador que não precisa de nenhum privilégio legal específico. Na família, o homem é o burguês e a mulher representa o proletário" (p. 98).
"O Estado pressupõe u poder público especial, distinto do conjunto dos cidadãos que o compõem" (p. 123).
"São os interesses mais baixos - a vil cobiça, a brutal avidez de prazeres, a sórdida avareza, o roubo egoísta da propriedade comum - que inauguram a nova sociedade civilizada, a sociedade de classes. São os meios mais ignominiosos - roubo, violência, perfídia traição - que minaram e levaram à derrocada a velha sociedade sem as classes das gens. (p. 126-127).
"E a nova sociedade, no decorrer desses dois mil e quinhentos anos de sua existência, nunca foi ela própria outra coisa senão o desenvolvimento de uma pequena minoria às custas da grande maioria explorada e oprimida. E continua a sê-lo hoje, mais do que nunca" (p. 127).
"A grandeza, mas também a limitação da organização gentílica está no fato de não admitir em si nem a dominação nem a servidão" (p. 198).
“A primeira grande divisão social do trabalho, ao aumentar a produtividade desse e, em decorrência, a riqueza, e ao alargar o campo da produção, tinha de trazer consigo, nas condições históricas de conjunto, necessariamente a escravidão. Da primeira grande divisão do trabalho, resultou a primeira grande divisão da sociedade em duas classes: senhores e escravos, exploradores e explorados” (p. 201).
“[…] a emancipação da mulher, sua equiparação ao homem, é e continuará sendo impossível, enquanto ela for excluída do trabalho social produtivo e confinada ao trabalho privado doméstico” (p. 202).
“Verificou-se então a segunda grande divisão social do trabalho: as artes e ofícios se separam da agricultura. O constante aumento da produção e com ele da produtividade elevou a força de trabalho do homem. A escravidão, no estágio anterior ainda insipiente e esporádica, converteu-se agora em componente essencial do sistema social. Os escravos deixam de ser meros auxiliares e são levados às dezenas para os trabalhos nos campos e nas oficinas. Com a divisão da produção em dois ramos principais, a agricultura e as artes e ofícios, surge a produção diretamente para a troca, a produção mercantil” (p. 203).
“A diferença entre ricos e pobres veio e passou a se igualar à diferença entre homens livres e escravos. A nova divisão do trabalho acarretou uma nova divisão da sociedade em classes” (p. 203).
“[…] uma terceira divisão do trabalho […]: os comerciantes” (p. 206).
“Após a venda de mercadorias por dinheiro, veio o empréstimo e, com ele, os juros e a usura” (p. 207).
“Além da riqueza em mercadorias e escravos, além da riqueza em dinheiro, surgia agora também a riqueza em terras. […]. A propriedade livre e plena do solo não significava apenas a possibilidade de possuir o solo sem limites e sem restrições, mas também a faculdade de aliená-lo” (p. 207).
“Com a expansão do comércio, o dinheiro e a usura, a propriedade fundiária e a hipoteca, a concentração e a centralização da riqueza nas mãos de uma classe pouco numerosa progrediram rapidamente, de maneira paralela ao crescente empobrecimento das massas e ao aumento numérico dos pobres.” (p. 208)
“Esse poder, surgido da sociedade, mas que se coloca acima dela e que se aliena cada vez mais dela, é o Estado” (p. 211).
.............……………...
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do estado. Coleção Grandes obras do pensamento universal. São Paulo. Lá Fonte. 2017. Tradução Ciro Mioranza.
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do estado. Coleção Grandes obras do pensamento universal. São Paulo. Lá Fonte. 2017. Tradução Ciro Mioranza.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário