"[...] uma mudança sempre deixa a saliência para a
edificação de outra" (p. 16).
"Desse modo,
tens como inimigos todos aqueles que ofendeste com a ocupação daquele
principado e não podes conservar como amigos aqueles que te puseram nesse
posto, por não poderes satisfazê-los da maneira que haviam imaginado
[...]" (p. 17).
"[...] os homens devem ser tratados com ternura ou
eliminados [...] a onde da que se faz ao homem deve ser feita de tal modo que
não se venha a temer a vingança" (p. 20).
"[...] uma guerra não se evita mas se adia [...]"
(p. 22).
"[...] quem é causa do poderio de alguém, arruina-se,
porque esse poder é resultante da astúcia ou da força e ambas são suspeitas
para aquele que se tornou poderoso" (p. 25).
"[...] os homens
devem ser tratados com ternura ou eliminados [...] a ofensa que se faz ao homem
deve ser feita de tal modo que não se venha a temer a vingança" (p. 20).
"[...] um homem
prudente deve seguir sempre pelos caminhos percorridos por grandes homens [...]
não sendo possível chegar à virtude destes, pelo menos que consiga dela
conseguir algum odor" (p. 33).
"[...] ao ocupar um estado, o ocupante deve considerar
todos aqueles danos que é necessário para ele causar, praticando-os todos de
uma só vez, para não ter de renová-los a cada dia e poder, sem repeti-los, dar
segurança aos homens e conquistá-los com benefícios" (p. 48).
"[...] a natureza dos povos é instável e é fácil
persuadi-los de uma coisa, mas difícil é firmá-los nessa persuasão.
Convém, portanto, estar preparado para que, quando não acreditarem
mais, se possa fazê-los crer pela força" (p. 35).
"As injúrias, portanto, devem ser feitas todas de uma
só vez, a fim de que, pouco degustadas, ofendam menos. Os benefícios devem ser
feitos aos poucos, para que sejam degustados melhor" (p. 48).
"[...] os grandes, vendo que não podem resistir ao
povo, começam a emprestar prestígio a um deles e o fazem príncipe para poderem,
sob sua sombra, dar vazão a seu apetite; o povo também, vendo que não pode
resistir aos poderosos, volta sua estima a um cidadão e o faz príncipe para ser
defendido com sua autoridade" (p. 49-50).
"[...] estar desarmado te torna desprezível [...]" (p. 72).
"[...] um homem que queira em todas as suas palavras
fazer profissão de bondade, haverá de se perder em meio a tantos que não são
bons" (p. 75).
"[...] é necessário que o príncipe seja tão prudente
que saiba fugir à infâmia dos vícios que lhe tirariam o Estado [...]" (p.
76).
"Aquele que chega ao principado com a ajuda dos grandes
se mantém com mais dificuldade do que aquele que chega ao posto com o apoio do
povo [...] e, por isso, não podem nem governar nem dominar à sua maneira".
Mas aquele que chega ao principado com o favor popular, encontra-se só e a seu derredor não tem ninguém ou são pouquíssimos os que não estão preparados para obedecer" (p. 50).
"Alguém, portanto, que chegue a ser príncipe mediante o
favor do povo, deve conservá-lo amigo, o que se lhe torna fácil, uma vez que o
povo não pede senão não ser oprimido.
Mas quem se torne príncipe pelo favor dos grandes, contra a
vontade do povo, deve antes de tudo procurar cativá-lo para si, o que se lhe
torna fácil quando assume a proteção do mesmo" (p. 51l.
"[...] todo príncipe deve desejar ser considerado
piedoso e não, cruel" (p. 81). Observação: SER "CONSIDERADO
PIEDOSO" é diferente de "SER PIEDOSO".
"Um príncipe não deve, portanto, importar-se com a má
fama de cruel, para poder manter seus súditos unidos e fiéis, porque, com
pouquíssimos julgamentos exemplares, ele será mais piedoso do que aqueles que,
por excessiva piedade, deixam acontecer desordens [...]" (p. 81).
"(...) é muito mais seguro ser temido do que amado
[...] (p. 82).
"As amizades que se conquistam com dinheiro, e não com
grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não se pode contar e, no
momento de que mais se precisa, não é possível utilizá-las" (p. 82).
"[...] o príncipe deve fazer-se temer [...] porque
podem muito bem coexistir o ser temido e não odiado" (p. 82).
"[...] os homens esquecem mais rapidamente a morte do
pai do que a perda do patrimônio" (p. 83).
"Mas quando o príncipe está à frente de seus exércitos
e tem sob seu comando uma multidão de soldados, então é de todo necessário não
se importar com a fama de cruel, porque, sem esta fama, jamais se poderá
conservar exército unido nem disposto a alguma operação militar" (p. 83).
"[...] existem duas maneiras de combater: uma com as
leis, a outra, com a força. A primeira é própria do homem, a segunda, dos
animais. [...]. Para um príncipe, portanto, torna-se necessário saber empregar
bem o animal e o homem" (p. 85).
"Um príncipe [...] esteja repleto das cinco qualidades
[...] para parecer, ao vê-lo e ouvi-lo, todo piedade, todo fé, todo
integridade, todo humanidade, todo religião" (p. 87).
"Todos vêem o que tu aparentas ser, poucos percebem
aquilo que tu és" (p. 87).
"E, desde que não se tirem nem os bens nem a honra aos
homens em geral, esses vivem felizes e se terá de combater somente a ambição de
poucos que pode ser refreada por meio de muitas maneiras e com facilidade"
(p. 89).
"[...] contra quem é deputado, só com muita dificuldade
se conspira [...]" (p. 90).
"Os Estados bem organizados e os príncipes hábeis têm
procurado, com toda a diligência, não reduzir ao desespero os grandes e
satisfazer o povo, consrtvando-o contente, porque este é um dos mais
importantes assuntos de que um príncipe tem de tratar" (p. 91).
"[...] os príncipes devem atribuir a outros as coisas
que podem suscitar ódio, reservando para si próprios aquelas suscitam
gratidão" (p. 92).
"[...] um príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo" (p. 92).
"[...] não podendo o príncipe deixar de ser odiado por
alguém [...] deve fugir, por todos os meios, do ódio daquelas classes que são
mais poderosas" (p. 93).
"[...] o ódio se adquire tanto pelas boas obras como
pelas más. [...] querendo um príncipe conservar o Estado, frequentemente é forçado
a não ser bom" (p. 94).
"Porque, quando aquela maioria, povo ou soldados ou
grandes, de que julgas ter mais necessidade para manter-te, é corrupta , convém
que sigas seus apetites para satisfazê-la" (p. 94).
"[...] a melhor fortaleza que possa existir é não ser
odiado pelo povo [...]" (p. 103).
"[...] o vencedor não quer amigos suspeitos ou que não
oajudem nas adversidades e quem perde não te recebe porque não quiseste, de
armas em punho, correr o risco a seu lado" (p. 107).
"Os príncipes irresolutos, para evitar os perigos
presentes, seguem na maioria das vezes o caminho da neutralidade e, na maioria
das vezes, caem em ruína" (p. 107).
"[...] a prudência consiste em saber conhecer o tipo
desses inconvenientes e tomar o menos ruim como bom" (p. 108).
"Um príncipe deve aínda mostrar-se amante das virtudes,
dando hospitalidade aos homens virtuosos e honrando os melhores numa arte"
(p. 108).
"[Um príncipe] deve animar seus cidadãos a exercer
pacificamente suas atividades no comércio, na agricultura e em qualquer outra
ocupação dos homens [...]" (p. 108).
"E porque toda cidade está dividida em corporações ou
em circunscrições, deve cuidar dessas coletividades, reunir-se com elas algumas
vezes, dar provas de humanidade e munificência, mantendo sempre firmes, não
obstante, a magestade de sua dignidade" (p. 108).
"[...] a primeira conjectura que se faz da inteligência
de um senhor, resulta da observação dos homens que o cercam" (p. 109).
"Um príncipe, portanto, deve aconselhar-se sempre, mas
quando ele quiser e não quando os outros quiserem. [...]. Mas deve também ser
grande perguntador e, depois, acerca das coisas perguntadas, paciente ouvinte
da verdade" (p.112).
"[...] os homens sempre serão maus se, por uma
necessidade, não se tornarem bons" (p. 113).
"[...] os bons conselhos, venham de onde vierem, devem
nascer da prudência do príncipe, e não a prudência do príncipe resultar dos
bons conselhos" (p. 113).
"Porque os homens se sentem atraídos muito mais pelas
coisas presentes do que pelas passadas e, quando nas presentes encontram o bem,
ficam satisfeitos e nada mais procuram" (p. 115).
"[...] é defeito comum dos homens não se preocupar na
bonança com a tempestade [...]" (p. 116).
"As defesas somente são boas, certas e duradouras
quando dependem de ti mesmo e de tua virtude" (p.116).
"[...] o príncipe que se apoia totalmente na sorte, arruína-se segundo as variações dessa" (p. 118).
"[...] variando a sorte e permanecendo os homens
obstinados em seus modos de proceder, serão felizes enquanto tempos e modos
sejam concordes e infelizes, quando forem discordes" (p. 120).
"Julgo, no entanto, que seja melhor ser impetuoso do
que cauteloso, porque a sorte é mulher e, querendo dominá-la, é necessário
bater nela e forçá-la.
"[...] a sorte, como mulher, sempre é amiga dos jovens,
porque são menos cautelosos, mais atrevidos e com maior audácia a dominam"
(p. 120).
MAQUIAVEL, Nicolau. O
príncipe. Trad. Ciro Mioranza. São Paulo. Lafonte. 2017.
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