segunda-feira, 3 de agosto de 2020

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. Ciro Mioranza. São Paulo. Lafonte. 2017

"[...] uma mudança sempre deixa a saliência para a edificação de outra" (p. 16).

 "Desse modo, tens como inimigos todos aqueles que ofendeste com a ocupação daquele principado e não podes conservar como amigos aqueles que te puseram nesse posto, por não poderes satisfazê-los da maneira que haviam imaginado [...]" (p. 17).

 "[...]  os homens devem ser tratados com ternura ou eliminados [...] a onde da que se faz ao homem deve ser feita de tal modo que não se venha a temer a vingança" (p. 20).

"[...] uma guerra não se evita mas se adia [...]" (p. 22).

"[...] quem é causa do poderio de alguém, arruina-se, porque esse poder é resultante da astúcia ou da força e ambas são suspeitas para aquele que se tornou poderoso" (p. 25).

"[...]  os homens devem ser tratados com ternura ou eliminados [...] a ofensa que se faz ao homem deve ser feita de tal modo que não se venha a temer a vingança" (p. 20).

 "[...] um homem prudente deve seguir sempre pelos caminhos percorridos por grandes homens [...] não sendo possível chegar à virtude destes, pelo menos que consiga dela conseguir algum odor" (p. 33).

"[...] ao ocupar um estado, o ocupante deve considerar todos aqueles danos que é necessário para ele causar, praticando-os todos de uma só vez, para não ter de renová-los a cada dia e poder, sem repeti-los, dar segurança aos homens e conquistá-los com benefícios" (p. 48).

"[...] a natureza dos povos é instável e é fácil persuadi-los de uma coisa, mas difícil é firmá-los nessa persuasão.

Convém, portanto, estar preparado para que, quando não acreditarem mais, se possa fazê-los crer pela força" (p. 35).

"As injúrias, portanto, devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, pouco degustadas, ofendam menos. Os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que sejam degustados melhor" (p. 48).

"[...] os grandes, vendo que não podem resistir ao povo, começam a emprestar prestígio a um deles e o fazem príncipe para poderem, sob sua sombra, dar vazão a seu apetite; o povo também, vendo que não pode resistir aos poderosos, volta sua estima a um cidadão e o faz príncipe para ser defendido com sua autoridade" (p. 49-50).

"[...] estar desarmado te torna desprezível  [...]" (p. 72).

"[...] um homem que queira em todas as suas palavras fazer profissão de bondade, haverá de se perder em meio a tantos que não são bons" (p. 75).

"[...] é necessário que o príncipe seja tão prudente que saiba fugir à infâmia dos vícios que lhe tirariam o Estado [...]" (p. 76).

"Aquele que chega ao principado com a ajuda dos grandes se mantém com mais dificuldade do que aquele que chega ao posto com o apoio do povo [...] e, por isso, não podem nem governar nem dominar à sua maneira".

Mas aquele que chega ao principado com o favor popular, encontra-se só e a seu derredor não tem ninguém ou são pouquíssimos os que não estão preparados para obedecer" (p. 50).

"Alguém, portanto, que chegue a ser príncipe mediante o favor do povo, deve conservá-lo amigo, o que se lhe torna fácil, uma vez que o povo não pede senão não ser oprimido.

Mas quem se torne príncipe pelo favor dos grandes, contra a vontade do povo, deve antes de tudo procurar cativá-lo para si, o que se lhe torna fácil quando assume a proteção do mesmo" (p. 51l.

"[...] todo príncipe deve desejar ser considerado piedoso e não, cruel" (p. 81). Observação: SER "CONSIDERADO PIEDOSO" é diferente de "SER PIEDOSO".

"Um príncipe não deve, portanto, importar-se com a má fama de cruel, para poder manter seus súditos unidos e fiéis, porque, com pouquíssimos julgamentos exemplares, ele será mais piedoso do que aqueles que, por excessiva piedade, deixam acontecer desordens [...]" (p. 81).

"(...) é muito mais seguro ser temido do que amado [...] (p. 82).

"As amizades que se conquistam com dinheiro, e não com grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não se pode contar e, no momento de que mais se precisa, não é possível utilizá-las" (p. 82).

"[...] o príncipe deve fazer-se temer [...] porque podem muito bem coexistir o ser temido e não odiado" (p. 82).

"[...] os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio" (p. 83).

"Mas quando o príncipe está à frente de seus exércitos e tem sob seu comando uma multidão de soldados, então é de todo necessário não se importar com a fama de cruel, porque, sem esta fama, jamais se poderá conservar exército unido nem disposto a alguma operação militar" (p. 83).

"[...] existem duas maneiras de combater: uma com as leis, a outra, com a força. A primeira é própria do homem, a segunda, dos animais. [...]. Para um príncipe, portanto, torna-se necessário saber empregar bem o animal e o homem" (p. 85).

"Um príncipe [...] esteja repleto das cinco qualidades [...] para parecer, ao vê-lo e ouvi-lo, todo piedade, todo fé, todo integridade, todo humanidade, todo religião" (p. 87).

"Todos vêem o que tu aparentas ser, poucos percebem aquilo que tu és" (p. 87).

"E, desde que não se tirem nem os bens nem a honra aos homens em geral, esses vivem felizes e se terá de combater somente a ambição de poucos que pode ser refreada por meio de muitas maneiras e com facilidade" (p. 89).

"[...] contra quem é deputado, só com muita dificuldade se conspira [...]" (p. 90).

"Os Estados bem organizados e os príncipes hábeis têm procurado, com toda a diligência, não reduzir ao desespero os grandes e satisfazer o povo, consrtvando-o contente, porque este é um dos mais importantes assuntos de que um príncipe tem de tratar" (p. 91).

"[...] os príncipes devem atribuir a outros as coisas que podem suscitar ódio, reservando para si próprios aquelas suscitam gratidão" (p. 92).

"[...] um príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo" (p. 92).

"[...] não podendo o príncipe deixar de ser odiado por alguém [...] deve fugir, por todos os meios, do ódio daquelas classes que são mais poderosas" (p. 93).

"[...] o ódio se adquire tanto pelas boas obras como pelas más. [...] querendo um príncipe conservar o Estado, frequentemente é forçado a não ser bom" (p. 94).

"Porque, quando aquela maioria, povo ou soldados ou grandes, de que julgas ter mais necessidade para manter-te, é corrupta , convém que sigas seus apetites para satisfazê-la" (p. 94).

"[...] a melhor fortaleza que possa existir é não ser odiado pelo povo [...]" (p. 103).

"[...] o vencedor não quer amigos suspeitos ou que não oajudem nas adversidades e quem perde não te recebe porque não quiseste, de armas em punho, correr o risco a seu lado" (p. 107).

"Os príncipes irresolutos, para evitar os perigos presentes, seguem na maioria das vezes o caminho da neutralidade e, na maioria das vezes, caem em ruína" (p. 107).

"[...] a prudência consiste em saber conhecer o tipo desses inconvenientes e tomar o menos ruim como bom" (p. 108).

"Um príncipe deve aínda mostrar-se amante das virtudes, dando hospitalidade aos homens virtuosos e honrando os melhores numa arte" (p. 108).

"[Um príncipe] deve animar seus cidadãos a exercer pacificamente suas atividades no comércio, na agricultura e em qualquer outra ocupação dos homens [...]" (p. 108).

"E porque toda cidade está dividida em corporações ou em circunscrições, deve cuidar dessas coletividades, reunir-se com elas algumas vezes, dar provas de humanidade e munificência, mantendo sempre firmes, não obstante, a magestade de sua dignidade" (p. 108).

"[...] a primeira conjectura que se faz da inteligência de um senhor, resulta da observação dos homens que o cercam" (p. 109).

"Um príncipe, portanto, deve aconselhar-se sempre, mas quando ele quiser e não quando os outros quiserem. [...]. Mas deve também ser grande perguntador e, depois, acerca das coisas perguntadas, paciente ouvinte da verdade" (p.112).

"[...] os homens sempre serão maus se, por uma necessidade, não se tornarem bons" (p. 113).

"[...] os bons conselhos, venham de onde vierem, devem nascer da prudência do príncipe, e não a prudência do príncipe resultar dos bons conselhos" (p. 113).

"Porque os homens se sentem atraídos muito mais pelas coisas presentes do que pelas passadas e, quando nas presentes encontram o bem, ficam satisfeitos e nada mais procuram" (p. 115).

"[...] é defeito comum dos homens não se preocupar na bonança com a tempestade [...]" (p. 116).

"As defesas somente são boas, certas e duradouras quando dependem de ti mesmo e de tua virtude" (p.116).

"[...] o príncipe que se apoia totalmente na sorte, arruína-se segundo as variações dessa" (p. 118).

"[...] variando a sorte e permanecendo os homens obstinados em seus modos de proceder, serão felizes enquanto tempos e modos sejam concordes e infelizes, quando forem discordes" (p. 120).

"Julgo, no entanto, que seja melhor ser impetuoso do que cauteloso, porque a sorte é mulher e, querendo dominá-la, é necessário bater nela e forçá-la.

"[...] a sorte, como mulher, sempre é amiga dos jovens, porque são menos cautelosos, mais atrevidos e com maior audácia a dominam" (p. 120).

 

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. Ciro Mioranza. São Paulo. Lafonte. 2017.


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