sexta-feira, 14 de agosto de 2020

SOCIOLOGIA – 1º ano Capítulo 03 – Cultura e ideologia: Escolas antropológicas (pág. 68 a 74)

 


Da Antropologia evolucionista à crítica ao evolucionismo cultural: diferentes correntes teóricas

 

Os primeiros estudos sobre cultura partiram de uma perspectiva evolucionista, segundo a qual have- ria

uma escala predeterminada de evolução das culturas, como se todas tivessem que passar pelos mesmos

estágios rumo à civilização (tida como modelo ideal).

 

Críticas ao evolucionismo cultural:

 

- O culturalismo ou particularismo histórico defende que cada cultura tem uma história particular,

não determinada. Portanto, para compreendermos uma cultura é preciso reconstruir sua história.

 

- De acordo com a análise funcionalista, as culturas podem assumir diferentes formas, que são

explicadas pelas instituições sociais necessárias à conservação da dinâmica social.

 

- Para o estruturalismo o estudo da cultura deve buscar explicar os modelos inconscientes (as estru-

turas, tais como a linguagem e as regras de parentesco) que determinam os parâmetros pelos quais

os indivíduos e grupos explicam a si e ao seu mundo.

 

- O antropólogo estadunidense Clifford Geertz pensou a cultura como um sistema simbólico, que

confere sentido às práticas e às instituições sociais.

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Cultura é um conceito de vários significados, sendo o mais corrente a definição de Edward B. Taylor, segundo a qual é “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.

O fato de o homem ver o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão para considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural.

O etnocentrismo pode ser definido como uma “atitude emocionalmente condicionada que leva a considerar e julgar sociedades culturalmente diversas com critérios fornecidos pela própria cultura. Assim, compreende-se a tendência para menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou divergem dos da cultura do observador que exterioriza a atitude etnocêntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, preconceito de classe ou de profissão, intolerância religiosa são algumas formas de etnocentrismo”.

(WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)

Em oposição às ações e aos valores que rejeitam a diversidade cultural, as Ciências Sociais defendem um relativismo cultural, uma forma de pensar que compreende que cada manifestação cultural é legítima quando avaliada de acordo com seus próprios critérios.

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Escolas antropológicas

Evolucionismo Social (século XIX): foi responsável pela sistematização do conhecimento acerca dos “povos primitivos”, o qual foi organizado em trabalhos de gabinete, sem a observação "in locu".

De modo geral, argumentavam em favor do evolucionismo nas sociedades humanas, onde evoluiriam das “primitivas” para as “civilizadas”. Seus principais representantes foram: Herbert Spencer e sua obra “Princípios de Biologia” (1864); Tylor e sua obra “A Cultura Primitiva” (1871).

Escola Antropológica (ou Sociológica) Francesa (século XIX): focou nas representações coletivas e na metodologia científica. Seu maior escritor Émile Durkheim com “Regras do método sociológico”, de 1895.

Funcionalismo (século XX): baseia-se na etnografia, nos trabalhos de campo (Observação participante). Seu expoente é Bronislaw Malinowski com “Argonautas do Pacífico Ocidental”, de 1922.

Culturalismo Norte-Americano (década de 1930): estabeleceu o método comparativo e a formação de padrões culturais, a partir dos quais é possível apreender as leis no desenvolvimento das culturas. O principal representante foi Franz Boas com “Os objetivos da etnologia” (1888) e “Raça, Língua e Cultura” (1940).

Estruturalismo (década de 1940): busca as regras estruturantes das culturas presentes na mente humana.. Teve como grande representante, Claude Lévi-Strauss com “Pensamento selvagem”, de 1962.

Antropologia Interpretativa ou Antropologia Hermenêutica (anos 60): pensa a cultura como uma hierarquia de significados, a partir da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura. Seu maior representante é Clifford Geertz e seu livro “A interpretação das culturas”, publicado em 1973.

Antropologia Pós-Moderna ou Crítica (anos 1980): é uma reinterpretação textual das etnografias clássicas e contemporâneas. James Clifford é um de seus mais proeminentes escritores com “Writing culture - The poetics and politics of ethnography”, publicada em 1986.

https://www.todamateria.com.br/as-escolas-antropologicas/

 

As diferentes faces da cultura

Cultura popular: conjunto de manifestações que tem origem nas classes dominadas ou populares. É o saber não institucionalizado ou não dominante de determinada sociedade.

Cultura erudita: práticas e valores que tiveram origem nas classes dominantes. É o saber institucionalizado, apresentado como produção e visão de mundo das elites, que procura se consolidar com base na oposição ao popular.

Cultura de massa: produzida pelos meios de comunicação e destinada às massas urbanas, caracteriza-se por ser homogênea e vinculada a interesses comerciais.

Indústria cultural: conjunto de empresas ligadas aos veículos de comunicação como rádio, TV e internet, controladas pela classe dominante, que ao criar produtos de massa promovem a planificação e mercantilização da cultura, segundo os filósofos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer.

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Ideologia: diferentes significados

 

Ideologia (sentido geral): convicções filosóficas, religiosas ou políticas que dão embasamento a nossos

pensamentos e atitudes.

 

Ideologia como falsa consciência: Para Karl Marx, ideologia é o conjunto de representações falsas e

invertidas da realidade social, que garantem a conformidade da classe trabalhadora aos valores esta-

belecidos pela classe dominante.

 

Ideologia como visão de mundo: Segundo o italiano Antonio Gramsci, ideologias são concepções de

mundo, formas culturais compartilhadas por grupos que atribuem sentido às suas experiências de vida.

 

De acordo com a perspectiva de Gramsci, é possível pensar em diferentes ideologias disputando hege-

monia em uma sociedade, já que a classe dominada também seria capaz de criar sua própria visão de

mundo, não apenas reproduzindo as ideologias dominantes, como pensou Marx.

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Etnocentrismo e Relativismo Cultural

 

O contato entre diferentes culturas leva a processos de estranhamento (em relação aos costumes do

outro) e desnaturalização (de nossas próprias práticas, quando analisadas pela perspectiva do outro).

 

Quando o estranhamento em relação ao diferente se transforma em repúdio ou na afirmação da

própria cultura como superior, estamos diante de um comportamento etnocêntrico.

 

O etnocentrismo é uma forma de preconceito que pode gerar graves conflitos, como ataques a imi-

grantes, estrangeiros ou a membros da mesma sociedade que possuam práticas culturais diferentes.

 

Relativismo cultural: postura contrária ao etnocentrismo, que procura reconhecer a diversidade cultural

como positiva, respeitando cada manifestação cultural e procurando compreendê-la a partir de sua

lógica própria.

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Cultura, identidade, redes e fluxos no século XXI

 

Identidade social: reconhecimento consciente do pertencimento a uma coletividade específica, com

características distintas dos demais grupos.

 

Na modernidade, as nações representaram comunidades simbólicas que serviam de base para a cons-

trução de identidades coletivas, enquanto na contemporaneidade percebe-se uma flexibilização das

identidades, cada vez mais contextuais e móveis.

 

As tribos urbanas são constituídas por pessoas que têm em comum a identificação com elementos

específicos da cultura urbana e que se vinculam por interesses contextuais, podendo ser vistas como a

forma primordial de construção das identidades juvenis neste início de século.

 

Pode-se dizer que os meios de comunicação de massa exercem forte influência na formação das iden-

tidades na atualidade, mas por outro lado é clara a possibilidade de ressignificação dessas influências por

parte daqueles que delas se apropriam no processo de construção de suas identidades.

 

Moderna: vereda digital

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Atividade

 

01. Por qual motivo, a cultura de um povo é tão importante quanto a de outro?

02. Como as culturas mudam ao longo do tempo e do espaço no que diz respeito às brincadeiras infantis?

03. Homem namorador é um “Ricardão”. Mas mulher é “galinha”. Por que essa diferença cultural machista?

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