Da
Antropologia evolucionista à crítica ao evolucionismo cultural: diferentes
correntes teóricas
Os primeiros estudos sobre cultura
partiram de uma perspectiva evolucionista, segundo a qual have- ria
uma escala predeterminada de evolução
das culturas, como se todas tivessem que passar pelos mesmos
estágios rumo à civilização (tida como
modelo ideal).
Críticas ao evolucionismo cultural:
- O culturalismo ou particularismo
histórico defende que cada cultura tem uma história particular,
não determinada. Portanto, para
compreendermos uma cultura é preciso reconstruir sua história.
- De acordo com a análise funcionalista,
as culturas podem assumir diferentes formas, que são
explicadas pelas instituições sociais
necessárias à conservação da dinâmica social.
- Para o estruturalismo o estudo da
cultura deve buscar explicar os modelos inconscientes (as estru-
turas, tais como a linguagem e as regras
de parentesco) que determinam os parâmetros pelos quais
os indivíduos e grupos explicam a si e
ao seu mundo.
- O antropólogo estadunidense Clifford
Geertz pensou a cultura como um sistema simbólico, que
confere sentido às práticas e às
instituições sociais.
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Cultura é um conceito de vários
significados, sendo o mais corrente a definição de Edward B. Taylor, segundo a
qual é “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a
moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo
homem como membro da sociedade”.
O fato de o homem ver o mundo através de
sua cultura tem como consequência a propensão para considerar o seu modo de
vida como o mais correto e o mais natural.
O etnocentrismo pode ser definido como
uma “atitude emocionalmente condicionada que leva a considerar e julgar sociedades
culturalmente diversas com critérios fornecidos pela própria cultura. Assim,
compreende-se a tendência para menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se
afastam ou divergem dos da cultura do observador que exterioriza a atitude
etnocêntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, preconceito de classe ou
de profissão, intolerância religiosa são algumas formas de etnocentrismo”.
(WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia.
Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)
Em oposição às ações e aos valores que
rejeitam a diversidade cultural, as Ciências Sociais defendem um relativismo
cultural, uma forma de pensar que compreende que cada manifestação cultural é
legítima quando avaliada de acordo com seus próprios critérios.
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Escolas
antropológicas
Evolucionismo
Social
(século XIX): foi responsável pela sistematização do conhecimento acerca dos
“povos primitivos”, o qual foi organizado em trabalhos de gabinete, sem a
observação "in locu".
De modo geral, argumentavam em favor do
evolucionismo nas sociedades humanas, onde evoluiriam das “primitivas” para as
“civilizadas”. Seus principais representantes foram: Herbert Spencer e sua obra
“Princípios de Biologia” (1864); Tylor e sua obra “A Cultura Primitiva” (1871).
Escola
Antropológica (ou Sociológica) Francesa
(século XIX): focou nas representações coletivas e na metodologia científica.
Seu maior escritor Émile Durkheim com “Regras do método sociológico”, de 1895.
Funcionalismo (século XX): baseia-se
na etnografia, nos trabalhos de campo (Observação participante). Seu expoente é
Bronislaw Malinowski com “Argonautas do Pacífico Ocidental”, de 1922.
Culturalismo
Norte-Americano
(década de 1930): estabeleceu o método comparativo e a formação de padrões
culturais, a partir dos quais é possível apreender as leis no desenvolvimento
das culturas. O principal representante foi Franz Boas com “Os objetivos da
etnologia” (1888) e “Raça, Língua e Cultura” (1940).
Estruturalismo (década de 1940):
busca as regras estruturantes das culturas presentes na mente humana.. Teve
como grande representante, Claude Lévi-Strauss com “Pensamento selvagem”, de
1962.
Antropologia
Interpretativa
ou Antropologia Hermenêutica (anos 60): pensa a cultura como uma hierarquia de
significados, a partir da leitura que os “nativos” fazem de sua própria
cultura. Seu maior representante é Clifford Geertz e seu livro “A interpretação
das culturas”, publicado em 1973.
Antropologia
Pós-Moderna
ou Crítica (anos 1980): é uma reinterpretação textual das etnografias clássicas
e contemporâneas. James Clifford é um de seus mais proeminentes escritores com “Writing
culture - The poetics and politics of ethnography”, publicada em
1986.
https://www.todamateria.com.br/as-escolas-antropologicas/
As diferentes
faces da cultura
Cultura
popular:
conjunto de manifestações que tem origem nas classes dominadas ou populares. É
o saber não institucionalizado ou não dominante de determinada sociedade.
Cultura
erudita:
práticas e valores que tiveram origem nas classes dominantes. É o saber
institucionalizado, apresentado como produção e visão de mundo das elites, que
procura se consolidar com base na oposição ao popular.
Cultura
de massa:
produzida pelos meios de comunicação e destinada às massas urbanas,
caracteriza-se por ser homogênea e vinculada a interesses comerciais.
Indústria
cultural:
conjunto de empresas ligadas aos veículos de comunicação como rádio, TV e internet,
controladas pela classe dominante, que ao criar produtos de massa promovem a
planificação e mercantilização da cultura, segundo os filósofos alemães Theodor
Adorno e Max Horkheimer.
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Ideologia: diferentes significados
Ideologia (sentido geral): convicções
filosóficas, religiosas ou políticas que dão embasamento a nossos
pensamentos e atitudes.
Ideologia como falsa consciência: Para
Karl Marx, ideologia é o conjunto de representações falsas e
invertidas da realidade social, que
garantem a conformidade da classe trabalhadora aos valores esta-
belecidos pela classe dominante.
Ideologia como visão de mundo: Segundo o
italiano Antonio Gramsci, ideologias são concepções de
mundo, formas culturais compartilhadas
por grupos que atribuem sentido às suas experiências de vida.
De acordo com a perspectiva de Gramsci,
é possível pensar em diferentes ideologias disputando hege-
monia em uma sociedade, já que a classe
dominada também seria capaz de criar sua própria visão de
mundo, não apenas reproduzindo as
ideologias dominantes, como pensou Marx.
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Etnocentrismo
e Relativismo Cultural
O contato entre diferentes culturas leva
a processos de estranhamento (em relação aos costumes do
outro) e desnaturalização (de nossas
próprias práticas, quando analisadas pela perspectiva do outro).
Quando o estranhamento em relação ao
diferente se transforma em repúdio ou na afirmação da
própria cultura como superior, estamos
diante de um comportamento etnocêntrico.
O etnocentrismo é uma forma de
preconceito que pode gerar graves conflitos, como ataques a imi-
grantes, estrangeiros ou a membros da
mesma sociedade que possuam práticas culturais diferentes.
Relativismo cultural: postura contrária
ao etnocentrismo, que procura reconhecer a diversidade cultural
como positiva, respeitando cada
manifestação cultural e procurando compreendê-la a partir de sua
lógica própria.
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Cultura,
identidade, redes e fluxos no século XXI
Identidade social: reconhecimento
consciente do pertencimento a uma coletividade específica, com
características distintas dos demais
grupos.
Na modernidade, as nações representaram
comunidades simbólicas que serviam de base para a cons-
trução de identidades coletivas,
enquanto na contemporaneidade percebe-se uma flexibilização das
identidades, cada vez mais contextuais e
móveis.
As tribos urbanas são constituídas por
pessoas que têm em comum a identificação com elementos
específicos da cultura urbana e que se
vinculam por interesses contextuais, podendo ser vistas como a
forma primordial de construção das
identidades juvenis neste início de século.
Pode-se dizer que os meios de
comunicação de massa exercem forte influência na formação das iden-
tidades na atualidade, mas por outro
lado é clara a possibilidade de ressignificação dessas influências por
parte daqueles que delas se apropriam no
processo de construção de suas identidades.
Moderna:
vereda digital
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Atividade
01.
Por qual motivo, a cultura de um povo é tão importante quanto a de outro?
02.
Como as culturas mudam ao longo do tempo e do espaço no que diz respeito às
brincadeiras infantis?
03.
Homem namorador é um “Ricardão”. Mas mulher é “galinha”. Por que essa diferença
cultural machista?
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