quinta-feira, 27 de agosto de 2020

WACHTEL, Nathan. A aculturação - fichamento

 

WACHTEL, Nathan. A aculturação. p. 111-129.



“[…] os estudos de aculturação respondem inicialmente aos problemas da situação colonial, e comportam a idéia de uma supremacia da cultura européia [...]” (p. 113).


“[…] a aculturação não pode ser reduzida a difusão, no espaço e no tempo, de traços culturais arbitrariamente Isolados: trata-se de um fenômeno global que compromete toda a sociedade” (p. 114).


“[…] até o presente, os estudos de aculturação foram dirigidos para sociedades de força desigual, uma dominante, outra dominada. Ainda que a noção conserve de sua origem colonial duas características complementares: uma interna, a heterogeneidade das culturas em presença, outra externa, a dominação de uma pela outra.” (p. 114) [itálicos do original]


“As culturas não são entidades abstratas, só vivem sustentadas por grupos humanos, adaptados a um meio geográfico, comprometidos numa história. Além do mais, os contatos culturais nem sempre colocam em presença todos os representantes de uma mesma sociedade [...]” (p. 114).


“[…] a sociedade dominante não estabelece imediatamente, nem obrigatoriamente, um controle direto sobre a sociedade aculturada: é suficiente que esteja presente pela sua proximidade, pela ameaça que exerce, ou pelo seu prestígio. […] A aculturação imposta revela dois sistemas de valores, o da sociedade dominante e ao mesmo tempo o da sociedade dominada, 310 passo que a aculturação espontânea se submete somente aos esquemas e às sanções da sociedade indígena.” (p. 116).


“Os fenômenos de aculturação, considerados tanto em seu processo quanto em seus resultados, repartem-se em dois pólos: o primeiro pode ser designado pelo termo integração, o segundo por assimilação” (p. 118) [itálicos do original].


“[…] a coexistência de vários tipos de aculturação, ao mesmo tempo que a disparidade de seus ritmos segundo os níveis, as regiões ou os grupos sociais (e até os indivíduos) [...]” (124).


“Com efeito, os fenômenos de aculturação dependem não apenas das estruturas onde estão inseridos, e a cuja lógica própria se submetem, mas também da práxis que escolhe os elementos adotados e lhes dá sentido, em resposta a uma situação sempre singular. Daí a ambiguidade e a dupla polaridade da aculturação [...]. A aculturação não se reduz então à adição de unidades isoladas, pois toda cultura constitui uma totalidade significante, mas por outro lado o processo se desenvolve em níveis múltiplos e seguindo ritmos temporais diferentes” (126).


“[…] o campo da aculturação não se limitaria ao encontro de culturas heterogêneas no espaço, mas se estenderia também à coexistência, numa mesma sociedade, de diferentes estratos temporais: aos desnivelamentos, aos conflitos e às modificações de sentido que resultam da pluralidade das durações históricas.” (p. 127)

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