terça-feira, 16 de março de 2021

Ximenes - fraseologias jurídicas

"As terras do Ceará não eram boas para a exploração da cana-de-açúcar, por isso não se desenvolveram os grandes engenhos, ademais, desprovida de grandes riquezas minerais, a pobre capitania demorou a prosperar financeiramente. Constatou-se que a pecuária poderia ser a atividade mais viável, pois os vastos campos e as poucas chuvas proporcionavam o desenvolvimento do gado. Mais tarde, as terras despovoadas foram distribuídas a sesmeiros. Muitos colonizadores das capitanias vizinhas como Pernambuco, Paraíba e também da Bahia para cá viraram e iniciaram a explorar seus extensos lotes de terra, implantando aqui a criação de grandes rebanhos de gado, principalmente o gado vacum, que fez desenvolver a economia das vilas" (p. 14). "A língua revela o modo de ser e de pensar da comunidade discursiva em seu momento de enunciação, portanto, é de grande relevância o mergulho na história social em que se manifestam realizações linguísticas [...]" (p. 17). "[...] impossível se torna estudar as manifestações linguísticas de uma comunidade em uma sincronia, sem explicar os elementos de natureza sócio-cultural que emergem dos textos escritos" (p. 72). "[...] uma das tarefas da Filologia, diríamos, o seu papel principal, é o resgate da produção textual de uma época que possibilita conhecer a história da língua, as possíveis mudanças geradas pelas alterações sociais e, sobretudo, compreender todas as manifestações vividas por uma comunidade, expressas nas entrelinhas dos textos. A Filologia é a ciência que tem como objeto de trabalho a cultura dos povos através de seus textos e isto só se pode fazer através do conhecimento mais amplo possível de todos os aspectos da língua" (p. 178). "O objeto básico da Filologia é o texto escrito [...]" (p. 182). "A compreensão ampla do conceito de Filologia não pode prescindir do texto escrito como base fundamental e da transdisciplinaridade como marca característica" (p. 184). "[...] a Filologia é essencialmente uma ciência interdisciplinar [...]" (p. 188). "[...] a tarefa da Filologia é o estudo dos textos através da sua transcrição, edição e publicação para se conservar o material e a história da humanidade" (p. 189). "A concepção de Filologia no século XIX era a comparação de estados de língua com a finalidade de estabelecer o parentesco linguístico, descobrir onde ocorriam as mudanças e quais as forças que contribuíam para isso" (p. 192). "A integração da Filologia e da linguística é necessária no empreendimento de lexicologia histórica e nos diversos estudos de história das línguas" (p. 193). "Tudo é expresso por meio do uso da língua escrita, que mantém uma rede de combinações sintático-semântico-pragmáticas e discursivas que engloba o texto" (p. 197). "Estudar a linguagem humana é descobrir um universo de possibilidades, de pensamento e de realizações do maravilhoso poder que só o homem tem de se expressar e, com justiça, denominar-se homo loquens" (p. 231). "Não prescindimos da historicodade dos textos quando estudamos a língua em qualquer que seja o seu aspecto" (p. 232). "O desenvolvimento das unidades fraseológicas constitui uma prática recorrente em todas as línguas vivas. Pertencem ao patrimônio da língua comum e das línguas de especialidades" (p. 233). "Em qualquer sincronia da língua ocorrem modelos diversos de textos nós quais se sobressaem UFs [Unidades Fraseológicas] típicas que definem o gênero, além de apresentar outras finalidades, como marcar o grau de formalidade do conteúdo transmitido" (p. 253). XIMENES, Expedito E. Fraseologias Jurídicas: estudo filológico e linguístico do período colonial. 1°ed. Curitiba. Ed. Appris. 2013. 445p. "Considerando que o texto conduz à revalorização do contexto, quem fala de texto fala de contexto e de co-texto [...]". Uma Unidade Fraseológica (UF) é "uma cadeia de caracteres linguísticos com estruturação sintática razoavelmente estável, marcada pelo uso repetido e com função pragmático-discursiva [...]" (p. 280). "As [Unidades Fraseológicas] UFs são tradições discursivas da linguagem [...] de uso frequente em uma sincronia dessa linguagem que se desenvolveram dentro de outra tradição discursiva [de] uso frequente e repetido de entidades da língua, com função social e discursiva bem definida" (p. 281). "As tradições discursivas compartilham a mesma historicidade que a língua e estão ligadas aos atos de fala fundamentais [...]" (p. 283). "A composicionalidade de um texto pode ser paradigmática e sintagmática, isso faz com que, ao longo do tempo, ocorra mudança" (p. 287). "Qualquer metodologia previamente estabelecida sem o conhecimento do corpus podera chegar ao fracasso, pois o corpus fala por si só e, muitas vezes, dita as normas a serem seguidas. O pesquisador deve explorar seu corpus e adaptar o método conforme as representações deles" (p. 337). "O pivô (P) ou unidade terminológica (UT) é um termo que caracteriza a linguagem especializada" (p. 342). XIMENES, Expedito E. Fraseologias Jurídicas: estudo filológico e linguístico do período colonial. 1°ed. Curitiba. Ed. Appris. 2013. 445p.

terça-feira, 9 de março de 2021