Rajagopalan
chama a atenção para a questão da tríade direito, ética e política no
pensamento austiniano ao considerar a percepção dos dados sensoriais sobre o
fato e assevera que para a metafísica platônica, “o que existe de maneira
alguma pode ser afetado por aquilo que porventura viermos a saber [isto é] a
ontologia está imune às revelações da epistemologia” (2010. p. 11) e assevera
que a crença na estabilidade de sentidos é o que fundamenta o ideal de
constatividade dos atos linguageiros diante da recursividade performativa da
linguagem.
Para
Rajagopalan (2010), a Filosofia da Linguagem Ordinária coloca os estudos da
linguagem como centro das discussões acerca da realidade e da cognição a partir
de uma abordagem pragmática de caráter político e social a fim de encarar os
aspectos da linguagem por meio de uma perspectiva transformadora e
emancipatória que consiga perceber os usos contextuais e contingentes que os
sujeitos realizam em/por seus atos de fala ordinários. A virada lingüística
percebeu que o contato entre as palavras e o mundo se dá pelo sentido e não
pela referência e que uma investigação desse porte está baseada na plenitude do
ato de fala total.
O
modo de fazer ciência é um ato social e político, por isso “a verdade é
epistemicamente afetada” (p. 95). Por exemplo, para Austin, o ato é (i/per)locucionário.
Para Searle , o ato é proposicional .
“Enquanto
a contradição é uma oposição entre dois paradigmas completamente formados ou
completos [...] o antagonismo emerge não de totalidades completas, mas da
impossibilidade de construí-las” (p. 187).
“A
linguagem chamada ‘ordinária’, longe de ser um veículo para uma linguagem
pré-filosófica inarticulada, já traz a marca indelével do pensamento filosófico
e científico do passado” (p.206).
“A
filosofia analítica, fortemente influenciada pelo positivismo lógico,
destaca-se pela ênfase na análise ‘conceitual’, método eleito como o único
procedimento para solucionar todos os problemas filosóficos. Os conceitos são
entes de pura cognição (ou ‘intelecção’, para lembrar o termo em voga em outros
tempos, desvinculados de qualquer própria às palavras que se encarregam de
veiculá-los), donde a tendência de fincar o conceito de conceito nos assim
chamados ‘universais’ (p. 249).
RAJAGOPALAN,
Kanavil. Nova Pragmática: fases e
feições de um fazer. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.296 p. Coleção
Lingua[gem]: 44.
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