Para
Sobral (2009) há um ato enquanto ocorrência concreta e irrepetível e um ato
enquanto atividade típica e repetível. Concepções gerais, mediações
institucionais e situações concretas caracterizam o processo de realização de
um ato ao qual o sujeito não está reduzido em sua função de agente a leis
universais.
De
acordo com Sobral (2009), a possibilidade significatória da uni-ocorrência está
atrelada à interação entre o mundo sensível (o mundo impressionístico dado) e o
mundo inteligível (a apreensão categorial do mundo). Nessa perspectiva, o sujeito, a percepção e o
conhecimento não são transcendentais nem psicologizantes uma vez que são
dialógicos e constituídos numa relação do eu-para-si (formador do aspecto
identitário) e do eu-para-outro (formador do aspecto responsivo/socializante)
já que apenas um outro sujeito pode complementar a compreensão de um dado eu
através de um movimento polifônico de multipontos de vista.
Linguagem,
consciência e mundo são elaborações sociais situadas no espaço-tempo. “Assim, a experiência no mundo humano, do mundo postulado (zadan)
é sempre mediada pelo agir situado e avaliativo do sujeito, que lhe confere
sentido, a partir do mundo dado (dan), o mundo enquanto materialidade
concreta.”
(p. 124).
Sobral (2009)
assevera que a responsabilidade e a participatividade do sujeito em
circunstâncias específicas e situadas são responsáveis pela significação da
realidade.
Sobral, Adail. O conceito de ato ético de bakhtin e a responsabilidade moral do
sujeito. Centro Universitário São Camilo - 2009;3 (1):121-126.
.......................xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx........................xxxxxxxxxxxxxx........xxxxxxx.
Sobral (2008. p. 220) afirma que o trabalho de Bakhtin e de seu Círculo
fundamentam “as bases de uma filosofia da vida (Lebensphilosophie),
ou seja, uma filosofia não transcendental – porque centrada no mundo concreto e
não em princípios alheios a ela – nem imanente – porque centrada no agir dos sujeitos,
mais no processo da ação do que em seus resultados”, uma filosofia que
considera a circunstância em que os atos são realizados e a intencionalidade do
sujeito ao agir diante de seus pares.
A
volta a si e a paridade situada entre a individualidade e a coletividade.
O
processo e a possibilidade de decidir reforçam a relevância da avaliação como
elemento personalístico e de caráter unificador entre os atos responsivos que
os sujeitos realizam.
O
produto (conteúdo) de um ato pode ser o mesmo de outro, mas os processos são únicos
e irreiteráveis.
Para Sobral
(2009, p. 235) “agir é sempre comprometer-se, agir é sempre ser
interpelado pelo outro do ponto de vista ético, agir é sempre ser chamado à responsabilidade
e à responsividade. Porque não há atos isolados nem atos abstratos, assim como
não há atos pelos quais o sujeito possa não se responsabilizar, ainda que lhe
seja dado justificar-se por seus atos/justificar seus atos.”
SOBRAL, Adail. O Ato
“Responsível”, ou Ato Ético, em Bakhtin, e a Centralidade do Agente.
SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 11/1, p. 219-235, jul. 2008
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