terça-feira, 23 de junho de 2015

Cláusulas condicionais: uma abordagem funcional-discursiva - Michelli Bastos Ferreira


Faculdade de Letras UFRJ - 2007
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientadora: Violeta Virginia Rodrigues
 
 
 
 
Encaixamento (integração estrutural) difere de combinação (articulação organizacional).

Ferreira (2007, p. 17) afirma que “a subordinação é um dos mecanismos sintáticos que possibilita a formação de frases complexas ou plurioracionais, abrangendo as orações articuladas a outras por hipotaxe, reunidas nos grupos das completivas, relativas e adverbiais.”

 

Ferreira (2007, p. 18) afirma que “Definem-se as construções condicionais canônicas como uma estrutura complexa, constituída por duas orações: a prótase, que a gramática tradicional denomina subordinada adverbial condicional, e a apódose, rotulada como principal.

 

As subordinadas posem ser desenvolvidas ou reduzidas, podem vir antes, depois ou no meio das principais. Sintaticamente, podem estar justapostas ou marcadas por um conectivo.

 

Ferreira (2007, p. 19) afirma que a “conexão das orações hipotáticas se dá sob três aspectos: sintático, semântico e pragmático entendesse os dois últimos como propriedades manifestadas na interação lingüística e/ou na situação comunicativa

 

As orações adverbiais são como advérbios ou adjuntos adverbiais e possuem um determinado valor semântico e pragmático.

 

Ferreira (2007, p. 28) afirma que a “oração subordinada, chamada de hipótese, condição ou prótase, e uma oração principal, chamada de apódose.”

 

A conjunção é um elemento articulador da sintaxe de um período.

 

A oralidade favorece a supressão da conjunção.

 

Ferreira (2007, p. ) afirma que “O princípio da iconicidade prevê uma conexão não arbitrária e a existência de uma correlação de um para um entre forma e função na gramática da língua.”.

 

A condição pode ser real, irreal ou potencial.

As condicionais transitam no espaço da argumentabilidade.

Por questões discursivas, a posição das condicionais interfere no significado.

 

De maneira complementar, o formalismo e o funcionalismo estudam a “forma lingüística e o estudo das suas funções na comunicação” segundo Ferreira (2007, p. 17).

 

Ferreira (2007, p. 36) afirma que há um “Funcionalismo de Halliday, o de Dik, o de Givón, etc” e que seu estudo privilegia um funcionalismo que encara a “a linguagem como fenômeno mental e primariamente social, correlacionando o a fatores sócio-comunicativos e/ou sócio-cognitivos” (sic).

 

Funcionalismo: a gramática dentro de uma situação comunicativa.

 

A língua pode ser analisada de forma integrada em função do uso ou do código.

 

Ferreira (2007, p. 38) afirma que o funcionalismo analisa de forma integrada o “comportamento sintático-semântico-discursivo das cláusulas adverbiais condicionais no português brasileiro”.

 

O aspecto inteacional (pragmático) precede o linguistico (morfossintático).

 

Ferreira (2007, p. 40) considera que “O princípio da iconicidade, em sua versão mais forte e radical, estabelece que, na língua, há uma relação motivada e não arbitrária de um para um entre forma e função”. E complementa ao informar que “Em sua versão mais branda, o princípio de iconicidade se manifesta em três subprincípios, que se relacionam à quantidade de informação, ao grau de integração entre os constituintes da expressão e do conteúdo, e à ordenação linear dos segmentos”.

 

O funcionalismo de Haliday analisa o sistema de estruturas com os quais a realidade é linguisticamente significada em seus usos.

 

Ferreira (2007, p. 52) “pretende proceder a um tratamento Funcional-discursivo da hipotaxe de realce condicional no português brasileiro contemporâneo.”

 

Modalidades escrita e valada, variedades standard. Sbstandard.

 

Ferreira (2007, p. 56) afirma que “o emprego de construções condicionais é mais recorrente em seqüências (sic) argumentativas, se comparado a outros tipos de sequências”

 

Sobre os gêneros textuais, Ferreira (2007, p. 57) os define como “entidades dinâmicas, históricas, orientadas para fins específicos e ligadas a determinadas comunidades discursivas.”

 

Ocorrências de cláusulas condicionais, motivações informacionais de uso(s) e modos de organização discursiva.

 

Estatuto de excelência do conector “se”.

 

Condição expressa por justaposição ou por redução.

 

Ferreira (2007, p. 68) afirma que o “conector mais recorrente tanto na posição anteposta quanto posposta é o conector prototípico SE.”

 

Ferreira (2007, p. 75) Orações hipostáticas são “não necessariamente precisam estar vinculadas a uma oração núcleo.”

 

O significado temporal ou condicional de um conectivo é dado pelo contexto.

 

Ferreira (2007, p. 83) aborda o “traço nãotélico, ou seja, o aspecto imperfectivo” e a “simultaneidade de ações entre a prótase e a apódose.”

 

Superposição ou neutralização de significados entre conectivos temporais e condicionais.

 

Para Ferreria (2007, p. 87) a proposta funcionalista questiona tal postura tradicional, como já vimos na Introdução, e entende que nem sempre as cláusulas adverbiais devem ser consideradas encaixadas, devido à sua mobilidade e função discursiva.

 

Segundo Ferreira (2007, p. 88), “a condicionalidade implica sempre a admissão de uma possível causa para uma consequência (sic) identificada.”

 

Aspecto ou significado que dura/não-dura.

 

A gramática tradicional desconsidera o aspecto discursivo e contextual do enunciado realizado.

 

Segundo Ferreira (2007, p. 89) o aspecto verbal “em que a oração está expressa é a variável que influencia mais fortemente a aproximação” e intercambiância de significados entre as funções de conectivos.

 

A simultaneidade, a factualidade, a certeza ou a dúvida afetam a condicionalidade.

 

Recorrência da anteposição no uso do conectivo “quando”.

 

Ferreira (2007, p. 93) fala em “hipotaxe de realce”.

 

Ferreria (2007, p. 95) assevera que o “conectivo não é o responsável pela classificação das orações, visto que um mesmo conectivo pode ser usaado (sic) em contextos diferentes. A marca do conectivo restringe-se à função de estabelecer um elo entre duas porções textuais.”.

 

Cláusulas justapostas ou reduzidas marcam as condicionais sem conectivo.

 

 

Para Ferreira (2007, p. 100), há “cláusulas hipotáticas condicionais” (p. 99).

 

Para Ferreira (2007, p. 100), “as cláusulas condicionais, por sua natureza adverbial, geralmente, estão menos integradas em outras cláusulas e possuem função mais discursiva, no sentido de orientar e organizar a forma como esse mesmo discurso atinge seus fins comunicativos.”

 

Para Ferreira (2007, p. 100) a “justaposição de orações adverbiais condicionais em português pode ser encontrada, também, sob forma de orações reduzidas ou em estruturas de cláusulas não-finitas.”.

 

Elipse do conector e justaposição na linguagem falada por conta de hesitações e improvisações.

 

Influência do contexto discursivo na materialização da condicionalidade.

 

Sem conjunção, é costume antepor-se a condicional.

 

Ferreira (2007, p. 105) afirma que “a ordem em que as cláusulas condicionais se dispõem no contexto lingüístico (sic) relacionasse ao estado de ativação de seus conceitos. Dessa forma, quando se apresentam antepostas, essas construções vinculam ora conceitos ativos ora semiativos. Por outro lado, quando se apresentam pospostas, vinculam, geralmente, conceitos inativos na memória do falante e do ouvinte.”

 

Ferreira (2007, p. 109) cita exemplos para afirmar que “a posição posposta é prototípica de informação que constitui novidade ao discurso.”

 

Ferreria 2007, p. 111) afirma que “Sobre as condicionais que se apresentam antepostas na sentença, pode-se dizer que transmitem alguma informação velha, dada ou conceitos ativos na memória do falante e do ouvinte; por outro lado, também poderão apresentar algum conceito semiativo ou informação acessível pelo discurso.”

 

A posição inicial marca a informação dada.

 

Conceito (ativo, inativo ou acessível) na memória do falante.

 

Há uma relação entre o tipo de conectivo e a posição da condicional na oração para a construção de informação.

 

Polaridade positiva ou negativa de algumas condicionais.

 

Desde que assemelha-se a somente se.

 

Para Ferreira (2007, p. 123): “Do ponto de vista do estatuto informacional das construções condicionais, constata-se que determinados graus de vinculação relacionam-se a um tipo específico de informação. O fato é que orações reduzidas e demais construções justapostas, em que a relação de condicionalidade não é assinalada por um conector, mas pode ser depreendida por meio do contexto pragmático-discursivo, apresentaram informação dada no discurso precedente, ou seja, veicularam conceitos ATIVOS ou SEMIATIVOS na memória do falante e do ouvinte, servindo de base à introdução de uma informação nova no contexto lingüístico (sic), e sempre ocorreram em posição inicial.”

 

O emprego de condicionais organiza o fluxo argumentativo.

 

Dados factuais garantem respeito e credibilidade à organização argumentativa do discurso.

 

Há uma relação entre o tipo de conectivo, sua posição, o tempo verbal e a organização da argumentação na tentativa do eu influenciar o outro.

 

Factualidade no relato de opinião.

 

Maior incidência de condicionalidade em sequencias dissertativo-argumentativas.

 

Organização, ordenação e vinculação das condicionais em relação à oração-núcleo.

 

A pesquisa de Ferreira (2014, p. 141-142) revelou que “as cláusulas condicionais encetadas pelos conectores se se manifestaram, em geral, na posição anteposta à oração-núcleo. Também em posição anteposta, se apresentaram as cláusulas de valor condicional justapostas ou reduzidas (casos de cláusulas com ausência de conector). Já aquelas introduzidas pelos conectores a não ser que e desde que sempre estiveram em posição posposta à oração-núcleo.

 

Para o estudo de Ferreira (2007, p. 142) as condicionais ou “prótases funcionam como tópicos ou veiculam conceitos ativos ou semiativos na memória do falante, quando estão antepostas à oração-núcleo e como adendos, ou como conteúdos inativos na memória do falante, quando estão em posição posposta.”

 

É predominante a anteposição de condicionais à oração-núcleo.

 

Condicionais trazem um tom argumentativo à narração.

 

Segundo Ferreira (2007, p. 144): “Já nos textos injuntivos, as condicionais são bastante freqüentes (sic) e seu uso torna possível o estabelecimento de um contato direto entre os interlocutores”.

 

O conectivo “quando” foi mais recorrente que o “se” em textos descritivos.

http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB0QFjAA&url=http%3A%2F%2Ffiles.combinacaodeclausulas.webnode.com.br%2F200000008-3003d30bf6%2FCl%25C3%25A1usulas%2520condicionais%2520-%2520uma%2520abordagem%2520funcional%2520-discursiva.PDF&ei=KaGJVcm4MsfCggTw94KQCQ&usg=AFQjCNHc83yCe8ia4L5klnZH2iytebXL6A&sig2=-Qo_tVpfaf8qzggsgIAe4Q&bvm=bv.96339352,d.eXY

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ASPECTOS FRONTEIRIÇOS ENTRE SEE QUANDO” - MICHELLI BASTOS FERREIRA (FFP-UERJ)

RESUMO: 
 
 
Sabe-se que a análise tradicional das cláusulas adverbiais condicionais pauta-se no pressuposto de que sua classificação sempre estaria relacionada à conjunção que a encabeça. Tal análise mostra-se inadequada e insuficiente, entretanto, por não captar, na articulação das cláusulas com a porção de texto adjacente, outros tipos de relação que poderiam ser inferidos a partir do contexto em que a sentença é encontrada. Propõe-se, através de uma abordagem funcional-discursiva da relação hipotática de condição, no português brasileiro, mostrar que são possíveis algumas relações semânticas entre as condicionais e outros tipos de cláusulas, como, por exemplo, as temporais. Nesse caso, analisam-se somente as cláusulas de tempo introduzidas pelo conector “quando”. Acredita-se que a leitura condicional das temporais encetadas pelo conector quando ocorre quando (i) o verbo da prótase apresenta o traço não-télico, ou o aspecto imperfectivo; (ii) veiculam eventos simultâneos ou seqüenciais, tal como afirmou Neves (2000); (iii) implicam uma relação causal entre os eventos, segundo Reilly (1986); (iv) apresenta caráter factual, consoante às propostas de Hirata (1999).
 
 http://www.filologia.org.br/cluerj-sg/anais/iv/completos/mesas/M1/Michelli%20Bastos%20Ferreira.pdf

 
 
 
   

 
 

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