O
Navio Negreiro – Castro Alves
“’Stamos
em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar – dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.
Brinca o luar – dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.
‘Stamos
em pleno mar… Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
– Constelações do líquido tesouro…
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
– Constelações do líquido tesouro…
‘Stamos
em pleno mar… Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?…
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?…
‘Stamos
em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas…
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas…
Era
um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir
de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras
mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras
moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E
ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais …
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais …
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…
………………
Dez anos de cotas nas universidades: o que mudou?
Dados
apresentados pelo Gemma em seu estudo “O impacto da Lei 12.711
sobre as universidades federais”, de novembro de 2013, indica um
crescimento no número de estudantes negros as universidades
comandadas pela União. “Em 2003, pretos representavam 5,9% dos
alunos e pardos 28,3%, em 2010 esses números aumentaram para 8,72% e
32,08%, respectivamente”, aponta o documento.
https://www.revistaforum.com.br/digital/138/sistema-de-cotas-completa-dez-anos-nas-universidades-brasileiras/
Democracia
Racial
No
Brasil, a história de seus conflitos e problemas envolveu bem mais
do que a formação de classes sociais distintas por sua condição
material. Nas origens da sociedade colonial, o nosso país ficou
marcado pela questão do racismo e, especificamente, pela exclusão
dos negros. Mais que uma simples herança de nosso passado, essa
problemática racial toca o nosso dia a dia de diferentes formas.
Em
nossa cultura poderíamos enumerar o vasto número de piadas e termos
que mostram como a distinção racial é algo corrente em nosso
cotidiano. Quando alguém autodefine que sua pele é negra, muitos se
sentem deslocados. Parece ter sido dito algum tipo de termo
extremista. Talvez chegamos a pensar que alguém só é negro quando
tem pele “muito escura”. Com certeza, esse tipo de estranhamento
e pensamento não é misteriosamente inexplicável. O desconforto, na
verdade, denuncia nossa indefinição mediante a ideia da diversidade
racial
É
bem verdade que o conceito de raça em si é inconsistente, já que
do ponto de vista científico nenhum indivíduo da mesma espécie
possui características biológicas (ou psicológicas) singulares.
Porém, o saber racional nem sempre controla nossos valores e
práticas culturais. A fenotipia do indivíduo acaba formando uma
série de distinções que surgem no movimento de experiências
históricas que se configuraram ao longo dos anos. Seja no Brasil ou
em qualquer sociedade, os valores da nossa cultura não reproduzem
integralmente as ideias da nossa ciência.
Ultimamente,
os sistemas de cotas e a criação de um ministério voltado para
essa única questão demonstram o tamanho do nosso problema. Ainda
aceitamos distinguir o negro do moreno, em uma aquarela de tons onde
o último ocupa uma situação melhor que a do primeiro. Desta
maneira, criamos a estranha situação onde “todos os outros podem
ser racistas, menos eu... é claro!”. Isso nos indica que o alcance
da democracia é um assunto tão difícil e complexo como a nossa
relação com o negro no Brasil.
Por
Rainer Sousa - Mestre em História
http://brasilescola.uol.com.br/historia/democracia-racial.htm
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O Brasil hipócrita: a questão do racismo
Dados
do censo de 2010 mostram que dos 16 milhões de brasileiros vivendo
na extrema pobreza (renda de até 70 reais mensais), 11,5 milhões
são pardos ou pretos, ou seja, 72% do total. Além disso, enquanto o
analfabetismo entre os negros alcança 13,3%, entre os brancos
reduz-se a 5,3%; a expectativa de vida para os brancos eleva-se a 73
anos, seis a mais que entre os negros; dos brasileiros brancos, 15%
possuem nível universitário, enquanto, entre os negros, esse número
se reduz a apenas 4,7%; a possibilidade de ser assassinado é mais
que dobro entre os negros, 64%, que entre os brancos, 29% do total de
homicídios.
https://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/16/opinion/1410894019_400615.html
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