quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Literatura De Cordel Na Sala De Aula

A linguagem como expressão e comunicação é indiscutivelmente o meio de transformação do mundo. Transformação que ganha sua eficiência através da Literatura em que o povo pode utilizá-la para promover, crescer ou permutar uma condição social, um estado de espiríto e o autoconhecimento do homem. A Literatura clássica é uma arte ligada a um determinado grupo social, porém extensiva a todos, este é o princípio do ser literário e outro é o fato de ser escrito; a cultura de uma sociedade que é registrada por símbolos e não ficando somente na oralidade constitui sua literatura. Isto é um conceito onde a oralidade não constitui registro de ordem literária, dessa forma não privilegiando a culturas de massa, entretanto, a maior cultura de oralidade e escrita brasileira é popular e se manifesta através da Literatura de Cordel.

Não é nosso interesse aqui discutir o que podemos ou não considerar literário, mas é necessário fazer estes questionamentos para tratar de Cordel. A literatura de cordel brasileira tem na sua história uma forte ligação com aquela literatura de cordel portuguesa, porém no Brasil assaz diferente como, por exemplo, não permanecendo aqui a venda tradicional dos livros pendurados em cordas, origem do nome Cordel, bem como no Brasil o Cordel ganhou identidade própria tanto em temas como em forma. Isto é relevante pois retrata que esta Literatura no Brasil não perdeu o caráter popular, mas em compensação montou sua base sobre ideologias e situações de uma classe social menos favorecida tanto econômica como politicamente em que tanto a escrita como a oralidade, que não deixa de ser uma vertente do cordelismo nacional, retratam com humor, conservadorismo e linguagem, que beira a oralidade, os costumes e crenças de um povo, cultura essa tipicamente nordestina.

Está presente em livros didáticos é uma realidade que o Cordel só conseguiu recentemente já que era considerado uma literatura popular, portanto considerada de menor importância no contexto cultural elitizado do Brasil que considera Literatura somente os clássicos e os consagrados seja pela midía ou por critícos, mas nunca os escritos consagrados pelo povo. Partindo disto podemos afirmar a importância do estudo dessa literatura em sala de aula como forma de alunos entrarem em contato com uma escrita tipicamente popular, de cultura de massa, de costumes e crenças de um povo que não tem um papel atuante no meio da sociedade; proporcionar ao aluno questionamentos sobre o que é ou não literatura e suas formas e mostrar que o Cordel é na contemporaneidade a literatura que tem mais obras publicadas e, é a mais lida também apesar de ser popular, portanto é indagar porque ler os clássicos e desprezar a escrita da massa.

A literatura de cordel traz consigo aliado, à escrita, a xilogravura que passa a ser uma forma a mais de comunicação com seu público, a facilidade da leitura ganha ênfase com os trabalhos xilográficos que ao mesmo tempo que afasta o cordel também o aproxima da literatura clássica, pois a xilogravura presente nos faz muito pensar na arte do Cordel como completa assim como foi o Barroco, claro que esta no campo da escrita. A literatura de cordel tem em si essa amplitude de vetores que a fazem tanto uma arte popular nordestina como nacional, universal já que seus temas são bastantes diversificados.

Como o Cordel diversificou em outras vertentes, coisa que para alguns estudiosos só podemos chamar de cordel o que se prende unicamente a escrita, é relevante mostrar essa a arte aos alunos do ensino fundamental nos seus diversos tipos, tais como: escrita literária, música e repente. A escrita literária do cordel, podemos afirmar, que só conseguiu ser estudado em escolas fora do âmbito do nordeste devido ao fato de estudiosos começarem a teorizar o assunto ganhando um lugar de destaque no cenário nacional literário, entretanto a oralidade ainda continua marginalizada. Devemos a oralidade pelo o fato de a Literatura de Cordel ter como marca expressiva o fato de ser “cantada” e não lida, a diferença é que não se lê cordel, porque leitura é ligada ao fato de codificar e decodificar, já Cordel é para declamar, “cantar” os versos sempre carregados de expressividade na entonação e gestos que dão uma carga emotiva ao Cordel, igual a poesia clássica, porém com temática repleta de costumes e crenças.

A importancia de adolescentes entrarem em contato com essa literatura é justamente atentarem para o fato do multiculturalismo e não ficarem presos a formas literárias, bem como conhecerem um pouco do seu país e de sua cultura não ficando submissos a estereótipos literários que fazem sobre nossa cultura. Outro expoente maior é dá continuidade ao processo de resgate da Literatura de Cordel que enfraqueceu no nordeste nas últimas decádas, sobretudo devido ao uso de novas tecnologias pela população que tirou um papel importante do Cordel que era de informar o homem do campo, o qual só tinha acesso à informação, mídia, e educação por meio do Cordel nas feiras populares do interior. Evidente que a tecnologia trouxe uma nova perspectiva educacional para a região em questão e de forma alguma fica a repreensão ao seu uso, entretanto, devido a outros fatores também, seu uso contribuiu ao longo do tempo para a perda do caráter informativo do Cordel nas feiras populares, tornando essa arte mais um meio de expressão, de opinião. de literatura popular.

Levar o Cordel para a sala de aula é contextualizar o aluno no meio social e fazer discurso com outras disciplinas como história e artes, é reafirmar a Literatura de Cordel como identidade não somente do povo nordestino, mas do povo brasileiro.

REFERÊNCIAS

ANTOLOGIA da Literatura de Cordel in: online via Internet disponível http://literaturadecordel.vilabol.uol.com.br/capitulo2.htm. Arquivo consultado em 11 de junho de 2009.

MARTINS, Nilce Sant’Anna. Introdução à estilística: A expressividade na língua portuguesa. 4. ed. rev. São Paulo: EDUSP, 2008.

(Artigonal SC #1282848)

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210/01/2011, 20:24



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