“How to do
things with words” foi uma obra, publicada pela primeira vez em 1962 como
resultado de um conjunto de 12 conferências proferidas em 1955 na Universidade
de Harvard que trataram das seguintes questões:
I – Perfomativos
e constatativos
II – Condições
para performativos felizes
III –
Infelicidades: desacertos
IV –
Infelicidades: Maus usos
V – Critérios
possíveis de performativos
VI – Performativos
explícitos
VII – Verbos
performativos felizes
VIII – Atos
Locucionários, Ilocucionários e Perlocucionários
IX – Distinção
entre atos Ilocucionários e Perlocucionários
X – “Ao
dizer...” versus “Por dizer...”
XI –
Declarações, Performativos e Força Ilocucionária
XII – Classes de
Força Ilocucionária
“A filosofia
analítica surge como uma dupla reação às correntes do pensamento filosófico
então dominantes na Grã-Bretanha ao final do século passado: o idealismo absoluto de F. H. Bradley e T.
H Green e o empirismo, influenciado
sobretudo por J. S. Mill” (FILHO, 1990, p. 07).
John Langshaw Austin (Lancaster, 28 de Março de 1911 — Oxford, 8 de Fevereiro de 1960),
pensador (ligado à vertente da Filosofia Analítica da linguagem) que “introduziu de maneira definitiva os conceitos de performativo,
ilocucionário e de ato de fala”. (OTTONI, 2002, p 120).
“Para Austin o ato de fala é composto de três partes, três atos
simultâneos: um ato locucionário, que produz tanto os sons pertencentes
a um vocabulário quanto a articulação entre a sintaxe e a semântica, lugar em
que se dá a significação no sentido tradicional; um ato ilocucionário,
que é o ato de realização de uma ação através de um enunciado, por exemplo, o ato
de promessa, que pode ser realizado por um enunciado que se inicie por eu
prometo..., ou por outra realização; por último, um ato perlocucionário,
que é o ato que produz efeito sobre o interlocutor” (OTTONI, 2002, p. 128).
“Podemos dizer que por detrás de cada afirmação há
uma forma não explicitada de um performativo, um performativo mascarado”. (OTTONI, 2002, p. 129).
....................
George Edward Moore (Londres, 4 de novembro de 1873 — Cambridge, 24 de outubro de 1958):
filósofo britânico e um dos fundadores da Filosofia analítica.
....................
Bertrand Arthur William Russell (Ravenscroft, País de Gales, 18 de Maio de 1872 — Penrhyndeudraeth, País de
Gales, 2 de Fevereiro de 1970): matemático, filósofo, lógico e político
liberal.
...................
Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (Viena, 26 de Abril de 1889 — Cambridge, 29 de Abril de
1951): filósofo austríaco, naturalizado britânico, e um dos responsáveis pela
virada linguística na filosofia do século XX.
...................
Francis Herbert
Bradley (1846 – 1924), representante do idealismo britânico, concebe um sistema
que encara o conjunto da realidade como produto da mente.
................
Thomas Hill
Green (1836 - 1882) contribuiu para a instalação do idealismo de Kant e Hegel
no mundo acadêmico e cultural da Inglaterra.
...........
John Stuart Mill (1806
– 1873), pensador liberal e defensor do utilitarismo, cujo trabalho afirmava
que a experiência é a base das associações mentais.
.......................
Constituição da
significação e do sentido.
Crítica ao
estudo da lógica formal de sentenças regidas pelo caráter referencial e verificacionista.
...................................
(A. I) There must exist an accepted conventional
procedure having a certain conventional effect, that procedure to include the
uttering of certain words by certain persons in certain circumstances, and further,
(A. 2) the particular persons and
circumstances in a given case must be appropriate for the invocation of the
particular procedure invoked.
(B. I) The procedure must be executed by all
participants both correctly and
(B. 2) completely.
(r.I) Where, as often, the procedure is designed for
use by persons having certain thoughts or feelings, or for the inauguration of
certain consequential conduct on the part of any participant, then a person
participating in and so invoking the procedure must in fact have those thoughts
or feelings, and the participants must intend so to conduct themselves,= and
further
(r. 2) must actually so conduct themselves
subsequently.
(AUSTIN, 1962.
p. 15)
(A.1)
Deve ser existir um procedimento convencionalmente aceito, que apresente um
determinado efeito convencional e que inclua o proferimento de certas palavras,
por certas pessoas, e em certas circunstâncias: e, além disso, que
(A.2)
as pessoas e circunstâncias particulares, em cada caso, devem ser adequadas ao
procedimento específico invocado.
(B.1)
O procedimento tem de ser executado, por todos os participantes, de modo
correto e
(B.2)
completo.
(τ.1)
Nos casos em que como ocorre com freqüência, o procedimento visa às pessoas com
seus pensamentos e sentimentos, ou visa à instauração de uma conduta
correspondente por partes de alguns dos participantes, então aquele que
participa do procedimento, e os participantes devem ter a intenção de se
conduzirem de maneira adequada, e alem disso,
(τ.2) devem
realmente conduzir-se dessas maneira subseqüentemente.
Tradução de
FERREIRA 2011, p. 07)
..................................
No processo de
significação, o sentido está atrelado a uma atualização contextual, a uma
circunstância, a uma ética e uma responsabilidade por parte de quem enuncia.
Gramaticalidade por si só, não é suficiente para o sentido da e na enunciação
Uma teoria geral
dos atos de fala possui caráter empírico, descritivo e analítico.
Filho (1990, 21)
em nota de rodapé (in AUSTIN, 1990),
distingue sentença (como uma estrutura gramática dotada de significado e de
caráter abstrato), declaração (uma sentença em uso sob critérios de
verdade/falsidade) e proferimento (a pronunciação concreta e singular de uma
sentença).
Uma perspectiva
pragmática que encara a linguagem como realização e não como representação,
como um complexo maior que o aspecto gramatical.
Condições de
validade e circunstância de realização do ato de fala.
Fatores
exteriores ao aspecto formal da linguagem caracterizam a performatividade do
ato de fala e se associam ao contexto de realização da enunciações e às relações
interlocutiva.
Caráter
simbólico-comportamental e institucional das ações humanas e dos atos
performativos.
Insucessos (falha das regras A e B) e Abusos
(falhas das regras T) envolvem tipos distintos de infelicidade.
Falhas em regras A: Ato Indevido ou interdito (“misinvocation” ou “Act
disallowed”).
Falhas em B: Ato Viciado (“Misexecution” ou “Act vitiated”).
O Ato Interdito pode ocorrer por Emprego não convencionado ou por Emprego
Indevido (“misapplication”).
A relação entre
a interpretação do ato e a intenção do enunciador.
A
performatividade como um ato de comprometimento perante a enunciação.
O ato
locucionário é composto de um ato fonético
(emissão de sons), um ato fático
(proferimento de certas palavras características de um vocabulário e de uma
gramática) e um ato rético (ato de
utilizar tais palavras com um certo sentido e uma referência).
I PALESTRA - Perfomativos e constatativos
“(…) many traditional philosophical perplexities have
arisen through a mistake-the mistake of taking as straightforward statements of
fact utterances which are either (in interesting non-grammatical
ways) nonsensical or else intended as something quite different” (AUSTIN, 1962.
p. 02).
“(...) Muitos
dos problemas que embaraçaram tradicionalmente os filósofos surgiram a partir
de um erro: o de considerar como puras e simples afirmações de factos,
enunciações que são (em um ou mais sentidos não gramaticais e que têm o seu
interesse) ou absurdas ou expressões cuja intenção é completamente diferente”
(Tradução de FLORES s/d. p. 03).
...........................................
(E. a) 'I do (sc. take this
woman to be my lawful wedded wife)'-as uttered in the course of the
marriage ceremony.
(E. b) 'I name this ship
the Queen Elizabeth'—as uttered when smashing the bottle against the
stem.
(E. c) 'I give and
bequeath my watch to my brother' as occurring in a will.
(E. d) 'I bet you sixpence
it will rain tomorrow.'
(AUSTIN, 1962, p. 05).
…………………………………………..
In these examples it seems clear that to utter the
sentence (in, of course, the appropriate circumstances) is not to describe my
doing of what I should be said in so uttering to be doing or to state that I am
doing it: it is to do it. None of the utterances cited is either true or false:
I assert this as obvious and do not argue it. It needs argument no more than
that 'damn' is not true
or false (…) I propose to call it a perfornative
sentence or a performative utterance, or, for short, 'a performative'. it
indicates that the issuing of the utterance is the performing of an action - it
is not normally thought of as just saying something.
(AUSTIN, 1962,
p. 06-07)
“Nestes exemplos
parece claro que enunciar a frase (nas condições apropriadas, evidentemente),
não é nem descrever aquilo que supostamente eu estou a fazer ao falar assim,
nem afirmar que o faço: é fazê-lo. Nenhuma das enunciações citadas é verdadeira
ou falsa (...).
Proponho
chamar-lhe frase performativa ou enunciação performativa, ou, para abreviar, um
performativo (...): Indica que produzir uma enunciação é realizar uma acção -
normalmente,
não se considera
que essa produção seja apenas dizer alguma coisa”.
(Tradução de
FLORES s/d. p. 04).
............................................
Para Austin (1962, p.10) “Accuracy and morality alike are on the side
of the plain saying that our word is our
bond”.
“A exatidão e a
moralidade estão, ambas, do lado da simples afirmativa de que nossa palavra é
nosso penhor” (AUSTIN, 1962, p. 27)
.........................
“In conclusion, we see that
in order to explain what can go wrong with statements we cannot just
concentrate on the proposition involved (whatever that is) as has been done
traditionally. We must consider the total situation in which the utterance is
issued-the total speech-act if we are to see the parallel between statements
and performative utterances, and how each can go wrong. Perhaps indeed there is
no great distinction between statements and performative utterances. AUSTIN,
1962, p. 52)”.
“Vemos que para explicar aquilo que pode funcionar mal nas Afirmações
não basta, como sempre se fez tradicionalmente, concentrar a nossa atenção
apenas na frase em causa (se é verdade que tal coisa existe). Se queremos
compreender o paralelismo que existe entre as afirmações e as enunciações
performativas, e como umas e outras são afectadas por certos defeitos, é
necessário considerar a situação total - o acto de fala por inteiro. Assim, o
acto de fala total, na situação enunciativa total está a tornar-se tão
importante como tem sido a lógica: e assim, estamos a assimilar a enunciação
constatativa à performativa” (FLORES, s/d, p. 13).
Referências
Bibliográficas
AUSTIN, John L. HOW TO DO THINGS WITH WORDS. The William James Lectures delivered
at Harvard University Oxford. Grat Britain. 1962. 174 pág.
AUSTIN, John L. Quando dizer é fazer – palavras e ação. Tradução
de Danilo Marcondes de Souza filho. Porto Alegre. Artes Médicas: 1990. 136 pág.
FERREIRA, Renato Luiz Atanazio TEORIA DOS ATOS DE FALA: ASPECTOS
SEMÂNTICOS, PRAGMÁTICOS E NORMATIVOS. Orientador: Prof. Ludovic Soutif.
PUC, 2011.
FILHO, Danilo Marcondes de Souza. A filosofia da linguagem de
J. L. Austin. in AUSTIN, John L. Quando dizer é fazer – palavras e ação.
Tradução de Danilo Marcondes de Souza filho. Porto Alegre. Artes Médicas: 1990.
136 pág.
FLORES, Teresa M. Agir
com Palavras: A Teoria dos Actos de Linguagem de John Austin. Escola
Superior de Comunicação Social. Portugal. Email: mflores@escs.ipl.pt.
Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/flores-teresa-agir-com-palavras.pdf.
Acesso em 09/08/2013. 10:19.
OTTONI, Paulo. John Langshaw
Austin E A Visão Performativa Da Linguagem. D.E.L.T.A., 2002 (117-143).
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/delta/v18n1/a05v18n1.pdf. Acesso em
11/08/2013, às 18:39. 27 páginas.
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