Funcionalismo e Formalismo
Os
funcionalistas criticam os formalistas por estudarem a língua de maneira
descontextualizada, sem levar em conta o tripé falante x ouvinte x contexto
social, pois os adeptos do funcionalismo não acreditam no estudo da língua desvinculado
de suas relações com a interação social.
Em
contrapartida, os formalistas não aceitam a inclusão de fenômenos psicológicos
e sociológicos por parte dos funcionalistas, por acreditarem que tal atitude
fere o princípio de autonomia da linguística em relação a outras ciência.
Porém, os adeptos de cada uma das correntes se
justificam diante dessas divergências conceituais.
Noah Chomsky, por exemplo, vê a língua como fenômeno
mental, derivado de uma linguística genética, responsável pela capacidade inata
de aprender essa língua, o que confere a ela o status de autonomia. Enquanto
isso, William Labov vê a língua como fenômeno social, derivada da
universalidade dos usos que as sociedades humanas fazem dela, ou seja, é
através da língua que são desenvolvidas necessidades e habilidades
comunicativas da criança e da sociedade, justificando, então, que língua só
poderia ser estudada em sua função social.
04/09/2013,
12:18.
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Segundo Dik (apud NEVES, 1997), no paradigma
formal (PFO) a língua é vista como um objeto abstrato, isto é: um conjunto de
orações, enquanto a gramática é vista como uma tentativa de definir a língua,
através de regras sintáticas. Neste paradigma a criança constrói a gramática da
língua usando suas propriedades inatas: herança genética (gerativismo). Quanto
à função da língua, esta serve para expressar os pensamentos. Outro aspecto que
o teórico aborda no PFO é que a sintaxe e a semântica são autônomas em relação
à pragmática.
Já no paradigma funcional (PFU) a língua é, segundo
Dik, um instrumento de interação social. Não é abstrata, pois existe em função
de seu uso. A função da língua é estabelecer comunicação entre os usuários. Por
isso a aquisição da linguagem se desenvolve na interação comunicativa e a
sintaxe e a semântica devem ser estudadas dentro de uma proposta pragmática.
Esse paradigma deixa claro a viabilidade da integração funcionalismo
formalismo.
04/09/2013, 12:23
FUNCIONALISMO
X FORMALISMO: UMA BRIGA COVARDE
Elizabeth
Antônia de OLIVEIRA
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Estruturalismo
(linguística)
Corrente
teórica da linguística baseada nos princípios do Cours de Linguistique
Générale (1916) de Ferdinand de Saussure, que se desenvolveu na
Europa e nos Estados Unidos da América a partir dos anos 30 do século XX.
Saussure é considerado o fundador do estruturalismo, embora tivesse preferido a
designação de sistema em vez da de estrutura para definir a
língua como um todo cujas partes se relacionam entre si e concorrem para a sua
organização global. As relações entre as partes do sistema ou estrutura foram
descritas por Saussure em termos de relações sintagmáticas (no plano do
sintagma, num eixo horizontal) e paradigmáticas (no plano da semântica, num
eixo vertical).
É com as teorias defendidas pelo Círculo Linguístico de Praga (1929) e ventiladas no Congresso Internacional de Haia (1930) que surge o termo estrutura, inicialmente aplicado à fonologia por Troubetzkoy, mas rapidamente alargado aos outros domínios da linguística e até mesmo à antropologia dita estrutural com Claude Levi-Strauss (1958).
É com as teorias defendidas pelo Círculo Linguístico de Praga (1929) e ventiladas no Congresso Internacional de Haia (1930) que surge o termo estrutura, inicialmente aplicado à fonologia por Troubetzkoy, mas rapidamente alargado aos outros domínios da linguística e até mesmo à antropologia dita estrutural com Claude Levi-Strauss (1958).
Apesar do
princípio subjacente ao estruturalismo ser o mesmo na Europa e nos Estados
Unidos - a conceção da língua como uma estrutura definida pela relação entre os
seus elementos, a verdade é que surgiram orientações diversas em ambos os
continentes, o que nos permite falar de um estruturalismo europeu e de um
estruturalismo americano.
O
estruturalismo europeu encontrou os primeiros desenvolvimentos nas obras do
discípulo de Saussure, C. Bally (1932) e dos linguistas saídos do Círculo
Linguístico de Praga, N. S. Troubetskoy (1939) e R. Jakobson (1963). Mas o
estruturalismo europeu é sobretudo identificado com as escolas da Glossemática
de L. Hjelmslev (1943) e do Funcionalismo de A. Martinet. Em traços
muito gerais, a glossemática desenvolveu-se no Círculo Linguístico de Copenhaga
e consistia na conceção da língua como forma e não substância, distinguindo
assim dois planos na língua: o da expressão, constituído pela parte fónica da
língua, e o do conteúdo, representado pelo conceito. Já o funcionalismo ou
estruturalismo funcional, desenvolvido por Martinet, considera a língua como
uma dupla articulação (entre a fonologia e a morfologia) e estuda-a do ponto de
vista sincrónico e diacrónico, sempre com um objetivo descritivista.
O
estruturalismo americano, por seu turno, nasceu dos estudos das línguas
ameríndias de F. Boas (1940) e de E. Sapir (1921, 1949), tendo conhecido
desenvolvimentos mais profundos no Distribucionalismo de L. Bloomfield,
C. F. Hockett (1958) e Z. S. Harris (1951, 1962) e vindo a encontrar a sua mais
ampla expressão no Generativismo de N. Chomsky (1957, 1965) e seus
seguidores, embora esta escola tenha nascido da constestação de muitos
trabalhos anteriores. Também muito sumariamente, o distribucionalismo consistiu
num método de análise, fundamentalmente aplicado à fonologia e morfologia, em
que se localizavam unidades em função dos contextos em que elas ocorriam e em
função das suas capacidades combinatórias. O generativismo apresenta um modelo
formal, de base lógico-matemática, para a descrição da língua como estrutura e
para a descrição da competência e da performance do conhecimento linguístico
humano.
04/09/2013,
10:49.
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Gerativismo
Chomsky
reagia contra as hipóteses teóricas do distribucionalismo (fora discípulo de
Zellig S. Harris) e expunha o que deveria ser, em sua opinião, o objetivo da
lingüística: a formulação de uma gramática que, por meio de um número finito de
regras, fosse capaz de gerar todas as frases de um idioma, do mesmo modo que um
falante pode formar um número infinito de frases em sua língua, mesmo quando
nunca as tenha ouvido ou pronunciado. Tais regras, afirmou Chomsky, não são
leis da natureza. Foram "construídas pela mente durante a aquisição do
conhecimento" e podem ser consideradas "princípios universais da
linguagem". A tese representou uma negação frontal do behaviorismo. Cabia
ao lingüista a tarefa de construir essa gramática, a partir do que Chomsky
denominou "competência" (o conhecimento que o falante possui de sua
língua e que lhe permite gerar e compreender mensagens) e não do
"desempenho" (o emprego concreto que o falante faz de sua língua). A
regras gramaticais que permitissem gerar orações inteligíveis num idioma seria
denominada gramática gerativa. Em suas formulações sobre essa gramática,
Chomsky distinguiu três componentes: o sintático, com função geradora; o
fonológico, a imagem acústica da estrutura elaborada pelo componente sintático;
e o semântico, que interpreta essa imagem. Em oposição à gramática
estruturalista dos distribucionalistas, que se baseava na análise dos
constituintes imediatos, Chomsky analisou as estruturas das orações em dois
níveis, o profundo e o superficial, para indicar as transformações produzidas
ao se passar de um nível para outro e as regras que regem as transformações.
Esses conceitos explicam a razão do termo gramática gerativo-transformacional e
fundamentaram grande parte dos estudos lingüísticos realizados depois de
Chomsky. Segundo a teoria gerativo-transformacional, todas as línguas possuem
uma estrutura superficial ou aparente, que representa a forma em que aparece a
oração, e outra estrutura profunda ou latente, que encerra o conteúdo semântico
da oração e forma o corpus gramatical básico que o falante de uma língua
possui. Por meio de uma quantidade limitada de regras de transformação, o
falante pode criar um número infinito de orações superficiais. O componente
fonológico, ou seja, a imagem acústica das estruturas elaboradas pelo
componente sintático, é dado por uma série de segmentos -- denominados
morfofonemas por alguns lingüistas -- com traços distintivos que indicam como
devem ser representadas, na estrutura superficial, as orações geradas pela
sintaxe. De maneira semelhante, o componente semântico fornece o significado às
orações da estrutura superficial pela substituição ou inserção léxica de
palavras e morfemas (unidades significativas) durante o processo de
transformação da estrutura profunda na superficial. Essa consideração do
componente semântico, que respondia à diferenciação entre sintaxe e semântica
das primeiras formulações da gramática gerativa, foi um dos pontos mais
conflituosos para teorias gerativas posteriores, que consideravam inexistente
essa diferenciação. Psicolingüística e sociolingüística. A teoria gerativa de Chomsky
abriu caminho para uma renovação radical da lingüística e para sua aplicação a
diversas disciplinas do saber humano, como a psicologia ou a sociologia. Um dos
principais campos de aplicação da gramática gerativo-transformacional,
sobretudo no que diz respeito à dicotomia competência-desempenho, foi à
psicolingüística, termo surgido na década de 1940 e definido como o estudo de
fatos da linguagem considerados sob seus aspectos psicológicos,
fundamentalmente no que se refere à aquisição da linguagem, à percepção da fala
e aos distúrbios patológicos, como por exemplo a afasia (perda da fala). O
caráter e função social da linguagem, suas repercussões no comportamento do
indivíduo e os condicionamentos sociais (diferenças de classe, sexo, educação,
idade e ocupação) que determinam as variações lingüísticas dentro de uma língua
representam os objetivos principais da sociolingüística. Em oposição às teorias
sociolingüísticas, segundo as quais a língua é ao mesmo tempo causa e efeito
das concepções sobre a realidade e o mundo de uma comunidade de falantes
(hipótese do americano Benjamin Lee Whorf) ou resultado de estruturas sociais
determinadas (teoria do georgiano Nikolai Y. Marr), as pesquisas do americano
William Labov tentaram explicar as variações lingüísticas de uma determinada
língua por meio de uma redefinição do conceito chomskiano de competência. Labov
entendia a competência como o conjunto de regras de conteúdo sociológico --
diferentes níveis e registros de língua -- que, uma vez conhecidas pelo falante,
podem ser empregadas de acordo com o contexto social ou a situação. Outras
teorias. Embora a influência do trabalho de Chomsky tenha levado praticamente
todas as escolas lingüísticas a definirem suas posições com relação às teorias
do lingüista americano, continuaram a surgir enfoques radicalmente opostos. A
gramática estratificacional, desenvolvida pelo americano Sidney Lamb,
reelaborou elementos do estruturalismo de Bloomfield ao definir a estrutura
lingüística como uma teia de relações, mais do que como um sistema de regras;
as unidades lingüísticas seriam apenas pontos, ou posições, nessa teia. O
distribucionalismo e a escola de Praga inspiraram também tendências como à
análise tagmêmica (que considera que a posição dos elementos define a gramática
de uma língua) ou a chamada gramática de casos. A lingüística representa hoje
um campo aberto e em contínua renovação, cujos estudos, a partir de
perspectivas diferentes, contribuem para a construção de modelos cada vez mais
amplos que considerem os elementos constituintes do fenômeno lingüístico.
04/09/2013,
11:34.
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Distribucionalismo
Bloomfield desenvolveu o conceito de fonema como feixe de
traços distintivos, dando or igem à fonémica, o equivalente americano da fonologia européia.
Portanto,enquanto a obra de F. S aussure começava a ser conhecida na Europa e a
determinar o curso da Linguística ocidental,Bloomfield desenvolvia, do outro
lado do Atlântico, uma Teoria da Linguagem de natureza descritiva, conhecida
como Distribucionalismo,
que apresentava muitos princípios básicos semelhantes ao formal ismo de
Saussure, mas que introduzia um método de análise linguística com base na
posição contextual dos fonemas e combinação com outros fonemas (ou distribuição). Este
método foi aplicado a outros níveis de análise linguística, tendo gerado mu itas
sub-escolas linguísticas nos Estados Unidos da América.
04/09/2013,
12:48
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