sexta-feira, 18 de maio de 2018

ECO, Humberto. Da árvore ao labirinto: estudos históricos sobre o signo e a interpretação - FICHAMENTOS


DA ÁRVORE AO LABIRINTO

 

1 – Da árvore ao labirinto

 

“Definir uma asubstância significa estabelecer, entre seus atributos, aqueles que despontam como essenciais e, em particular, aqueles que são causa do fato  de que a substância seja tal como é, em outros termos, sua forma substancial” (p. 14).

 

“[…] uma definição  diz o que esta coisa é, ao passo que uma demonstração prova  que alguma coisa é […]” (p. 15).

 

Aritóteles: quatro predicáveis (gênero, próprio, definição e acidente). Porfírio[1]: cinco predicáveis (gênero, espécie, diferença, próprio e acidente). (p. 15).

 

Diferenças divisíveis e constitutivas, essenciais e acidentais (p. 18).

 

“[…] a árvore se torna uma estrutura sensível aos contextos, não um dicionário absoluto” (p. 23). Sentido e significado, o aparato técnico da língua e da linguagem.

 

“[…] uma árvore com hierarquia fixa e com um número de determinações finitas serve apenas para classificar” (p. 24).

 

Classificar é diferente de significar.

 

“[…] as diferenças são acidentes, e os acidentes são infinitos ou pelo menos indefinidos quanto ao número” (p. 26). Semelhança com a noção de evento situado, contexto.

 

“Inferimos a presença de diferenças essenciais por meio de um processo semiótico, a partir dos acidentes conhecíveis” (p. 27).

 

Conhecimento de mundo e linguístico: semântica. Linguagem e pensamento.

 

“[…] o saber jamais é completo […]”. (p. 45).

 

“[…] alcançar não significa  mais encontrar algo que já se conhecia […], mas realmente descobrir  alguma coisa ou a relação entre duas ou mais coisas […]” (p. 45).

 

A abrangência do cognoscível diante dos limites retóricos do discurso e da experiência humana a cada circunstância vivienciada.

 

“[…] o conhecimento dos nossos conhecimentos […] se articula como uma carta geográfica sem confins, em que infinitos percursos são possíveis” (p. 57).

 

“A enciclopédia é o único meio com que podemos dar conta não só do funcionamento de qualquer  sistema semiótico, mas também da vida de uma cultura como sistema de sistemas semióticos interconectados.

[…]

A encilopédia é dominada pelo princípio peirciano da interpretação e, portanto, da semiose ilimitada” (p. 59).

“[…] uma representação enciclopédica nunca é global, mas sempre local, sendo ativada em função de determoinados contextos e circunstâncias” (p. 60).

 

“[…] modelo topológico de rede polidimensional” (p. 60).

 

Três tipos de labirinto: o modelo clássico (Cnosso), o de Irrweg e o em Rede.

 

Novos formatos de modelos enciclopédicos:

(1) – Matrizes de ausência/presença

(2) – Modelos de seleção contextual

(3) – Modelos por casos (Agentes, Objetos, Instrumentos, Escopos).

(4) – Representações que consideram propriedades (extensão ou referência)

(5) – Representações das propriedades de um termo (p. 65).

 

“Mas é com Quillian (1968) que surge a noção de rede semântica, a qual se estrutura como um labirinto de nós interconexos” (p. 65). A noção de rede semântica se aproxima da teoria bakhtiniana no que diz respeito aos elos da cadeia da comunicação discursiva reforçados e expandidos por cada resposta enunciada concretamente.

 

“Na prática científica e no modo como cotidianamente se busca conferir significado aos enunciados, a enciclopédia não é solicitada globalmente por cada enunciado, mas é o contexto que seleciona as zonas locais de competência que devemos ativar” (p. 66).

 

“Na vida da semiose nos damos conta de que também somos recalcitrantes ao cancelar algumas propriedades ‘factuais’ que nos parecem mais salientes e características que outras” (p. 67).

 

“[…] o tema das redes semânticas tem dado origem a uma teoria das ontologias. Malgrado o uso impróprio de um conceito como ‘ontologia’, que tem um valor filosófico bem diverso, é deste modo que se fala da organização categorial de uma porção de universo que pode assumir a forma de qualquer tipo de árvore classificatória ou de rede semântica” (p. 69).

 

“Nesse sentido, por mais tosca e ingênua que seja, uma ontologia é a representação local de uma porção de conhecimento enciclopédico relevante para os fins de um determinado universo de discurso” (p. 70).

 

“[…] essa primeira teorização [de Aristóteles] da metáfora não a considera como mero ornamento do discurso, mas lhe atribui uma função cognitiva” (p. 71).

 

“[…] metáfora como dispositivo cognitivo […]” (p. 73).

 

“Parece que foi apenas só na cultura contemporânea que nos demos conta de que frequentemente as metáforas, para serem compreendidas, demandam que se identifique uma nova organização categorial” (p. 73).

 

“[…] o cmapo categorial se reorganiza não mais em torno de considerações morais ou legais, mas de operações econômicas” (p. 74).

 

“Não é a árvore subjacente que faculta a definição, é a definição que impõe uma árvore subjacente, muitas vezes ad hoc” (p. 75).

 

“[…] um uso criativo e inédito da linguagem obriga a inventar uma nova ontologia” (p. 75).

 

“[…] arquétipo de uma série associativa” (p. 76).

 

Conexões culturalizadas (p. 78).

 

“A linguagrem, levando a êxitos criativos o processo enciclopédico de semiose ilimitada, constitui uma nova rede polidimensional de conexões possíveis” (p. 78). O jogo infinito das significações sem começo ou fim.

 

“[…] uma Enciclopédia Maximal não é alcançável em sua totalidade porque representa tudo aquilo que já foi dito e pensado […] por meio de uma sequência de interpretantes materialmente identificáveis […] infinitamente mais rica do que aquela que a que se tem acesso pela internet” (p. 79).

 

“[…] artifício semiótico […] homologia vetorial […]” (p. 86).

 

“A mnemotécnica de Rosselli é uma semiótica porque aquilo que constitui algo como expressão e como conteúdo é a função sígnica, não a natureza da coisa” (p. 87-88).

 

“[…] natureza semiótica das mnemotécnicas […]” (p. 89).

 

Nota de rodapé: “[…] toda asserção mais que pressupõe, põe, torna presente no universo do discurso, por força semiótica, as entidades que nomeia, ainda que seja como entidade de um mundo possível” (p. 89).

 

Nota de rodapé: “Não se esquece por cancelamento, mas por sobreposição; não produzindo ausência, mas multiplicando as presenças” (p. 90).

 

“A cultura, pois, não faz senão selecionar os dados da própria memória. […] a cultura é um contínuo processo de reescritura e seleção de informações” (p. 94).

 

“[…] latência é representada […] como repositórios  de um saber sempre atualizável, mesmo que ninguém o esteja atualizando ou que tenha deixado de ser atualizado há séculos” (p. 95).

 

Enciclopédia Maximal, Enciclopédia Especializada e Enciclopédia Mediana (p. 96).

 

“[…] esforço de individual o contexto apropriado […]” (p. 96).

 

“As noções são desbastadas, narcotizadas e eliminadas para que se retenham apenas aquelas consideradas pertinentes” (p. 96) “Um texto (além de ser um instrumento para inventar ou recordar) é um instrumento para esquecer, ou pelo menos para tornar algo latente” (p. 97).

 

“Uma semiótica no sentido hjelmsleviano é um sistema que, além de um léxico, também compreende regras de combinação sintática, permitindo o desenvolvimento de discursos, ou seja, de textos” (p. 97).

 

“Interpretar a expressão em contexto significa ampliar certos interpretantes e narcotizar outros […] ainda que pela duração da interpretação em ato” (p. 97).

 

“[…] vacinação contra a Vertigem do Labirinto” (p. 101).

 

Recuperação do que está latente (p. 101).

 

2 – Metáfora como conhecimento

 

3 – Da metáfora à Analogia Entis

 

“Nem todas as coisas são signos, mas certamente todos os signos são coisas e ao lado dos signos produzidos pelo homem para significar intecionalmente há também coisas, eventos e personagens que podem ser assumidos como signos ou (como é o caso da história sacra) podem ser dispostos sobrenaturalmente como signos a fim de que sejam lidos como signos” (p. 134).

 

Regras retóricas, sentido literal, sentido parabólico (p. 143).

 

“Dante […] lista os quatro níveis canônicos: literal, alegórico, moral e anagógico” (p. 144).

 

Aristóteles: acidental, verdadeiro, potência e substância (p. 157).

 

A distinção entre metáfora e alegoria

 

O problema do nome e da coisa

 

Homonímia (ou eequivocidade), sinonímia (ou univocidade) e paronímia (157-158).

 

Denominação por causa ou sinalidade

 

Analogia entis, antropomorfização e princípio tomista.

 

Analogia por atribuição e analogia porporcionalidade.

 

Sema e semema (p. 160).

 

Análise componencial (forma, causa, matéria, fim ou função).

 

“A propriedade comum, supreendentemente posta em relevo, se torna gênero comum” (p. 161).

 

4 – Sobre o latido do cão

Gramaticalidade e significância da voz articulada, algo diverso do som (p. 170).

 

“Para construir ou sugerir a possibilidade de uma ontologia inesperadamente adequada não é preciso supor que o universo deva sempre ser visto segundo um único modelo de organização por gêneros e espécies prefixados” (p. 166).

 

“[…] (a experiência dos olhos e dos ouvidos não produz sensações na ausência das faculdades racionais)” (p. 175).

 

A discussão entre o caráter sensitivo, o racional e o livre-arbítrio (p. 183).

 

Polivocidade do signo e circunstância (p. 186).

 

“[…] identidade terminológica […]”,  “[…] semióticas subjacentes […]”  e “[…] instrumentos taxiconômicos […]’ (p. 188).

 

Signo: relações de inerência (p. 189).

 

Palavras: “ relação de equivalência e de mútua substituibilidade” (p. 189).

 

Signa – estóicos; Voces – aristotélicos (p. p. 189).

 

“ Abelardo é bastante claro: uma coisa é significativa por causa da vontade que a produz como tal, não pelo fato de que produz significados” (p. 193).

 

Significado convencional (p. 194).

 

A relação entre “palavra-conceito e letras alfabéticas-palavras” é simbólico-convencional e a relação “entre conceito e coisa” é icônica” (p. 195).

 

Classificação estóica (significativae naturaliter) e aristotélica (nomina ad placitum) (p. 198).

 

“[…] uma relação de tipo iconônica entre a estrutura fonológica do signans e a estrutura ontológica do signatum” (p. 204).

 

“[…] a classificação dos signos produzidos por uma intenção da alma […]” (p. 209).

 

Sobre os sons produzidos pelos animais, ouve um período de reflexões filosóficas e um período de investigação científica acerca da questão referente à zoocomunicação (p. 210-212).

 

5 – A falsificação na Idade Média

 

“Para o catolicismo, “são apócrifos os escritos que não são considerados canônicos, ao passo que são ditos deterocanônicos os livros aceitos pela versão grega dos setenta. Já para os protestantes, são apócrifos os deterocnônicos, e pseudoepígrafos aqueles que os católicos chamam de apócrifos” (p. 215).

 

“Devemos antes de tudo considerar aquele fenômeno semiótico definido como replicabilidade. O exemplo mais acabado de replicabilidade é o duplo, uma ocorrência física que possui todas as propriedades de uma outra ocorrência física […] na medida em que ambas realizam todos os traços pertinentes prescritos por um tipo abstrato (p. 215).

 

“Em teoria, o problema dos duplos é ontológico, mas na realidade é pragmático” (p. 216).

 

Eco (2013) critica os “linguístas contemporâneos que constroem teorias dos universais linguísticos exclusivamente a partir da língua inglesa” (p. 222).

 

“[…] problema da identificação como processo pragmático” (p. 225).

 

“[…] ideologia da autenticidade” (p. 226).

 

“A pseudoidetificção é um sucedâneo da mentira histórica” (p. 229).

 

“[…] autenticidade é originariedade histórica e originariedade autoral […]” (p. 230).

 

“[…]os medievais falsificavam com o obetivo de ratificar a confiança em algo (um autor, uma instituição, uma corrente de pensamento, uma verdade teológica) e de sustentar uma ordem, ao passo que os contemporâneos falsificam com o objetivo de criar desconfiança e desordem” (p. 238).

 

6 – Apontamentos sobre Beato

 

“Não sabemos como os medievais, com sua concepção ingênua da autenticidade, teriam julgado esta nossa concepção desenvolta e cínica da falsificação não ingênua. O que é certo é que nenhuma época tem o direito de moralizar sobre as outras” (p. 238).

 

“[…] código denso de bifurcações semânticas […]” (p. 247).

 

O emprego de mnemotécnicas visuais na idade média eram amplo e “pensar por imagens era o modo favorito – e para vastas massas de analfabetos, inclusive ricos e poderosos, que pousavam os olhos no manuscrito com iluminuras ou em qualquer outra representação figurativa, era o modo exclusivo, o único que lher permitia entender e memorizar o texto sacro” (p. 249).

 

“[…] podemos dizer que a paixão medieval pela imagerie apocalíptica também nasce de influências mnemotécnicas” (p. 249).

 

“A cultura medieval enco tra dificuldades em traduzir em imagens os textos bíblicos porque ela nasce da cultura grega, que é emintentemente visual” (p. 255).

 

“É que a fortuna de um texto é também explicada por algo que está fora do texto” (p. 268).

 

“No fundo, ainda hoje, nas telas fazem sucesso histórias de cataclismos e de desastres que não difundem esperança alguma, mas alimentam (ou sublimam, hipnotiando-nos) nossos temores e terrores” (p. 271).

 

7 – Dante entre modistas e cabalistas

“Se o De vulgari eloquentia […] é um tratado sobre as línguas e sobre os atos de fala, o Gênesis oferecia a Dante muitos exemplos de ‘atos de fala’ originários, mas seria necessário entendermo-nos primeiramente o que significa falar. Certamente, cada signo – como já queria Agostinho – é alguma coisa de sensível que serve para suscitar na mente algo diverso de si, mas esta definição (que poderia até se referir ao nó no lenço que eu faço para me lembrar de alguma coisa) ainda não implica uma relação comunicativa expressa entre dois sujeitos” (p. 273).

 

Caráter convencional da relação significante/significado (p. 274-276).

 

“[…] o homem é animal mutável nos costumes, nos hábitos e na linguagem, tanto no curso do tempo quanto nas extensões do espaço” (ECO, 2013, p. 277).

 

“Dante tem a o coneito claro de que, ao passo que a faculdade da linguagem é permanente e imutável para todos os membros da espécie, as línguas naturais são capazes de crescer e enriquecer ao longo do tempo, quer independentemente da vontade de cada falante, quer por criatividade individual […]” ( ECO, 2013, p. 278-279).

 

A língua, “o lugar dos atos discursivos” (ECO, 2013, p. 279) e a “faculdade da fala” (p. 280).

 

“A forma locutionis dada por Deus poderia ser entendida como uma espécie de mecanismo inato que a nós, contemporâneos, recorda exatamente aqueles princípios universais de que trata a gramática gerativa chomskyana” (p. 282).

 

“Dante persegue o sonho de uma restauração da forma locutionis edênica, natural e universal” (p. 283).

 

A idéia “de uma forma locutionis, matriz gerativa afim ao Intelecto Ativo” (p. 290).

 

A discussão em torno da língua natural, da protolíngua e da “matriz universal das línguas” (p. 290).

 

8 – Uso e interpretação dos textos medievais

Limites da criatividade, originalidade e imitação. Sensibilidade e inteligibilidade (p. 295-300).


"[...] possibilidade intelectual do conhecimento do ser [...]" (p. 301).


"Se a teoria escolástica da arte era uma teoria da produção, a teoria maritainiana se torna uma teoria do conhecimento [...]" (p. 302).


Na tradição escolástica, a poesia não é uma categoria estética [...] e tampouco, como ars, é uma forma de conhecimento: é simplesmente hábito operativo, habilidade prática" (p. 302). "[...] ao passo que a arte é uma operação prática regulada pelas leis da inteligência, a poesia se torna a emoção intencional, o fato interior originário que anima as regras da arte a partir de dentro" (p. 303).


"[...] o momento poético é momento intuitivo que põe em jogo não só a inteligência, mas também a emoção e a sensibilidade" (p. 303). "Na concepção medieval, ao contrário, as regras preexistentem ao ato produtivo e à sua concepção mental" (p. 308).



Operação lógica (descoberta) e imaginativa (criação) (p. 308). "Um sistema se submete à interpretação dos contemporâneos e dos pósteros, e como pretende enunciar verdades sobre o mundo, espera que no rastro de suas propostas o conhecimento do mundo se desenvolva ulteriormente" (p. 310).


"[...] doutrina tomista do intelecto [...] (p. 310).

 

“[…] contemplação do concreto no ato discursivo do juízo, característica da gnosiologia tomista e importante para compreender o tipo de estética que dela deriva […]” (p. 313).

 

“[…] existência concreta […] realidade singular […] existência substancial do eu […]” (p. 313).

 

“[…] intelecto agente […]” (p. 315).

 

“[…] típica noção tomista […] a noção de Belo como propriedade transcendental do ser […]” (p. 316).

 

“[…] intuição interior […] intuição estética. {…] intuição intelectual […]” (p. 317).

 

[…] transcendentalidade do belo e […]  sua relação com um sujeito cognoscente” (p. 326).

 

“[…] o ato subjetivo de fruição que se torna constitutivo da experiência estética” (p. 329).

 

“É indiscutível que, para Tomás, o belo comparado ao bem acrescenta uma relação com a consciência contemplativa. Aqui, porém, De Bruyne se vê embaraçado diante do fato de que, na experiência estética, se verifiquem um momento cognoscitivo (aprehensio, visio) e aquilo que lhe parece um momento emotivo – ou, como se diria hoje, passional (placet, delectat) […]” (p. 329).

 

Sensação, percepção, consciência, intelectualidade (p.330).

 

“[…] fazer história do pensamento é fazer dizer aos autores do passado aquilo que eles disseram, e não o que nós diríamos […]” (p. 332).

 

9 – Para uma história da denotação

 

“A denotação (e sua contrapartida, a conotação) é, a depender das circunstâncias, considerada como uma propriedade ou uma função (I) de termos singulares […], (II) de proposições declarativas […], (III) de frases nominais e descrições definidas […]. Em cada um desses casos se deve decidir se a denotação tem a ver com o significado, com o referente ou com o ato de referimento” (p. 333).

 

Na linguística estrutural, a ‘denotação’ está associada ao significado” (p. 333).

 

O problema do significar e do designar.(p. 334).

 

“[…] se remontarmos à distinção de Frege (1892), a denotação se aproxima mais do Sinn do que da Bedeutung, está mais próxima do sentido do que do referimento e, em termos carnapianos, teria mais a ver com a intenção do que com a extensão” (p. 334).

 

Peirce usava “denotação em sentido extensional” (p. 335).

 

O problema das asserções verdadeiras e das asserções falsas (p. 338).

 

O problema dos signos e das coisas (p. 339).

 

O problema das palavras significarem conceitos e/ou fazerem referência às coisas (p. 340).

 

O problema da palavra entre a mediação das coisas e sua conceituação (p. 341).

 

Significado enciclopédico e seleção dicionarial (p. 342).

 

“[…] significar, designar, denotar, nomear, e apelar […]” (p. 342).

 

“[…] sentido extensional forte […]” (p. 345).

 

“[…] operação mental que leva à compreensão de uma sequência temporal” (p. 345).

 

“Autores como Boécio, Abelardo ou Tomás de Aquino, ligados mais ao problema da significação do que ao da nomeação, estavam em primeira instância interessados nos aspectos psicolõgicos (hoje diríamos cognitivos) da linguagem. Ocorre todavia que alguns estudiosos contemporâneos, interessados na redescoberta das primeiras elaborações” (p. 346).

 

O caráter abstrato da significação (p. 347).

 

“[…] qualidade sensíveis do signo […]” (p. 349).

 

O problema do sentido extensional do ato de significar (p. 349).

 

Convencional difere de arbitrário (p. 350).

 

“[…] referente da fala […]” (p. 351).

 

Triângulo semiótico de Bacon (Conceito, signo e Coisa (p. 352).

 

“[…] teoria extensionalista de Ockham […]” (p. 354).

 

O limite do conhecível e a relação entre proposição e denotação (p. 355-358).

 

“A tradição cognitivista, ao contrário, não seguiu essa direção, utilizando o termo ‘denotação’ em relação ao significado. Não obstante, depois de Mill, encontramos o termo denotação cada vez mais empregado para indicar a extensão” (p. 359).

 

“[…] atitudes proposionais – um tema intensional por excelência” (p. 359).

 

A distinção entre nomes concretos e abstratos (p. 361).

 

“[…] o paradoxo de toda semântica extensional interessada na relação entre um enunciado e as suas condições de verdade. Todas as semânticas extensionais, a partir de Bacon chegando chegando até Tarski, mais que considerarem a relação entre palavras e significado se dedicaram à relação entre palavras e algo que é o caso. E uma semântica extensional concebida de tal modo não discute o problema de como se possa saber que p é o caso” (p. 363).

 

“Mas uma semântica extensional rigorosa não se interessa não se interessa por esse gênero de questão epistemológica, já que estuda exclusivamente a relação formal entre as proposições e aquilo que se admite ser o caso” (p. 364).

 

Ao contrário, uma semântica intensional está sempre ligada à descrição de nossas  estruturas cognitivas: provavelmente não é capaz de asseverar se a neve é ou não é verdadeiramente branca, mas tenta imaginar e refletir sobre a organização mental e sobre as estruturas enciclopédicas que nos permitem admitir que a neve seja branca.

A história das vicissitudes da denotação (bem como o fato de que seu status ainda permaneça ambíguo) é, pois, o sintoma da dialética sem fim entre uma abordagem cogntiva e uma aboradagem vero-condicional” (p. 364).

 

10 – Sobre Lullo, Pico e o Lullismo

 

Permtação (ocorre mutação de ordens como anagramas), arranjo (a ordem tem valor diferencial) e combinação (há inversões não relevantes da ordem) (p. 366).

 

“Para a cabal extática a linguagem é um universo em si mesmo, e a estrutura da linguagem representa a estrutura do real. Portanto, diversamente do que ocorre na tradição filosófica ocidental e na filosofia árabe e judaica, na Cabala a linguagem não representa o mundo tal como uma expressão significante representa uma realidade extralinguística. Se Deus criou o mundo por meio da emissão de sons ou de letras alfabéticas, estes elementos semióticos não são representações de algo que lhes preexista, mas são as formas nas quais se modelam os elementos de que o mundo é constituído” (p. 378).

 

“Forma linguística que produz o mundo e série de símbolos que podem ser combinados ao infinito, sem que nenhuma regra limitativa possa intervir: aí estão os dois pontos em que a tradição cabalista substancialmente se diferencia da arte lulliana” (p. 378).

 

Escalas e hierarquias (p. 383).

 

“[…] a Árvore da Ciência, que tem como raízes as nove dignidades e as nove relações, subdividindo-se depois em dezesseis ramos, e a cada um desses corresponde uma árvore em si” (p. 383).

 

O sensivel e o inteligível, os efeitos e as causas (p. 384).

 

“A árvore de Lullo não é apenas lógica, mas também natural” (p. 385).

 

“Uma árvore de Porfírio é uma estrutura formal, e formalmente ela define a relação entre gêneros e espécies […]” (p. 385).

 

“Há […] a consciência da infinita perfectibilidade do conhecimento, de modo que o homem, novo adão, tem a possibilidade no curso dos séculos de nomear tudo aquilo que seu projenitor nã tivera tempo de batizar. Assim a combinatória aspira a concorrer com aquela capacidade de conhecimento do individual que pertence somente a Deus (e de Leibniz decretará a impossibilidade)” (p. 399).

 

“[…] Leibniz, que inaugura a moderna lógica formal” (p. 399).

 

11 – A Linguagem Da Terra Austral

 

A ideia da possibilidade de existência de “universais semânticos” (p. 401).

 

O trabalho de quem se esforçou para trabalhar as questões de língua e que não visavam somente “converter os infiéis nem a reconquistar aquela comunhão mística com Deus e com as coisas que distinguia a língua perfeita de Adão, mas a favorecer as trocas comerciais, a penetração e a difusão da ciência. De fato, não será por acaso que a maior parte dessas tentativas nasça em torno à fundação da Royal Society de Londres, e que muitos dos resultados – falimentares – desses gloto-utopistas depois confluam no desenvolvimento das modernas taxonomias científicas” (p.403).

 

“A linguagem química tem, pois, as características da universalidade e da adequação entre termo e natureza da coisa. Para usar um termo discutível, mas por razões simplicidade, falaremos de um fenômeno de ‘iconismo’ entre expressão e conteúdo” (p. 404).

 

A isomorfia entre conteúdo e expressão. Arbitrariedade da relaçã entre o nome e a noção. (p. 409).

 

A ambiguidade e a precisão da língua (410-411).

 

“A Língua Austral (assim como os modelos que ela caricatura) renuncia de propósito ao mecanismo basilar de toda língua natural, isto é, à dupla articulação” (p. 411).

 

“A crítica da Encyclopédie punha um fim ao sonho da gramática das ideias, ainda que outras tentativas tenham sido experimentadas, inclusive até os dias atuais, quando ainda se estuda a possibilidade de um assim chamado mentalês, uma língua inscrita nas próprias circunvoluções do nosso cérebro, capaz de fornecer a estrutura profunda de toda expressão em qualquer língua natural” (p. 415).

 

Organização e hirarquia dos sistemas linguísticos e a arbitrariedade e a conjecturabilidade das classificações (p. 414-415).

 

12 – Um retorno a Isidoro: as etimologias de Joseph de Maistre

 

“No âmbito da busca secular por uma língua perfeita um capítulo exemplar diz respeito à redescoberta de uma série de línguas matrizes ou de uma Língua Mãe primordial. O primeiro candidato a Língua mãe foi por muitos séculos o hebraico. Depois aparecerão em cena outros candidatos (como, por exemplo, o chinês), e finalmente a busca se despirá de seu fervor utópico e de sua tensão mística para dar vida à linguística científica e à hipótese do indo-europeu.

Mas por muito tempo a ideia de uma língua primeva teve não só um valor histórico (reencontrar a língua falada por toda a humanidade antes da confusão babélica), mas também semântico. Com efeito, nessa língua primordial se deveria desenhar uma relação ‘natural’ entre palavras e coisas. A língua primeva também tinha valor revelador, porque, ao falá-la, se reconhecia a natureza da realidade nomeada” (p. 419).

 

“[…] Toda época teve seus proprios poetas, capazes de nomear as coisas de modo insólito e perspicaz” (p. 424).

 

“[…] noção, que nascera no século XVIII, ou seja, a do ‘gênio’ das línguas” (p. 425).

 

“[…] o etimologismo dos monogenistas do século XVII consistia em mostrar como as palavras de cada língua teriam evoluído a partir  de uma mesma raiz hebraica (a única, aliás, que teria uma pretensa relação ‘icônica’ ou motivada com a coisa significada)” (p. 426).

 

“[…] as línguas vivem de empréstimos, transformam, adaptam e, todavia, cada palavra sua é natural e motivada” (p. 431).  

 

Caráter orgânico, mutável e adaptável da língua (p. 432 – 435).

 

“O Pensamento da Tradição serve apenas para confirmar uma evidência mística da qual se está convencido antes mesmo de argumentar” (p. 435).

 

13 – Sobre o silência de Kant

 

A linguagem pela ótica da semiótica kantiana (p. 437).

 

“Em Kant o problema semiótico tem direito de cidadania quando se considera – tanto para ele como para Aristóteles – a origem puramente verbal de seu aparato categorial (baseado em última análise na estrutura das respectivas línguas)” (p. 438).

 

“Nossa mente não trabalha, exceto por aquilo que faz o intelecto agente, o qual (onde quer que ele trabalhe) o faz num piscar de olhos” (p. 439).

 

“Para Locke, aquilo que temos temos são as sensações, que nos propõem ideias simples, primárias ou secundárias, mas ainda desconexas […]” (p. 439).

 

“[…] Kant acreditava na evidência dos fenômenos, acreditava que nossas intuições sensíveis viessem de alguma parte, preocupava-se com articular uma confuntação do idealismo” (p. 440).

 

A preocupação de Kant recaía “não nas condições de conhecimento (e, portanto, de nomeação) dos objetos, mas na possibilidade de fundar a verdade de nossas proposições em torno a objetos” (p. 440).

 

O viés empirico dos conceitos e a possibilidade de inexauribilidade do “objeto de síntese” (p. 443).

 

“Os axiomas da intuição nos dizem que todas as intuições são quantidades extensivas e, por meio do esquema do número, se aplica a categoria da singularidade a A e a B” (p. 443).

 

A questão das “funções lógicas” (p. 444) e do “dado da experiência” (p. 445).

 

“Os conceitos do intelecto puro não só necessitam da intuição sensível, mas também dos conceitos de objetos aos quais se aplicar” (p. 445).

 

“As categorias são conceitos altamente abstratos, como unidade, realidade, causalidade, possibilidade ou necessidade” (p. 445).

 

Comparação,, reflexão e abstração: atividades lógico-intelectuais (p. 445).

 

“A intuição sensível deve ser trabalhada pelo intelecto e iluminada por determinações gerais ou genéricas” (p. 446).

 

Então o que será para Kant um juízo perceptivo (Wahrnehmungsurteil) e como ele se distingue de um juízo de um juízo de experiência (Erfahrungsurteil)? Os juízos perceptivos são atividade lógica inferior […] que cria o mundo subjetivo da consciência pessoal, […] podem inclusive ser equivocados e em todo caso são contingentes […]. Os juízos da experiência estabelecem, por sua vez, uma conexão necessária […]” (p. 447).

 

“[…] atos locuionários diversos. […] linguagem holofrástica infantil” (p. 449).

 

“[…] a plenitude da percepção já é de fato um juízo perceptivo […]” (p. 449).

 

“[…] o conceito de esquema […]” (p. 453).

 

“O diagrama tem algo que pode ser intuído em termos espaciais, mas ao mesmo tempo é substancialmente baseado num decurso temporal (o fluxo) […]’ (p. 453).

 

“[…] pensar não é apenas aplicar conceitos puros que derivam de uma verbalização precedente, mas também empreender representações diagramáticas” (p. 454).

 

“[…] coincidência de significado linguístico e significado perceptivo […]” (p. 457).

 

“Com esse esquematismo tardio o intelecto não constrói a simples determinação de um objeto possível, mas faz o objeto, o constrói, e nessa atividade (de per se problemática) procede por tentativas.” (p. 466).

 

“Se o esquema dos conceitos empíricos é um construto que tenta tornar pensáveis os objetos da natureza, e se dos conceitos empíricos nunca se pode dar uma síntese completa, porque na experiência se podem descobrir  sempre novas notas do conceito […] então os próprios esquemas não poderão ser senão revisáveis, falíveis, destinados a transformar-se no tempo. Se os conceitos puros do intelecto podiam constituir uma espécie de repertório intemporal, os conceitos empíricos não podem senão se tornar ‘históricos’ ou, se se quiser, culturais” (p. 466).

 

“A garantia de que nossas hipóteses sejam ‘corretas’ (ou pelo menos aceitáveis como tais até prova contrária) não será mais buscada no a priori do intelecto puro (ainda que dele se salvem as formas lógicas mais abstratas), mas no consenso, histórico, progressivo, também ele temporal, da Comunidade. Diante do risco de falibilidade, até o transcendental, até o transcendental se historicisa, se torna um acúmulo de interpretações aceitas, e aceitas após um processo de discussão, seleção, repúdio” (p. 467).

 

“[…] não é a autoridade da prova em si o que nos convence ou nos impede de falsificá-la: é sobretudo a dificuldade de pôr em questão uma prova sem abalar todo o sistema, o paradigma que o sustenta” (p. 468).

 

14 – Semiose natural e palavra em Os Noivos

 

“[…] permanecendo ignoto o mistério de um texto original […], não resta senão confrontar as versões entre si, pôr em contradição com a outra, e extrair desta os esclarecimentos de aquela carece” (p. 471).

 

“[…] a menos que a acribia filológica seja exercitada exaustivamente, as relações verbais são enganosas por natureza” (p. 471).

 

“[…] diferença clássica entre semiose natural, morivada, não intencional, e semiose convencional ou arbitrária” (p. 473).

 “Os humildes desconfiam da linguagem verbal porque esta impõe uma sintaxe lógica que a semiose natural abole, visto que não procede por sequências lineares, mas ‘quadros’, por fulminantes iconologemas. Enquanto as tramas das sequências linguísticas podem adensar-se ao infinito, e nessa selva os simples se perdem, a semiose natural permite, ou parece permitir, um mais fácil acesso à verdade das coisas, de que é espontâneo veículo: um gesto autêntico, institivo, pode denunciar a falsidade intencional de um gesto precedente” (p. 474).

 

 “[…] os nomes próprios, por sua natureza indicial, assumem um estatuto específico, que os torna afins aos sintomas, aos signos visuais” (p. 475).

 

“[…] um processo de teratologia semiósica, uma experiência de falsificação de significantes e de substituição de significados” (p. 482).

 

“[…] dizibilidade dos signos naturais […]” (p. 484).

 

“[…] dizibilidade dos signos visuais e dos sintomas naturais” (p. 484).

 

“Um significante único para um significado único. Tal é a obscessão, a loucura pública” (p. 485).

 

“Essa capacidade que a linguagem verbal tem de evocar aquilo que verbal não é tem um nome em retórica: hipotipose” (p. 486).

 

“[…] palavras […] que assumiram função de ação” (p. 486).

 

15 – A soleira e o infinito. Peirce e o iconismo primário

 

“[…] iconismo primário […] processos perceptivos […] sucessivo processo inferencial” (p. 486).

 

“[…] um dos princípios fundamentais da semiótica peirciana, o anti-intuicionismo […] etapa do processo semiósico que Peirce chamava de Firstness, e é inegável que Peirce identificava a Firstness com o Ícone (assim como identificava a Secondness com Índice e a Thirdness com o Símbolo), e é isso que explica por que usei um termo como ‘iconismo primário’, malgrado há muito tempo tenha tentado mostrar que ‘iconismo’ é um termo guarda-chuva que abrange fenômenos muito diferentes entre si” (p. 488).

 

“[…] creio que seja necessário esclarecer uma distinção entre ‘istas’ e ‘ólogos’” (p. 489).

 

“O que distingue um um ista de um ólogo? O ólogo, muitas vezes fazendo uma autêntica ecdótica, deve dizer-nos se o pensador tal realmente disse a tal coisa” (p. 489).

 

“Já um tomista é alguém que pretende pensar ad mentem divi Thomae, como se Tomás falasse hoje. Portanto, um tomista poderia desenvolver as premissas de São Tomás para delinear linhas de conduta ética acerca dos debates atuais sobre aborto, células estaminais etc” (p. 489).

 

Inferencialidade do conhecimento (p. 492).

 

"[...] imediatez da intuição, anterior a qualquer atividade inferencial (o Ground não é mais um predicado, mas uma sensação, e a indicialidade se torna um tipo de experiência [...])" (p. 490).

 

"[...] o ícone é uma likeness não no sentido de que se assemelha a alguma coisa outra, mas porque é o fenômeno que funda todo juízo possível de semelhança, sem poder ser fundado por ele. E isso explica a escolha do termo, talvez desviante, de "iconismo primário" (p. 491).

 

“Categorias fenomenológicas: Firstness, Secondness e Thirdness.” (p. 493).

 

Plausibilidade inferencial (p. 495).

 

“[…] limites objetivos à nossa possibilidade de organizar o conteúdo da experiência” (p. 498).

 

“[…] o fenômeno semiótico desenvolvido concluído numa representação e num ato de cognição” (p. 502).

 

Processo triádico de cognição (p. 501).

 

Processos inferenciais, fractalização infinita,  visão molar e visão molecular (p. 504).

 

Intuição empírica (p. 505).

 

O ser em potência e o ser em ato (p. 505).

 

Ponto de vista da percepção humana (p. 507).

 

“[…] o sentido da percepção” (p. 509).

 

 

16 – As definições na estética de Croce

 

Perceber, figurar e significar (p. 513).

 

“Portanto a primeira forma do espírito, aquela na qual se devem implantar a luz do conceito e a ação ética e a econômica, é a da grande arte” (p. 514).

 

“Gênio e gosto são, portanto, substancialmente idênticos. […] pluralidade de interpretações […]” (p. 515).

 

“[…] toda definição universal também aparecerá como resposta a uma pergunta concreta, historicamente situada, a partir de ‘uma obscuridade que busca a luz’, a tal ponto que ‘a natureza da pergunta colore de si a resposta’” (p. 517).

 

“[…] intuição-expressão […] manifestação técnico-material

 

“[…] aquilo que o bom senso reconhece como tudo, para a filosofia se torna nada, com o pequeno inconveniente de que todo o residual se faz impalpável” (p. 521).

 

“A literatura não é forma espiritual, é parte da civilização e da boa educação, é reino da prosa e da conversa civilizada” (p. 525).

 

 

17 – Cinco sentidos de “semântica”, de Breal a hoje

 

“Portanto a semântica é ciência dos significados, mas para Breál, apenas na medida em que eles têm um desenvolvimento histórico. (p. 527).

 

“[…] a noção de semântica nasce historicamente referida àquela entidade impoderável que é o significado, mas apenas em medida acessória assume o encargo do significado das palavras, ou seja, dos termos isolados. Por isso, não era preciso de uma ciência, mas de uma prática empírica, a lexicografia entendida em seu sentido mais artesanal, isto é, a prática de compilação de dicionários. Entretanto não se deve esquecer que toda lexicografia não é senão a descrição de uma langue e, pois, de uma entidade abstrata, e não daquela prática de parole por meio da qual o falante ‘significa’ alguma coisa” (p. 528).

 

Abelardo: semântica para significar, denotar, nomear (p. 528).

Semântica: desambiguação e “semântica estrutural como teoria do conteúdo, que estava presente no sistema binário da divisão dos predicáveis tais como se apresentam na Arbor Porphyriana” (p. 529).

 

1. Semântica como o estudo do significado dos termos fora de qualquer contexto (por exemplo, a teoria carnapiana dos postulados de significado […]) (p. 529).

 

2. Semântica como o estudo dos sistemas de conteúdo, ou semântica estrutural (Hjelmslev […]) (p. 529).

 

3. Semântica como o estudo da relação entre termo (ou enunciado) e referente, ou como o estudo da referência ([…], Kripke) (p. 529).

 

4. Semântica como o estudo das condições de verdade dos enunciados (p.529).

 

5. Semântica como o estudo do sentido específico que termos ou enunciados assumem no contexto ou no conjunto textual ([…] circunstâncias enunciativas particulares, de modo que podemos citar antes de tudo o segundo Wittgenstein, mas também a teoria das diversas isotopias discursivas etc) (p. 529).

 

Compartilhamento de crenças, princípio de caridade e “sistema concorde de assunções” (531).

 

Considerar “verdadeiro não aquilo que me é certificado pela experiência do mundo externo, mas o que me é garantido como tal pelo sistema holístico de nossas assunções aceitas” (p. 531).

 

A relação entre o código e as regularidades de uso (p. 535).

 

“[…] princípios […] não de uma semântica dos termos nem dos enunciados, mas dos textos” (p. 536).

 

“O primeiro trabalho do lexicógrafo é justamente estabelecer por que a mesma expressão pode ter, em contextos diversos, significados diversos. Em vez de cultivar o mito da sinonímia, o bom lexicógrafo o contesta” (p. 537).

 

“[…] bases comuns” de usos legítimos de uma palavra e “convenções lexicográficas” (p. 538).

 

“Quando Quine diz que os lexicógrafos não tem o monopólio do problema dos significados, parece dirigir-se a a autores de dicionariozinhos para turistas, e não a lexicógrafos como estudiosos de semântica estrutural” (p. 538)

 

“Creio que uma semântica vero-funcional nada tenha a ver com o problema da referência. O problema da referência tem a ver com nossa capacidade de designar objetos ou estados do mundo, de nos entendermos quanto a esse ato de designação […] […] e de dizermos se o objeto ou o estado do mundo a que fizemos referência existe ou se articula da maneira como nos referimos a ele” (p. 539).

 

“Examinemos o critério tarskiano de verdade. Ele diz respeito ao modo como definir as condições de verdade de uma proposição, mas não ao modo de estabelecer se a proposição é verdadeira quando é usada para atos de referência” (p. 539).

 

 “[…] a semântica diz respeito à relação entre um signo e seus designata, […]: o designado de um signo é algo que o signo pode denotar – mas estabelecer se realmente há objetos desse tipo vai além das tarefas da semiótica” (p. 542).

 

“[…] não há semântica que não se deva fundir com uma pragmática” (p. 543).

 

ECO, Humberto. Da árvore ao labirinto: estudos históricos sobre o signo e a interpretação. Trad. Maurício Santana Dias. Rio de Janeiro. Record. 2013.

 

 

18 – O pensamento fraco versus os limites da interpretação

 

“[…] da perspectiva de uma semântica em forma de enciclopédia – dominada pelo princípio peirciano da interpretação e, portanto, da semiose ilimitada –, todo pensamento que a linguagem exprime jamais jamais pretende espelhar de modo definitivo o objeto dinâmico (ou a coisa em si), mas sabe que põe em jogo objetos imediatos (puro conteúdo) por sua vez interpretáveis por outras expressões que remetem a outros objetos imediatos num processo semiótico que se autossustenta” (p. 546).

 

“[…] uma representação enciclopédica jamais é global, mas sempre local, é alimentada em determinados contextos e circunstâncias, constitui uma perspectiva ilimitada sobre a atividade semiótica […] fornece regras de razoabilidade, isto é, regras para contratar a cada passo as condições as condições que nos permitem usar a linguagem […]” (p. 547).

 

“[…] se os fatos são sempre conhecidos e comunicáveis por meio de interpretações, eles de algum modo se origem como parâmetro de nossas interpretações” (p. 549).

 

A metáfora do pôquer e da trinca de ases (p. 560-561).

 

Interpretação e uso impostos pelo objeto ou pela subjetividade.

 

“E, como as corridas melhoram as raças, um pensamento da conjetura, se não for forte, tampouco será fraco, porque será bem temperado” (p. 566).

 

ECO, Humberto. Da árvore ao labirinto: estudos históricos sobre o signo e a interpretação. Trad. Maurício Santana Dias. Rio de Janeiro. Record. 2013.

 

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[1] Porfírio foi um filósofo grego neoplatônico nascido em Tiro na Fenícia (atual líbano) que organizou um esquema conceitual conhecido como Árvore de Porfírio que subordina conceitos do mais geral ao mais extensivo (substância, corpo, vivente, animal e homem).

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