terça-feira, 29 de maio de 2018

NIETZSCHE, Friedrich W. O anticristo


“’Não sei onde fica a saída ou a entrada; sou aquele que não sabe nem como sair nem como entrar’ – assim suspira o homem de hoje em dia… Esse é o tipo de modernidade que nos fez doentes – padecemos de uma paz indolente, de um compromisso covarde, toda a virtuosa imundície do moderno Sim e Não” (p. 23).

 

“O que é bom? – Tudo o que aumenta o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder no homem.

O que é mau? Tudo o que brota da fraqueza

O que é felicidade? – o sentimento de que o poder aumenta – de que a resistência é superada

[…] ([…] a virtude isenta do amargor da moralidade).

O que é mais nocivo que qualquer vício? – A compaixão quando praticada em nome dos malogrados e dos fracos – o cristianismo…” (p. 24).

 

“O ‘progresso’ é apenas uma ideia moderna, uma ideia falsa. […] o processo de evolução não implica necessariamente elevação, aprimoramento, fortalecimento” (p. 25).

 

“O cristianismo tomou o partido de tudo o que há de fraco, inferior e fracassado; construiu seu ideal em contraposição a todos os instintos de preservação da vida forte; corrompeu até mesmo as faculdades das índoles que são de natureza intelectualmente mais vigorosa, ao ensinar que os valores intelectuais mais elevados são pecaminosos, enganadores e repletos de tentação” (p. 26).

 

“[…] todos os valores em que a humanidade agora estabelece seus mais elevados anseios são valores de décadence” (p. 27).

 

“A compaixão contraria totalmente a lei da evolução, que é a lei da seleção natural. Ela preserva o que está maduro para o declínio […]” (p. 28).

 

“Na verdade, o homem pode ser qualquer outra coisa, menos a coroação da criação […]” (p. 35)

 

“O ‘puro espírito’ é uma pura estupidez: remova o sistema nervoso e os sentidos, o chamado ‘envoltório mortal’, e o que sobra não é senão um erro de cálculo – e ponto final!...” (p. 37).

 

“Uma vez que o conceito de ‘natureza’ foi colocado em oposição ao conceito de ‘Deus’, a palavra ‘natural’ inevitavelmente tomou o significado de ‘abominável’ – a totalidade desse mundo fictício tem sua origem no ódio contra o que é natural (– a realidade! –) […] (p. 37).

 

“A preponderância de sentimentos desagradáveis sobre os sentimentos de prazer é a causa de uma moral e de uma religião fictícias: mas tal preponderância também  fornece a fórmula para a decadence…” (p. 38).

 

“Onde a vontade de poder começa a decair, sob qualquer forma, há sempre um enfraquecimento fisiológico que a acompanha, um declínio, uma décadence” (p. 39).

 

“O budismo é centenas de vezes mais realista do que o cristianismo […]” (p. 43).

 

“[…] cristão é todo o ódio contra os sentidos, contra a alegria dos sentidos, contra a alegria em geral…” (p. 45).

 

“[…] quando a fé é exaltada acima de qualquer outra coisa, segue-se necessariamente o descrédito à razão, ao conhecimento e à pessoa meticulosa: o caminho que leva à verdade torna-se um caminho proibido. […] O amor é o estado em que o homem enxerga as coisas como elas não são. […] Quando um homem está apaixonado, tudo é tolerado; ele suporta qualquer coisa” (p. 47).

 

“[…] o amor como a última possibilidade da vida…” (p. 57).

 

“O ‘Reino dos Céus’ é um estado de coração – não algo que irá surgir ‘além da Terra’ ou após a morte’. […] a morte não é uma ponte, uma passagem; ela está ausente porque pertence a um mundo bem diferente, um mundo de aparências, apenas útil para os símbolos” (p. 64).

 

“Até mesmo um homem com a mais modesta das exigências à retidão precisa saber que um teólogo, um sacerdote, um papa de hoje em dia não apenas erra, quando fala, como também mente – e que não mais escapa da culpa alegando ‘inocência’ ou ‘ignorância’” (p. 67).

 

“[…] no fundo existiu apenas um único cristão, e ele morreu na cruz” (p. 68).

 

“O cristianismo é a revolta de todas as criaturas rastejantes contra tudo o que é elevado. O evangelho dos ‘baixos’ rebaixa…” (p. 75).

 

“O melhor meio para conduzir a humanidade pelo nariz é por meio da moral” (p. 77).

 

“O cristão é apenas um judeu de confissão mais ‘liberal’” (p. 45).

 

“O homem teve de lutar para conquistar cada palmo da verdade, por ela precisou abandonar quase tudo que guardou no coração, o amor humano, a confiança na vida. Para tal, é preciso ter grandeza da alma: o serviço da verdade é o mais árduo dos serviços” (p. 88).

 

“O cristianismo necessita da doença, do mesmo modo que a cultura grega necessita de uma superabundância de saúde […]” (p. 88).

 

“A verdade não é algo que uma pessoa possua e outra pessoa não […]” (p. 93).

 

“[…] os gandes espíritos são céticos” (p. 94).

 

“[…] todas as questões supremas, todos os problemas supremos de valor estão além da razão humana… Compreender os limites da razão – só isso é filosofia genuína…” (p. 97).

 

“[…] a desigualdade de direitos é a condição primordial para a existência de quaisquer direitos . – Um direito é um privilégio. Todos aproveitam seus privilégios segundo seu modo de existência. Não subestimemos os privilégios dos medíocres. A vida se torna mais difícil à medida que se ascende […]” (p. 103).

 

“A transvaloração de todos os valores!...” (p. 112).

 

NIETZSCHE, Friedrich W. O anticristo. São Paulo: Martins Claret, 2012. (Coleção a obra prima de cada autor; 50).

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