“’Não
sei onde fica a saída ou a entrada; sou aquele que não sabe nem como sair nem
como entrar’ – assim suspira o homem de hoje em dia… Esse é o tipo de
modernidade que nos fez doentes – padecemos de uma paz indolente, de um
compromisso covarde, toda a virtuosa imundície do moderno Sim e Não” (p. 23).
“O
que é bom? – Tudo o que aumenta o sentimento de poder, a vontade de poder, o
próprio poder no homem.
O
que é mau? Tudo o que brota da fraqueza
O
que é felicidade? – o sentimento de que o poder aumenta – de que a resistência é superada
[…]
([…] a virtude isenta do amargor da moralidade).
O
que é mais nocivo que qualquer vício? – A compaixão quando praticada em nome dos
malogrados e dos fracos – o cristianismo…” (p. 24).
“O
‘progresso’ é apenas uma ideia moderna, uma ideia falsa. […] o processo de
evolução não implica necessariamente elevação, aprimoramento, fortalecimento”
(p. 25).
“O
cristianismo tomou o partido de tudo o que há de fraco, inferior e fracassado;
construiu seu ideal em contraposição a todos os instintos de preservação da
vida forte; corrompeu até mesmo as
faculdades das índoles que são de natureza intelectualmente mais vigorosa, ao
ensinar que os valores intelectuais mais elevados são pecaminosos, enganadores
e repletos de tentação” (p. 26).
“[…]
todos os valores em que a humanidade agora estabelece seus mais elevados
anseios são valores de décadence” (p.
27).
“A
compaixão contraria totalmente a lei da evolução, que é a lei da seleção
natural. Ela preserva o que está maduro para o declínio […]” (p. 28).
“Na
verdade, o homem pode ser qualquer outra coisa, menos a coroação da criação
[…]” (p. 35)
“O
‘puro espírito’ é uma pura estupidez: remova o sistema nervoso e os sentidos, o
chamado ‘envoltório mortal’, e o que sobra não é senão um erro de cálculo – e ponto final!...” (p. 37).
“Uma
vez que o conceito de ‘natureza’ foi colocado em oposição ao conceito de
‘Deus’, a palavra ‘natural’ inevitavelmente tomou o significado de ‘abominável’
– a totalidade desse mundo fictício tem sua origem no ódio contra o que é
natural (– a realidade! –) […] (p. 37).
“A
preponderância de sentimentos desagradáveis sobre os sentimentos de prazer é a
causa de uma moral e de uma religião fictícias: mas tal preponderância
também fornece a fórmula para a decadence…”
(p. 38).
“Onde
a vontade de poder começa a decair, sob qualquer forma, há sempre um
enfraquecimento fisiológico que a acompanha, um declínio, uma décadence” (p. 39).
“O
budismo é centenas de vezes mais realista do que o cristianismo […]” (p. 43).
“[…]
cristão é todo o ódio contra os sentidos, contra a alegria dos sentidos, contra
a alegria em geral…” (p. 45).
“[…]
quando a fé é exaltada acima de qualquer outra coisa, segue-se necessariamente
o descrédito à razão, ao conhecimento e à pessoa meticulosa: o caminho que leva
à verdade torna-se um caminho proibido.
[…] O amor é o estado em que o homem enxerga as coisas como elas não são. […] Quando um homem está
apaixonado, tudo é tolerado; ele suporta qualquer coisa” (p. 47).
“[…]
o amor como a última possibilidade da
vida…” (p. 57).
“O
‘Reino dos Céus’ é um estado de coração – não algo que irá surgir ‘além da
Terra’ ou após a morte’. […] a morte não é uma ponte, uma passagem; ela está
ausente porque pertence a um mundo bem diferente, um mundo de aparências,
apenas útil para os símbolos” (p. 64).
“Até
mesmo um homem com a mais modesta das exigências à retidão precisa saber que um teólogo, um sacerdote, um papa de hoje em dia
não apenas erra, quando fala, como também mente – e que não mais escapa da
culpa alegando ‘inocência’ ou ‘ignorância’” (p. 67).
“[…]
no fundo existiu apenas um único cristão, e ele morreu na cruz” (p. 68).
“O
cristianismo é a revolta de todas as criaturas rastejantes contra tudo o que é
elevado. O evangelho dos ‘baixos’ rebaixa…” (p. 75).
“O
melhor meio para conduzir a humanidade pelo
nariz é por meio da moral” (p. 77).
“O
cristão é apenas um judeu de confissão mais ‘liberal’” (p. 45).
“O
homem teve de lutar para conquistar cada palmo da verdade, por ela precisou
abandonar quase tudo que guardou no coração, o amor humano, a confiança na
vida. Para tal, é preciso ter grandeza da alma: o serviço da verdade é o mais
árduo dos serviços” (p. 88).
“O
cristianismo necessita da doença, do mesmo modo que a cultura grega necessita
de uma superabundância de saúde […]” (p. 88).
“A
verdade não é algo que uma pessoa possua e outra pessoa não […]” (p. 93).
“[…]
os gandes espíritos são céticos” (p. 94).
“[…]
todas as questões supremas, todos os problemas supremos de valor estão além da
razão humana… Compreender os limites da razão – só isso é filosofia genuína…” (p. 97).
“[…]
a desigualdade de direitos é a condição primordial para a existência de
quaisquer direitos . – Um direito é um privilégio. Todos aproveitam seus
privilégios segundo seu modo de existência. Não subestimemos os privilégios dos
medíocres. A vida se torna mais difícil à medida que se ascende […]” (p. 103).
“A
transvaloração de todos os valores!...” (p. 112).
NIETZSCHE,
Friedrich W. O anticristo. São
Paulo: Martins Claret, 2012. (Coleção a obra prima de cada autor; 50).
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