sexta-feira, 6 de julho de 2018

BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude


1. Entre mixofilia e mixofobia

 

Mazzeo (in BAUMAN, 2013) diferencia “a mixofobia, o típico medo de se envolver com estrangeiros, e a mixofilia, o prazer de estar num ambiente diferente e estimulante” (p. 08).

 

“[…] não é provável que os migrantes parem de bater às portas de um país, da mesma forma que é improvável que estas permaneçam fechadas” (p. 09).

 

Bauman (2013) problematiza a questão da coexistência entre autóctones (habitantes nativos) e alóctones (os que vieram de outros lugares) […]” (p. 09).

 

2. José Saramago: formas de ser feliz

 

“Violência, desumanidade, humilhação e vitimização” são problemas que Bauman (2013, p. 14) problematiza.

 

3. Gregory Bateson e seu terceiro nível de educação

 

Bauman (2013, p. 17) descreve três níveis de educação de Bateson: “O nível mais baixo é a transferência de informação a ser memorizada. O segundo, a ‘deuteroaprendizagem’, visa ao domínio de uma ‘estrutura cognitiva’ […]. Mas há também um terceiro nível, que expressa a capacidade de desmontar e reorganizar a estrutura cognitiva anterior […]” (p. 17).

 

4. Da oclusão mental à “revolução permanente”

 

“[…] a vida líquido-moderna é uma encenação diária da transitoriedade universal” (p. 22).

 

“A modernidade líquida é uma civilização do excesso, da redundância, do dejeto e do seu descarte” (p. 23).

 

“E, para ser ‘prático’, o ensino de qualidade precisa provocar e propagar a abertura, não a oclusão mental” (p. 25).

 

5. Carvalhos e bolotas ridiculamente minúsuculas

 

“O destino delineia o conjunto de opções viáveis, mas é o caráter que as seleciona, escolhendo algumas e rejeitando outras” (p. 27).

 

“[…] para fazermos uso adequado da liberdade de escolha (embora reduzida), precisamos estar conscientes do leque de opções oferecido pelo ‘destino’ (o momento histórico não escolhido em que temos de agir) e do conjunto de ações (ou melhor, formas de agir) alternativas dentre as quais escolher”

 

6. Em busca de uma genuína “revolução cultural”

 

“Embora os poderes do atual sistema educacional pareçam limitados, e ele próprio seja cada vez mais submetido ao jogo consumista, ainda tem poderes de transformação suficientes para ser considerado um dos fatores promissores para essa revolução [cultural]”. (p. 31).

 

7. A depravação é a estratégia mais inteligente para a privação

 

“[…] quando quantidades crescentes de informação são distribuídas a uma velocidade cada vez maior, torna-se progressivamente mais difícil criar narrativas, ordens ou sequências de desenvolvimento” (p. 35).

 

“A cultura líquido-moderna não se sente mais uma cultura da aprendizagem e da acumulação, como as culturas registradas nos relatos de historiadores e etnógrafos. Em vez disso, parece uma cultura do desengajamento, da descontinuidade e do esquecimento” (p. 36).

 

8. Minutos para destruir, anos para construir

 

“[…] excesso e extravagância são os principais venenos endêmicos da economia consumista […]” (p. 40).

 

“Numa sociedade capitalista como a nossa, equipada em primeiro lugar para a defesa e preservação dos privilégios atuais, e só num distante (e muito menos respeitado ou observado) segundo lugar para melhorar a condição de privação em que vive o resto do mundo, essa turma de formandos [alunos diplomados], com objetivos elevados, mas recursos escassos, não tem a quem recorrer em busca de ajuda e lenitivo” (p. 46).

 

“Os ‘recursos escassos’ básicos de que é feito o capital e cuja posse e gerenciamento forncecem a principal fonte de riqueza e poder são hoje, na era pós-industrial, o conhecimento, a inventividade, a imaginação, a capacidade de pensar e a coragem de pensar diferente – qualidades que as universidades foram concocadas a criar, disseminar e instilar” (p. 48).

 

9. O jovem como lata de lixo da indústria de consumo

 

“[…] as sérias limitações impostas pelo governo ao financiamento de instituições de ensino superior, acopladas a um aumento também selvagem das anuidades cobradas pelas universidades (de fato, o Estado decidiu lavar as mãos da obrigação de ‘educar o povo’, de forma gritante no caso das áreas ‘de ponta’ ou de excelência, mas também, de modo um pouco menos direto – como mostra a ideia de substituir as escolas secundárias administradas pelo Estado por ‘academias’ dirigidas pelo mercado de consumo – nos níveis destinados a determinar o volume total de conhecimento e habilidades que a nação tem à sua disposição, assim como sua distribuição entre as categorias populacionais), são testemunhas da perda de interesse na juventude como futura elite política e cultural da nação” (p. 53).

 

10. O esforço para melhorar a compreensão mútua é uma fonte prolífica de criatividade humana

 

Bauman (2013) cita conceitos de Hans-Georg Gadamer (‘fusão de horizontes), Norbert Elias (“engajamento e distanciamento”) e de Kurt Wolff (“submeter-se e apoderar-se) e os exemplos etnográficos do pioneiro Frank Cushing e de Malinowski para abordar o problema da compreensão entre os sujeitos.

 

11. Os desempregados sempre podem jogar na loteria, não podem?

 

“O mercado de trabalho para portadores de credenciais de educação superior hoje está encolhendo – talvez mais depressa até do que o mercado para os que não têm diplomas universitários que aumentem seu valor de mercado” (p. 64).

 

12. Incapacidade, anormalidade e minoria como problema político

 

“‘Normalidade’ é um nome ideologicamente forjado para designar a maioria. […] As ideias de ‘norma’ e ‘normalidade’  presumem uma dessemelhança […]” (p. 70).

 

“No geral, a discriminação contra o ‘anormal’ (quer dizer, a condição de minoria) é uma atividade destinada a defender e preservar a ordem, uma criação sociocultural” (p. 72). 

 

“A desigualdade de oportunidades educacionais é uma questão que só pode ser confrontada em ampla escala por políticas de Estado (p. 74).

 

13. A indignação e os grupamentos políticos ao estilo enxame

 

“Os governos, privados de grande parte de seu poder pelos bancos, empresas multinacionais e outras forças supranacionais, são incapazes de prestar atenção seriamente às verdadeiras causas da miséria das pessoas, e estas reagem  como se poderia esperar, perdendo a confiança na capacidade e na vontade dos governos de resolver seus problemas” (p. 78).

 

“Nenhuma das explosões populares de protesto estimuladas pela internet e eletronicamente ampliadas conseguiu remover os motivos da raiva e do desespero das pessoas” (p. 79).

 

 

14. Consumidores excluídos e intermináveis campos minados

 

“Revoluções não são os principais produtos da desigualdade social; campos minados, sim” (p. 81).

 

“A desigualdade social sempre deriva da divisão entre os que têm e os que não têm […]” (p. 82).

 

“A segregação e a polarização nas cidades de hoje resultam do jogo livre e desenrolado das forças de mercado […]” (p. 86).

 

“É graças à muito humana ambição do lucro que os produtos são trazidos para as prateleiras dos mercados e que podemos ter certeza de encontrá-los lá” (p. 89).

 

15. Richard Sennett sobre diferença

 

“Em geral, a abertura encoraja, promove e alimenta a própria abertura – enquanto o fechamento encoraja, promove e alimenta o próprio fechamento” (p. 100).

 

16 – Do “capitalista” de Lacan ao “consumista” de Bauman

 

“Assim como a responsabilidade ética pelos Outros, não aceita limites, o consumo investido da tarefa de desafogar e satisfazer os impulsos morais não tolera qualquer tipo de restrição que se tente impor à sua ampliação” (p. 109).

 

 

17 – Zizek e Morin sobre o monoteísmo

 

“[…] as diferenças entre crenças religiosas não são obstáculos no caminho da boa vontade numa convivência pacífica e mutuamente benéfica” (p. 112).

 

 

18 – A petite madeleine de Proust e o consumismo1

 

“[…] os gênios do marketing conseguiram substituir a coerção pela sedução” (p. 116).

 

19 – Sobre combustíveis

 

“Solidariedade por encomenda, que dura enquanto durar a demanda (e nem um minito a mais). Solidariedade nem tanto em compartilhar a causa escolhida como em ter uma causa […]” (p. 119).

 

 

20 – Sobre a maturidade da glocalização

 

“Glocalização é o nome de uma relação de amor e ódio, misturando atração e repulsa […]. Trata-se de inevitabilidades destinadas a conviver. Para o bem ou para o mal. Até que a morte as separe” (p. 128).

 

BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude: conversas com Riccardo Mazzeo. Rio de Janeiro, Zahar, 2013. Tradução: Carlos Alberto Medeiros.

 

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