1. Entre mixofilia e mixofobia
Mazzeo
(in BAUMAN, 2013) diferencia “a mixofobia, o típico medo de se envolver com
estrangeiros, e a mixofilia, o prazer de estar num ambiente diferente e
estimulante” (p. 08).
“[…]
não é provável que os migrantes parem de bater às portas de um país, da mesma
forma que é improvável que estas permaneçam fechadas” (p. 09).
Bauman
(2013) problematiza a questão da coexistência entre autóctones (habitantes
nativos) e alóctones (os que vieram de outros lugares) […]” (p. 09).
2. José Saramago: formas de ser feliz
“Violência,
desumanidade, humilhação e vitimização” são problemas que Bauman (2013, p. 14)
problematiza.
3. Gregory Bateson e seu terceiro nível de educação
Bauman
(2013, p. 17) descreve três níveis de educação de Bateson: “O nível mais baixo
é a transferência de informação a ser memorizada. O segundo, a
‘deuteroaprendizagem’, visa ao domínio de uma ‘estrutura cognitiva’ […]. Mas há
também um terceiro nível, que expressa a capacidade de desmontar e reorganizar
a estrutura cognitiva anterior […]” (p. 17).
4. Da oclusão mental à “revolução permanente”
“[…]
a vida líquido-moderna é uma encenação diária da transitoriedade universal” (p.
22).
“A
modernidade líquida é uma civilização do excesso, da redundância, do dejeto e do
seu descarte” (p. 23).
“E,
para ser ‘prático’, o ensino de qualidade precisa provocar e propagar a
abertura, não a oclusão mental” (p. 25).
5. Carvalhos e bolotas ridiculamente minúsuculas
“O
destino delineia o conjunto de opções viáveis, mas é o caráter que as
seleciona, escolhendo algumas e rejeitando outras” (p. 27).
“[…]
para fazermos uso adequado da liberdade de escolha (embora reduzida),
precisamos estar conscientes do leque de opções oferecido pelo ‘destino’ (o
momento histórico não escolhido em que temos de agir) e do conjunto de ações
(ou melhor, formas de agir) alternativas dentre as quais escolher”
6. Em busca de uma genuína “revolução cultural”
“Embora
os poderes do atual sistema educacional pareçam limitados, e ele próprio seja
cada vez mais submetido ao jogo consumista, ainda tem poderes de transformação
suficientes para ser considerado um dos fatores promissores para essa revolução
[cultural]”. (p. 31).
7. A depravação é a estratégia mais inteligente para a
privação
“[…]
quando quantidades crescentes de informação são distribuídas a uma velocidade
cada vez maior, torna-se progressivamente mais difícil criar narrativas, ordens
ou sequências de desenvolvimento” (p. 35).
“A
cultura líquido-moderna não se sente mais uma cultura da aprendizagem e da
acumulação, como as culturas registradas nos relatos de historiadores e
etnógrafos. Em vez disso, parece uma cultura
do desengajamento, da descontinuidade
e do esquecimento” (p. 36).
8. Minutos para destruir, anos para construir
“[…]
excesso e extravagância são os principais venenos endêmicos da economia
consumista […]” (p. 40).
“Numa
sociedade capitalista como a nossa, equipada em primeiro lugar para a defesa e
preservação dos privilégios atuais, e só num distante (e muito menos respeitado
ou observado) segundo lugar para melhorar a condição de privação em que vive o
resto do mundo, essa turma de formandos [alunos diplomados], com objetivos
elevados, mas recursos escassos, não tem a quem recorrer em busca de ajuda e
lenitivo” (p. 46).
“Os
‘recursos escassos’ básicos de que é feito o capital e cuja posse e
gerenciamento forncecem a principal fonte de riqueza e poder são hoje, na era
pós-industrial, o conhecimento, a inventividade, a imaginação, a capacidade de
pensar e a coragem de pensar diferente – qualidades que as universidades foram
concocadas a criar, disseminar e instilar” (p. 48).
9. O jovem como lata de lixo da indústria de consumo
“[…]
as sérias limitações impostas pelo governo ao financiamento de instituições de
ensino superior, acopladas a um aumento também selvagem das anuidades cobradas
pelas universidades (de fato, o Estado decidiu lavar as mãos da obrigação de
‘educar o povo’, de forma gritante no caso das áreas ‘de ponta’ ou de
excelência, mas também, de modo um pouco menos direto – como mostra a ideia de
substituir as escolas secundárias administradas pelo Estado por ‘academias’
dirigidas pelo mercado de consumo – nos níveis destinados a determinar o volume
total de conhecimento e habilidades que a nação tem à sua disposição, assim
como sua distribuição entre as categorias populacionais), são testemunhas da
perda de interesse na juventude como futura elite política e cultural da nação”
(p. 53).
10. O esforço para melhorar a compreensão mútua é uma
fonte prolífica de criatividade humana
Bauman
(2013) cita conceitos de Hans-Georg Gadamer (‘fusão de horizontes), Norbert
Elias (“engajamento e distanciamento”) e de Kurt Wolff (“submeter-se e
apoderar-se) e os exemplos etnográficos do pioneiro Frank Cushing e de
Malinowski para abordar o problema da compreensão entre os sujeitos.
11. Os desempregados sempre podem jogar na loteria, não
podem?
“O
mercado de trabalho para portadores de credenciais de educação superior hoje
está encolhendo – talvez mais depressa até do que o mercado para os que não têm
diplomas universitários que aumentem seu valor de mercado” (p. 64).
12. Incapacidade, anormalidade e minoria como problema
político
“‘Normalidade’
é um nome ideologicamente forjado para designar a maioria. […] As ideias de
‘norma’ e ‘normalidade’ presumem uma
dessemelhança […]” (p. 70).
“No
geral, a discriminação contra o ‘anormal’ (quer dizer, a condição de minoria) é
uma atividade destinada a defender e preservar a ordem, uma criação
sociocultural” (p. 72).
“A
desigualdade de oportunidades educacionais é uma questão que só pode ser
confrontada em ampla escala por políticas de Estado (p. 74).
13. A indignação e os grupamentos políticos ao estilo
enxame
“Os
governos, privados de grande parte de seu poder pelos bancos, empresas multinacionais
e outras forças supranacionais, são incapazes de prestar atenção seriamente às
verdadeiras causas da miséria das pessoas, e estas reagem como se poderia esperar, perdendo a confiança
na capacidade e na vontade dos governos de resolver seus problemas” (p. 78).
“Nenhuma
das explosões populares de protesto estimuladas pela internet e eletronicamente
ampliadas conseguiu remover os motivos da raiva e do desespero das pessoas” (p.
79).
14. Consumidores excluídos e intermináveis campos minados
“Revoluções
não são os principais produtos da desigualdade social; campos minados, sim” (p.
81).
“A
desigualdade social sempre deriva da divisão entre os que têm e os que não têm
[…]” (p. 82).
“A
segregação e a polarização nas cidades de hoje resultam do jogo livre e
desenrolado das forças de mercado […]” (p. 86).
“É
graças à muito humana ambição do lucro que os produtos são trazidos para as
prateleiras dos mercados e que podemos ter certeza de encontrá-los lá” (p. 89).
15. Richard Sennett sobre diferença
“Em
geral, a abertura encoraja, promove e alimenta a própria abertura – enquanto o
fechamento encoraja, promove e alimenta o próprio fechamento” (p. 100).
16 – Do “capitalista” de Lacan ao “consumista” de Bauman
“Assim
como a responsabilidade ética pelos Outros, não aceita limites, o consumo
investido da tarefa de desafogar e satisfazer os impulsos morais não tolera
qualquer tipo de restrição que se tente impor à sua ampliação” (p. 109).
17 – Zizek e Morin sobre o monoteísmo
“[…]
as diferenças entre crenças religiosas não são obstáculos no caminho da boa
vontade numa convivência pacífica e mutuamente benéfica” (p. 112).
18 – A petite
madeleine de Proust e o consumismo1
“[…]
os gênios do marketing conseguiram substituir a coerção pela sedução” (p. 116).
19 – Sobre combustíveis
“Solidariedade
por encomenda, que dura enquanto durar a demanda (e nem um minito a mais).
Solidariedade nem tanto em compartilhar a causa escolhida como em ter uma causa
[…]” (p. 119).
20 – Sobre a maturidade da glocalização
“Glocalização
é o nome de uma relação de amor e ódio, misturando atração e repulsa […].
Trata-se de inevitabilidades destinadas a conviver. Para o bem ou para o mal.
Até que a morte as separe” (p. 128).
BAUMAN,
Zygmunt. Sobre educação e juventude:
conversas com Riccardo Mazzeo. Rio de Janeiro, Zahar, 2013. Tradução: Carlos Alberto
Medeiros.
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