quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Egídia Cavalcante Chagas - Semana da Cultura Negra (18 a 22-11-2019)



SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ
10ª COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
ESCOLA EGÍDIA CAVALCANTE CHAGAS
SEMANA DA CULTURA NEGRA

PERÍODO: 18/11/2019 (segunda-feira) até 23/11/2019 (sábado)

LOCAL: EEM Egídia Cavalcante Chagas

TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça

APRESENTAÇÃO: A população negra e mestiça do Brasil está amparada pelas leis brasileiras, mas carece de respeito por parte de seus próprios irmãos. O Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra (20 de novembro) – lei nº 12.519 (10-11-2011) – é uma prova de que a sociedade brasileira está tentando pagar um triste débito para com toda a população escravizada no século XVI como animais para enriquecer com seu suor e sangue os vícios e a cobiça da metrópole portuguesa e, concomitantemente, boa parte da população do continente europeu.
A morte em 1695 do líder do quilombo localizado entre Alagoas e Pernambuco, foi uma violência extrema cujas consequências continuam presentes nas manifestações (simbólicas ou físicas) de exclusão e assassinato da esperança e dos ideias de liberdade, igualdade e fraternidade – ainda tão distantes da rotina de negros e mestiços levados a viver das migalhas das novas Casas Grandes.
Se é certo que a sociedade já viu avanços nas atividades de enfrentamento aos meios de silenciamento voltados para subalternizar a população negra e mestiça, também o é que os mecanismos velados de proliferação do ódio, da indiferença e do preconceito racial ainda estão presentes num mundo que teima em desconhecer e/ou desmerecer as crenças e elementos oriundos dos escravos e seus descendentes bem como suas vidas.
Por tudo isso, a escola é um espaço importante para a problematização do máximo de questões que podem incidir na condição existencial dos negros e mestiços inseridos mas ainda não plenamente integrados nos contextos e grupos de interação ideológica (social e cultural) do século XXI.

REFERENCIAL TEÓRICO: Pensando a decolonialidade

Os diversos grupos que constituem a sociedade global enfrenta problemas de exclusão consolidados e históricos. Exclusões patrocinadas por diferenças de poder econômico e domínio de práticas discursivas pautadas em letramentos mais normativos e elitistas dão provas de que “os conflitos de poder e os regimes de poder-saber continuaram e continuam nas chamadas nações pós-coloniais”, conforme Bernardino-Costa e Grasfogel (2016, p. 15)
Apesar do esforço de teóricos e ativistas em defesa de uma discussão contra-hegemônica, há muito o que ser feito para que o enunciado do famoso poema “I have a dream” não seja apenas um amontoado de palavras bonitas, mas incapazes de provocar um sentimento de estranheza entre os sujeitos subalternizados em sua condição de existência com os negros, indígenas, mestiços e moradores das periferias urbanas e rurais esquecidas pelo poder público.
No caso específico da população negra e mestiça não questionar de forma mais convicta e incisiva o cumprimento de seus direitos básicos e historicamente negados é um fantasma atual. O fato de a população empobrecida não lutar para reescrever sua condição de sujeito e sua identidade de ser pensante é uma problemática urgente e comprova o quão orientados por vozes alheias cada indivíduo desta contemporaneidade pode estar.
Reposicionar-se diante de velhos esquemas de significação da sociedade é, no final das contas, o que propõem Bernardino-Costa e Grasfogel (2016) ao defenderem uma nova postura epistemológica acerca das questões de empobrecimento e subalternidade vigentes . O caso da origem do termo “Pós-colonialismo” é um exemplo. O “fato de o pós-colonialismo ter uma língua de nascença, o inglês, e ter também um espaço de circulação, o mundo anglofônico” (opus cit, p. 15) , são sintomas da velha prática de uns se deixarem guiar pela comodidade do pensamento elaborado para as condições de contextos nem sempre semelhantes às suas.
Bernardino-Costa e Grasfogel (2016, p. 17) defendem que a decolonialidade é “uma prática de oposição e intervenção, que surgiu no momento em que o primeiro sujeito colonial do sistema mundo moderno/colonial reagiu contra os desígnios imperiais que se iniciou em 1492”. Conforme a explicação dos autores, a colonialidade do poder baseia-se na “ideia de que a raça e o racismo se constituem como princípios organizadores da acumulação de capital em escala mundial e das relações de poder do sistema-mundo” (opus cit. p. 17).
Apesar da novidade do termo decolonialidade, sua existência não é recente. Para Bernardino-Costa e Grsfogel (2016), a conquista do continente americano no século XVI marcou a hegemonia europeia sobre o mundo e levou a sociedade global a sentir, pensar, agir e ser conforme uma lógica padronizada pela influência organizada dos discursos de dominação das (auto-)proclamadas nações desenvolvidas do continente europeu.
Diante dos discursos de insatisfação vigentes entre uma quantidade crescente de empobrecidos da sociedade que teima em subalternizar seus semelhantes, um pensamento diferente é válido. Daí a defesa de Bernardino-Costa e Grasfogel (2016) em prol de um pensamento de fronteira, uma “resposta epistêmica dos subalternos ao projeto eurocêntrico da modernidade” (opus cit, p. 19) a partir de um “compromisso ético-político em elaborar um conhecimento contra-hegemônico” (idem, ibidem) em favor da vida e do bem-estar dos empobrecidos.

JUSTIFICATIVA: A sociedade brasileira continua presenciando práticas de segregação voltadas para a população descendente dos negros falsamente libertados por uma Lei Áurea. Liberdade não é concessão nem presente, mas um processo articulado e situado de luta em eterno devir. Dessa forma, à medida que as questões sobre a negritude e a mestiçagem brasileiras foram sendo radicalizadas, discursos contra-hegemônicos de resistência foram sendo manifestados em oposição às práticas hegemônicas de subalternização e opressão vigentes. Diante do exposto, a integração entre as discussões pautadas na decolonialidade do ser ser-poder-fazer e as reflexões sobre o papel social da educação pública, gratuita e de qualidade é uma oportunidade para a constituição de uma proposta mais politizada e crítica em favor de uma luta por mais fraternidade entre o eu e o outro.

OBJETIVO: Promover uma revisão, a partir do universos da educação pública, dos discursos de poder, saber e verdade que orientam as práticas hegemônicas e as contra-hegemônicas que afetam a população negra e mestiça ainda expropriada de seus direitos e manifestações sociais e culturais.

METODOLOGIA: Realização de palestras, debates, oficinas formativas e informativas, exercícios artísticos, vivências culturais e esportivas, debate em sala de aula no campus central da escola Egídia Cavalcante Chagas e no campus avançado do distrito de Aruaru, extensão Joana Paula de Morais e/ou José Francisco Sampaio.

INFORMAÇÕES: Escola Egídia Cavalcante Chagas. Telefone: (88)-3422-2810.

REFERÊNCIAS

BERNARDINO-COSTA, Joaze; GRASFOGEL, Ramom. Decolonialidade e perspectiva negra. Revista Sociedade e Estado – Volume 31 Número 1 Janeiro/Abril 2016. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/se/v31n1/0102-6992-se-31-01-00015.pdf.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americana, p. 227-278. Buenos Aires: Clacso, 2005.

SANTOS, Boavetura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENEZES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul, p. 23-72. Coimbra: Edições Almedina, 2009.



PROGRAMAÇÃO

Dia
Horário
Local
Responsável
Evento
18-11-2019 (segunda-feira)
07:00 às 07:50
Auditório escolar
Secretaria de cultura de Morada Nova
Apresentação da banda de música Expedito Raulino

07:50 às 09:30
Sala de cerimoniais - 10
Psicóloga
Palestra: Emoções segregadas

09:30 às 09:50
Biblioteca Historiador Raimundo Girão
Centro de Multimeiros
Início das inscrições para concursos e oficinas.

13:50 às 14:40
Sala de cerimoniais - 10
Secretaria de saúde
Palestra: saúde masculina – uma questão sem cor

15:50 às 16:40
Sala de cerimoniais - 10
Professor Benedito F. Alves
Palestra: A responsividade a as estratégias enunciativas de combate ao preconceito

19:00 às 21:00
Extensão Aruaru
3G e Prof. Benedito F. Alves
Palestra: Preconceito carmim – Mariele e Zé Maria do Tomé
19-11-2019 (terça-feira)
07:50 às 09:30
Sala de cerimoniais - 10
Área de linguagens
Palestra: Letras de resistência: literatura e combate ao preconceito

09:50 às 10:40
Sala de cerimoniais - 10
Centro de Multimeios
Concurso: Soletrando a negritude

13:50 às 14:40
Sala de cerimoniais - 10
Centro de multimeios
Oficina: “Penteado e maquiagem negra”

15:50 às 16:40
Sala de cerimoniais - 10
Centro de Multimeios
Concurso: Soletrando a negritude

18:30 às 19:15
Sala de cerimoniais - 10
Centro de Multimeios
Concurso: Soletrando a negritude

20:00 às 21:00
Sala de cerimoniais - 10
Área de Humanas
Palestra: A criminalização geográfica e histórica do negro
20-11-2019 (quarta-feira)
07:50 às 09:30
Biblioteca Historiador Raimundo Girão
Centro de Multimeios
Palestra: A literatura do negro Machado de Assis

13:50 às 14:40
Sala de cerimoniais - 10
Centro de Multimeios
Concurso Cruz e Sousa de declamação de poesia

20:00 às 21:00
Sala de cerimoniais - 10
Centro de Multimeios
Filmografia negra
21-11-2019 (quinta-feira)
08:40 às 09:30
Auditório da escola Egídia
Centro de Multimeios
Concurso Pérola Negra

13:50 às 14:40
Sala de cerimoniais - 10
Área de Ciências
Palestra: Fundamentos bioquímicos contra o preconceito

19:00 às 21:00
Auditório escolar
Turmas noturnas da sede
Feira gastronômica: A culinária negra na renda e na cultura.
Roda de capoeira
22-11-2019 (sexta-feira)
09:00 às 10:00
Sala de cerimoniais - 10
Madrinhas dos vaqueiros
Roda de conversa: De negros e vaqueiros: histórias e imagens

14:40 às 15:30
Sala de cerimoniais - 10
Doutora Ticiane Nunes
Palestra: Mestiçagem vaqueira no plano do Léxico e da vida

16:00 às 17:00
Pista de atletismo de Morada Nova
Professor Alex Sandro
Corrida Joaquim Cruz

19:00 às 21:00
Extensão Aruaru
Turmas noturnas da extensão
Feira gastronômica: A culinária negra na renda e na cultura.
Desfile Pérola Negra
23-11-2019
(sábado)
06:00 às 16:00hs
Redenção
Área de Humanas (professor João Batista)
Viagem cultural à cidade de Redenção
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