SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ
10ª COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
ESCOLA EGÍDIA CAVALCANTE CHAGAS
SEMANA DA CULTURA NEGRA
PERÍODO:
18/11/2019 (segunda-feira) até 23/11/2019 (sábado)
LOCAL:
EEM Egídia Cavalcante Chagas
TEMA:
Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência
negra e mestiça
APRESENTAÇÃO:
A população negra e mestiça do Brasil está amparada pelas leis
brasileiras, mas carece de respeito por parte de seus próprios
irmãos. O Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra
(20 de novembro) – lei nº 12.519 (10-11-2011) – é uma prova de
que a sociedade brasileira está tentando pagar um triste débito
para com toda a população escravizada no século XVI como animais
para enriquecer com seu suor e sangue os vícios e a cobiça da
metrópole portuguesa e, concomitantemente, boa parte da população
do continente europeu.
A morte em 1695 do líder do
quilombo localizado entre Alagoas e Pernambuco, foi uma violência
extrema cujas consequências continuam presentes nas manifestações
(simbólicas ou físicas) de exclusão e assassinato da esperança e
dos ideias de liberdade, igualdade e fraternidade – ainda tão
distantes da rotina de negros e mestiços levados a viver das
migalhas das novas Casas Grandes.
Se é certo que a sociedade já
viu avanços nas atividades de enfrentamento aos meios de
silenciamento voltados para subalternizar a população negra e
mestiça, também o é que os mecanismos velados de proliferação
do ódio, da indiferença e do preconceito racial ainda estão
presentes num mundo que teima em desconhecer e/ou desmerecer as
crenças e elementos oriundos dos escravos e seus descendentes bem
como suas vidas.
Por tudo isso, a escola é um
espaço importante para a problematização do máximo de questões
que podem incidir na condição existencial dos negros e mestiços
inseridos mas ainda não plenamente integrados nos contextos e grupos
de interação ideológica (social e cultural) do século XXI.
REFERENCIAL
TEÓRICO:
Pensando a decolonialidade
Os
diversos grupos que constituem a sociedade global enfrenta problemas
de exclusão consolidados e históricos. Exclusões patrocinadas por
diferenças de poder econômico e domínio de práticas discursivas
pautadas em letramentos mais normativos e elitistas dão provas de
que “os conflitos de poder e os regimes de poder-saber continuaram
e continuam nas chamadas nações pós-coloniais”, conforme
Bernardino-Costa e Grasfogel (2016, p. 15)
Apesar
do esforço de teóricos e ativistas em defesa de uma discussão
contra-hegemônica, há muito o que ser feito para que o enunciado do
famoso poema “I have a dream” não seja apenas um amontoado de
palavras bonitas, mas incapazes de provocar um sentimento de
estranheza entre os sujeitos subalternizados em sua condição de
existência com os negros, indígenas, mestiços e moradores das
periferias urbanas e rurais esquecidas pelo poder público.
No
caso específico da população negra e mestiça não questionar de
forma mais convicta e incisiva o cumprimento de seus direitos
básicos e historicamente negados é um fantasma atual. O fato de a
população empobrecida não lutar para reescrever sua condição de
sujeito e sua identidade de ser pensante é uma problemática urgente
e comprova o quão orientados por vozes alheias cada indivíduo desta
contemporaneidade pode estar.
Reposicionar-se
diante de velhos esquemas de significação da sociedade é, no final
das contas, o que propõem Bernardino-Costa e Grasfogel (2016) ao
defenderem uma nova postura epistemológica acerca das questões de
empobrecimento e subalternidade vigentes . O caso da origem do termo
“Pós-colonialismo” é um exemplo. O “fato de o
pós-colonialismo ter uma língua de nascença, o inglês, e ter
também um espaço de circulação, o mundo anglofônico” (opus
cit,
p. 15) , são sintomas da velha prática de uns se deixarem guiar
pela comodidade do pensamento elaborado para as condições de
contextos nem sempre semelhantes às suas.
Bernardino-Costa
e Grasfogel (2016, p. 17) defendem que a decolonialidade é “uma
prática de oposição e intervenção, que surgiu no momento em que
o primeiro sujeito colonial do sistema mundo moderno/colonial reagiu
contra os desígnios imperiais que se iniciou em 1492”. Conforme a
explicação dos autores, a colonialidade do poder baseia-se na
“ideia de que a raça e o racismo se constituem como princípios
organizadores da acumulação de capital em escala mundial e das
relações de poder do sistema-mundo” (opus
cit.
p. 17).
Apesar
da novidade do termo decolonialidade, sua existência não é
recente. Para Bernardino-Costa e Grsfogel (2016), a conquista do
continente americano no século XVI marcou a hegemonia europeia sobre
o mundo e levou a sociedade global a sentir, pensar, agir e ser
conforme uma lógica padronizada pela influência organizada dos
discursos de dominação das (auto-)proclamadas nações
desenvolvidas do continente europeu.
Diante
dos discursos de insatisfação vigentes entre uma quantidade
crescente de empobrecidos da sociedade que teima em subalternizar
seus semelhantes, um pensamento diferente é válido. Daí a defesa
de Bernardino-Costa e Grasfogel (2016) em prol de um pensamento de
fronteira, uma “resposta epistêmica dos subalternos ao projeto
eurocêntrico da modernidade” (opus
cit,
p. 19) a partir de um “compromisso ético-político em elaborar um
conhecimento contra-hegemônico” (idem, ibidem) em favor da vida e
do bem-estar dos empobrecidos.
JUSTIFICATIVA:
A sociedade brasileira continua presenciando práticas de segregação
voltadas para a população descendente dos negros falsamente
libertados por uma Lei Áurea. Liberdade não é concessão nem
presente, mas um processo articulado e situado de luta em eterno
devir. Dessa forma, à medida que as questões sobre a negritude e a
mestiçagem brasileiras foram sendo radicalizadas, discursos
contra-hegemônicos de resistência foram sendo manifestados em
oposição às práticas hegemônicas de subalternização e opressão
vigentes. Diante do exposto, a integração entre as discussões
pautadas na decolonialidade do ser ser-poder-fazer e as reflexões
sobre o papel social da educação pública, gratuita e de qualidade
é uma oportunidade para a constituição de uma proposta mais
politizada e crítica em favor de uma luta por mais fraternidade
entre o eu e o outro.
OBJETIVO:
Promover uma revisão, a partir do universos da educação pública,
dos discursos de poder, saber e verdade que orientam as práticas
hegemônicas e as contra-hegemônicas que afetam a população negra
e mestiça ainda expropriada de seus direitos e manifestações
sociais e culturais.
METODOLOGIA:
Realização de palestras, debates, oficinas formativas e
informativas, exercícios artísticos, vivências culturais e
esportivas, debate em sala de aula no campus
central da escola Egídia Cavalcante Chagas e no campus
avançado do distrito de Aruaru, extensão Joana Paula de Morais e/ou
José Francisco Sampaio.
INFORMAÇÕES:
Escola Egídia Cavalcante Chagas. Telefone: (88)-3422-2810.
REFERÊNCIAS
BERNARDINO-COSTA,
Joaze; GRASFOGEL, Ramom.
Decolonialidade
e perspectiva negra.
Revista Sociedade e Estado – Volume 31 Número 1 Janeiro/Abril
2016. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/se/v31n1/0102-6992-se-31-01-00015.pdf.
FOUCAULT,
Michel. Microfísica
do poder.
Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro:
Edições Graal, 1979.
QUIJANO,
Anibal. Colonialidade
do poder, eurocentrismo e América Latina.
In: LANDER, Edgardo (Org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e
ciências sociais. Perspectivas latino-americana, p. 227-278. Buenos
Aires: Clacso, 2005.
SANTOS,
Boavetura de Sousa. Para
além do pensamento abissal:
das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura
de Sousa; MENEZES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul, p.
23-72. Coimbra: Edições Almedina, 2009.
PROGRAMAÇÃO
Dia
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Horário
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Local
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Responsável
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Evento
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18-11-2019
(segunda-feira)
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07:00
às 07:50
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Auditório
escolar
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Secretaria
de cultura de Morada Nova
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Apresentação
da banda de música Expedito Raulino
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07:50
às 09:30
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Sala
de cerimoniais - 10
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Psicóloga
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Palestra:
Emoções segregadas
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09:30
às 09:50
|
Biblioteca
Historiador Raimundo Girão
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Centro
de Multimeiros
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Início
das inscrições para concursos e oficinas.
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13:50
às 14:40
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Secretaria
de saúde
|
Palestra:
saúde masculina – uma questão sem cor
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|
15:50
às 16:40
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Professor
Benedito F. Alves
|
Palestra:
A responsividade a as estratégias enunciativas de combate ao
preconceito
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19:00
às 21:00
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Extensão
Aruaru
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3G
e Prof. Benedito F. Alves
|
Palestra:
Preconceito carmim – Mariele e Zé Maria do Tomé
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19-11-2019
(terça-feira)
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07:50
às 09:30
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Área
de linguagens
|
Palestra:
Letras de resistência: literatura e combate ao preconceito
|
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09:50
às 10:40
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Centro
de Multimeios
|
Concurso:
Soletrando a negritude
|
|
13:50
às 14:40
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Centro
de multimeios
|
Oficina:
“Penteado e maquiagem negra”
|
|
15:50
às 16:40
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Centro
de Multimeios
|
Concurso:
Soletrando a negritude
|
|
18:30
às 19:15
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Centro
de Multimeios
|
Concurso:
Soletrando a negritude
|
|
20:00
às 21:00
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Área
de Humanas
|
Palestra:
A criminalização geográfica e histórica do negro
|
20-11-2019
(quarta-feira)
|
07:50
às 09:30
|
Biblioteca
Historiador Raimundo Girão
|
Centro
de Multimeios
|
Palestra:
A literatura do negro Machado de Assis
|
|
13:50
às 14:40
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Centro
de Multimeios
|
Concurso
Cruz e Sousa
de declamação de poesia
|
|
20:00
às 21:00
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Centro
de Multimeios
|
Filmografia
negra
|
21-11-2019
(quinta-feira)
|
08:40
às 09:30
|
Auditório
da escola Egídia
|
Centro
de Multimeios
|
Concurso
Pérola Negra
|
|
13:50
às 14:40
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Área
de Ciências
|
Palestra:
Fundamentos bioquímicos contra o preconceito
|
|
19:00
às 21:00
|
Auditório
escolar
|
Turmas
noturnas da sede
|
Feira
gastronômica:
A culinária negra na renda e na cultura.
Roda
de capoeira
|
22-11-2019
(sexta-feira)
|
09:00
às 10:00
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Madrinhas
dos vaqueiros
|
Roda
de conversa: De
negros e vaqueiros: histórias e imagens
|
|
14:40
às 15:30
|
Sala
de cerimoniais - 10
|
Doutora
Ticiane Nunes
|
Palestra:
Mestiçagem vaqueira no plano do Léxico e da vida
|
|
16:00
às 17:00
|
Pista
de atletismo de Morada Nova
|
Professor
Alex Sandro
|
Corrida
Joaquim Cruz
|
|
19:00
às 21:00
|
Extensão
Aruaru
|
Turmas
noturnas da extensão
|
Feira
gastronômica: A
culinária negra na renda e na cultura.
Desfile
Pérola Negra
|
23-11-2019
(sábado)
|
06:00
às 16:00hs
|
Redenção
|
Área
de Humanas (professor João Batista)
|
Viagem
cultural à cidade de Redenção
|
………..
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