quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Egídia Cavalcante Chagas - Semana da Cultura Negra (18-23 de novembro de 2019) - textos


SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ
10ª COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
ESCOLA EGÍDIA CAVALCANTE CHAGAS
SEMANA DA CULTURA NEGRA
TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça


O candomblé possui cerca de 16 Orixás, desde que considerados também os chamados Ibeji, conhecidos como os Orixás infantis. Cada um deles atua em sua própria simbologia, possuindo caraterísticas próprias, representações e ocupações; á eles também são atribuídos dias específicos da semana para os cultos nos terreiros. […] até os dias atuais não foi possível enumerar todos os deuses e representações desta crença, podendo ser estipulado um número até mesmo superior a 400 entidades [...].
Exu - O primeiro dos Orixás do Candomblé tem a segunda feira como seu dia de celebração e, apesar de ser visto por muitos de fora do candomblé como uma entidade maléfica, ele na verdade é um mensageiro do Orixás, executando o que lhe é comandado, independente das consequências.
Obaluaiê - Outro Orixá celebrado durante as segundas-feiras com a saudação “Atotô!”, ele é a divindade da medicina, possui sincretismo às figuras de São Roque e São Lázaro e está sempre olhando pelos doentes.
Ogum - Destinado à terça feira, esse é o orixá guerreiro representado por São Jorge em sincretismo com a Igreja Católica. Com a saudação “Ogunhê!” junto ao ato de curvar-se, ele simboliza a luta pela vida e a força física e espiritual.
Representado por São Bartolomeu no catolicismo, Oxumarê é o Orixá da riqueza e fortuna, sendo também conhecido como o ciclo da vida. Celebrado durante as terças-feiras, a saudação de sua chegada é “Arroboboi!”.
Iroko é uma entidade pouco presente e tem sua manifestação restrita, sendo ela muito ligada a outro Orixá, Xangô. Representa o tempo e é ligado no catolicismo a São Pedro Nolasco, sendo celebrado na terça-feira sob a saudação “Iroko y Só! Eeró!”.
Iansã - Representa a força natural feminina dos ventos e das tempestades, comemorando seu dia às quartas-feiras. Seu sincretismo na igreja católica é a figura de Santa Bárbara e tem como saudação o grito de guerra “Epahey Oyá”.
Xangô - Esse orixá é uma figura muito popular mesmo entre os leigos do candomblé, representado na igreja católica pelo santo São Jerônimo, sob a personificação da justiça. Comemorado na quarta-feira, sua celebração tem um como grito de saudação “Kao Kabiesilê!”.
Obá - Essa é a representação de outra forma do poder dos ventos, através da senhora dos redemoinhos, sendo sua santa católica a famosa Joana d’Arc. Também celebrada em uma quarta-feira, a saudação de Obá é “Xiré Yá!”.
Oxóssi - Representado por São Sebastião na Igreja Católica, tem seu dia na quinta-feira e sua saudação é “Okê aro!”. Oxóssi é o grande senhor das matas, protetor dos animais e seres que lá habitam, atuando também como o Orixá da caça.
Logum Edé - Filho de Oxum e Oxóssi, este é o famoso Orixá caçador e, justamente por isso, seu representante na igreja católica é o poderoso Santo Expedito. Sua saudação é dita “Olorikim!” e tem sua comemoração feita na quinta-feira.
Ossaim - Representado por São Benedito na igreja católica, ele divide a quinta-feira com as celebrações de Oxóssi e Logun Edé, sendo muito respeitado como o Orixá das plantas e saudado com “Ewê ô!”.
https://www.wemystic.com.br/artigos/orixas-do-candomble-conheca-os-16-principais-deuses-africanos/
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ
10ª COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
ESCOLA EGÍDIA CAVALCANTE CHAGAS
SEMANA DA CULTURA NEGRA
TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça

Oxalá - O maior e mais conhecido de todos os orixás do Candomblé, tem seu nome usado em diversas expressões populares. Sua saudação é o “Êpa Babá!” e representa sua fama na igreja católica através do Senhor do Bonfim. Devido a sua grande importância, Oxalá tem o dia de sexta-feira reservado somente para si.
Oxum - Outro grande e conhecido Orixá, Oxum é o representante do amor, da maternidade e da fertilidade. Essa característica materna faz com que a divindade seja representada pela grande mão da igreja católica, Nossa Senhora Aparecida. Seu dia é o sábado e é saudada com o dizer “Ora yê yê ô!”.
Iemanjá - A figura popular da grande deusa e senhora dos mares, Iemanjá é a mãe de todos e o espelho do mundo. Seu dia é celebrado aos sábados, junto a Oxum e através da Nossa Senhora da Conceição (ou também pela Virgem Maria, variando de acordo com a região de celebração). Sua saudação é “Odô iyá!”.
Nanã - Um dos mais antigos Orixás do Candomblé e representada por Sant’Ana, Nanã é a deusa associada aos idosos, à maternidade e aos castigos como forma de educar, tendo seu dia celebrado às terças-feiras. Sua saudação se pronuncia “Salubá!”
Ibeji (Cerês) - Aos domingos também pode ser celebrado o dia de Ibeji que, na verdade, são orixás crianças representados por São Cosme e São Damião. Dizem que são amigos de todas as crianças e, normalmente suas celebrações estão acossadas a presença de muitos doces brinquedos. São saudados por “Omi beijada! Beijiróó!”.
https://www.wemystic.com.br/artigos/orixas-do-candomble-conheca-os-16-principais-deuses-africanos/
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O Candomblé é uma religião africana que chegou ao Brasil junto com os negros que vieram em condição de escravos. A crença segue as leis da natureza e suas divindades são os orixás, vistos como ancestrais divinos que cuidam e equilibram nossas energias.
Diferente da Umbanda, onde a comunicação dos orixás com a terra ocorre por meio da incorporação, no Candomblé ela é feita por meio da leitura de búzios.
A Umbanda é uma religião brasileira que surgiu em 1908 e foi revalada por Zélio Fernandino de Moraes, natural de São Gonçalo (RJ) e mescla elementos do catolicismo, cultos africanos e do kardecismo. A religião acredita nos orixás como espíritos ancestrais, que se comunicam com a terra por meio da incorporação de médiuns.
Os trabalhos e assistências ocorrem enquanto os espíritos estão incorporados. Durante a incorporação, alguns orixás/espíritos fazem uso do tabaco e bebida por parte dos médiuns. Outros, porém, como os espíritos das crianças, preferem doces e brinquedos..
Apesar de o termo ser usado erroneamente por muitas pessoas, macumba é o nome de uma árvore e de um instrumento musical de percussão utilizado em religiões afrobrasileiras. Deste modo, macumbeiro é o indivíduo que toca tal instrumento.
No Brasil, a palavra "macumba" designa de forma popular e equivocada toda oferenda aos orixás. O termo correto para isto, no Candomblé, seria o "ebó" ou "padê". Já na Umbanda seria "despacho".
https://www.diferenca.com/candomble-e-umbanda/


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SEMANA DA CULTURA NEGRA
TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça

No Brasil, a história de seus conflitos e problemas envolveu bem mais do que a formação de classes sociais distintas por sua condição material. Nas origens da sociedade colonial, o nosso país ficou marcado pela questão do racismo e, especificamente, pela exclusão dos negros. [...].
Em nossa cultura poderíamos enumerar o vasto número de piadas e termos que mostram como a distinção racial é algo corrente em nosso cotidiano. Quando alguém autodefine que sua pele é negra, muitos se sentem deslocados. Parece ter sido dito algum tipo de termo extremista. Talvez chegamos a pensar que alguém só é negro quando tem pele “muito escura”. Com certeza, esse tipo de estranhamento e pensamento não é misteriosamente inexplicável. [...]
É bem verdade que o conceito de raça em si é inconsistente, já que do ponto de vista científico nenhum indivíduo da mesma espécie possui características biológicas (ou psicológicas) singulares. Porém, o saber racional nem sempre controla nossos valores e práticas culturais. A fenotipia do indivíduo acaba formando uma série de distinções que surgem no movimento de experiências históricas que se configuraram ao longo dos anos. [...]
Dessa maneira, é no passado onde podemos levantar as questões sobre como o brasileiro lida com a questão racial. A escravidão africana instituída em solo brasileiro, mesmo sendo justificada por preceitos de ordem religiosa, perpetuou uma ideia corrente onde as tarefas braçais e subalternas são de responsabilidade dos negros. [...]
No entanto, também devemos levar em consideração que o nosso racismo veio acompanhado de seu contraditório: a miscigenação. Colocada por uns como uma estratégia de ocupação, a miscigenação questiona se realmente somos ou não pertencentes a uma cultura racista. Para outros, o mestiço definitivamente comprova que o enlace sexual entre os diferentes atesta que nosso país não é racista. Surge então o mito da chamada democracia racial.
Sistematizado na obra “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, o conceito de democracia racial coloca a escravidão para fora da simples ótica da dominação. A condição do escravo, nessa obra, é historicamente articulada com relatos e dados onde os escravos vivem situações diferentes do trabalho compulsório nas casas e lavouras. De fato, muitos escravos viveram situações em que desfrutavam de certo conforto material ou ocupavam posições de confiança e prestígio na hierarquia da sociedade colonial. [...]
Porém, a miscigenação não exclui os preconceitos. Nossa última constituição coloca a discriminação racial como um crime inafiançável. Entre nossas discussões proferimos, ao mesmo tempo, horror ao racismo e admitimos publicamente que o Brasil é um país racista. Tal contradição indica que nosso racismo é velado e, nem por isso, pulsante. Queremos ter um discurso sobre o negro, mas não vemos a urgência de algum tipo de mobilização a favor da resolução desse problema.
Ultimamente, os sistemas de cotas e a criação de um ministério voltado para essa única questão demonstram o tamanho do nosso problema. Ainda aceitamos distinguir o negro do moreno, em uma aquarela de tons onde o último ocupa uma situação melhor que a do primeiro. Desta maneira, criamos a estranha situação onde “todos os outros podem ser racistas, menos eu... é claro!”. […].
Rainer Sousa – Mestre em história




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SEMANA DA CULTURA NEGRA
TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça

Um homem nunca chora
Acreditava naquela história / do homem que nunca chora.
Eu julgava-me um homem.
Na adolescência / meus filmes de aventuras / punham-me muito longe de ser cobarde / na arrogante criancice do herói de ferro.
Agora tremo. / E agora choro.
Como um homem treme. / Como chora um homem!
Pena
Zangado / acreditas no insulto / e chamas-me negro.
Mas não me chames negro.
Assim não te odeio. / Porque se me chamas negro / encolho os meus elásticos ombros / e com pena de ti sorrio.
Nem desconfia
Todo o poeta quando preso / é um refugiado livre no universo
de cada coração / na rua.
O chefe da polícia / de defesa da segurança do estado / sabe como se prende um suspeito / mas quanto ao resto / não sabe nada.
E nem desconfia.
Guerra
Aos que ficam / resta o recurso / de se vestirem de luto / Ah, cidades! / Favos de pedra / macios amortecedores de bombas.
Grito Negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
José João Craveirinha (Lourenço Marques, 28 de Maio de 1922 — Maputo, 6 de Fevereiro de 2003) é considerado o poeta maior de Moçambique. Em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.
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SEMANA DA CULTURA NEGRA
TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça
Por Wesley Lima
Da Página do MST

O grito de liberdade ecoa permanentemente. As palavras de indignação e resistência persistem. Mas o racismo, um dos instrumentos estruturais do capitalismo continua matando, marginalizando, invisibilizando e demonizando a cultura, os corpos e a religião do povo negro.
Segundo o Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e  pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mulheres, jovens e negros  de baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no país. A população negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios. O documento revela que a cada 100 pessoas assassinadas, em 2017, 71 eram negras. Em sua grande maioria mulheres e jovens. Só em 2015, cerca de 385 mulheres foram assassinadas por dia.
As regiões de Roraima, Goiás e Mato Grosso lideram a lista de estados com maiores taxas de homicídios. No mesmo período, no Maranhão houve um aumento de 124% na taxa de feminicídios  e, mais uma vez, as mulheres negras são as principais vítimas. É importante destacar que, segundo o Atlas, em inúmeros casos notificados, as mulheres são vítimas de outras violências de gênero, como a patrimonial, psicológica, física, sexual, além do homicídio.
Nesse mesmo contexto, a juventude segue sendo vítima. Mais de 318 mil jovens foram assassinados no Brasil entre 2005 e 2015. Apenas em 2015 foram 31.264 homicídios de pessoas com idade entre 15 e 29 anos. No geral, cerca de 92% dos homicídios acometem essa parcela da população.
Em Alagoas e Sergipe a taxa de violência com homens jovens atingiu, respectivamente, 233 e 230,4 mortes por 100 mil homens jovens em 2015. De acordo com o Atlas, os negros possuem 23,5% de chances de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças.
Regina Lúcia, militante do Movimento Negro Unificado (MNU), afirma que esse processo genocida da população negra é histórico. “O projeto genocida da população negra está em vigor desde o dia 14 de maio de 1888 […] É um projeto da elite branca sobre a população negra. E ele está entranhado na saúde, na educação, na cultura, na moradia, no acesso a terra. Não podemos esquecer do genocídio da bala, perpetrado pela polícia, pelos grupos de extermínio, pelo narcotráfico e etc”, explica.
http://www.mst.org.br/2018/05/18/brasil-um-pais-marcado-pelo-genocidio-da-sua-populacao-negra-pobre-e-periferica.html
O Brasil está diante de uma matança generalizada da sua população jovem, notadamente os rapazes negros, que são as principais vítimas da violência letal. Em 2016, segundo apontam os dados do Atlas da Violência 2018, houve um aumento de 7,4% em relação a 2015 no número de jovens mortos de forma violenta. Já no período de dez anos, entre 2006 e 2016, o aumento registrado foi de 23,3%. O número de mortes violentas é também um retrato da desigualdade racial no país, onde 71,5% das pessoas assassinadas são negras ou pardas, com baixa escolaridade e não possuem o ensino fundamental concluído.
http://juventudescontraviolencia.org.br/plataformapolitica/quem-somos/eixos-programaticos/enfrentamento-ao-genocidio-da-juventude-negra/


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SEMANA DA CULTURA NEGRA
TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça


O que se assiste é um aumento assustador das mortes violentas no país. Das 61.283 mortes violentas ocorridas em 2016 no Brasil, a maioria das vítimas são homens (92%), negros (74,5%) e jovens (53% entre 15 e 29 anos). As mortes violentas no país subiram 10,2% entre 2005 e 2015. Mas, entre pessoas de 15 a 29 anos, a alta foi de 17,2%.
A violência letal intencional no Brasil cresce contra negros (pretos e pardos) e regride contra não negros (brancos, amarelos e indígenas), a taxa de homicídios de indivíduos não negros diminuiu 6,8%. No mesmo período, a taxa entre a população negra saltou 23,1% e foi a maior registrada desde 2006. Esse quadro é ainda mais aterrador para a juventude negra: 77% dos jovens assassinados no Brasil são negros. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. São 63 mortes por dia, que totalizam 23 mil vidas negras perdidas pela violência letal por ano.
Os homicídios são reflexo da sobreposição de vulnerabilidades às quais esta população negra está sujeita e o quanto a violência  atravessa esses corpos de maneira generalizada. Apesar de alguns avanços conquistados, como a Lei Maria da Penha, o número de homicídios de mulheres negras – que inclui as pretas e pardas – segue aumentando com destaque para os feminicídios. Segundo o Atlas da Violência (2018) as mulheres negras, pobres e que têm entre 18 e 30 anos são a maioria das vítimas de crimes contra a mulher. Em 10 anos o assassinato de mulheres negras aumentou 15,4%, enquanto a taxa de homicídio de mulheres não negras diminuiu 8%; a taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras.
Esse cenário é tão alarmante que ativistas e especialistas têm denominado o fenômeno de genocídio da juventude negra.  O extermínio generalizado ou genocídio dos jovens negros é reflexo do racismo estrutural e institucional, que coloca em xeque ideais de solidariedade e igualdade, e impacta o tipo de sociedade que estamos construindo para as próximas gerações.
Ainda que muitas pessoas acreditem que o racismo – prática discriminatória que visa colocar grupos e/ou indivíduos em posições de desigualdade, em virtude de aspectos físicos, como a cor da pele – se manifeste individualmente, operando apenas nas relações interpessoais, a história demonstra que essa não é uma questão restrita ao âmbito individual. Historicamente o povo negro vivência condições de vida muito inferiores aos de pessoas brancas. Mesmo quando comparadas/os à parcela da população branca e pobre, em geral, es/as/os negres/as/os e pobres se encontram em situação muito pior. Isso pode ser facilmente ilustrado por indicadores sociais, como os que apontam que 76% da população mais pobre é negra; 79,4% de pessoas analfabetas são negras; 62% das crianças que estão fora da escola são negras; em média a renda de negros é 40% menor que a de brancos ( IPEA 2012).
http://juventudescontraviolencia.org.br/plataformapolitica/quem-somos/eixos-programaticos/enfrentamento-ao-genocidio-da-juventude-negra/




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TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça

O problema da desigualdade social no Brasil não diz respeito apenas a questões socioeconômicas, mas passam fundamentalmente por dimensões socioculturais e étnico-raciais. Para enfrentar esse problema – que tem como consequência o extermínio de uma parcela da população (a de negras/os) – é preciso assumir que somos uma sociedade racista e, ainda, que o racismo é praticado pelo próprio Estado. As alarmantes taxas de mortalidade da juventude negra são resultado de uma série de outras violências sofridas por esse segmento, provocadas principalmente pelo Estado, que não é capaz de oferecer acesso igualitário, entre negras/os e brancas/os, às políticas sociais e aos serviços públicos. Estratégias e políticas de segurança e proteção da cidadania, por exemplo, incidem de forma diferenciada nas populações branca e negra. Toda essa omissão contribui, ainda, para a naturalização e a banalização dessas violações, por parte de variados setores da sociedade, resultando na culpabilização das vítimas.
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Presidente Negro do Brasil Por Rogério de Moura.
Nilo Peçanha chegou à presidência do Brasil menos de 20 anos após a libertação dos escravos em 1889. A proeza de Nilo Procópio Peçanha é bem maior que seu colega Luiz Ignácio Lula da Silva, eleito em 2002 e porque não dizer do presidente americano Barak Obama. Embora muitas vezes fosse retratado como branco era mulato, sendo, inclusive, “embranquiçado” nas fotos.
Nilo nasceu no dia 02 de outubro de 1867, na Fazenda do Desterro, no limite com o Espírito Santo, município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha e Joaquina Anália de Sá Freire Peçanha. Nilo Peçanha ou o “Menino da Padaria”, como era conhecido (devido ao seu pai ter um comércio de padaria), viveu seu início de vida num sítio em Morro do Coco, onde cresceu ouvindo histórias da negra Delfina, que falava do sofrimento dos escravos.
Foi eleito em sucessivos pleitos e em 1903 foi eleito para deputado federal, quando assumiu uma cadeira no Senado. Em 1903, renunciou à sua vaga na Câmara Alta para assumir a Presidência do Estado do Rio de Janeiro, que exerceu até 1906. Neste ano, foi eleito Vice-Presidente de Afonso Pena.
Em 1909, devido à morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha tornou-se Presidente da República. Nilo estava com 42 anos ao assumir a Presidência da República.
Em seu governo recriou o Ministério da Agricultura, órgão que aglutinou os grupos regionais dissidentes. Introduziu importantes alterações no funcionamento do Estado, o que representou uma obra de grande alcance. Criou Lei permitindo, pela primeira vez, o trabalho feminino nas repartições públicas. Criou o Imposto Territorial, criou o Ensino Técnico-profissional (com as Escolas de Aprendizes de Artífices), o Serviço de Inspeção Agrícola, a Diretoria da Indústria Animal, a Diretoria de Meteorologia e o Serviço de Proteção ao Índio.
Faleceu em 1924, no Rio de Janeiro, afastado da vida política e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.
https://racismoambiental.net.br/2017/03/04/nilo-pecanha-o-primeiro-negro-presidente-do-brasil-1867-1924/
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TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça.
A escravidão não havia a conceituação que temos hoje de estupro ou de violações, para o escravizador, os escravizados eram bens móveis sub-humanos, não possuíam direitos e eram considerados coisas, propriedades.

Há diversos relatos na historiografia de casamentos entre escravizados e também de separação de famílias, dependia dos interesses econômicos dos senhores. Possuir escravizados dóceis com laços familiares era interessante como chantagem emocional e controle para fugas e rebeliões. Encontrei comunidades oriundas de senzalas no estado da Bahia, formada exclusivamente por famílias há diversas gerações, quando fiz o primeiro mapeamento sistemático de quilombos baianos e publiquei o livro: Bahia: Terra de Quilombos em 1996.

Alguns fatores podem ser pontuados para a prática da reprodução, sendo bom ressaltar que uma mulher escravizada tinha o valor de dois homens escravizados, porque ela além de exercer os trabalhos nas plantações, minas, serviços de ganho nas cidades, o serviço doméstico, prostituição forçada por senhoras de boas famílias e freiras católicas, gerava mão de obra gratuita e lucro para o escravizador.
Muitos senhores alugavam os escravizados reprodutores e a quantia paga pelo locatário proporcionava um bom lucro:
- Escravizadas que após parirem tinha as suas tetas alugadas.
- Crianças comercializadas, os meninos sendo filhos de reprodutores representava uma boa linhagem.
- Futuros trabalhadores nas casas grandes e fazendas (crias da casa).

Alguns fatores contribuíram para a indústria da reprodução de escravizados:
º Receios de rebelião de escravizados recém-chegados da África;
º Impacto econômico causado por leis que restringiram ou eliminaram a importação de escravizados;
º A necessidade de mão de obra barata para acompanhar o crescimento da agricultura e
º Uma espécie de eugenia que escravizados bem dotados de saúde gerariam crianças saudáveis.

https://cnncba.blogspot.com/2014/06/escravidao-e-reproducao-mulher-preta-e.html
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Nega do cabelo duro / Que não gosta de pentear / Quando passa na baixa do tubo / O negão começa a gritar / Pega ela aí
Pega ela aí / Pra que ? / Pra passar batom / De que cor? / De violeta
Na boca e na bochecha - Pedro Henrique e Fernando
O nosso som não tem idade, não tem raça
E nem ver cor
Mas a sociedade pra gente não dá valor
Só querem nos criticar pensam que somos animais
Se existia o lado ruim hoje não existe mais
Porque o funkeiro de hoje em dia caiu na real
Essa história de porrada isso e coisa banal
Agora pare e pense, se ligue na responsa
Se ontem foi a tempestade hoje vira abonança
É som de preto / De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado.(2x)
DJ Marlboro



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TEMA: Decolonialidades e educação pública: sementes de resistência negra e mestiça

Para reverter esse quadro de marginalização no alvorecer da República, os libertos, ex-escravos e seus descendentes instituíram os movimentos de mobilização racial negra no Brasil, criando inicialmente dezenas de grupos (grêmios, clubes ou associações) em alguns estados da nação. Em São Paulo, a agremiação negra mais antiga desse período foi o Clube 28 de Setembro, constituído em 1897.
Simultaneamente, apareceu o que se denomina imprensa negra: jornais publicados por negros e elaborados para tratar de suas questões. A imprensa negra conseguia reunir um grupo representativo de pessoas para empreender a batalha contra o “preconceito de cor”. Esses jornais enfocavam as mais diversas mazelas que afetavam a população negra no âmbito do trabalho, da habitação, da educação e da saúde, tornando-se uma tribuna privilegiada para se pensar em soluções concretas para o problema do racismo na sociedade brasileira.
Na década de 1930, o movimento negro experimentou enorme avanço com a fundação, em 1931, em São Paulo, da Frente Negra Brasileira (FNB). Na primeira metade do século XX, a FNB foi a mais importante entidade negra do país conseguindo converter o Movimento Negro Brasileiro em movimento de massa. Em 1936, a FNB transformou-se em partido político e pretendia participar das próximas eleições, a fim de capitalizar o voto da “população de cor”, mas veio o golpe do Estado Novo em 1937 e os partidos políticos foram suspensos.
A reorganização efetiva do movimento negro se deu no final da década de 1970, no turbilhão dos movimentos de contestação\ à ditadura iniciada em 1964. Em 1978 dá-se a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) inspirado na luta a favor dos direitos civis dos negros estadunidenses (Martin Luther King, Malcon X).
Com a reabertura política o movimento negro assumiu uma postura mais enfática e contundente. O 13 de Maio, dia de comemoração festiva da abolição da escravatura, transformou-se em Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo. A data de celebração do MNU passou a ser o 20 de Novembro (presumível dia da morte de Zumbi dos Palmares), a qual foi eleita como Dia Nacional de Consciência Negra.  Para incentivar o negro a assumir sua condição racial, o MNU resolveu não só despojar o termo “negro” de sua conotação pejorativa, mas o adotou oficialmente para designar todos os descendentes de africanos escravizados no país. Assim, ele deixou de ser considerado ofensivo e passou a ser usado com orgulho pelos ativistas, o que não acontecia tempos atrás. O termo “homem de cor”, por sua vez, foi praticamente proscrito. Outra característica do movimento negro nos últimos anos é que ele “africanizou-se”, buscando a promoção de uma identidade étnica específica do negro, com a incorporação do padrão de beleza, da indumentária e da culinária africana.




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Há anos as mulheres negras têm sido excluídas dos editoriais e passarelas de moda e beleza, e consequentemente é muito difícil encontrarmos inspirações que de fato traduzam o que procuramos e que não nos tirem nossa identidade.
Para piorar a visão da mulher negra dentro do mundo fashion, em consequência do domínio de estilistas brancos nas passarelas e no comando das marcas, e é claro, o fato de tudo ser vendido dentro dos padrões eurocêntricos cultivados pela sociedade como o que é bonito e aceitável, a nossa cor e nosso cabelo são cada vez mais excluídos. Modelos brancas representam as mulheres brancas, em tutoriais de cabelo e maquiagem, mas pouco há para as negras, e quando há, com pouco destaque.
Um exemplo de como a pele negra é naturalmente menosprezada aconteceu esta semana, a Revista americana Cosmopolitan, decidiu listar tendências aceitáveis e não aceitáveis em 2015, chamando as primeiras de “Hello, gorgeous” (que seria “Olá, maravilhosa”) e “To die” (que seria uma tendência “para morrer”). “Coincidentemente”, todas as tendências listadas no lado negativo da lista, eram usadas por mulheres negras.
Mesmo no Brasil, onde se clama tolerância e diversidade, as modelos mais famosas internacionalmente são brancas. Claro que tivemos bons exemplos de representatividade nas passarelas, Naomi Campbell, Alek Wek e Tyra Banks são incrivelmente bem sucedidas e referências desde os anos 90, quando começaram a trabalhar. E no Brasil, as gêmeas brasileiras Suzane e Suzana Massena têm conquistado cada vez mais espaço nas passarelas. Ao contrário das mais velhas, elas não alisaram ou rasparam o cabelo para desfilar.
Mas ainda não dá para ter uma visão positiva, considerando o tanto a caminhar e barreiras de preconceito a se quebrar, desde os ateliês e desfiles, até as revistas e marcas de roupas que falham na pesquisa sobre referências africanas e vendem se apropriando de cultura. A maioria sem usar mulheres negras para estampar os editoriais, sejam eles temáticos, sejam eles “mistos”.
Ainda bem não nos deixamos ser reduzidas em meio a cultura. Para as mulheres negras, se a moda não as representa, elas representam a todas as outras com a moda delas.
Depois de descobrir, aceitar e me identificar com minhas raízes, comecei a procurar outras referências, e percebi que não eram só minhas. São mulheres jovens, mas comprometidas com sua identidade, corpo e mensagens que querem passar, para inúmeros seguidores que também se inspiram nelas. Elas têm usado a moda como seu espaço de trabalho, passando por cima de regras sobre cabelo ou “cores que combinam com seu tom de pele”, e sem pedir licença.
Para elas não precisa ter corpo, cor, nem cabelo de modelo para ter seu lugar no mercado da moda, elas desfilam, inspiram e também comandam! E é claro que tanto poder assim merece uma lista de inspiração:
http://ovelhamag.com/a-mulher-negra-e-seu-espaco-na-moda/

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