terça-feira, 25 de setembro de 2012

A educação e as novas tecnologias


A relação entre as pessoas e as tecnologias vem modificando em um ritmo frenético a forma como a realidade é percebida e significada por todos os que entram em processo de interação e de interpretação dos elementos fundantes da história humana ao longo do espaço-tempo.
A parte mais atual desse novo momento histórico-cultural é a necessidade de reconhecer a forma como a tecnologia afeta a forma de viver e perceber a si e ao outro durante a interação humana. No caso da escola, a inserção das novas tecnologias em torno do processo de ensino-aprendizagem, vem revitalizar e dinamizar a forma de interação entre as pessoas e entre elas e o conhecimento. Ainda que a pessoas possa discordar do outro, sua noção de ensino-aprendizagem passa a ser afetada de maneira mais próxima do que a sociedade do conhecimento pensa e realiza.
Há exemplos de pessoas que alcançam oportunidades só acessíveis a quem pode interagir no meio virtual por causa de problemas como a distância física entre as pessoas e por causa da dificuldade de contato com informações e conhecimentos novos. Quando a escola manuseia a tecnologia da informação e a emprega de maneira didática e pedagógica, o aluno ganha em novas maneiras de formar conexões e constituir significados para si e sobre si perante o outro que o rodeia.
Para poder prosseguir em sua marcha para um novo patamar de desenvolvimento intelectual, a humanidade atrela seu destino ao uso de instrumentos virtuais e digitais característicos da era do conhecimento alcançada e em pleno desenvolvimento por meio da rede mundial de computadores, a internet – tanto um veículo como um produto da comunicação interpessoal.
Com o advento dos avanços tecnológicos atuai o acesso e a velocidade de acesso ao que o homem anseia em termos materiais tornou-se muito mais veloz que em todo o resto da história humana. Isso modificou a relação do homem com a natureza e com a noção de necessidade e de satisfação. Aquilo que pode ser suficiente hoje, amanhã pode carecer de novos parâmetros, de outros limites.
No caso da natureza, a raça humana vem usando e abusando dos recursos naturais de maneira assimétrica. Uma parte pequena da população global possui a renda suficiente para se apropriar dos meios de produção e da força de trabalho da grande maioria. Dessa forma, é criado um campo de exclusão que somente é efetivamente percebido a partir de uma análise mais aprofundada dos meios e dos fins em que se inerem a compreensão da motivação intelectual, emocional e ideológica de cada pessoa com a qual o eu e o outro se relacionam ao longo de contextos específicos.
Há toda uma estratégia de manipulação e de transmutação dos elementos constituídos em torno da humanidade. No final desse processo, elementos aparentemente distantes afetam a forma como a imagem de um homem e de uma mulher são pensadas e elaboradas em atos e palavras.
Para rever a forma de pensar e de constituir a figura do homem e da mulher, a escola aderiu a força da inovação com a qual foi imbuída ao receber o computador e as novas tecnologias em geral para o trabalho didático-pedagógico desenvolvido entre suas quatro paredes. A inserção de novas formas de aprender e de ensinar permitiu que o sistema em que a humanidade interage fosse contestado a partir de sues próprios fundamentos. A ação de considerar as coisas sob novos pontos de vista, permitiu a mudança de paradigmas educacionais. Passou-se a uma compreensão mais plural das partes do todo e do todo a partir de suas partes.
A utilização de novas tecnologias na educação não pode ser compreendida como uma forma de gerar desemprego ou de substituir a figura humana. É antes uma forma de olhar o outro e interpretá-lo a partir de um ponto de vista virtual. A velha noção de que o desenvolvimento traz problemas é uma forma de incutir medo naqueles que podem se tornar agentes da ação humana.
Em Morada Nova, a atualização das práticas pedagógicas a partir da utilização de recursos tecnológicos permitiu que os alunos pudessem perceber a reorganização do espaço-tempo a partir de cada uma das escolhas que os sujeitos discursivos conseguem se fazer ouvir em suas particularidades temporais e ideológicas, em sua forma de perceber a constituição do tecido da realidade em que a razão e a emoção se mesclam de maneiras diversas.
A experiência comprova não ser a adoção de ferramentas decisivas na possibilidade de um sujeito esgotar a compreensão da história circundante. É a rede ideológica de interpretação que o habilita a prover sua consciência de novos sentidos adaptáveis ao meio em que vive.

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