A relação
entre as pessoas e as tecnologias vem modificando em um ritmo
frenético a forma como a realidade é percebida e significada por
todos os que entram em processo de interação e de interpretação
dos elementos fundantes da história humana ao longo do espaço-tempo.
A parte
mais atual desse novo momento histórico-cultural é a necessidade de
reconhecer a forma como a tecnologia afeta a forma de viver e
perceber a si e ao outro durante a interação humana. No caso da
escola, a inserção das novas tecnologias em torno do processo de
ensino-aprendizagem, vem revitalizar e dinamizar a forma de interação
entre as pessoas e entre elas e o conhecimento. Ainda que a pessoas
possa discordar do outro, sua noção de ensino-aprendizagem passa a
ser afetada de maneira mais próxima do que a sociedade do
conhecimento pensa e realiza.
Há
exemplos de pessoas que alcançam oportunidades só acessíveis a
quem pode interagir no meio virtual por causa de problemas como a
distância física entre as pessoas e por causa da dificuldade de
contato com informações e conhecimentos novos. Quando a escola
manuseia a tecnologia da informação e a emprega de maneira didática
e pedagógica, o aluno ganha em novas maneiras de formar conexões e
constituir significados para si e sobre si perante o outro que o
rodeia.
Para
poder prosseguir em sua marcha para um novo patamar de
desenvolvimento intelectual, a humanidade atrela seu destino ao uso
de instrumentos virtuais e digitais característicos da era do
conhecimento alcançada e em pleno desenvolvimento por meio da rede
mundial de computadores, a internet – tanto um veículo como um
produto da comunicação interpessoal.
Com o
advento dos avanços tecnológicos atuai o acesso e a velocidade de
acesso ao que o homem anseia em termos materiais tornou-se muito mais
veloz que em todo o resto da história humana. Isso modificou a
relação do homem com a natureza e com a noção de necessidade e de
satisfação. Aquilo que pode ser suficiente hoje, amanhã pode
carecer de novos parâmetros, de outros limites.
No caso
da natureza, a raça humana vem usando e abusando dos recursos
naturais de maneira assimétrica. Uma parte pequena da população
global possui a renda suficiente para se apropriar dos meios de
produção e da força de trabalho da grande maioria. Dessa forma, é
criado um campo de exclusão que somente é efetivamente percebido a
partir de uma análise mais aprofundada dos meios e dos fins em que
se inerem a compreensão da motivação intelectual, emocional e
ideológica de cada pessoa com a qual o eu e o outro se relacionam ao
longo de contextos específicos.
Há toda
uma estratégia de manipulação e de transmutação dos elementos
constituídos em torno da humanidade. No final desse processo,
elementos aparentemente distantes afetam a forma como a imagem de um
homem e de uma mulher são pensadas e elaboradas em atos e palavras.
Para
rever a forma de pensar e de constituir a figura do homem e da
mulher, a escola aderiu a força da inovação com a qual foi imbuída
ao receber o computador e as novas tecnologias em geral para o
trabalho didático-pedagógico desenvolvido entre suas quatro
paredes. A inserção de novas formas de aprender e de ensinar
permitiu que o sistema em que a humanidade interage fosse contestado
a partir de sues próprios fundamentos. A ação de considerar as
coisas sob novos pontos de vista, permitiu a mudança de paradigmas
educacionais. Passou-se a uma compreensão mais plural das partes do
todo e do todo a partir de suas partes.
A
utilização de novas tecnologias na educação não pode ser
compreendida como uma forma de gerar desemprego ou de substituir a
figura humana. É antes uma forma de olhar o outro e interpretá-lo a
partir de um ponto de vista virtual. A velha noção de que o
desenvolvimento traz problemas é uma forma de incutir medo naqueles
que podem se tornar agentes da ação humana.
Em Morada
Nova, a atualização das práticas pedagógicas a partir da
utilização de recursos tecnológicos permitiu que os alunos
pudessem perceber a reorganização do espaço-tempo a partir de cada
uma das escolhas que os sujeitos discursivos conseguem se fazer ouvir
em suas particularidades temporais e ideológicas, em sua forma de
perceber a constituição do tecido da realidade em que a razão e a
emoção se mesclam de maneiras diversas.
A
experiência comprova não ser a adoção de ferramentas decisivas na
possibilidade de um sujeito esgotar a compreensão da história
circundante. É a rede ideológica de interpretação que o habilita
a prover sua consciência de novos sentidos adaptáveis ao meio em
que vive.
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