terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Festa de Maria mãe de Deus: 1º dia do ano civil

A solenidade da Bem Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, é a primeira festa Mariana que apareceu na Santa Igreja do Ocidente, a nossa Igreja, a única de Jesus Cristo. É a linda celebração da vida. A vida que nasce do ventre abençoado da mulher. Por isso celebramos a Mãe de todos os homens e mulheres, a Virgem Maria.

Iniciamos o ano civil, dentro das festividades de Natal, da chamada oitava de Natal, para relembrar o nascimento de Jesus, o Filho de Deus. Assim, esta festa faz parte de todo o ciclo do nascimento do Redentor do Gênero humano, em que Jesus nasceu de Maria e ela começou a fazer parte de um povo e constituiu o centro da história. Maria nos une a Deus e às pessoas, os homens e mulheres, de boa vontade. Uma religião como a nossa se ufana da festa de hoje, porque tudo que pedimos ao Filho por intermédio de sua piíssima Mãe Cristo nos atende. É o “SIM” de Maria que ecoou durante os dias natalinos, misturado à alegria incontida do Magnificat pelo fato de Deus “ter feitos grandes coisas” em Maria, criatura humana, que recebera, em previsão à maternidade divina, todas as graças disponíveis desde sua conceição imaculada.

Meus irmãos,

Cantamos na festa de hoje a antiguíssima antífona que entoa: “Salve Sancta Parens”. Trata-se da participação da Virgem Maria no Mistério da Encarnação.

A liturgia da circuncisão de Jesus, ocorrida no oitavo dia do nascimento, conforme a lei judaica está em relevo no dia de hoje. Lucas ensina, no Santo Evangelho(cf. Lc 2,16-21), a perfeita sintonia entre a maternidade de Maria e a festa de hoje, confirmando o amor de Mãe para com seu povo em seu filho Jesus. Junto com José, Maria cuida do filho e com carinho vive o mistério que se vai manifestando paulatinamente nos acontecimentos da vida.

Maria guardava no seu coração as maravilhas do amor de Deus e daqueles que viram seu Filho. Todos são testemunhas da graça de Deus porque é a revelação do amor e compaixão para com seu povo. Basta acreditar como a Mãe de Deus acreditou e viveu o mistério da encarnação.

Irmãos,

A primeira leitura(cf. Nm 6,22-27) é uma fórmula de bênção: o povo do Antigo Testamento gostava muito de receber bênçãos: “Que Deus te abençoe”, que o “Senhor vos acompanhe”(cf. Números 6,24-25). O rosto de Deus exprime a presença divina e o seu desejo de instaurar uma aliança, uma comunhão com as criaturas. Tantas vezes Deus tentou fazer esta aliança. Mas a criatura humana sempre a frustou. Agora fará uma aliança certa e definitiva, tendo como garante o seu próprio filho, nascido de Maria de Nazaré. O rosto de Deus assume face humana e um nome: Jesus. São pedidos a Deus para que ele nos conceda algo de que precisamos. E neste início de ano é muito atual esta petição, para que possamos pedir um novo tempo para o sofrido povo brasileiro, um tempo de união nacional, para que seja construída e edificada uma política pública de superação da miséria e da fome, com projetos que não dêem apenas comida ao povo, mas dêem oportunidade de construir uma vida com dignidade e com trabalho sério, bem remunerado e com acesso a todos os benefícios da vida moderna, como saúde, educação, lazer e segurança pública. Um tempo eleitoral e político em que sejam superadas todas as formas de corrupção e de desvio do dinheiro público. Que tenhamos um tempo renovado de investimento nas áreas sociais, nas áreas de infra-estrutura, com o reconstrução as autopistas e com melhores condições e emprego, renda e lazer ao povo brasileiro.

Caros fiéis,

Na segunda leitura(Gl 4,4-7) Cristo veio para nos tornar livres, veio “sob a lei” passageira do Antigo Testamento, para nos libertar dela. O Filho de Deus tornou-se nosso irmão, nele temos o Espírito do Pai. Comemorando esta vinda de Cristo, pensamos especialmente na mulher que o integrou em nossa comunidade.

Irmãos,

A liturgia de hoje nos conclama a construirmos aqui e agora nas palavras de Paulo VI “A civilização do amor”. Só temos amor se construímos a paz. Cada um dos que participam do Mistério da Eucaristia devem ascender em seus corações a paz, “shalom”, para que seja, nas famílias, na paróquia, na cidade e na Arquidiocese edificada uma vida de conforto e bem querer em nosso Senhor e Salvador, Deus Menino, que encarnou para que a redenção seja anunciada a todos os povos.

Por isso, meus amigos, os pastores foram até Belém e encontrar Jesus do modo em que lhes fora revelado em sonho: “deitado numa manjedoura”, ou seja, o rei dos reis, nasceu pobre, como os pobres, se fez um de nós. O Salvador veio humilde para o mundo, com uma específica missão de anunciar a paz e sedimentar à justiça que abraça a realização das promessas das bem-aventuranças aqui e agora.

Assim se pode entoar o cântico que encanta nossos corações: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens e mulheres de boa vontade”. Aqui reside a mensagem de paz, de construção da paz entre todos nós.

Do encontro da passagem bíblica vem o nosso encantamento: tanto os pastores, como os pais do Deus Menino, se abrem ao sorriso, a alegria, ao sono tranqüilo e a esperança que todos são contaminados e que deve contaminar a cada um de nós.

O nosso encontro com Jesus transforma as pessoas, ou deveria transformar nossos corações. O encontro gera a alegria e o encantamento, impulsionado para o anúncio porque essa alegria enche os nossos corações, porque “O novo nome da Paz é Justiça” nas palavras de Paulo VI, de perene memória.

Amigos,

Resumindo, o Mistério da Celebração de hoje, é o seguinte: Maria deu Jesus a humanidade, como um presente precioso de Deus, de um modo muito concreto, através do nascimento de uma mulher no seio de um povo com seus costumes e as suas leis, povo sobre o qual Deus deixa brilhar a sua face, povo-testemunha de um Deus que dá sua bênção para toda a humanidade através de Jesus, nascido de mulher.

Por isso todos nós somos convidados a entender a dimensão humana e divina de Jesus que veio nos dar vida nova. Dizer que Maria é Mãe de Deus é uma afirmação que exalta e engrandece a nossa Mãe querida, sobretudo por colocar Deus ao nosso alcance. Ele está próximo de nós, mas é preciso que emprestemos alegre e esforçadamente nossas mãos, nossa mente e o nosso coração, como fez Maria.

Assim, o centro da Missa da hoje é a Paz que vêm de Deus. A paz que é a plenitude de todos os dons do Senhor, a realização do mistério da salvação. Jesus, nascido de Maria Virgem, é a plenitude de todos os dons. Por isso mesmo é chamado de “nossa paz”(cf. Ef 2,14). Os anjos cantaram o nascimento de Jesus e o anunciaram aos pastores, proclamando, por conseguinte, um tempo de Paz: “Paz na terra aos homens amados por Deus”(cf. Lc 2,14). Paz que gera amor, como o amor de Deus por nós que mandou o seu Filho, unicamente por amor, para que nós pudéssemos ser associados à vida eterna.

Paz, amor, encarnação, redenção, eventos todos estes íntimos. Se a missão da Igreja de Cristo é testemunhar o Senhor Jesus, ao testemunhá-lo ao mundo, a Igreja proclama solenemente o Evangelho da Paz, porque Cristo é o principal arauto da paz eterna, da paz que é amor, acolhida do diferente e persistente misericórdia. Ao celebrarmos, portanto, Maria Santíssima, a Rainha da PAZ, mãe da Paz, celebramos a paz que Cristo nos deixou(cf. Jo 14,27) e devemos anunciar ao mundo que a Paz somente será possível na cultura da vida que é buscada no Senhor. A presteza em buscar o Senhor, à vontade de servi-lo faz parte da amizade. Vimos que “buscar o rosto do Senhor” tem o sentido de querer participar do círculo de seus amigos íntimos, como Maria e José participaram. Todos somos chamados à amizade com Deus(cf. Jo 15,15), mas ela somente é possível, se apressarmos nossos passos para encontrá-Lo e, encontrando-o, abrirmos nosso coração no sentido de receber a sua graça e doar a nossa fidelidade. Em tudo o que celebramos, neste dia da Paz, busquemos em Maria o alento para glorificar as Maravilhas de Deus, porque para quem tem paz, podemos cantar com a Virgem: “A minha alma engrandece ao Senhor e exulta o meu Espírito em Deus meu Salvador”.

http://www.catequisar.com.br/texto/liturgia/2012/12.htm
01/01/2013, 19:26

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