segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

SOBRAL, Adail. O Ato “Responsível”, ou Ato Ético, em Bakhtin, e a Centralidade do Agente.


Para Sobral (2009) há um ato enquanto ocorrência concreta e irrepetível e um ato enquanto atividade típica e repetível. Concepções gerais, mediações institucionais e situações concretas caracterizam o processo de realização de um ato ao qual o sujeito não está reduzido em sua função de agente a leis universais.

 

De acordo com Sobral (2009), a possibilidade significatória da uni-ocorrência está atrelada à interação entre o mundo sensível (o mundo impressionístico dado) e o mundo inteligível (a apreensão categorial do mundo).  Nessa perspectiva, o sujeito, a percepção e o conhecimento não são transcendentais nem psicologizantes uma vez que são dialógicos e constituídos numa relação do eu-para-si (formador do aspecto identitário) e do eu-para-outro (formador do aspecto responsivo/socializante) já que apenas um outro sujeito pode complementar a compreensão de um dado eu através de um movimento polifônico de multipontos de vista.

 

Linguagem, consciência e mundo são elaborações sociais situadas no espaço-tempo. “Assim, a experiência no mundo humano, do mundo postulado (zadan) é sempre mediada pelo agir situado e avaliativo do sujeito, que lhe confere sentido, a partir do mundo dado (dan), o mundo enquanto materialidade concreta.” (p. 124).

 

Sobral (2009) assevera que a responsabilidade e a participatividade do sujeito em circunstâncias específicas e situadas são responsáveis pela significação da realidade.

 

Sobral, Adail. O conceito de ato ético de bakhtin e a responsabilidade moral do sujeito. Centro Universitário São Camilo - 2009;3 (1):121-126.

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Sobral (2008. p. 220) afirma que o trabalho de Bakhtin e de seu Círculo fundamentam “as bases de uma filosofia da vida (Lebensphilosophie), ou seja, uma filosofia não transcendental – porque centrada no mundo concreto e não em princípios alheios a ela – nem imanente – porque centrada no agir dos sujeitos, mais no processo da ação do que em seus resultados”, uma filosofia que considera a circunstância em que os atos são realizados e a intencionalidade do sujeito ao agir diante de seus pares.

 

A volta a si e a paridade situada entre a individualidade e a coletividade.

 

O processo e a possibilidade de decidir reforçam a relevância da avaliação como elemento personalístico e de caráter unificador entre os atos responsivos que os sujeitos realizam.

 

O produto (conteúdo) de um ato pode ser o mesmo de outro, mas os processos são únicos e irreiteráveis.

 

Para Sobral (2009, p. 235) “agir é sempre comprometer-se, agir é sempre ser interpelado pelo outro do ponto de vista ético, agir é sempre ser chamado à responsabilidade e à responsividade. Porque não há atos isolados nem atos abstratos, assim como não há atos pelos quais o sujeito possa não se responsabilizar, ainda que lhe seja dado justificar-se por seus atos/justificar seus atos.

 

SOBRAL, Adail. O Ato “Responsível”, ou Ato Ético, em Bakhtin, e a Centralidade do Agente. SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 11/1, p. 219-235, jul. 2008

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