José
Gothardo Emerenciano Netto nasceu em Natal (Rio Grande do Norte), no dia 24 de
julho de 1881 e morreu na mesma cidade, em 7 de maio de 1911.
Como
Itajubá, de quem era íntimo amigo, é autor de apenas um livro, também póstumo,
que foi lançado em 1913, com o título de Folhas Mortas. Também jornalista,
Gothardo, identicamente ao amigo, tornou-se reconhecido por sua capacidade de
fazer versos, mesmo de improviso, quando das noitadas dos pastoris. Embora
esmerado nos sonetos, já apontando para uma postura parnasiana, verseja e morre
como autêntico romântico, bebendo sem controle, por um amor não correspondido.
(Tarcísio Gurgel in Informação da Literatura
Potiguar, Natal 2001)
Apesar de ter vivido apenas 30 anos e de não ter podido completar os seus estudos, Gothardo, pelo valor de sua inspiração, situa-se, como Ferreira Itajubá, entre os grandes poetas norte-rio-grandenses do início do século passado, participando de nossas principais antologias desde Ezequiel Wanderley em 1922 até Assis Brasil, em 1999.
Apesar de ter vivido apenas 30 anos e de não ter podido completar os seus estudos, Gothardo, pelo valor de sua inspiração, situa-se, como Ferreira Itajubá, entre os grandes poetas norte-rio-grandenses do início do século passado, participando de nossas principais antologias desde Ezequiel Wanderley em 1922 até Assis Brasil, em 1999.
Filho
do professor Zuza (José Ildefonso Emerenciano), que mantinha uma escola
particular e dava aulas em sua residência, Gothardo Neto viveu em companhia do
pai toda sua vida. As dificuldades materiais cedo obrigaram-no a suspender os
estudos e entrar na vida prática, empregando-se na Capitania dos Portos, na
Ribeira, e trabalhando também na redação da "Gazeta do Comércio".
Pertenceu à Oficina Literária "Lourival Açucena", que publicava o jornal
"O Potiguar".
Um
amor impossível pela jovem Maria das Mercedes levou-o a perder o primeiro
emprego; o empastelamento do jornal, o segundo. Sem amor e sem emprego, bebendo
descontroladamente, viveu os últimos anos de vida na casa do pai, isolado do
mundo, contatando apenas com uns poucos amigos, dentre os quais, Jorge
Fernandes, Ferreira Itajubá, Ponciano Barbosa e Francisco Ivo. Foi homenageado
como patrono da cadeira número 24 da Academia Norte-rio-grandense de Letras,
cujo primeiro ocupante foi Francisco Ivo.
(Deífilo Gurgel e Nélson Patriota in 400 Nomes de
Natal, Natal 2000)
Página Azul II
Página Azul II
Vejo-a agora passar... Volta do banho,
Volta,
que ainda as pérolas mimosas
Descem
das ondas puras e formosas
Do
cabelo aromático e castanho.
Na
carne em flor, de um colorido estranho,
Tem
vivas seduções pecaminosas...
-
As antigas belezas fabulosas
Jamais
brilharam em fulgor tamanho.
Todos
dirão: - que mágicos olhares
Tem
essa virgem lânguida e franzina,
Essa
flor das morenas potiguares!
E
passa ... e passa com gentil verdade,
No
doce encanto da mulher divina,
No
divino esplendor da Mocidade.
Fonte: geraldo2006
Acesso em 04/01/2014, às 09:30
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O REMANESCENTE GOTHARDO NETTO*
Humberto Hermenegildo de Araújo (UFRN)
Para Carlos Alexandre Câmara
Segundo o autor de Alma patrícia, o natalense José Emerenciano Gothardo
Netto, nascido a 24 de julho de 1881, foi o melhor da geração de 1906 a 1911,
sendo o mais lido dos rapazes da cidade, o primeiro sonetista e o autor de Folhas
mortas (1913), livro publicado postumamente graças a uma inicativa da Officina
Literaria Lourival Açucena, com prefácio de Antonio de Souza (o conhecido “Polycarpo
Feitosa”). Segundo o prefaciador, “Gothardo Netto não era dos nossos dias; ele
foi um dos companheiros do exílio de Casimiro de Abreu e da boêmia de Castro
Alves...”; “Como outros sofredores da nossa terra, ele parecia influenciado
pela sugestão de Musset”. (cf. WANDERLEY, 1993, p. 152).
Câmara Cascudo sugere que o poeta sofreu de tal modo a influência do
meio que a sua tristeza romântica seria determinada pelo aspecto mórbido da rua
e da casa onde morava, lugar de reclusão durante os cinco últimos anos da sua
vida, quando escreveu versos doentios. Posteriormente, em texto publicado em
1940, o autor de O livro das velhas figuras escreve em tom de crônica, evocando
a sofrida vida do poeta dos longínquos tempos do romantismo, morador de uma
casa de aspecto colonial, preservada por reformas e envolvida em um clima de
passado.
Gothardo Netto é o Patrono da Cadeira n. 24 da Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras. Esse filho do professor José Ildefonso
Emerenciano e de Dona Ignácia Florinda Emerenciano estudou no Atheneu
Norte-Rio-Grandense, fez parte da redação da Gazeta do Commercio e d’A Capital,
dirigindo mais tarde O Potyguar. Conforme registra Ezequiel WANDERLEY (1993, p.
152), ele escreveu em quase todos os jornais natalenses do seu tempo.
Amigo de Ferreira Itajubá, sendo inclusive seu companheiro de publicação
no jornal O Torpedo, Gothardo Netto era também reconhecido pela sua capacidade
de fazer versos, mesmo de improviso, quando das noitadas dos pastoris. Tarcísio
Gurgel
representa bem esta faceta do poeta: “Deitado em uma rede, na sala de
visitas da sua casa, produzia versos e mais versos, a pedidos, bebendo sem
parar” (GURGEL, 2001. p. 54).
N’um Postal
Para o Almanak de Macau
Alvo e modesto este postal, Parece
Somente próprio a receber meu canto
Que nada mais de dúlcido e de santo
Tem que a meiguice virginal da prece.
Sonhos? Quem dera que os tivesse agora!
Minha vida é o rochedo
Onde a vaga estertora,
Sem jamais revelar o seu segredo!
Ah! Quem dera que sempre uma sereia,
No mistério soturno e funerário,
Guardasse esse rochedo solitário
Disponível em http://www.mcc.ufrn.br/portaldamemoria/wordpress/wp-content/uploads/2009/05/GOTHARDO-NETO.pdf.
Acesso em 13/01/2014, às 09:04.
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