domingo, 24 de junho de 2012

Literatura: Vinícius de Moraes

Soneto do amor total
Rio de Janeiro

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


Rio de Janeiro, 1951.


http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=313
24/06/2012, 06:26

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