sexta-feira, 8 de junho de 2012

O papel da família e da escola na escolha profissional do adolescente

Faculdade da Aldeia de Carapicuíba – FALC
Faculdade Integrada do Brasil - FAIBRA
Especialização em Gestão e Coordenação Escolar
Coordenação do Pólo Morada Nova-Ce: Professora Rosalina
Disciplina: Desenvolvimento da criança e do jovem: teorias científicas e práticas sobre aprendizagem
Professora: Gláucia Narciso
Aluno: Benedito Francisco Alves

Análise do capítulo “Temas contemporâneos na adolescência” in Santos, Xavier & Nunes (2008, p. 191-202)

A escolha de uma atividade laboral é difícil em qualquer faixa etária, pois envolve sentimentos como competência e incompetência, capacidade e incapacidade, autonomia e dependência, assim como as condições para exercer e efetivar tal escolha. A escolha de uma profissão é uma tarefa evolutiva, um processo contínuo, resultado de um conjunto extenso de mudanças que se iniciam na infância e que se modificam ao longo do desenvolvimento da personalidade (SANTOS, 2008, p. 191).

A escola e a família são em geral os lugares institucionalizados sócio-historicamente para formação cultural e civilizatória da população mais jovem dos grupamentos humanos aos quais nos habituamos a considerar como sociedade. Sendo assim, as duas instituições são relevantes na oportunização de situações desencadeadoras de aptidões e de desejos por determinadas ocupações laborais.
Após o período da infância, o se humano alcança a etapa de sua vida em que o corpo e as responsabilidades de adulto vão formado o senos da realidade e modificando aquilo que a imaginação infantil elaborou até por volta da adolescência. Mas para superar a época das mudanças sem marcas negativas que possam interferir na constituição global do aluno, faz-se necessário a presença de um companheiro mais experiente com quem a pessoa mais jovem possa dialogar sobre temas e situações desestabilizadoras em um primeiro momento de seu ingresso na realidade adulta.
O emprego é um dos elementos que marcam a fase adulta da espécie humana. É algo tão marcante para a espécie humana quanto o início de sua atividade sexual e de sua capacidade reprodutiva para perpetuação genética do homo sapiens porque envolve desejos e pensamentos marcados ideológica e dialogicamente, algo não presente na atividade especializada que se identifica em formigas, abelhas, alcatéias e manadas.
A escola e a família podem ajudar o jovem a definir suas escolhas a partir de exemplos e conversas constantes. Adaptar os sonhos às realidade e vice-versa permite que a pessoa humana estabeleça metas exeqüíveis para efetivar escolhas futuras no contexto de discussões presentes e (por vezes) um tanto quanto tênues e obscuras.
Dessa maneira, é possível repensar e problematizar a razão pela qual um grande lapso se apresenta entre jovens de classes sócio-econômicas diferentes. Situação que não é genética, mas mantida e reforçada discursivamente nas palavras (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2002) de quem teoriza empregos mais adequados para uns do que para outros, exemplo clássico de segregação arbitrária e tendenciosa.
Da parte de quem está responsável pela formação de pessoas em processo de maturação psicológica, física, relacional e emocional, é de bom tom lembrar que um bom profissional e um ser humano devidamente ajustado perante si e os outros são objetivos construídos de maneira colaborativa e consensual.
Preparar os caminhos sem forçar o caminhar, procurar um tesouro sem exigir o ato por si mesmo, ajudar o jovem a preparar-se adequada e emocionalmente para uma determinada profissão são coisas que os adultos no ambiente escolar e no contexto escolar podem aperfeiçoar se demonstrarem otimismo, confiança e paciência, o que em outras palavras pode ser entendido como a “capacidade de estabelecer vínculos de confiança com os adolescentes, estimular o autoconhecimento destes e possibilitar informação sobre as profissões” (SANTOS, XAVIER, & NUNES) e sobre a realidade.
Entretanto, por mais que alguns pensem controlar a situação em que interagem com as crianças e com os adolescentes, nem sempre as coisas ocorrem de maneira matematicamente mensurada. Não há pai ou mãe que espere presenciar o fuzilamento de um filho por participar de uma luta armada. Não há quem espere o mínimo para um aluno no qual foi investido o máximo. Mas em se tratando de relações humanas, deve haver o equilíbrio entre o que se almeja e o que realiza. A satisfação e (auto) realização humana são alcançadas por meios diversos e escolhas nem sempre padronizadas.
Aos pais e educadores cabem a tarefa de funcionarem como um farol para orientar seus filhos e alunos durante noites e tormentas. O que por si só, não e pouca coisa. Afinal ser modelo para alguém transmitir valores e apresentar significados que podem constituir uma determinada forma de compreender a realidade não é fácil. Envolve a certeza humilde de considerar a criança, o adolescente, o aluno como seres pensantes e ativos. Não imagem e semelhança de seus criadores.
Quando a pessoa humana desconsidera sua individualidade para abraçar o modus vivendi alheio podem ocorrer situações que beiram a morte. É o caso do padrão de beleza macérrimo adotado por alguns segmentos da indústria da moda. Padrão ideologicamente discursivizado como adâmico e inquestionável e que contribui para a proliferação de problemas em rapazes e moças sob a forma do culto exagerado ao corpo físico.
Cabe especialmente à família e à escola exercer um papel formativo baseado em diálogo, confiança e respeito a fim de que a sociedade possa herdar indivíduos e profissionais preocupados consigo e com os outros. Para tanto, quanto mais cedo, melhor.

Referências bibliográficas
BAKHTIN, M (V.VOLOCHINOV). Marxismo e Filosofia da Linguagem. Trad. de Michel Lahud & Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec/Annablume, 2002.

SANTOS, M. S. dos, XAVIER, A. S. & NUNES, A. I. B. L. Psicologia do desenvolvimento: temas e teorias contemporâneas. Coleção Formar Fortaleza: Liber Livro, 2008.

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